NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 02/01/2018 / Proposta da Boeing inclui divisão militar da Embraer
Proposta da Boeing inclui divisão militar da Embraer ...
Igor Gielow ...
A proposta da Boeing para associar-se à Embraer não é restrita à área de aviação comercial. Inclui também a divisão de defesa da fabricante brasileira, segundo a Folha apurou junto a pessoas próximas da negociação.
Isso tornará a conversa ainda mais sensível politicamente, já que o governo brasileiro diz que vetará a perda de controle nacional da empresa devido à sua importância estratégica na área militar.
A gigante americana não tem um formato fechado de oferta. Trará à mesa exemplos de parceria na área militar que dão salvaguardas de soberania aos países.
No Reino Unido, a Boeing abriu uma unidade de defesa em 2008 e emprega mil pessoas. É listada com uma "contratada X", por obedecer a uma série de requisitos de controle por parte do governo. Entre eles, ter sete altos funcionários se reportando à pasta da Defesa, inclusive dois diretores britânicos.
Na mão inversa, a empresa de defesa britânica BAE Systems abriu uma unidade nos EUA que obedece a critérios rígidos, para manter sigilo de informações militares.
Na Austrália, a Boeing tem sua maior operação externa, com 2.000 funcionários. Lá ela também está sujeita a controle governamental de dados sensíveis.
A especulação inicial era de que a Boeing só estava interessada em adquirir a nova linha de jatos regionais da Embraer, a exemplo do que sua rival europeia Airbus havia feito em outubro com a canadense Bombardier.
A aviação executiva, ponto forte em modelos pequenos e médios da Embraer, também está na mira porque não é nicho da Boeing.
Ao acenar com uma parceria maior, mesmo sem controle acionário da Embraer, terá de convencer o governo de que decisões estratégicas brasileiras serão preservadas.
A posição da Embraer é única justamente devido à sua área de defesa responsável por quase 20% do faturamento da empresa (outros 20% na aviação executiva, o resto em jatos regionais).
Desde quando foi criada pelos militares em 1969, a Embraer tem relação umbilical com a Força Aérea, sua principal cliente de defesa mesmo após a privatização de 1994. A empresa participa de projetos estratégicos para o país: programas aeronáuticos militares sob demanda e, por meio de subsidiárias, desenha o controle de fronteiras do Exército, parte do reator do futuro submarino nuclear brasileiro e atua no mercado de satélites.
Assim, a reação do presidente Michel Temer após o anúncio das negociações, em 21 de dezembro, foi a de aprovar as conversas mas rejeitar qualquer perda de controle.
Detentora de uma "golden share", ação especial herdada na privatização, a União pode vetar negócios. Quem quiser mais de 35% das ações, precisa de aval federal. O que realmente preocupa o governo são as questões estratégicas e o poder que o Congresso dos EUA terá sobre elas. É preciso, contudo, relativizar.
Primeiro, a estrutura acionária da empresa é pulverizada, e seus maiores investidores são estrangeiros.
Segundo, na prática o contribuinte brasileiro paga pela exportação aos EUA de um produto que gera renda a americanos. Cerca de 60% do valor de um avião regional da Embraer vem de componentes americanos. O BNDES financiou, de 2001 a 2016, US$ 14 bilhões em exportações de aviões montados no Brasil para os EUA. Se a preocupação dos militares sobre eventuais vetos de exportações pelo Congresso americano é legítima, não é inédita: a própria Embraer já teve venda à Venezuela do Super Tucano, avião cheio de partes importadas, vedada pelos EUA.
A inquietação se dá porque a área de defesa é celeiro de inovação na Embraer, com especialização compartilhada com os militares e transbordo para tecnologias civis.
ONDE ATUA A EMBRAER
AERONÁUTICA
Desenvolve o KC-390, vende e dá suporte ao Super Tucano, moderniza AMX e F-5
DEFESA DE FRONTEIRAS
Pela subsidiária Savis, desenvolve o sistema de controle de fronteiras do Exército, projeto de R$ 12 bi
ESPAÇO
Associada à Telebras na subsidiária Visiona, investe em satélites de comunicação
SUBMARINO NUCLEAR
Pela subsidiária Atech, desenvolve o sistema de controle do reator nuclear para submarino da Marinha
Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.
Rio faz mapeamento de aves que ameaçam operação do Aeroporto Tom Jobim
Tatiana Alves Publicado Em 01/01/18 - 01h22
Cidades do entorno da Baía de Guanabara, como Niterói e São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro estão passando por um mapeamento para identificar focos de atração de aves que possam gerar riscos de colisão com aviões.
O trabalho é feito na região do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro e conta com a atuação de aves de rapina e cães que afugentam ou capturam outras aves que ameaçam a operação do aeroporto.
Áreas de lixões e concentração de pesca atraem animais que podem voar em direção ao aeroporto e colidir com as aeronaves.
O manejo de fauna é feito por um grupo de 15 profissionais de biologia e veterinária. As aves de rapina são treinadas para afastar urubus, carcarás e garças brancas. Já os cães, da raça pointer inglês, são adestrados para farejar e identificar ninhos, filhotes e carcaças, que são recolhidos pela equipe.
A atividade é autorizada pelo Instituto Estadual do Ambiente. As aves capturadas passam por exames, depois são catalogadas e soltas no Parque Natural de Gericinó, em Nilópolis, na Baixada Fluminense.
Com PM em greve, RN terá virada com Exército e policiais em treinamento
Publicado Em 31/12/2017 - 11h07
Em meio à paralisação de policiais, o governo do Rio Grande do Norte escalou para atuar na segurança dos principais pontos de festa do Réveillon 270 cabos da PM que começaram na sexta-feira (29) o curso de formação de sargentos. Além disso, o Estado conta com homens das Forças Armadas e Nacional de Segurança Pública.
O Rio Grande do Norte vive uma crise de segurança pública. Os policiais militares entraram neste domingo (31) no 13º dia de aquartelamento para reivindicar melhores condições de trabalho e pagamento de salários atrasados.
Desde o início da paralisação, houve 94 mortes violentas, segundo o Observatório da Violência Letal Intencional (Obvio), que contabiliza homicídios no Estado. O dia de maior letalidade foi a sexta-feira (29), com 17 mortos.
No mesmo período temporal em 2016, de 19 a 31 de dezembro, foram 73 mortos, ou seja, aumento de 29% do ano passado para este. A média de mortes violentas ao dia no Estado no período da paralisação é de 7,23. Como comparação, ao longo deste ano todo o número é de 6,6 mortes diariamente -um crescimento de 10% desde que os policiais deixaram de patrulhar.
Segundo o comandante da PM, coronel José Osmar Maciel de Oliveira, o efetivo de PMs em formação será usado em vários locais onde há rotineira concentração de pessoas e realização de festas, em especial no interior.
Além dos policiais, o patrulhamento das ruas para evitar novos arrombamentos e roubos será feito por 190 homens da Força Nacional de Segurança Pública e 2.800 das Forças Armadas -esses últimos que chegaram ao Estado no final da semana passada.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, chegou a Natal na manhã do sábado (30) e disse ter decidido passar a virada do ano na cidade para acompanhar o trabalho da tropa. De acordo com o ministro, as Forças Armadas ficarão no Estado por ao menos duas semanas.
O comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas, diz-se preocupado com "o constante emprego do Exército em "intervenções" nos Estados". A declaração foi feita por meio de sua conta no Twitter na noite deste sábado.
Ele afirmou ainda que a segurança pública "precisa ser tratada pelos Estados com prioridade "Zero"" e que os dados sobre a violência vão ao encontro de suas afirmações.
OPERAÇÃO VERÃO
Com o aquartelamento dos policiais, o governo local adiou o início da tradicional Operação Verão, que visa dar segurança aos turistas que lotam as praias potiguares no final de dezembro e janeiro.
"Nos outros anos, sem crise, a gente já iniciava essa operação a partir do dia 30, envolvendo o Réveillon. Mas hoje estamos numa situação diferente, e optamos por garantir primeiro o Réveillon. Pedimos reforço também da Força Nacional e já conseguimos renovar por mais seis meses", disse a secretária Sheila Freitas (Segurança).
Segundo ela, nem todos os policiais militares e civis aderiram à paralisação, mas ela não soube informar qual efetivo estava indo às ruas.
Sobre o atraso dos salários, o governo do Rio Grande do Norte afirma enfrentar uma grave crise financeira.
O Estado pediu ajuda ao governo federal para pagar débitos com servidores. O valor pedido foi de R$ 600 milhões, para aliviar os cofres e pagar o salário de novembro dos servidores que ganham acima de R$ 2.000 e o 13º salário do funcionalismo.
Na segunda-feira (25), o Ministério da Fazenda, com base em decisão do TCU, negou o repasse que tinha sido acordado entre os governos. O governo do Estado recorreu.
Já neste sábado (30) a Justiça autorizou o governo estadual a remanejar R$ 225 milhões do Fundo Nacional de Saúde e de orçamentos não executados do ano para pagar os salários atrasados.
A decisão foi em resposta a um mandado de segurança enviado por associações de militares e policiais.
VIAGENS SUSPENSAS
Mesmo com a promessa de reforço, o clima de medo afasta turistas. Na noite de sexta-feira (29), a jornalista Shirley Nascimento, 39, foi até a rodoviária de Maceió cancelar a passagem que tinha marcada para Natal, onde passaria Réveillon com a família. "Meu tio me ligou e disse que achava melhor que não fosse. Lá já estava complicado antes da greve. Se estava assim com polícia, imagina agora?".
Em Parnamirim, na região metropolitana de Natal, a prefeitura cancelou os shows e a tradicional queima de fogos na praia de Pirangi. Mas, apesar da greve da PM, todos os hotéis estão com suas lotações completas nos principais polos turísticos, como Natal e a praia de Pipa.
Proposta da Boeing inclui divisão militar da Embraer
Igor Gielow Publicado Em 02/01/18 - 02h00
A proposta da Boeing para associar-se à Embraer não é restrita à área de aviação comercial. Inclui também a divisão de defesa da fabricante brasileira, segundo a Folha apurou junto a pessoas próximas da negociação.
Isso tornará a conversa ainda mais sensível politicamente, já que o governo brasileiro diz que vetará a perda de controle nacional da empresa devido à sua importância estratégica na área militar.
A gigante americana não tem um formato fechado de oferta. Trará à mesa exemplos de parceria na área militar que dão salvaguardas de soberania aos países.
No Reino Unido, a Boeing abriu uma unidade de defesa em 2008 e emprega mil pessoas. É listada com uma "contratada X", por obedecer a uma série de requisitos de controle por parte do governo. Entre eles, ter sete altos funcionários se reportando à pasta da Defesa, inclusive dois diretores britânicos.
Na mão inversa, a empresa de defesa britânica BAE Systems abriu uma unidade nos EUA que obedece a critérios rígidos, para manter sigilo de informações militares.
Na Austrália, a Boeing tem sua maior operação externa, com 2.000 funcionários. Lá ela também está sujeita a controle governamental de dados sensíveis.
A especulação inicial de que a Boeing só estava interessada em adquirir a nova linha de jatos regionais da Embraer, a exemplo do que sua rival europeia Airbus havia feito em outubro com a canadense Bombardier.
A aviação executiva, ponto forte em modelos pequenos e médios da Embraer, também está na mira porque não é nicho da Boeing.
