NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 05/01/2019 / Desafios e oportunidades do Brasil no espaço
#Espaço - Desafios e oportunidades do #Brasil no espaço ...
Especialistas dão recomendações para uma política espacial nacional voltada para a inovação e o desenvolvimento econômico ...
As recentes discussões sobre a abertura da base de Alcântara para atividades comerciais acontecem num momento de rápidas transformações no setor espacial global. O tema ganha destaque diante das tratativas bilaterais entre Brasil e Estados Unidos envolvendo transferência e desenvolvimento de tecnologia.
De maneira adjacente, o acordo entre Embraer e Boeing traz ao debate público questões como soberania e estratégia competitiva em setores de alta tecnologia. O assunto é relevante em função do impacto crescente das atividades espaciais na sociedade, a rápida expansão do setor espacial alavancada pela participação privada e as mudanças no cenário espacial internacional.
Embora ocupem lugar de destaque no mundo contemporâneo, muitas vezes as atividades espaciais passam despercebidas. Telecomunicações, GPS e previsões meteorológicas são apenas algumas das áreas dependentes da infraestrutura espacial. Nos próximos anos sua importância tenderá a se acelerar com o aumento da demanda por acesso à banda larga e as aplicações relacionadas à Internet das Coisas (IoT).
Além disso, o que tornará esse mercado multibilionário serão as novas perspectivas para o setor, que variam desde turismo, até captação de valiosos recursos em abundância na região além da órbita terrestre. A ausência de um plano de ação de longo prazo compromete não apenas o setor espacial mas toda a cadeia de valor presente e futura a ele associado.
Nos últimos anos, a participação privada no setor espacial tem avançado a passos largos. Antes restrito aos grandes conglomerados, cada vez mais relevante tem sido o papel do NewSpace, caracterizado pelas atividades comerciais e protagonizadas por empreendedores e startups. A mentalidade inovadora inspirada na experiência do Vale do Silício tem permitido a rápida evolução na indústria.
Empresas como SpaceX, fundada pelo bilionário Elon Musk, e Blue Origin, do criador da Amazon Jeff Bezos, atualmente o indivíduo mais rico do planeta, têm reduzido o custo de acesso ao espaço rapidamente. Ao mesmo tempo, já chega a uma centena o número de empresas criando soluções para lançamento com diversas capacidades.
No cenário internacional, além dos Estados Unidos e da Europa, China e Índia há tempos oferecem opções de lançamento. Países como Luxemburgo e Nova Zelândia estão incentivando políticas para atraírem determinados segmentos dentro da infraestrutura espacial — mineração de recursos espaciais e montagem de pequenos lançadores, respectivamente — servindo como referência para outros países que começam a se movimentar no mesmo sentido, onde procuram nichos específicos para atraírem empreendedores internacionais para seus países. O NewSpace é um grande guarda-chuva que dá cobertura a diversos verticais de atuação, oferecendo oportunidades para que países de todos os tamanhos, e em diferentes graus de desenvolvimento, participem de maneira efetiva na construção da economia espacial global.
Seria ingenuidade imaginar que o investimento privado substituirá fontes públicas no curto prazo. Mesmo nos Estados Unidos, onde o ecossistema do NewSpace avança rapidamente, existe a percepção de que a indústria espacial não crescerá no ritmo esperado sem a participação do setor público por meio de investimento e definição de marcos regulatórios favoráveis às atividades comerciais. Assim, podemos evitar cometer erros do passado como tentar reinventar a roda como aconteceu nos 80 com a lei de reserva de informática. Continuará a caber ao Estado a definição das prioridades nacionais levando em consideração a realidade global existente.
Mesmo possuindo um dos programas espaciais mais antigos, o Brasil continua buscando sua vocação no espaço. Para um país com poucos feitos na área, faz-se necessário concentrar os esforços em áreas em que possuam vocação natural e vantagens comparativas.
Exemplos como fomentar um centro comercial de lançamento em Alcântara — melhor ponto de lançamento de foguetes em todo o planeta — que beneficiem empresas privadas, ou mesmo contribuam para a expansão da infraestrutura espacial em benefício de setores como o agronegócio, são ações práticas que já partem de um impulso competitivo que o país já dispõe. Importante ainda salientar que a instalação de um sistema espacial depende de toda uma cadeia de tecnologias e um ecossistema produtivo, que integram desde da construção do satélite, até qualificação da informação que chega ao usuário final.