Ao acenar com uma parceria maior, mesmo sem controle acionário da Embraer, terá de convencer o governo de que decisões estratégicas brasileiras serão preservadas.
A posição da Embraer é única justamente devido à sua área de defesa responsável por quase 20% do faturamento da empresa (outros 20% na aviação executiva, o resto em jatos regionais).
Desde quando foi criada pelos militares em 1969, a Embraer tem relação umbilical com a Força Aérea, sua principal cliente de defesa mesmo após a privatização de 1994. A empresa participa de projetos estratégicos para o país: programas aeronáuticos militares sob demanda e, por meio de subsidiárias, desenha o controle de fronteiras do Exército, parte do reator do futuro submarino nuclear brasileiro e atua no mercado de satélites.
Assim, a reação do presidente Michel Temer após o anúncio das negociações, em 21 de dezembro, foi a de aprovar as conversas mas rejeitar qualquer perda de controle.
Detentora de uma "golden share", ação especial herdada na privatização, a União pode vetar negócios. Quem quiser mais de 35% das ações, precisa de aval federal. O que realmente preocupa o governo são as questões estratégicas e o poder que o Congresso dos EUA terá sobre elas. É preciso, contudo, relativizar.
Primeiro, a estrutura acionária da empresa é pulverizada, e seus maiores investidores são estrangeiros.
Segundo, na prática o contribuinte brasileiro paga pela exportação aos EUA de um produto que gera renda a americanos. Cerca de 60% do valor de um avião regional da Embraer vem de componentes americanos. O BNDES financiou, de 2001 a 2016, US$ 14 bilhões em exportações de aviões montados no Brasil para os EUA. Se a preocupação dos militares sobre eventuais vetos de exportações pelo Congresso americano é legítima, não é inédita: a própria Embraer já teve venda à Venezuela do Super Tucano, avião cheio de partes importadas, vedada pelos EUA.
A inquietação se dá porque a área de defesa é celeiro de inovação na Embraer, com especialização compartilhada com os militares e transbordo para tecnologias civis.
ONDE ATUA A EMBRAER
AERONÁUTICA
Desenvolve o KC-390, vende e dá suporte ao Super Tucano, moderniza AMX e F-5
DEFESA DE FRONTEIRAS
Pela subsidiária Savis, desenvolve o sistema de controle de fronteiras do Exército, projeto de R$ 12 bi
ESPAÇO
Associada à Telebras na subsidiária Visiona, investe em satélites de comunicação
SUBMARINO NUCLEAR
Pela subsidiária Atech, desenvolve o sistema de controle do reator nuclear para submarino da Marinha
Rebelião deixa nove mortos e 14 feridos em presídio de Goiás
Cleomar Almeida Publicado Em 01/01/2018- Atualizado 21:53
Ao menos nove presos foram mortos e 14 ficaram feridos durante uma rebelião, na tarde desta segunda-feira (1º), na colônia agroindustrial do regime semiaberto do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital. Pelo menos duas das vítimas foram decapitadas.
Outros 106 presos fugiram. Desse total, 29 foram recapturados pelas forças de segurança e outros 77 continuavam foragidos. Além deles, mais 127 saíram da unidade quando o motim ainda acontecia, mas retornaram ao local após o término do conflito.
As informações de mortos, feridos e fugas são da Seap (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás). O conflito, que foi controlado no final desta tarde, ocorreu após presos de uma ala invadirem outro pavilhão da colônia e iniciarem uma troca de tiros e colocarem fogo em colchões.
Boeing mira jovens engenheiros brasileiros da Embraer
Igor Gielow Publicado Em 02/01/18 - 02h00
Um dos focos no desenho da oferta da Boeing é a área de engenharia da Embraer.
A empresa americana tem uma geração de engenheiros que deve se aposentar em cinco anos. Já a Embraer é conhecida por um corpo técnico mais jovem. Um dos projetos mais citados em conversas sobre o negócio é o substituto do Boeing-767, pioneiro nas viagens intercontinentais com só dois motores.
A área de vendas também é central. A Boeing opera a partir de 20 países, enquanto a Embraer está em quatro.
O mercado regional chinês, amplamente desatendido, será alvo de competição dura —a começar pela fabricante local Comac, que associou-se aos russos da Sukhoi.
Na área militar, a Boeing pode ampliar a parceria com a Embraer na promoção do KC-390. O cargueiro tático é um exemplo da ligação Força Aérea-Embraer. Sem a injeção de R$ 5 bilhões para desenvolvimento e a compra de 28 unidades iniciais pelo governo, não haveria o modelo.
O alvo é o mercado dominado pelo C-130 Hércules, projeto dos anos 1950. De quebra, é um produto de uma rival da Boeing, a Lockheed Martin. Estima-se que até 2025 haja demanda por 730 novos aviões. Algum tipo de acerto Boeing-Embraer, segundo avaliação de especialistas, é quase inevitável.
Por não ter para onde crescer além do mercado regional que lidera com 46% do nicho, a Embraer corre o risco de ser encurralada entre grandes polos globais de produção, como o Airbus-Bombardier.
Por isso a mensagem de fim de ano de seu executivo-chefe enfatizou a "preservação de empregos" como base das conversas com os americanos.
Uso do Exército para combater o crime nos Estados cresce pelo menos 3 vezes
Levantamento inédito de 25 anos de ações das Forças Armadas no País, feito pelo ‘Estado’, mostra como a tropa ampliou presença na rua e mobilizou cerca de 3,7 mil homens em cada operação; militares são chamados até para revistas em cadeias
Marcelo Godoy Publicado Em 01/01/18 - 04h00
SÃO PAULO - O uso das Forças Armadas no combate ao crime organizado cresceu pelo menos três vezes nesta década comparado aos anos 1990. A presença dos militares nas ruas do País também cresceu e somou em média 293 dias por ano fora dos quartéis, cerca de três vezes mais do que nas décadas anteriores. Dados colhidos pelo Estado sobre 181 ações do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e do Ministério da Defesa nos últimos 25 anos – a maioria de Garantia de Lei e da Ordem (GLO) – mostram um retrato inédito sobre essas operações no Brasil. Ao todo, cada uma mobilizou em média 3.717 homens e mulheres.
A percepção de que o emprego dos militares no combate à criminalidade está cada vez mais comum é sustentada pelos números. É o que disse anteontem o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, no Twitter. “Preocupa-me o constante emprego do Exército em "intervenções" (GLO) nos Estados. Só no Rio Grande do Norte, as Forças Armadas já foram usadas 3 vezes, em 18 meses. A segurança pública precisa ser tratada pelos Estados com prioridade "zero".”
De fato, a média anual de ações desse tipo saiu de 0,55 nos anos 1990 para 1,8 nesta década, na contagem mais conservadora. Isso porque esse número pode dobrar, caso se considere em separado cada fase da atual Operação Furacão, no Rio. Como foram feitas sob a autorização de um mesmo decreto presidencial, o Ministério da Defesa conta as 14 fases ocorridas em favelas, com tropas e datas diferentes, como sendo apenas uma única ação.
Para criar o primeiro retrato dessas operações no Brasil, o Estado consultou dados das Forças Armadas desde 1992, quando pela primeira vez os militares ocuparam com tanques uma cidade, a fim de garantir a segurança da ECO 92, a conferência sobre o meio ambiente das Nações Unidas. Depois disso, o uso dos militares se ampliou e modificou.
O chefe de operações conjuntas do Ministério da Defesa, general César Augusto Nardi de Souza, diz que a maioria das ações de combate à criminalidade nos anos 1990 tinha como causa a greve de polícias estaduais. O Exército era então chamado para impedir a ação de saqueadores e bandidos aproveitadores, como em Sergipe, no Ceará e na Bahia. Ao todo, foram registradas dez greves de policiais naquela década – incluindo uma da Polícia Federal, em 1994. Essa situação voltou a preocupar o Exército na década atual, que registrou oito casos com a intervenção das Forças Armadas – o mais recente no Rio Grande do Norte.
Presídios
O perfil agora é outro. Até para a revista de presídios o Exército foi convocado: a Operação Varredura, que acaba no dia 17 de janeiro. “Foram operações pontuais, principalmente na Amazônia, Nordeste e Centro-Oeste”, contou o general. Nessas ações, a polícia estadual separava os presos enquanto os homens do Exército vasculhavam as celas de 31 presídios. “Isso mostrou a fragilidade do acesso à arma branca. Encontramos uma para cada dois presos.”
Para ser feita como GLO, a Operação Varredura teve de ser autorizada pelo presidente Michel Temer. Assim como a Operação Furacão, de intervenção nas favelas do Rio. Para o ex-secretário nacional de Segurança Pública e coronel da PM José Vicente da Silva Filho, é “absolutamente ridículo” o uso do Exército na revista de celas. “Você humilha a instituição.”
Dezenas de documentos das Forças Armadas alertam para os riscos de seu emprego no combate ao crime. Desde os danos colaterais (mortes de civis inocentes, crimes militares, etc) até para o desgate que esse tipo de missão provoca na imagem das Forças Amadas. O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, comandante da 1.ª Brigada de Infantaria de Selva, que analisou as ações de Garantia de Lei e Ordem na Escola de Comando e Estado-Maior (Eceme), afirma em seu estudo A Degradação da Segurança Pública e as Suas Consequências Para as Forças Armadas que as ações de GLO apresentavam “uma quantidade de possíveis reflexos negativos significativamente superior aos reflexos positivos”.
Para ele, a atual conjuntura de segurança pública “induz cada vez mais ao emprego das Forças Armadas nesse escopo de tarefas, enquanto as modernizações e adequações necessárias ao sistema não são adotadas”.
"Mexicanização" deve ser alerta, diz especialista
Especialistas ouvidos pelo Estado consideram que o quadro atual deve servir de alerta para o País. Um dos cenários mais temidos com a vulgarização do uso das Forças Armadas nessa tipo de atividade é o risco de ocorrer como no México, onde Exército e Marinha receberam a atribuição de combater o crime organizado. A medida trouxe desgate à imagem das Forças Armadas e aumentou o risco de cooptação de seus integrantes pelos cartéis da droga.
“Esse risco existe, mas não sei se na direção de México e Colômbia”, disse o cientista político e professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Eliezer Rizzo de Oliveira. Para ele, ou os governos estaduais e a União estabelecem uma política de segurança para enfrentar o crime organizado ou o Estado vai fazer frente a isso com o que tem: as Forças Armadas. De acordo com ele, o Gabinete de Segurança Institucional estima em 200 mil só os adeptos do Primeiro Comando da Capital (PCC) no País. “Não temos uma polícia permanente entre os Estados e a União. A Força Nacional de Segurança nem permanente é.”
O coronel José Vicente da Silva Filho também defende a criação do que ele chama de “Polícia Militar Federal ou Guarda Nacional” que teria a atribuição de cuidar da fronteira, das áreas inóspitas da Amazônia e reforçar os Estados em momentos de crise da segurança pública. “O banditismo no Rio não é caso de Forças Armadas. Esse crime de bandido em favela é problema típico de polícia.” Segundo ele, o cenário da mexicanização não é próximo, mas “não pode ser desconsiderado”.
Para o chefe de operações conjuntas do Ministério da Defesa, general César Augusto Nardi de Souza, a solução é fortalecimento e integração das seguranças estaduais. “Quanto mais local for a força, melhor para atuar. Falta integração maior entre as seguranças públicas dos Estados e aparelhamento das PMs.”
"Por Forças Armadas nas ruas é dar férias para bandidos"
Para ministro, modelo de uso das tropas federais adotado na ocupação do Complexo do Alemão ficou no passado
Marcelo Godoy Publicado Em 01/01/2018
O modelo das Forças Armadas ocupando uma área, como o Complexo do Alemão ou da Maré, está enterrado. Ao menos na atual gestão. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que os militares continuarão a atuar “sob demanda”, usando seu grande contingente para o cerco de áreas em apoio às polícias e na área de inteligência. O modelo anterior, segundo ele, tinha como único resultado “dar férias para os bandidos”. Aqui, ele faz seu balanço sobre o uso das ações dos militares em missões de Garantia de Lei e Ordem (GLO) no País.
Há um crescimento de década para década da participação das Forças Armadas em ações contra o crime organizado nos Estados. Essa tendência é sustentável a longo prazo, ministro?
O que eu tenho observado é que predominam, no caso das GLOs, as ações ligadas à greve de polícia, que é uma questão de segurança pública, e de combate à violência urbana. Somando os dois dados chega-se a 36% (o ministro referese à consolidação dos dados feitos pelo Ministério da Defesa), o que representa a emergência na área da segurança pública do País nas últimas duas décadas. Representa também uma opção do constituinte, que deixou 80% das responsabilidades da segurança pública com os Estados. A União ficou com 20%, com o combate ao tráfico internacional de drogas e armas. E não se criou nenhum corpo intermediário entre as Forças Armadas e as forças regulares da segurança pública para que atuasse nas situações extraordinárias, excepcionais, onde você tem a falência ou incapacidade dos governos estaduais de manter a segurança. O que eu quero dizer com isso? Estou pensando nos Estados Unidos, que têm a Guarda Nacional, que é exatamente esse corpo que desempenha esse papel.
Não existe uma Polícia Militar Federal...
O que nós temos é um arremedo, que é a Força Nacional, que cumpre sua função, mas precisa ser permanente, senão você tem a banalização da GLO. E essa banalização da GLO não é boa para as Forças, e não é boa para o próprio País. As Forças Armadas não têm capacitação e treinamento e muito menos vocação para substituir as polícias. Sem nenhum demérito ao papel e à importância que têm as polícias, mas a formação do militar é para a defesa da soberania nacional.
Por exemplo, empregar as Forças Armadas para revista em presídios, como está sendo feito? Certamente quando se criou o modelo de GLO não se pensava que a falência na área de segurança chegasse ao ponto de exigir a presença do Exército para revistar penitenciárias, não é? Vou lhe dar um dado que corrobora isso que você está dizendo. Um em cada três presos – e nós já fizemos mais de 30 varreduras – está armado. Ou seja, os nossos presídios e penitenciárias são peneiras e são home office do crime organizado. Esse é um dos problemas centrais da nossa segurança: nós não somos capazes de cortar o comando de quem está preso e, aliás, grande parte dessas gangues surgiu no sistema penitenciário, que é uma espécie de incubadora do crime organizado. Marcinho VP está há 15 anos em Mossoró e continua mantendo o controle sobre sua organização. Marcola está mais ou menos o mesmo tempo preso. O que você verifica é que essa não é uma atribuição das Forças Armadas. Mas as Forças Armadas no Brasil cumprem funções extracentrais. É difícil encontrar outras Forças Armadas que cumpram tantas funções.
O senhor percebe o desejo de governos estaduais de transmitir o ônus da segurança pública para o Exército?
É uma tentação. É uma tentação em governos estaduais com crise fiscal – tem Estado que pede GLO e há 12 anos não faz concurso para a polícia –, com sistemas prisionais saturados e convivendo com problemas de opinião pública. Se nós vamos para policiamento das ruas, isso isoladamente é dar férias aos bandidos. Quando você põe as tropas nas ruas, o crime se retrai. Porque ele sabe que nós não podemos ficar lá muito tempo. Seja porque ele sabe que a lei não permite, seja porque é muito caro. Quando nós saímos, eles voltam. Ou seja, você não golpeia a capacidade operacional do crime.
Ao mesmo tempo os Estados se sentem desobrigados... Claro que há uma certa desobrigação. De fato isso se comprovou. Nós estivemos durante um bom tempo no Alemão e na Maré (no Rio). As quadrilhas saíram, ganhamos a confiança das comunidades, mas como o Estado não entrou fazendo a complementação social disso – emprego, renda, saúde e educação –, quando nós saímos, tudo voltou a ser como antes. E os militares se sentem, nesse sentido, corretamente, usados. Pois fizemos todo o trabalho, o trabalho mais duro, mas não houve complementação. O sentimento é que nós enxugamos gelo.
Qual será então o papel das Forças Armadas nessas ações?
Então, nós estamos atuando no Rio de Janeiro dentro da seguinte lógica: não ocupamos permanentemente nenhuma área. Segundo: atuamos por demanda, em apoio às forças policiais que lideram o processo. Então, por exemplo, você tem uma comunidade. Nosso papel é de fechar, de blindar. Só nós temos massa para fechar, por exemplo, todas as entradas e acessos de uma grande comunidade como a Rocinha, que tem 80 mil pessoas. Isso libera o pessoal lá dentro para fazer busca e apreensão. Terceiro: atuamos integradamente por meio da inteligência e estamos à disposição para fazer varreduras e apoio logístico. Isso decorre da compreensão de que a ocupação abaixa a temperatura, mas não combate nem elimina a infecção. A infecção tem de ser combatida com a inteligência, com os policiais e a capacidade do Judiciário.
Veja os documentos das Forças Armadas sobre as Operações de Garantia de Lei e Ordem
Entenda a metodologia usada pelo Estado para consolidar os dados
Marcelo Godoy Publicado Em 01/01/18 - 04h00
Para traçar o perfil das operações de segurança integrada feitas pelas Forças Armadas no País nos últimos 25 anos, o Estado consultou 12 planilhas e documentos da Marinha, do Exército, da Força Aérea e do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, órgão do Ministério da Defesa. Também pesquisou em jornais e documentos dos Comandos Militares do Leste (CML), do Planalto (CMP) e do Nordeste (CMNE) – todos do Exército –, os dados sobre o tipo de missão, o tipo de agente perturbador da ordem enfrentado pelos militares em casa ação e o que cada uma delas visava proteger.
Além disso, foram coletados dados sobre os efetivos de 85 operações e prorrogações de ações, as datas e o tempo de duração, as unidades empregadas e os Estados em que elas ocorreram. Em alguns casos foi possível colecionar dados sobre os resultados das operações, notadamente os fornecidos pela Marinha e pelo Comando Militar do Leste.
Ao todo os documentos mostram 231 operações – eles não incluem a atual no Rio Grande do Norte. Dessas, 17 eram meras prorrogações de operações no Rio. Outras 12 foram contadas duas vezes nos documentos. Foram ainda relacionadas nove ações na faixa de fronteira após a lei que concedeu às Forças Armadas o poder de polícia nessas regiões – a partir de então, elas passaram a contar com estatísticas próprias. Havia ainda dois casos de prontidão e dois de exercícios, além de oito casos de coordenação de segurança de área feitas para proteger o presidente da República. Todas elas foram excluídas da conta final do Estado.
O Ministério da Defesa foi mais longe: excluiu dos dados de operações de Garantia de Lei e Ordem todas as operações na região de fronteira, todos os casos de cumprimento de mandado judicial e de apoio logístico, mesmo quando esse apoio implica na presença de tropas militares no teatro de operações, como no caso do uso de blindados e homens da Marinha para a ocupação dos complexos da Maré e do Alemão, no Rio. Por isso, pela conta do Ministério da Defesa, o total de operações das Forças Armadas de Garantia de Lei e Ordem somam 131 casos no período, em vez dos 181contados pela reportagem.
Aqui os leitores e pesquisadores poderão consultar todos os documentos usados pela reportagem, a maioria obtida por meio da Lei de Acesso à Informações. A exceção são três documentos produzidos pelo Estado Maior Conjunto das Forças Armadas que consolidam os dados das três Forças. São dois de origem da FAB, uma planilha da Marinha, duas planilhas do Comando de Operações Terrestres (Coter), do Exército, uma do CML, uma do CMP, uma do CMNE e quatro do Ministério da Defesa.
Ministério da Defesa - metodologia
Ministério da Defesa 2 - relação de operações
Relatório da Marinha
Estado maior conjunto das Forças Armadas
Estado maior conjunto das Forças Armadas 2
Relatório da Aeronáutica
Relatório da Aeronáutica 2
Relatório do Comando de Operações Terrestres do Exército
Relatório de Comando de Operações Terrestres do Exército 2
Relatório do Comando Militar do Planalto
Relatório do Comando Militar do Nordeste
Relatório do Comando Militar do Leste
Ação no Complexo do Alemão teve até guerra cibernética
De acordo com dois trabalhos de militares sobre a Operação Arcanjo, ocorrida no local de 2011 a 2012, a guerra de informações contou com ações de contrainformação em redes sociais para desorientar os traficantes de drogas
Marcelo Godoy Publicado Em 02/01/18 - 03h00
O que fez as Forças Armadas reverem seu modelo de emprego de tropa foi o resultados das ações nos Complexos da Maré e do Alemão. Durante a Operação Arcanjo, no Alemão, o Exército lançou mão de um arsenal pouco conhecido de ações: desde operações de informações a ações psicológicas, guerra eletrônica cibernética e atividades de contrainteligência.
É o que consta de dois trabalhos de militares sobre a Operação Arcanjo, ocorrida de 2011 a 2012 no Complexo do Alemão, durante 583 dias. A guerra de informações e cibernética contou com ações em redes sociais para desorientar os traficantes de drogas.
Para ela até o Centro de Informações do Exército (CIE) foi mobilizado. Seus agentes cuidaram do disque-denúncia, colhendo informações sobre os bandidos e analisando os dados obtidos com as patrulhas. O modelo é descrito pelo major Georgingtown Haullinson Farias e pelo coronel Carlos Alberto de Lima em seus estudos sobre a atuação no Alemão. Segundo eles, "militares especializados no atendimento à denúncias" permitiram que o serviço fornecesse à área operacional informações mais precisas e seguras.
O fluxo de informação para o disque-denúncia só começou a cair, segundo o coronel, quando o sexto contingente entrou no Alemão, quando já estava sendo anunciada a substituição das Forças Armadas pela polícia estadual. "No Alemão era uma facção só. Na maré eram quatro facções e nenhuma delas queria perder seu espaço. Os chefes saíram, mas deixaram seus soldados lá dentro", afirmou o general chefe de operações conjuntas do Ministério da Defesa, general César Augusto Nardi de Souza.
Durante a ocupação, os números de criminalidade caíram no Alemão e na Maré e alguns serviços públicos foram estabelecidos. Pesquisa feita pela ONG Redes da Maré com 1 mil moradores de 18 a 69 anos e divulgada neste ano mostrou que, para 73,4% da população da região, a atuação da força de pacificação era ótima, boa ou regular. Só 25,4 desaprovavam a atuação dos militares.