Sendo assim, parece-nos acertada a iniciativa do governo em buscar alternativas para viabilizar a exploração comercial da base de Alcântara. Compreensivelmente, há quem argumente em favor da necessidade de priorizar outros temas, haja vista o momento de incerteza institucional, problemas como a violência e o crescimento abaixo do potencial.
Em contraposição, pode-se dizer que poucos setores estratégicos demandam pensamento de longo prazo como a área espacial. Trata-se de uma oportunidade para avançar sobre um assunto de relevância política, econômica e social no presente, permitindo-nos começar a desconstruir a imagem de "país do futuro", cuja mensagem otimista esconde o potencial não-realizado que nos assola perenemente. Cabe ao Brasil decidir seu lugar de atuação nesse novo contexto: ator ou platéia.
* Lucas Fonseca é considerado como um dos 35 jovens abaixo de 35 anos que estão revolucionando a relação da humanidade com o espaço, sendo pioneiro na divulgação do empreendedorismo espacial no Brasil. Trabalhou na missão Rosetta, sendo o único brasileiro a participar do inédito pouso de uma sonda em um cometa. Empreendedor espacial, é diretor da Missão Garatéa, fundador e CEO da Airvantis e co-fundador e CTO da Celestial Data.
** Sidney N. Nakahodo é uma autoridade líder em empreendedorismo espacial e co-fundador e CEO da New York Space Alliance, uma plataforma que capacita empreendedores do espaço por meio de orientação, consultoria, investimento e apoio da comunidade. É professor visitante e membro do corpo docente da Universidade de Columbia e ex-aluno da Singularity University, um think-tank e acelerador de ideais baseado no Ames Research Park da NASA, no Vale do Silício.
Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.
JOVEM PAN - Força Nacional e Polícia Federal embarcam para agir contra onda de ataques violentos no Ceará
Por Jovem Pan | Publicada em 04/01/2019 16:51
Cerca de 60 policiais militares que integram a Força Nacional e outros 20 agentes da Polícia Federal chegaram à Base Aérea de Brasília, na tarde desta sexta-feira (4), para embarcar com destino a Fortaleza (CE). O Ceará tem registrado uma série de ataques criminosos nos últimos dias, e o governador Camilo Santana (PT) pediu ajuda ao governo federal.
O deslocamento será feito em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), após autorização do presidente Jair Bolsonaro obtida por intermédio do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. As tropas vão reforçar a segurança nas ruas de diversas cidades da região metropolitana da capital. Os ataques estariam sendo cometidos por narcotraficantes.
Os policiais militares e federais portam fuzis e utilizam mochilas com equipamentos táticos. Todos foram convocados às pressas. Em um primeiro momento, os agentes seriam transportados de ônibus entre as cidades. Mas, para chegarem mais rápido, a Aeronáutica foi acionada. Outros voos ainda devem partir de Brasília.
Um dos policiais que integra o grupo relatou que esse tipo de convocação proporciona um trabalho de grande dificuldade, já que não há linha de investigação clara, mesmo que, desde o ano passado, ataques semelhantes estejam ocorrendo no entorno de Fortaleza. O policiamento ostensivo será feito pela Força Nacional; as investigações, pela PF.
Força Nacional chega ao Ceará para auxiliar no combate a ataque de facções
Ataques coordenados de grupos criminosos atingiram mais de 50 pontos em Fortaleza e cidades do interior. Polícia prendeu cerca de 50 suspeitos. Envio da Força Nacional foi autorizada pelo ministro Sérgio Moro.
G1 Ce | Publicada em 04/01/2019 20:59
Mais de cento e cinquenta agentes da Força Nacional desembarcaram na base da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) na madrugada deste sábado (5). Os agentes começarão a atuar na cidade na manhã de hoje.