Resistência. Para Edson Diniz, da Redes da Maré, a presença das Forças Armadas deixou um legado pequeno para as comunidades. "Fizemos uma pesquisa grande com moradores da Maré sobre a percepção dos moradores da Maré antes e depois da ocupação. A percepção é que o legado que ficou foi muito ruim." Segundo ele, houve uma tensão crescente dos militares principalmente com os jovens da Maré. "Esse segmento foi muito afetado pela atuação do exército. O Exército entrou querendo impor uma ordem de caserna aos jovens e chegou a ter casos desde agressão verbal a agressão física."
De acordo com Dias, no começo a presença da tropa trouxe expectativa de que as coisas podiam melhorar. "E quando sai da Maré a um custo altíssimo - um milhão por dia - o legado o que deixou foi nada. Hoje a Maré voltou a ter problema com os grupos armados e com a polícia que voltou a entrar com muita violência." Dias questiona o sentido de se pôr "tanque de guerra em uma área que tem 148 mil moradores em 38 mil domicílios?". Para ele, trata-se muito mais de uma exibição do que querer resolver o problema. "Há mais de 20 anos essas operações acontecem e continua a situação de insegurança que se tem."
O empresário Reginaldo Lima, de 47 anos, que foi assessor executivo do AfroReggae e via melhorias nas comunidades com as Unidades de Polícia Pacificadora, diz que o legado para a população do Complexo do Alemão da ocupação militar também foi pífio. "O Exército foi extraordinário na ocupação urbana durante algum tempo. Depois o exército passou a se comportar com hostilidade aos moradores. E a euforia com a expectativa com a chegada do Exército foi lentamente se perdendo."
Rio demanda mais Exército; tráfico é principal causa
Análise do "Estado" sobre as 181 operações das Forças Armadas em 25 anos aponta ainda 19 bandidos e 2 militares mortos desde 2013
Marcelo Godoy Publicado Em 02/01/18 - 03h00
O mapa das 183 ações de segurança integrada das Forças Armadas mostra que o Rio é onde as Forças Armadas mais participaram de ações ligadas à segurança pública, seguido pelo Distrito Federal (um quinto de todas as ações). Ao todo, 41% das operações naquele Estado se destinaram ao combate aos grupos organizados e armados de traficantes de drogas. Desde 2013, o Comando Militar do Leste (CML), do Exército, e a Marinha registraram 19 bandidos foram mortos e 81 feridos. Houve ainda dois militares mortos - um deles por tiro acidental - e 84 feridos.
Exército e Marinha registraram ainda a prisão de 1.375 suspeitos nas operações nos complexos do Alemão, da Maré na chamada Operação Furacão. Houve ainda 2 feridos em um confronto com manifestantes em um evento e 5 feridos em operações no Rio contra o crime na década de 1990. Só na ocupação da Maré, a Marinha registrou 41 ataques feitos por grupos armados contra seus homens. Os números são parciais, pois as Forças Armadas não dispõem dos dados de todas as operações feitas no Estado. Para se ter uma ideia do peso do Rio nessas operações, o Exército registra apenas 9 prisões em greves de policiais no Nordeste e 14 durante os Jogos Olímpicos do Rio.
"Perdemos um cabo do 28º Batalhão de Infantaria Faria na Maré. Podia ser mais, pois teve tiro que acertou placa balística. É uma ação que está muito perto da guerra, do bandido para cá. Daqui para lá é que não pode ser", afirmou o general César Augusto Nardi de Souza, chefe de operações conjuntas do Ministério da Defesa.
No Distrito Federal é a proteção de eventos e de autoridades a principal razão de convocação do Exército ou da Marinha. Pará, Mato Grosso e Bahia completam a lista de unidades da federação com maior número de operações. Além de combater a criminalidade (19% do total de ações), as Forças Armadas também usaram a GLO para garantir a segurança de eventos - como a Eco 92, a Copa e a Olimpíada - e encontros de chefes de Estado. Isso aconteceu em 22,9% das oportunidades.
A ação em greve de policiais pelo País foi a terceira razão que mais obrigou os militares a pôr a tropa na rua (14,2%) dos casos. A garantia das eleições veio logo a seguir, com 10,9%. Até 2004, as ações contra a ação de bandidos na fronteira também era contada como "operação de segurança integradas pelas três Forças". Depois da legislação que concedeu a elas o poder de polícia na fronteiras, elas passaram a ser contadas de forma separada. Assim, de 1992 a 2004, ocorreram 19 ações dirigidas contra o tráfico de drogas e de armas nessas regiões (10,3%). Relevantes ainda é o total de oportunidades em que os militares foram chamados para restabelecer a ordem ameaçada por conflitos sociais urbanos e agrários - 13,6% do total.
Regras. Desde 2001, para ser considerada uma ação de GLO, o deslocamento da tropa deve obedecer uma autorização presidencial - os casos que o Ministério da Defesa classifica como apoio logístico ou cumprimento de mandado judicial não precisam cumprir essa formalidade. O Ministério da Defesa conta 131, pois exclui todas as ações na faixa de fronteira e casos que ele considera ter ocorrido apenas um apoio logístico, como o uso de blindados da Marinha para invadir o complexo do Alemão e da Maré, no Rio.
Além disso, as diversas fases da Operação Furacão são contadas como uma única operação pelo ministério. Assim, a proporção de operações contra o crime organizado no Rio pode ser maior ainda. Caso as 14 fases da operação fossem contadas em separado, o combate à criminalidade representaria 57% das operações de GLO feitas no Rio.
De acordo com o general Nardi, a operação atual no Rio está atuando com comando conjunto integrado. "Apesar de o Exército não ter o comando da operação, o planejamento é feito em conjunto. Ele recebe uma missão. E deixa bem claro o que cada um vai fazer. Cada operação está sendo planejada de forma integrada. Aí você coloca o que se pode e não pode fazer."
O modelo no Rio é um novo modelo. As Forças Armadas não querem voltar ao modelo da ocupação demorada, como ocorreram no Alemão e na Maré. Primeiro porque os militares se preocupam com uma "vulgarização" dos uso das Forças Armadas na Segurança Públicas. Depois, segundo o general Sérgio José Pereira, chefe da assessoria de relações institucionais do Comando Militar do Leste (CML), o uso da inteligência em ações pontuais se mostram muito mais eficientes do que a presença ostensiva no combate ao crime.
Além disso, para o general Nardi, "a maior necessidade hoje é de apoio logístico". "Isso tem aumentado bastante, não só no Rio como crimes ambientais, apoiando o Ibama e a Polícia Federal. Mas a parte de criminalidade mesmo está mais focada no Rio de janeiro", afirmou.
Para cada uma dessas ações, o Ministério da Defesa produz regras de engajamento da tropa. "Elas é que determinam, por exemplo, em que situações um militar poderá usar munição letal contra um agente perturbador da ordem ou quando ele poderá sacar seu spray de pimenta. As regras de engajamento procuram ser didáticas e são baseadas no direito penal brasileiro. Elas são de caráter reservado. Você vai dizer para o pessoal o que você pode ou não fazer, quando você pode atirar ou não. Mas posso dizer que toda vez que você é ameaçado em sua integridade ou para a defesa de terceiros, a legítima defesa é a regra. É diferente da guerra, onde você pode atirar no inimigo", disse o general Nardi.
Impulso para novos voos
Apesar do clamor nacionalista, Embraer, símbolo de empresa privatizada que deu certo, terá muito a ganhar com a parceria que negocia com a americana Boeing
Marcelo Sakate Publicado Em 29/12/2017 - 06h00
As negociações entre a Embraer e a americana Boeing, reveladas às vésperas do Natal, alimentaram temores de que o Brasil possa abrir mão de uma rara joia da indústria nacional. Em um país dependente do agronegócio, a Embraer é uma empresa de alta tecnologia que compete em nível global, isolado exemplo de eficiência e inovação. Michel Temer apressou-se em dizer que, enquanto for presidente, ela jamais será vendida — embora só detenha 5,4% das ações via BNDES, o governo tem o poder de veto a qualquer negociação que envolva o controle da companhia. O sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos (SP), onde fica a sede da empresa, opôs-se a qualquer proposta. São reações que tratam a Embraer como se ela fosse uma estatal 100% nacional, suscetível a ingerências políticas. A verdade é bem diferente. A Embraer é o exemplo de privatização que deu certo. Quando foi vendida pela União, em 1994, a despeito dos protestos de sindicalistas e políticos locais, tinha uma dívida bilionária, corria risco de quebrar e empregava 6 000 trabalhadores; desde então, ela se tornou a terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo (atrás da Boeing e da europeia Airbus), triplicou o quadro de funcionários e hoje tem um faturamento vinte vezes maior. Seus dois maiores acionistas são fundos estrangeiros, o americano Brandes e o inglês Mondrian. Em 2006, a empresa decidiu pulverizar o seu capital entre milhares de investidores, para evitar que um acionista controlador tomasse decisões estratégicas de forma unilateral. Nem por isso a Embraer deixou de ser brasileira e de crescer.
Apesar das manifestações intempestivas, o fato é que a Embraer tem muito a ganhar com o negócio, segundo analistas. Investidores enxergaram esse potencial, e isso se refletiu em uma alta de quase 30% no valor das ações depois que as negociações vieram a público. Os principais produtos das duas companhias não são concorrentes diretos. A Boeing é a líder no segmento de aeronaves de médio e grande portes e longo alcance, ou seja, a partir de 150 passageiros. Já a Embraer domina o mercado de aviões comerciais de pequeno porte, com até 120 passageiros. Dessa complementaridade decorrem argumentos a favor de uma combinação: ambas teriam maior poder de negociação para a compra de componentes e insumos de fornecedores globais. E poderiam acertar uma parceria comercial para a venda de seus modelos para um mesmo cliente — por exemplo, uma companhia aérea que faça tanto voos regionais como intercontinentais. Isso faria diferença especialmente para a companhia brasileira, que tem presença limitada em alguns mercados já acessados pelo grupo americano, como o Oriente Médio e a Ásia. Além disso, o casamento serviria como uma reação ao acordo anunciado em outubro em que a canadense Bombardier, a principal concorrente da Embraer, ganhou a Airbus como sócia de seu programa de jatos de mais de 100 assentos.
Outra razão para o negócio é a potencial colaboração em pesquisa e desenvolvimento. A Embraer tem hoje mais de 4 000 engenheiros, um time que se dedicou na última década a três grandes projetos: desenvolver a segunda geração de sua linha de aviões comerciais (a chamada E2), novos jatos executivos e o KC-390, a sua grande aposta na aviação militar. Esse ciclo está se encerrando sem que haja novos projetos do mesmo nível. A Boeing estuda desenvolver uma nova linha de jatos de médio porte, mas com custos de produção mais baixos que nos Estados Unidos. Além disso, parte de sua equipe de engenharia está perto da aposentadoria. Nesse contexto, um trabalho conjunto de pesquisa faria sentido para as duas empresas. Portanto, a Embraer e o país só terão a ganhar se o seu conselho e a sua diretoria aprovarem as mãos dadas com a Boeing. Será um excelente voo para a competitividade da empresa, caminho aberto com a privatização.
Crime organizado e terrorismo são as principais ameaças
Publicado Em 01/01/2018 - 08h48
O crime organizado nas fronteiras e nos centros urbanos foi a principal “força oponente” ou “agente perturbador da ordem” enfrentada pelos militares (25,9%), segundo os documentos de 181 operações de segurança integrada a que o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso. Os dados foram compilados pelo Ministério da Defesa, pela Marinha, pelo Comando de Operações Terrestres do Exército, pelo Estado-Maior do Exército, pela Força Aérea, e pelos Comandos Militares do Planalto (CMP), do Nordeste (CMNE) e do Leste (CML).
Os números mostram que a ameaça terrorista ocupou o segundo lugar (23,2%) nas preocupações dos militares, seguida por policiais e caminhoneiros grevistas e bandidos que se aproveitavam desses movimentos (16,5%) e manifestantes em geral (7,1%), como os integrantes do movimento dos sem-terra.
Para o chefe de operações conjuntas do Ministério da Defesa, general do Exército César Augusto Nardi de Souza, é difícil determinar quem é o agente perturbador da ordem. “Às vezes dois lados podem conturbar, por isso a gente se coloca no meio. A ideia é separar.”
Entre os perturbadores da ordem também aparecem garimpeiros, grileiros, fazendeiros, índios e madeireiros, principalmente na Região Norte do País. “Isso acontece porque as forças estaduais de segurança na Região Amazônica são incapazes de prover segurança além das áreas urbanas desses Estados”, afirmou o ex-secretário nacional de Segurança e coronel da reserva da PM de São Paulo José Vicente da Silva Filho. Para ele, só o Exército ou uma força militar federal permanente teriam a capacidade logística de atuar em áreas de difícil acesso na Amazônia.
Justificativa
Cada uma das operações tem a sua missão especificada em documento no qual é detalhado quem é o “agente perturbador da ordem pública” contra o qual a tropa será empregada. Em 60% dos casos, a missão principal dos militares era a defesa da ordem pública e da sociedade. Em 21%, as Forças Armadas foram usadas para proteger eventos e autoridades e em 10% dos casos, eleições no País e nos Estados e municípios. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Aeronaves poderão ter motores à eletricidade e biocombustíveis
A queima da querosene - o combustível mais utilizado no setor - polui o ar devido à produção de gás carbônico (CO2), que contribui para o efeito estufa e, consequentemente, o aumento da temperatura do planeta
Vilhena Soares Publicado Em 01/01/2018 - 07h00
No século passado, a dupla de americanos Wilbur e Orville, os irmãos Wright, utilizaram um sistema de catapulta para fazer com que a aeronave criada por eles se sustentasse nos céus. A técnica, porém, não foi a que obteve mais sucesso. Santos Dumont conseguiu que o 14-bis passeasse pelos ares graças à criação de um motor de combustão interno movido a gasolina. Mais de 100 anos após o trabalho desses pioneiros, o combustível da aviação volta ao campo das tentativas. Desta vez, pesquisadores buscam alternativas que alimentem as turbinas, mas sejam menos poluentes.
A queima da querosene — o combustível mais utilizado no setor — polui o ar devido à produção de gás carbônico (CO2), que contribui para o efeito estufa e, consequentemente, o aumento da temperatura do planeta. O uso de biocombustíveis e de tecnologias que dispensem, ou reduzam, os produtos atuais estão entre as ideias em teste. Enquadradas nesse segundo grupo estão as aeronaves híbridas, que, além do modo tradicional, podem ser movidas a eletricidade.
A startup americana Zunum Aero e Boeing trabalham em parceria para a produção dessas aeronaves. Matt Knapp, fundador e engenheiro chefe da Zunum Aero, explica que o objetivo das empresas é reduzir a poluição provocada principalmente por voos comerciais que se encaixam na categoria padrão. “Atualmente, 40% das emissões totais são atribuídas aos voos de curta distância. Nossa intenção é entregar aeronaves silenciosas, híbridas, que reduzam o tempo de porta a porta — de aeroporto a aeroporto — e, ao mesmo tempo, mantendo o planeta saudável”, diz.
O engenheiro lista os benefícios que o sistema em desenvolvimento trará ao meio ambiente. “A aeronave híbrida/elétrica é alimentada por sistemas silenciosos de controle de potência e propulsão e reduzirá o barulho em 75%, com capacidade de decolar e pousar perto de comunidades residenciais. As emissões de carbono em curto alcance cairão para 100% à medida que os aviões se tornarem totalmente elétricos”, detalha.
A intenção é começar os testes de voo das aeronaves em 2019. Três anos depois, será apresentado pela empresa uma aeronave de plano de 12 lugares e alcance de 700 milhas (cerca de 1.100 quilômetros/por hora). “Essa aeronave vai transformar a forma como vivemos e trabalhamos. Acreditamos que a propulsão elétrica mudará a aviação”, ressalta Knapp. “Como uma comunidade global, estamos lidando coletivamente com assuntos relacionados à questão climática, e existem recursos e pesquisas importantes para soluções eficientes em todo os tipos de transporte — aéreo, terrestre e aquático.”
Hidrogênio
Outra alternativa explorada por especialistas da engenharia aeronáutica, como os do Centro de Projetos Aeronáuticos Andrei Nikolaievich Tupolev, na Rússia, é o hidrogênio. Ao entrar em combustão, ele gera água, em vez de carbono, sendo menos poluente. Também se torna mais eficiente por conter átomos com até o quádruplo de energia explosiva, comparado a outros elementos químicos. Apesar dessas vantagens, trata-se de um elemento químico difícil de lidar, por ser pesado e volumoso, o que dificulta o armazenamento na aeronave.
Ainda mais avançados, os motores movidos a plasma têm sido uma opção também explorada por especialistas. Ao contrário da tecnologia tradicional, que cria impulso misturando ar comprimido com combustível e o inflamando, motores a jato de plasma utilizam eletricidade para gerar campos eletromagnéticos. O ar é comprimido com um gás em um plasma — um estado ionizado quente e denso, e essa mistura rende uma velocidade altamente potencializada para as aeronaves.
Berkant Göksel, pesquisador na Universidade Técnica de Berlim, na Alemanha, é um dos cientistas que explora essa tecnologia. “Queremos desenvolver um sistema que possa operar acima de uma altitude de 30 quilômetros, onde os motores a jato padrão ainda não podem ir. Isso poderia levar passageiros até a ‘borda’ da atmosfera e além”, conta. Goskel e sua equipe realizam testes laboratoriais e pretendem transformar os motores a plasma em uma alternativa revolucionária para a mecânica de aeronaves. “Esses jatos de plasma poderão atingir velocidades de até 20 quilômetros por segundo”, ressalta Goskel no Journal of Physics Conference Series, periódico em que o projeto foi detalhado, em abril de 2017.
Projeto brasileiro
Um acordo firmado em 2013 entre a Embraer e a Boeing tem o intuito de pesquisar o uso de biocombustíveis na aviação civil. O foco do projeto, que conta com a parceria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é oferecer subsídios para que o Brasil alcance posição de destaque na produção desses combustíveis menos poluentes, com medidas detalhadas no documento Plano de voo para biocombustíveis de aviação no Brasil: plano de ação. Entre as possibilidades promissoras no curto prazo estão o etanol de cana-de-açúcar. A médio e longo prazos, a aposta é em matérias-primas celulósicas, como os produtos derivados de madeira e palha e o bagaço de cana.
Segurança e autonomia
Cuidados e procedimentos imprescindíveis à aviação também precisam ser considerados na busca por soluções alternativas. Mateus Rodrigues Miranda, professor de engenharia automotiva e aeroespacial da Universidade de Brasília (UnB), avalia que estratégias como os motores de hidrogênio e de plasma, são promissoras, mas demandam mais tempo para se tornar realidade. “São linhas de pesquisa que demoram um pouco para sair do papel porque, além da eficiência, outra questão primordial é a segurança. Para entender melhor, na aviação, falamos que tudo é redundante, ou seja, precisamos ter duas opções para o caso de algo dar errado”, explica o especialista. “Outro ponto importante é o transporte da carga. É preciso, por exemplo, ter a capacidade de transporta cerca de 150 passageiros e a bagagem, voando por mais de duas horas, ou seja, a potência necessária para isso é considerável. Essas tecnologias vão precisar atender a esses requisitos”, complementa.
Apesar dos desafios, Miranda destaca que a evolução da mecânica aérea é fundamental para o setor e o meio ambiente e se tornou uma questão prioritária para líderes mundiais. “O presidente Obama deu inicio a essas pesquisas porque viu que é necessário mudar o foco e evoluir o mais rápido possível para diminuir a poluição. Foi assim com os carros elétricos, que evoluíram até mais rápido do que imaginávamos. Hoje, já temos esses carros até em Brasília, na Europa mesmo já existe um projeto de proibir carros movidos a combustível nos próximos anos. Enquanto isso, também temos a linha dos biocombustíveis, que tem sido bem explorada”, detalha.
O especialista acredita que os helicópteros devem ser as primeiras aeronaves a se beneficiar com as tecnologias que dispensam o combustível. “É provável que essa adaptação chegue primeiro ao transporte aéreo urbano. Para nós, parece distante, mas, em Dubai, o táxi-aéreo é bem explorado. Essa mudança já traria grande ganhos, pois cidades como Rio de Janeiro e São Paulo exploram bastante esse tipo de transporte. Acredito que a tendência é, depois, essas transformações chegarem a transportes de cargas maiores”, prevê Miranda. (VS)
Além da eficiência, outra questão primordial é a segurança. Para entender melhor, na aviação, falamos que tudo é redundante, ou seja, precisamos ter duas opções para o caso de algo dar errado”
Mateus Rodrigues Miranda, professor de engenharia automotiva e aeroespacial da Universidade de Brasília.
Mateus Rodrigues Miranda, professor de engenharia automotiva e aeroespacial da Universidade de Brasília.
Palavra de especialista
Empenho global
“Quando falamos em transporte, principalmente na aviação, o ideal é reduzir as emissões de carbono. Atualmente, o uso de biocombustíveis, como o etanol, é uma das alternativas mais exploradas. Outra opção é o uso de baterias que gerem eletricidade, mas ainda temos o problema do peso a ser superado, além da criação de turbinas mais eficientes. Muito disso já tem sido experimentado dentro da Fórmula 1, que pode ser considerada um laboratório das mudanças que surgirão. É importantíssimo reduzir essas emissões devido ao peso que elas têm para o planeta no orçamento do carbono. Outro ponto a se destacar é o papel dos órgãos reguladores, de fiscalizar essas emissões. Não é papel só de um país, mas de todos. É necessária uma preocupação mundial”
Shigueo Watanabe, mestre em física pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em eficiência energética.
Grupo de estudantes projeta aeroporto futurista e sustentável para 2050
A reformulação do transporte aéreo, apontam especialistas, passa pela modernização dos aeroportos. Soluções projetadas envolvem desde ideias acessíveis, como a iluminação por energia solar, até o uso de um sistema de catapulta nas decolagens
Vilhena Soares Publicado Em 02/01/18 - 06h00
Nas viagens de avião, o tempo e os processos que envolvem ir ao aeroporto, embarcar e chegar ao destino final podem ser altamente desgastantes para os passageiros e o meio ambiente. Otimizar essas etapas mobiliza pesquisadores, já que a tendência é que a aviação transporte cada vez mais pessoas e cargas em um mundo preocupado com a sustentabilidade. As soluções em teste são diversas: de aeroportos projetados para funcionar no centro de grandes cidades a aeronaves para voos individuais.