Uma equipe da Força Nacional já havia chegado a Fortaleza na noite desta sexta-feira (4) para apoiar as forças de segurança estaduais no combate aos ataques coordenados por facções criminosas no Ceará. Por volta das 20h30, a primeira aeronave, Hércules, chegou trazendo aproximadamente 50 homens.
Setenta e oito integrantes da Força Nacional que estavam no Rio Grande do Norte e 30 em Sergipe se dirigiram por terra para a capital cearense às 15h de sexta-feira, de acordo com o secretário Nacional de Segurança, general Theophilo, radicado no Ceará. Por volta das 20h, os carros começaram a chegar ao Centro de Formação Olímpica do Estado (CFO). Outros cerca de 200 agentes, vindos de avião, desembarcaram na Capital cearense entre esta sexta e sábado.
O governo da Bahia anunciou na sexta que enviará 100 policiais militares de batalhões especializados para apoiar as polícias cearenses durante o período de crise. O governo cearense espera, ainda, por reforços das Forças Armadas Brasileiras (FAB), da Força de Intervenção Penitenciária (FIP) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ao todo, são aguardados para os próximos dias cerca de 2 mil agentes de segurança suplementares auxiliando as tropas locais.
Desde o início dos ataques, cerca de 20 ônibus foram incendiados, tiros foram disparados contra prédios e bancos, e artefatos caseiros incendiários foram arremessados contra delegacias. Uma bomba foi colocada na coluna de um viaduto na BR-020, em Caucaia. O equipamento correu risco de desabar e teve obras de reparação emergenciais concluídas na noite de sexta. Segundo o secretário da Segurança do Ceará, André Costa, cerca de 50 suspeitos foram detidos desde quarta-feira (2), entre adultos e adolescentes. Um casal de idosos e um motorista ficaram feridos até o momento.
O envio das tropas federais foi autorizado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, na manhã de sexta-feira, após solicitação do governador do Ceará, Camilo Santana.
Motivo dos ataques
A Secretaria de Segurança do Ceará não informou a motivação dos crimes. O presidente do Conselho Penitenciário do Estado do Ceará, Cláudio Justa, acredita que os atentados são represália à fala do novo secretário de Administração Penitenciária (SAP), Luís Mauro Albuquerque, que foi nomeado para o cargo neste ano.
O novo secretário afirmou que "o Estado não deve reconhecer facção" em presídio e fará fiscalização rigorosa para evitar a entrada de celular nas unidades prisionais. Luís Mauro Albuquerque ainda se posicionou contra a separação de detentos por facção criminosa nas unidades prisionais do Estado.
No ataque ao prédio da Caixa da Pajuçara, na madrugada desta sexta, um grupo invadiu a agência com um carro, quebrou as vidraças e em seguida incendiou o local. Os suspeitos estavam acompanhados de um grupo que deu apoio à fuga, de acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE).
Atualmente, os membros de facção presos no Ceará são organizados nas unidades prisionais conforme o grupo criminoso a que pertencem. O secretário afirmou que pretende acabar com essa divisão.
Facções 'unidas'
De acordo com uma fonte do Serviço de Inteligência da Secretaria da Segurança ouvida pelo G1, membros de duas facções rivais fizeram um "pacto de união", com o objetivo de "concentrar as forças contra o Estado".
A ordem dos ataques partiu de um detento da Unidade Prisional Agente Luciano Andrade Lima (antiga CPPL I), na tarde de quarta-feira, ainda segundo a fonte do Serviço de Inteligência. No dia seguinte, agentes penitenciários fizeram uma vistoria "surpresa" na unidade, o que resultou em um motim dos presidiários. A revolta foi controlada no mesmo dia e nenhum detento fugiu.
Sequência de ataques
Quarta-feira (2)
Incêndio de ônibus coletivo no Bairro Edson Queiroz, em Fortaleza
Incêndio de ônibus coletivo no Bairro Parque Santa Rosa, em Fortaleza
Quinta-feira (3)
Explosão em viaduto próximo ao Bairro Metrópole, em Caucaia
Incêndio a veículo em Caucaia, Na Rua 114 no Conjunto Planalto Caucaia
Incêndio de seis veículos, em Horizonte
Artefato inflamável arremessado em posto de combustível no Bairro Damas, em Fortaleza
Tiros em agência bancária no Bairro Otávio Bonfim, em Fortaleza
Danos a câmeras de videomonitoramento no Bairro Barra do Ceará, em Fortaleza
Danos a câmeras de videomonitoramento no Bairro Bom Jardim, em Fortaleza
Ataque a fotossensor no Bairro Moura Brasil, em Fortaleza
Ataque a fotossensor no Bairro Messejana, em Fortaleza
Ataque a fotossensor, em Caucaia
Ataque a semáforo no Bairro Quintino Cunha, em Fortaleza
Ataque incendiário contra ônibus no Bairro Bonsucesso, em Fortaleza
Ataque a ônibus no Bairro Serrinha, em Fortaleza
Incêndio de ônibus coletivo no Bairro Parque Santa Rosa, em Fortaleza
Incêndio de ônibus coletivo no Bairro Barroso, em Fortaleza
Incêndio a coletivo no Bairro Mucuripe, em Fortaleza
Ataque de ônibus no Bairro Castelão, em Fortaleza
Ataque a ônibus em Fortaleza
Ataque a ônibus em Morada Nova
Van incendiada no Sítio São João, em Messejana, em Fortaleza
Ônibus queimado na Rua Santa Philomena, no Bairro Henrique Jorge, em Fortaleza
Caminhão de lixo incendiado em Messejana, em Fortaleza; fogo atingiu também carro particular
Ataque a concessionária no Bairro Papicu, em Fortaleza
Sexta-feira (4)
Explosão de carro durante incêndio de veículos no 27º Distrito Policial, em Fortaleza
Tentativa de incêndio a veículos no 8º Distrito Policial, em Fortaleza
Agência da Caixa Econômica incendiada na Avenida Francisco Sá, em Fortaleza
Agência bancária do Bradesco metralhada na Pontes Vieira, em Fortaleza
Tentativa de incêndio a lotérica no Bairro Jardim Iracema, em Fortaleza
Prédio do Detran foi atacado, em Fortaleza
Carro com explosivos apreendido e cruzamento interditado, em Fortaleza
Posto de combustível atacado no Bairro Conjunto Palmeiras, em Fortaleza
Agência da Caixa Econômica incendiada na Pajuçara, Maracanaú
Ataque contra Palácio Municipal da Prefeitura de Maracanaú
Agência do Bradesco da cidade de Caucaia atingida por tiros
Suspeito morto em troca de tiro com policiais ao tentar destruir radar semafórico, no Eusébio
Tentativa de incêndio a veículos do 24º Distrito Policial, em Pacatuba
Ônibus escolar incendiado, em Tianguá
Centro Cultural da cidade de Pindoretama incendiado
Ônibus incendiado no Bairro Bom Jardim, em Fortaleza
Na cidade de Canindé, criminosos puseram fogo em um caminhão e um trator
Ônibus da Prefeitura de Jaguaruana foi incendiado à 0h30 no Centro da cidade
Um ônibus e um caminhão foram incendiados em Piquet Carneiro; dois foram presos com queimaduras
Na cidade de Morrinhos, criminosos arremessaram um coquetel molotov no prédio do INSS
Criminosos ateram fogo no prédio da garagem da Prefeitura de Aracoiaba
Três homens homens tentaram atacar prédios públicos em Baturité; um foi preso com coquetéis molotov
Veículo da Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Ceará) foi incendiado no Bairro Conjunto Palmeiras, em Fortaleza
Um caminhão foi incendiado na Via Expressa, na esquina com Rua do Trabalhador, em Fortaleza
AEROFLAP - Tenente-Brigadeiro Ar Bermudez assume o comando da Força Aérea Brasileira
Publicada em 04/01/2019 18:01
Na presença do novo Presidente da República, Jair Bolsonaro, e do novo Ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, o Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez assumiu o cargo de Comandante da Força Aérea Brasileira (FAB).
A solenidade de passagem de comando aconteceu nesta sexta-feira (04/01), na Ala 1, em Brasília (DF), e também marcou a despedida do Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato – que esteve à frente da instituição nos últimos quatro anos.