Um grupo de estudantes da Escola de Arte de Glasgow, na Escócia, e cientistas da empresa aérea alemã Bauhaus Luftfart desenvolveram um novo conceito de aeroportos para ser construído em centros urbanos. Projetado para 2050, o CentAirStation terá 640 metros de comprimento, 90 metros de largura e, no mínimo, quatro andares. Aeronaves conseguirão decolar no local de pistas curtas e, como ele estará dentro da cidade, os passageiros não levarão mais do que 15 minutos para chegar ao ponto de decolagem.
Para isso, também haverá integração com outros meios de transporte. “O CentAirStation combinará a funcionalidade de conectar os modos de transporte, por exemplo, trem de alta velocidade, trem suburbano, carros e bicicletas, além de oferecer espaço de construção adicional para instalações não relacionadas ao transporte, como hotéis e escritório”, explica ao Correio Kay Ploetner, um dos idealizadores do projeto e pesquisador da Bauhaus Luftfart.
Ploetner explica que a meta do espaço é atender cerca de 10 milhões de passageiros, com um crescimento anual de até 15 milhões de pessoas. “Isso exigirá uma operação de 16 horas por dia, com uma média de 30 pousos e decolagens por hora”, frisa. A equipe também desenvolveu um modelo de aeronave que se encaixa às demandas do aeroporto. Apelidado de CityBird, o avião tem asas perpendiculares, capacidade para transportar cerca de 60 pessoas e um sistema de decolagem realizado por meio de uma espécie de catapulta. “O tempo em solo será limitado em 15 minutos. A CityBird foi projetada especificamente para as necessidades do CentAirStation”, diz Ploetner.
A equipe reconhece que há muito a ser feito para o projeto sair do papel, como a construção ou reformulação de cidades que permitam o funcionamento do aeroporto sustentável. “Existem várias iniciativas de pesquisa que têm visado aeronaves menores, que operem a partir de aeroportos menores e mais distribuídos. Chamamos isso de operações de trânsito fino. Esses conceitos são principalmente voltados para energia totalmente elétrica, oferecendo um enorme potencial para impactar viagens de cidade para cidade. As cidades que investigaremos para o uso do nosso CentAirStation serão analisadas com base nessas possibilidades”, adianta Ploetner.
Segundo o cientista, há três pontos-chave para a reformulação dos aeroportos. O primeiro é como permitir que a aviação cresça e atenda uma demanda futura com a infraestrutura existente. O segundo consiste em incorporar de forma eficiente esse sistema a outros modos de transporte. “Por fim, temos que saber como podemos garantir que a pegada ambiental da aviação possa ser significativamente reduzida”, completa.
Integração
Segundo Jorge Eduardo Leal Medeiros, professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), esses e outros desafios para a construção de aeroportos otimizados estão sobre a mesa de arquitetos e urbanistas e devem ganhar espaços ainda mais prioritários. “É uma tendência. Temos visto muito isso, inclusive, em pequenas mudanças, como em relação à iluminação da pista. Muitas empresas buscam sistemas que tentem usar luz solar para essa tarefa, o que economiza bastante energia e é benéfico ao planeta”, ilustra.
O especialista ressalta que, assim como no projeto da Bauhaus Luftfahrt, um ponto bastante explorado no planejamento de aeroportos do futuro é a busca por formas que facilitem o acesso ao local. “Há uma preocupação em simplificar esse processo para que seja possível o uso da bicicleta, de ônibus e até de trens, que são opções um pouco mais difíceis de incorporar em todas as cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, mas que se encaixariam bem em outros locais. Isso facilitaria principalmente em regiões em que o fluxo de pessoas é alto”, ressalta Medeiros, listando em seguida alguns benefícios da adoção dessas práticas. “Essas alternativas evitariam a poluição produzida pelos carros e trariam uma economia de tempo na locomoção.”
Rio começa o ano com tiroteios em 3 comunidades e um policial ferido
Publicado Em 01/01/18 - 14h45
RIO - A cidade do Rio de Janeiro registrou pelo menos três novos tiroteios nas primeiras horas de 2018.
Moradores do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, usaram as redes sociais para relatar barulhos de tiros na manhã deste primeiro dia do ano. De acordo com o Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar, policiais do Bope realizaram uma operação na comunidade. Na Rocinha, moradores também ouviram tiros pela manhã e houve confronto entre Policiais Militares e traficantes. Na favela da Palmeirinha, em Guadalupe, moradores também relataram terem ouvido disparos.
Em 2017 foram registrados 5.140 tiroteios e 433 arrastões no Rio. Os dados são da página do OndeTemTiroteio, que publica nesta segunda-feira um balanço sobre as denúncias encaminhadas durante todo o ano por moradores da cidade. Foi em média, um tiroteio a cada 90 minutos.
No Jacarezinho, um PM foi baleado. Segundo o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Jacarezinho, policiais foram atacados a tiros por criminosos, ao assumirem o serviço na Rua Esperança, por volta das 6h desta segunda-feira. De acordo com a PM, o policial baleado foi socorrido e levado para o Hospital Salgado Filho, no Méier, e passa bem.
Na Rocinha, maior favela do país, os tiros começaram cedo, quando uma equipe da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP - Rocinha) e do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) entrou em confronto com criminosos, enquanto faziam um patrulhamento na localidade conhecida como Lajão.
Durante a manhã, PMs do 2º BPM (Botafogo) foram acionados para irem até a UPA de Botafogo, onde um homem baleado deu entrada. Após consulta, foi constatado que o ferido tem contra ele dois mandados de prisão por ter participado da invasão na Rocinha, além de anotações criminais por tráfico de drogas na mesma comunidade. O caso foi registrado na 10ª DP (Botafogo).
Acidente com avião agrícola mata piloto e deixa jovem ferido em Dom Pedrito
A vítima fatal foi identificada como Luiz Alberto Bueno e Souza, 65 anos.
Publicado Em 31/12/2017 - 00h55
Um avião agrícola caiu e matou um homem na tarde deste sábado (30) em Dom Pedrito, na região da Campanha. A vítima fatal foi identificada como Luiz Alberto Bueno e Souza, 65 anos. Ele era o piloto da Aeronave. O copiloto, um jovem de 24 anos que não teve o nome divulgado, ficou ferido.
As equipes de resgate foram acionadas por volta das 15h30. Os bombeiros localizaram os destroços às margens de um riacho, na zona Rural do município. No entanto, o piloto já estava sem vida quando foi encontrado. Luiz Alberto de Souza era natural de Santa Maria.
O assistente, que conseguiu sair da cabine após a queda do avião, foi resgatado em estado de choque. Conforme os bombeiros, ele não conseguiu formular muitas frases e apenas relatou que eles haviam saído para realizar o trabalho de pulverização em uma lavoura de arroz. Ele foi levado para o Hospital de Pronto Socorro de Dom Pedrito.
As causas do acidente ainda são desconhecidas.
Com Forças Armadas nas ruas, RN teve menos homicídios, diz ministro da Defesa
Segundo ministro, crimes casos caíram de 18 na sexta (29) para um na primeira madrugada de 2018. Estado enfrenta greve de policiais
Igor Jácome Publicado Em 01/01/2018 - 14h17
O Rio Grande do Norte registrou um réveillon tranquilo, afirmou nesta segunda-feira (1º) o ministro da Defesa, Raul Jungmann. Durante entrevista coletiva realizada em Natal, para falar sobre as ações da Operação Potiguar III, que começou no final de semana, ele apontou redução no número de homicídios registrados no estado. Enquanto na sexta-feira (29), foram contabilizados 18, o número caiu para 11 no sábado (30), dois no dia 31 e apenas um na primeira madrugada de janeiro.
"A segurança que as Forças Armadas proporciona se espalhou em todos os tipos de delitos", declarou o Jungmann. Ainda de acordo com o ministro, houve uma "queda vertical" nos registros de outros delitos, como arrombamentos.
Ele ainda pediu que policiais potiguares retomem o trabalho nas ruas. As Forças Armadas foram enviadas ao estado, a pedido do governo estadual, durante paralisação dos policiais militares, bombeiros e policiais civis, que começou no último dia 19 de dezembro.
Segundo dados apresentados pelo tenente coronel Igor Lessa Pasinato, chefe do Estado Maior das Operações Guararapes (a Potiguar III), cerca de 380 ações, como patrulhamentos e rondas foram realizadas ao longo do período. Entre 90 e 100 viaturas com militares estavam nas ruas durante a noite de virada de ano, conforme o comandante.
"Considerando as milhares de pessoas que estavam nas ruas, o resultado é excelente. Prometemos trazer tranquilidade e cumprimos. Entregamos tudo o que prometemos", declarou o ministro.
Jungmann, porém, reforçou que a presença das forças armadas não podem ser regra no estado. Esta é a terceira operação de garantia da lei e da ordem no estado, desde 2016. "É uma situação extraordinária, que não pode perdurar. A constituição não permite e é muito onerosa. Cumpre ao estado restaurar a segurança aos cidadãos", declarou.
O ministro ainda elogiou militares que, segundo ele, deixaram a paralisação para agregar forças às equipes das forças armadas e outras equipes que não estavam paralisadas e reforçou que existem esforços para pagar os salários atrasados nos próximos dias. Também elogiou a decisão da Justiça do estado que determinou a prisão de policiais e bombeiros que incitem ou defendam a paralisação.
Operação
Os militares começaram a atuar no Rio Grande do Norte na última sexta-feira (29), após o governo federal atender a um pedido do Estado. O objetivo da operação é garantir a lei e a ordem durante uma paralisação das polícias Militar, Civil e do Corpo de Bombeiros, que começou no dia 19 de dezembro. Sem policiamento nas ruas houve aumento da violência na região metropolitana de Natal, Mossoró e outros municípios do interior.
Pelo menos 720 militares já estavam na capital no primeiro dia de operações. Até o final do sábado, 2,8 mil estavam no estado (inicialmente o Ministério da Defesa havia anunciado 2 mil homens). Eles foram divididos entre a Grande Natal e Mossoró.
Policiais e bombeiros cobram pagamento de salários e anunciaram uma operação padrão denominada "Segurança com Segurança". Com isso, alegam que só deixarão os batalhões com viaturas e equipamentos em condição de uso.
Neste domingo (31), o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte determinou que os comandantes prendam e abram procedimento de expulsão dos militares que estejam incitando ou defendendo o movimento. Em outra decisão, do sábado (30), a Justiça autorizou o estado a remanejar R$ 225,7 milhões recebidos do Fundo Nacional da Saúde, entre outros recursos, para pagar salários de novembro, dezembro e o décimo terceiro aos servidores estaduais.
Salários
O governo não conseguiu cumprir um calendário que havia divulgado no dia 21 de dezembro de pagamento dos salários. O próprio governador Robinson Faria anunciou que o RN receberia R$ 600 milhões do governo federal, mas o Ministério da Fazenda negou o repasse após recomendação do Ministério Público de Contas.
Nesta sexta-feira, a administração estadual pagou apenas o salário de novembro dos servidores que recebem até R$ 4 mil. Mais de 80% da polícia foi contemplada, porém a paralisação continou. O pagamento do restante dos servidores será feito na primeira semana de janeiro, segundo informou o governo em nota, sem especificar o dia.
Na terça (26), a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, afirmou que está em estudo no Ministério da Fazenda e no Banco Mundial um plano para ajudar o Rio Grande do Norte. Segundo ela, a ajuda não envolverá recursos da União, mas um empréstimo do Banco Mundial ao estado.