Em suas palavras de despedida, o Tenente-Brigadeiro Rossato foi marcado por agradecimentos aos familiares, às demais autoridades que cooperaram com seu comando, aos superiores e aos subordinados. Também destacou aquela que foi sua principal bandeira: o processo de Reestruturação administrativa e operacional da Força.
Segundo ele, nos últimos quatro anos, foram tomadas medidas necessárias à pavimentação de um poder aéreo condizente com a estrutura geopolítica brasileira.
Ele terminou seu discurso falando sobre futuro e pedindo às pessoas que confiem nas instituições militares brasileiras.
“Confiem e apóiem a Força Aérea; confiem e apóiem as instituições militares. Como minhas últimas palavras, a partir de agora, após 50 anos vivendo integralmente dentro da Força Aérea, ela passa a ser uma feliz lembrança, com a certeza que as gerações mais jovens, treinadas e capazes, saberão conduzir com maestria os destinos da Força Aérea Brasileira”, disse o Tenente-Brigadeiro Rossato.
O Comandante substituído teve sua trajetória na FAB repassada pelo Ministro da Defesa, que também fez uso da palavra durante a cerimônia. Fernando Azevedo falou sobre a atuação do Tenente-Brigadeiro Rossato, com destaque para o trabalho de integração do país na Região Amazônica, a sedimentação do conceito de Dimensão 22 – que explica à sociedade o cenário tridimensional de 22 milhões de quilômetros quadrados em que se dá a atuação da FAB.
“Outro feito foi a aquisição de novos vetores, como a aeronave multimissão KC-390, que certamente vai atender às necessidades das três Forças. E também receberemos os caças inteligentes Gripen NG”, discursou o ministro. Ao Tenente-Brigadeiro Bermudez, ele desejou “bom voo à frente da nossa FAB”.
O novo Comandante destacou, em seu discurso, a importância da modernização da Força, da incorporação de novas tecnologias, da qualificação do pessoal e reafirmou seu propósito de que o Brasil continuará sempre acima de tudo.
Ele disse estar honrado pelo cargo que assumiu e que pretende dar continuidade ao legado de sucesso deixado pelos antecessores. “Que nós possamos defender os objetivos maiores da Aeronáutica, pois são parcelas dos interesses nacionais”, afirmou o novo Comandante.
Fonte: FAB
REVISTA GALILEU - Opinião: desafios e oportunidades do Brasil no espaço
Especialistas dão recomendações para uma política espacial nacional voltada para a inovação e o desenvolvimento econômico
Publicada em 04/01/2019 18:26
As recentes discussões sobre a abertura da base de Alcântara para atividades comerciais acontecem num momento de rápidas transformações no setor espacial global. O tema ganha destaque diante das tratativas bilaterais entre Brasil e Estados Unidos envolvendo transferência e desenvolvimento de tecnologia.
De maneira adjacente, o acordo entre Embraer e Boeing traz ao debate público questões como soberania e estratégia competitiva em setores de alta tecnologia. O assunto é relevante em função do impacto crescente das atividades espaciais na sociedade, a rápida expansão do setor espacial alavancada pela participação privada e as mudanças no cenário espacial internacional.
Embora ocupem lugar de destaque no mundo contemporâneo, muitas vezes as atividades espaciais passam despercebidas. Telecomunicações, GPS e previsões meteorológicas são apenas algumas das áreas dependentes da infraestrutura espacial. Nos próximos anos sua importância tenderá a se acelerar com o aumento da demanda por acesso à banda larga e as aplicações relacionadas à Internet das Coisas (IoT).
Além disso, o que tornará esse mercado multibilionário serão as novas perspectivas para o setor, que variam desde turismo, até captação de valiosos recursos em abundância na região além da órbita terrestre. A ausência de um plano de ação de longo prazo compromete não apenas o setor espacial mas toda a cadeia de valor presente e futura a ele associado.
Nos últimos anos, a participação privada no setor espacial tem avançado a passos largos. Antes restrito aos grandes conglomerados, cada vez mais relevante tem sido o papel do NewSpace, caracterizado pelas atividades comerciais e protagonizadas por empreendedores e startups. A mentalidade inovadora inspirada na experiência do Vale do Silício tem permitido a rápida evolução na indústria.