Apesar disso, o governo do RN pediu ao ministro da Fazenda Henrique Meirelles que reconsidere a decisão de não enviar ajuda financeira no valor de R$ 600 milhões ao estado e ainda entrou com um recurso de embargo de declaração no Tribunal de Contas da União.
O objetivo, segundo a administração, é esclarecer a decisão do TCU que tinha sido favorável à transferência de auxílio do governo federal aos estados em crise fiscal, entre eles o RN.
Editorial. Hipertrofia militar na segurança
A continuar assim, a própria democracia terá de pagar um alto tributo por essa deformação
Adriano Nogueira Publicado Em 02/01/18 - 01h30
Hoje é o primeiro dia útil do novo ano e a volta à rotina depois de todos os festejos iniciados desde o Natal. Os desafios são inúmeros, alguns mais ampliados. Sobretudo, os que dizem respeito à segurança e a consistência do tecido social. Passada a beleza dos fogos de artifício e dissipada sua fumaça, volta-se à visão real do entorno. Desta vez, Fortaleza teve menos motivos de queixas e certamente se condoeu da vizinha Natal, no Rio Grande do Norte, onde viu repetir-se um pesadelo que os fortalezenses viveram anos atrás: a presença de forças militares especiais para garantir a passagem de ano.
Pausas festivas são necessárias para reequilibrar a psique humana e revigorar as energias físicas. Assim a volta ao batente dá-se em novos patamares, nas várias dimensões da vida – social, profissional, pessoal e familiar. A primeira inquietação neste início do ano novo foi revelada por uma matéria do jornal O Estado de São Paulo, tomando como referência a crise da segurança pública entre os potiguares. Ao longo dos últimos 25 anos, o emprego das Forças Armadas brasileiras no combate ao crime organizado nos estados cresceu três vezes.
Ao todo foram 181 ações do Exército, Marinha e Aeronáutica. A maioria das operações está relacionada à Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O Exército tem tido atribuições até de revistar presídios. Algo está muito errado nisso, como desabafou o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, no Twitter. “Preocupa-me o constante emprego do Exército em ‘intervenções’ (GLO) nos Estados. Só no Rio Grande do Norte, as Forças Armadas já foram usadas três vezes, em 18 meses”.
De fato, as Forças Armadas não têm como atribuição o papel de polícia, pois não recebem formação para isso. Os compromissos que as norteiam são os da defesa da pátria contra inimigos externos. Trata-se de um combate que exige outro tipo de treinamento, logística, operacionalidade e filosofia. Evidentemente, numa situação extrema, não podem negar-se a atuar como Polícia, mas, isso deve ser uma excepcionalidade, não, uma rotina, como vem acontecendo. A continuar assim, a própria democracia terá de pagar um alto tributo por essa deformação, como temem especialistas. Colocar o problema no primeiro dia do ano é um bom começo para tentar a solução o quanto antes.
La Fuerza Aérea Brasileña supera el año pese a la limitación de recursos
Roberto Caiafa Publicado Em 30/12/2017
Después de realizar una reestructuración profunda en su organización y unidades aéreas, la Fuerza Aérea Brasileña atravesó 2017 luchando contra lalimitación de recursos, la disminución de horas de vuelo en algunos sectores y la necesidad de disminuir su efectivo, alterando el balance entre oficiales / graduados de carrera larga y temporales de carrera corta, especialmente en funciones auxiliares y administrativas.
Las bases aéreas fueron cerradas y otras destinadas exclusivamente a desdoblamientos dentro del territorio brasileño. Las unidades aéreas fueron transferidas entre bases, y algunas fueron desactivadas, en el caso del escuadrón Adelphi (1º / 16º GAV).
El programa de modernización de los cazas de ataque Embraer A-1 AMX fue suspendido después de que 14 ejemplares fueran modificados (de 43 previstos). Los aviones del Adelphi fueron almacenados, y los modernizados entregados están volando en Santa Maria (RS).
Los 48 aviones F-5EM / FM contratados fueron todos actualizados después de 12 años de trabajos, y de los 11 ejemplares jordanos adquiridos recientemente, sólo los tres Fox biplaces están siendo modernizados, debido a la carencia de esa aeronave para conversión operacional.
Los F-5EM / FM seguirán actuando durante una década más en la Fuerza Aérea Brasileña, los aviones más volados comenzando a salir de servicio en 2019/2020.
A principios de 2017, Saab amplió su asociación con Akaer y adquirió el 100% de Opto, especializada en ópticos de precisión / opcionales, cambiando su nombre a Opto Space & Defense.
Esta adquisición ha garantizado que las tecnologías opcionales desarrolladas por Opto a lo largo de décadas se mantengan bajo el dominio de una Empresa Estratégica de Defensa (EED), para que puedan ser utilizadas en los programas nacionales de espacio y defensa en los próximos años.
En la misma época, el ministro de Defensa brasileño visitaba las obras de las estaciones en tierra del Satélite Geoestacionario de Defensa y Comunicaciones (SGDC), y declaraba que la entrada en servicio del señal revolucionaría las capacidades estratégicas de las Fuerzas Armadas Brasileñas.
El satélite fue lanzado tras los retrasos causados por huelgas en la Guayana Francesa, y el sistema está gradualmente asumiendo sus funciones tras pasar por pruebas de comunicación en órbita.
Uno de los programas clave de la Fuerza Aérea, el KC-390, comenzó a 2017 realizando sus primeras pruebas de reabastecimiento en vuelo usando cazas F-5 de la Fuerza Aérea Brasileña. El avión realizó pruebas de vientos cruzados en Chile (Punta Arenas). De regreso a Brasil, Infodefensa.com pudo visitarlo durante la LAAD 2017, en Río de Janeiro.
Las pruebas en Campo Grande con la Brigada de Infantería Paracaidista y Fuerzas Especiales comprobaron la capacidad del avión de entrar y salir de áreas calientes para lanzar paraquedistas y / o operadores de Fuerzas Especiales. A continuación, los prototipos realizaron una gira por diversos países del Golfo Pérsico, Asia y Oceanía, partido de Europa tras participar del París Air Show.
Después de que Boeing y Embraer anunciaran una alianza para promover el KC390 en los mercados con fuerte presencia de la compañía norteamericana, ocurrió el incidente con el prototipo PT-ZNF en Gavião Peixoto durante un vuelo de prueba de formación de hielo. Los daños fueron tan severos que el prototipo llegó a perder algunas superficies de control durante la abrupta caída de altitud comprobada.
Esta aeronave no volvió a la campaña de vuelos. Todas las acciones posteriores fueron cumplidas por el segundo prototipo. Actualmente el mismo se encuentra en los Estados Unidos ejecutando pruebas de vientos cruzados y otras situaciones. Importante recordar que el KC-390 observó en 2017 su primera venta internacional, cinco aparatos para Portugal.
El programa del Gripen E / F para la Fuerza Aérea Brasileña anotó avances importantes en 2017, incluyendo el vuelo inaugural del prototipo 01, en Suecia. AEL Sistemas entregó la segunda etapa del desarrollo del WAD (wide área display), siendo próxima la integración del WAD en el prototipo en Suecia para iniciar las pruebas de vuelo en 2018.
El esfuerzo de preparación de la línea de montaje prevista en la ciudad de São Bernardo do Campo, en el ABC paulista (importante zona industrial), tuvo el nombre del director general anunciado (Marcelo Lima). La Saab Aeronáutica Montagens (SAM) será la fábrica que suministrará aeroestructuras para los Gripen adquiridos por la Fuerza Aérea Brasileña (FAB).
Termina un año decisivo para la transformación del Ejército Brasileño
Roberto Caiafa Publicado Em 29/12/2017
El año 2017 comenzó con el anuncio de compra para 217 estaciones de armamento remotamente controlado de ARES Aeroespacial, misma empresa que presentaría en la LAAD 2017, en abril, la nueva torre TORC30 dotada con optronic y armada con cañón de 30mm.
Apesar del Sisfron o el Sistema de Vigilancia y Monitoreo de Fronteras han recibido una dotación presupuestaria suplementaria en 2017, la verdad es que el programa está evolucionando a un ritmo de entregas muy por debajo de lo previsto originalmente. Los vehículos para el empleo en la frontera fueron entregados, y el VBTP-MR 6x6 Guaraní se convirtió en una visión común en la frontera brasileña. El modelo fue empleado incluso en ejercicios con países vecinos, interesados en conocer el blindado brasileño. El Satélite Geoestacionario de Defensa y Comunicaciones, lanzado en 2017, es otro importante refuerzo que llegó para viabilizar los nuevos fragmentos del Sisfron en la frontera amazónica.
"Una muerte anunciada" fue definitivamente confirmada en ese proceso, el intento ruso de vender al Gobierno brasileño el sistema de artillería antiaérea móvil Pantsir llegó a su fin, las Fuerzas Armadas brasileñas optando por el desarrollo autócne de radares y misiles (en asociación con empresas europeas).
La dotación de misiles del tipo RBS 70 Mandpads (Saab), con nuevas entregas realizadas, fue reforzada (incluyendo la entrega de camuflajes multiespectrales Barracuda) y se incrementaron las acciones de entrenamiento entre las tropas de artillería antiaérea y la Aviación del Ejército, como ocurrió en el ejercicio Escudo, acompañado de cerca por Infodefensa.
La artillería autopopulsada brasileña continuó su proceso de expansión con la entrega de los primeros M-109A5 (no modernizados), usados como fuente de piezas. El blindado fue exhibido durante la LAAD 2017, en el Riocentro (RJ). Estos obuses forman parte de una donación vía FMS del Gobierno de los Estados Unidos. En la misma feria la Agrale presentó la nueva generación de su coche jefe, el jeep militar Marruá, ampliamente utilizado por el Ejército Brasileño.
En el sector de blindados, se produjeron movimientos en el sentido de adquirir más ejemplares del carro de combate Leopard 1A5, disponibles entre las opciones almacenadas en Suiza e Italia. Estos movimientos no resultaron en contratos, hasta el cierre de la 3ª semana de diciembre.
Un marco del Ejército (Comando Militar de la Amazonía y Comando Logístico), AmazonLog movió la frontera amazónica occidental, siendo realizado en dos etapas, una exposición de material en Manaos, y luego el ejercicio propiamente dicho, en Tabatinga. En Manaus, el Armadillo TA2, destaque de la LAAD 2017, continuó atrayendo atención de varios países además de Brasil.
El Congreso de Simulación y Entrenamiento Militar llegó a su sexta edición en Brasilia señalando tendencias en entrenamiento militar simulado (virtual, constructiva y viva) y destacando la modernidad de las tecnologías aplicadas.
El empleo del Ejército en Misiones de Garantía de la Ley y de la Orden fue otro momento tenso en la grave crisis institucional que el país atraviesa y que deberá tener su clímax en las elecciones presidenciales de 2018. En esas ocasiones la Aviación del Ejército fue fundamental proporcionando el componente de maniobra con los helicópteros encargados en el Programa HX-BR. El fusil de asalto Imbel IA2, adoptado oficialmente por el Ejército, viene paulatinamente siendo empleado en combate en el frente interno.