Empresas como SpaceX, fundada pelo bilionário Elon Musk, e Blue Origin, do criador da Amazon Jeff Bezos, atualmente o indivíduo mais rico do planeta, têm reduzido o custo de acesso ao espaço rapidamente. Ao mesmo tempo, já chega a uma centena o número de empresas criando soluções para lançamento com diversas capacidades.
No cenário internacional, além dos Estados Unidos e da Europa, China e Índia há tempos oferecem opções de lançamento. Países como Luxemburgo e Nova Zelândia estão incentivando políticas para atraírem determinados segmentos dentro da infraestrutura espacial — mineração de recursos espaciais e montagem de pequenos lançadores, respectivamente — servindo como referência para outros países que começam a se movimentar no mesmo sentido, onde procuram nichos específicos para atraírem empreendedores internacionais para seus países. O NewSpace é um grande guarda-chuva que dá cobertura a diversos verticais de atuação, oferecendo oportunidades para que países de todos os tamanhos, e em diferentes graus de desenvolvimento, participe de maneira efetiva na construção da economia espacial global.
Seria ingenuidade imaginar que o investimento privado substituirá fontes públicas no curto prazo. Mesmo nos Estados Unidos, onde o ecossistema do NewSpace avança rapidamente, existe a percepção de que a indústria espacial não crescerá no ritmo esperado sem a participação do setor público por meio de investimento e definição de marcos regulatórios favoráveis às atividades comerciais. Assim, podemos evitar cometer erros do passado como tentar reinventar a roda como aconteceu nos 80 com a lei de reserva de informática. Continuará a caber ao Estado a definição das prioridades nacionais levando em consideração a realidade global existente.
Mesmo possuindo um dos programas espaciais mais antigos, o Brasil continua buscando sua vocação no espaço. Para um país com poucos feitos na área, faz-se necessário concentrar os esforços em áreas em que possuam vocação natural e vantagens comparativas.
Exemplos como fomentar um centro comercial de lançamento em Alcântara — melhor ponto de lançamento de foguetes em todo o planeta — que beneficiem empresas privadas, ou mesmo contribuam para a expansão da infraestrutura espacial em benefício de setores como o agronegócio, são ações práticas que já partem de um impulso competitivo que o país já dispõe. Importante ainda salientar que a instalação de um sistema espacial depende de toda uma cadeia de tecnologias e um ecossistema produtivo, que integram desde da construção do satélite, até qualificação da informação que chega ao usuário final.
Sendo assim, parece-nos acertada a iniciativa do governo em buscar alternativas para viabilizar a exploração comercial da base de Alcântara. Compreensivelmente, há quem argumente em favor da necessidade de priorizar outros temas, haja vista o momento de incerteza institucional, problemas como a violência e o crescimento abaixo do potencial.
Em contraposição, pode-se dizer que poucos setores estratégicos demandam pensamento de longo prazo como a área espacial. Trata-se de uma oportunidade para avançar sobre um assunto de relevância política, econômica e social no presente, permitindo-nos começar a desconstruir a imagem de "país do futuro", cuja mensagem otimista esconde o potencial não-realizado que nos assola perenemente. Cabe ao Brasil decidir seu lugar de atuação nesse novo contexto: ator ou platéia.
* Lucas Fonseca é considerado como um dos 35 jovens abaixo de 35 anos que estão revolucionando a relação da humanidade com o espaço, sendo pioneiro na divulgação do empreendedorismo espacial no Brasil. Trabalhou na missão Rosetta, sendo o único brasileiro a participar do inédito pouso de uma sonda em um cometa. Empreendedor espacial, é diretor da Missão Garatéa, fundador e CEO da Airvantis e co-fundador e CTO da Celestial Data.
** Sidney N. Nakahodo é uma autoridade líder em empreendedorismo espacial e co-fundador e CEO da New York Space Alliance, uma plataforma que capacita empreendedores do espaço por meio de orientação, consultoria, investimento e apoio da comunidade. É professor visitante e membro do corpo docente da Universidade de Columbia e ex-aluno da Singularity University, um think-tank e acelerador de ideais baseado no Ames Research Park da NASA, no Vale do Silício.
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