Después de 13 años, las Fuerzas Armadas Brasileñas, en especial el Ejército Brasileño, terminaron su misión en la Minustah, la Misión de Paz en Haití. Esta participación generó una serie de debates, congresos y eventos deestados a evaluar la participación brasileña y el legado de operaciones de misión de paz.
La Aviación del Ejército Brasileño retornó el uso de alas fijas, ahora basada en la Amazonia, en la forma de cuatro aviones C-23 Sherpa, provenientes de existencias del Gobierno de Estados Unidos de América. También se entregaron ejemplares modernizados de los lanzadores de cohetes Astros (Avivas Aeroespacial) para el Fuerte Santa Bárbara, una de las metas del PEE Astros 2020.
Marina do Brasil: um ano de cortes
Roberto Caiafa Publicado Em 20/12/2017
As Forças Armadas do Brasil, mediante o grave quadro econômico e político existente no País, viram-se forçadas a adotar medidas restritivas, diminuindo o ritmo de alguns programas estratégicos, redirecionando outros ou simplesmente deixando alguns deles “morrerem” naturalmente.
Esse foi o caso do PROSUPER, definitivamente “enterrado” no seu formato original compreendendo cinco fragatas de seis mil toneladas, quatro navios-patrulha oceânicos, de 1,8 mil toneladas, e um navio de apoio, de 22 mil toneladas, com investimentos estimados em US$ 6 bilhões.
Em seu lugar, a Marinha do Brasil introduziu o mais realista Programa das Corvetas Classe Tamandaré (cujo RFP será anunciado no dia 19 de dezembro), prevendo a construção de quatro exemplares em associação com estaleiro estrangeiro que trabalhará em parceria com a Emgepron, responsável pelo gerenciamento industrial do programa.
O ano foi marcado por reuniões entre o almirantado e os diversos atores envolvidos, visitas de comitivas de países interessados em participar (caso dos Emirados Árabes Unidos, Ucrânia, Alemanha, Suécia, França e Itália) ao Brasil, etc.
Como complemento dessa diretriz, a Marinha também está preparando as bases de uma concorrência para a construção, seja no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro ou outro estaleiro contratado, do navio patrulha de 500 toneladas.
O PROSUB, prioridade máxima da Marinha, diminuiu o ritmo das obras em Itaguaí. As estruturas exclusivamente “nucleares” foram postergadas em favor da conclusão das instalações do shiplift (elevador de navios) e do estaleiro de construção e manutenção, necessários para manter o cronograma dos quatro submarinos convencionais S-BR dentro dos prazos reajustados anteriormente.
O “Riachuelo”, primeiro submarino que será entregue, encontra-se em avançado estágio de construção, tendo recebido recentemente o cradle de vante, onde ficam a sala de torpedos e seus tubos, o centro de operações de combate e a instalação do sonar de casco.
Quanto ao SN-BR de propulsão nuclear, o LABGENE (reator de testes em terra idêntico ao que será instalado a bordo) obteve grandes avanços em sua instalação. O massacrante corte de verbas nos programas que utilizam energia nuclear, e de resto, os cortes em toda a ciência de alta tecnologia brasileira contribuíram para a Marinha anunciar um novo delay (atraso) nas previsões de conclusão e lançamento do SN-BR.
No setor operativo, apesar das dificuldades, o ano foi bastante agitado. O NDM Bahia (G40) foi capacitado para lançar e receber helicópteros navais a noite em seus dois convoos, e participou de várias manobras e exercícios importantes.
Na UNIFIL (Líbano), prossegue o revezamento de fragatas ou corvetas brasileiras atuando no litoral daquela nação mediterrânea.
A modernização dos jatos A-4K Skyhawk (AF-1 Falcão) foi suspensa, e somente mais cinco serão entregues (dois já foram recebidos, um perdido em acidente que será reposto).
Até o fechamento desse artigo, não se conhecia o status dos programas COD/AEW embarcados, mas tudo indica que não terão continuidade.
A Marinha ainda precisa definir qual será seu futuro helicóptero de treinamento primário/intermediário/avançado, para substituir os poucos Bel Jet Ranger III que restaram, e garantir a continuidade de recursos para o programa UH-15B ASW/ASuW (armado com mísseis Exocet), realizado em parceria com a Helibras e a MBDA/Avibras Aeroespacial.
O Corpo de Fuzileiros Navais recebeu os Astros 2020 encomendados, constituído por Lançadores Múltiplos de Foguetes montados sobre viaturas, necessários para estender o alcance da Artilharia de Campanha em profundidade, e começou a receber os blindados anfíbios CLANF modernizados ao padrão Reliability, Availability, Maintainability/Rebuild to Standard (RAM/RS).
Por fim, a Marinha e o Ministério da Defesa continuam negociando a aquisição do navio britânico HMS Ocean.
Após tomar a decisão de desmobilizar e aposentar o NAe A-12 São Paulo, o Comando da Marinha decidiu adquirir um navio maior e mais capaz que o G-40 Bahia para fazer o papel de Nau-Capitânea da Esquadra.
O Ocean vai oferecer maior capacidade expedicionária e mais flexibilidade operacional para o Corpo de Fuzileiros Navais, e uma plataforma mais adequada para helicópteros navais de médio/grande porte, atuando em operações aéreas de apoio e suporte e/ou missões de assalto anfíbio.
No entanto, permanecem dúvidas sobre qual será o setup de equipamentos, implementos e veículos embarcados que serão entregues junto com o porta helicópteros/navio de assalto, e quais sistemas e armamentos defensivos não serão disponibilizados (negados) a Marinha do Brasil.
REVIDE - Aviador mais jovem do mundo passou por Ribeirão Preto
Hélio Marincek iniciou seus voos ainda com 13 anos e viveu como uma estrela
Gustavo Ribeiro Publicado Em 01/01/2018 - 11h00
Hélio Marincek nasceu em 23 de outubro de 1923, na cidade de Igarapava, São Paulo, filho de Antônio Marincek e Antonieta Mugnatto. Em 1932, com dez anos, se mudou para Ribeirão Preto com os pais e o irmão mais novo, Homilton Marincek. A família viajou de avião pela primeira vez em 1936, de Ribeirão até São Paulo e, conforme próprio Hélio relata no livro "A Saga dos Aviadores", escrito por Sérgio Ferreira Cardoso, pesquisador e entusiasta da aviação, essa experiência marcou a família para sempre.
Depois dessa viajem, Antônio se interessou mais por aviação e voava escondido de sua esposa, contando com Hélio como cúmplice, pois naquela época aviões eram muito frágeis e a simples presença de um avião amedrontava as pessoas. Após ter aulas com o instrutor de voo Juvenal Paixão, que levou a primeira escola de aviação para Ribeirão Preto, Antônio comprou, em 1937, um avião Taylorcraft, o qual tinha o nome de Tupy. Para Hélio conseguir pilotar, Antônio adaptou a nave para que ele pudesse alcançar os pedais e enxergar.
Mais moço e menor aviador
O primeiro voo de Hélio sozinho foi em Uberlândia, ainda em 1937, com 12 anos, para onde a família havia se mudado e Antônio fundado a Escola de Aviação Marincek. No mesmo ano, Antônio também montou uma escola em Araguari. Lá, Hélio foi aluno, mas não pode receber o brevê por causa da idade, porém, em 1938, no evento de brevetamento dos outros alunos, Hélio, com 13 anos, foi convidado pelo 1º Tenente do Exército Mário Perdigão, que fazia parte da junta examinadora, a também pilotar a aeronave, tendo Perdigão como passageiro e recebendo elogios do tenente.
A partir daí, Hélio virou estrela. Como não possuía o brevê, realizava voos de demonstração e acrobacias nas escolas que o pai fundou e em festas e eventos de aviação. Em 1939, na Festa de Aviação de Guatapará, que acontecia em Ribeirão Preto, estava presente Assis Chateaubriand. "Chatô" viu as façanhas de Hélio e, maravilhado, o convidou para ir até o Rio de Janeiro. No dia 12 de julho Hélio partiu para o Rio pilotando a aeronave, sendo recebido por jornalistas dos Diários Associados e o próprio Chateaubriand.
Por 40 dias, Hélio participou de desfiles, foi recebido por autoridades e deu entrevistas para jornais impressos e rádio. Uma dessas apresentações do "aviador menino", que nessa altura já era conhecido por todo Rio, foi no jogo do Vasco contra o Flamengo. Cerca de 20 mil pessoas assistiram ao desfile e aplaudiram o pequeno Hélio.
Toda imprensa estava voltada para o menino. Um dos repórteres do Diário de São Paulo escreveu o seguinte sobre Hélio: "Como repórter, tenho voado milhares de quilômetros. Hélio Marincek pilotou o Fairchild e o fez com absoluta precisão, impressionando os técnicos. Eu me congratulo com Hélio Marincek e dou parabéns ao Brasil porque os seus filhos se revelam precocemente notáveis dominadores do espaço".
O dia 28 de julho foi quando Hélio conheceu o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas. "Voarei com você sozinho, no seu avião, sem fazer seguro de vida", disse Vargas de acordo com o artigo publicado no jornal "Diário da Noite" no dia 29 de julho. Após a solenidade, Vargas oferece um avião à família Marincek, a fim de estimular a criação de mais escolas de aviação.
Quando voltou para Ribeirão Preto, no dia 21 de agosto de 1939, Hélio foi recebido como um artista, por uma multidão no Aeroporto do Tanquinho. Segundo uma matéria publicada no "Diário da Noite" no dia 22, cerca de 400 pessoas estavam no local para ver a chegada do menino. No caminho para casa, a família Marincek foi escoltada por um cortejo de automóveis.
Cortaram minhas asas
No primeiro dia de setembro de 1939, Hélio viajou para o Rio de Janeiro novamente, desta vez para cursar o colégio militar. A vaga havia sido oferecida pelo então Ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra. Porém, em razão das rígidas regras do colégio, Hélio não voou mais enquanto cursava o colegial.
Coronel Aviador
Assim que se formou no colégio militar, em 1945, Hélio ingressou na Escola da Aeronáutica em Campo dos Afonsos, também no Rio de Janeiro, onde voltou a voar. Formou-se com mérito em 1947 e por causa disso foi convidado a fazer um curso de pouso em porta aviões nos Estados Unidos. Lá, totalizou 260 horas de voo e voltou ao Brasil em 1949 já como 2º Tenente.
No País, Hélio assumiu um posto como piloto no Correio Aéreo Nacional (CAN), fazendo a rota do Rio Solimões, e também outras funções na Força Aérea Brasileira (FAB), acumulando mais de 7 mil horas de voo. Em 1969, recebeu a patente de Coronel Aviador e entrou para a reserva da FAB.
Decolagem
Hélio Marincek viveu seus últimos anos ao lado de sua filha em Fortaleza, morrendo em 2010, com 87 anos. Seus últimos anos foram dedicados à família e ao garimpo de registros sobre ele. Reuniu cerca de 200 fotografias e mais de 150 jornais, revistas e livros com histórias sobre sua vida. Tudo isso foi levado ao Instituto Cultural da Aeronáutica. Cópias dos arquivos também estão no "Musal", o Museu Aeroespacial.Em seu tempo de FAB, Hélio foi condecorado com a medalha "Mérito Santos Dumont", que é dada a militares que se destacam em suas funções, recebeu também a "Ordem do Mérito Aeronáutico" como Cavaleiro, que é concedida para quem eleva o nome da aeronáutica brasileira de alguma forma.
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