NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 02/12/2016 / Aeronáutica colombiana confirma que avião caiu sem combustível
Aeronáutica colombiana confirma que avião caiu sem combustível ...
Carol Knoploch / Tatiana Furtado ...
A Aeronáutica Civil Colombiana confirmou, na noite desta quarta-feira, que o avião da Lamia, que levava a delegação da Chapecoense para Medellín, ao cair não tinha combustível no tanque. Segundo o secretário de segurança aérea do país, Fredy Bonilla, foi aberta uma investigação para determinar os motivos pelos quais isso ocorreu, já que contraria as normas de aviação internacional.
Essas são as primeiras informações oficiais para elucidar as causas do desastre, que matou 71 pessoas, entre jogadores e comissão técnica do time catarinense, além de tripulantes e jornalistas, que iriam cobrir a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional. A suspeita de pane seca já havia sido comentada após a divulgação da conversa entre o piloto Miguel Quiroga, do Avro RJ-85, e a torre de comando local.
Essas são as primeiras informações oficiais para elucidar as causas do desastre, que matou 71 pessoas, entre jogadores e comissão técnica do time catarinense, além de tripulantes e jornalistas, que iriam cobrir a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional. A suspeita de pane seca já havia sido comentada após a divulgação da conversa entre o piloto Miguel Quiroga, do Avro RJ-85, e a torre de comando local.
— O plano de voo do avião estabelecia Bogotá como aeroporto alternativo caso não pudesse pousar em Rionegro. Mas o avião não tinha combustível suficiente para ir a Bogotá — declarou o coronel, acrescentando que as caixas pretas serão enviadas, em breve, às autoridades da Inglaterra, país de origem da fabricante do avião.
O atraso para embarque de São Paulo com destino a Medellín desencadeou uma série de decisões atropeladas e arriscadas, incluindo o não reabastecimento da aeronave, que culminaram no acidente fatal. Se esse voo fretado, de cujo plano constava uma parada para reabastecimento em Cochabamba, na Bolívia, para reabastecimento, tivesse sido autorizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a delegação do time de futebol chegaria ao destino às 23h (de Brasília; 20h na Colômbia) de segunda-feira.
O regulamento da Anac só permite um voo fretado do Brasil à Colômbia se a empresa for brasileira ou colombiana. Assim, a solução da Chapecoense foi embarcar numa aeronave da BoA (Boliviana de Aviación) para Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) e de lá, iniciar a viagem com a Lamia.
O voo da BoA, no entanto, atrasou mais de uma hora para sair do Brasil: a previsão era às 15h15m, mas decolou às 16h22m. E a aterrissagem, prevista para as 17h32m, aconteceu às 18h41m.
Com isso, o voo entre Santa Cruz de la Sierra e Medellín, que passou a ser a nova rota, também atrasou. E impossibilitou uma parada em Cobija (Bolívia) para reabastecimento. Isso porque esse aeroporto não opera à noite, e a previsão de chegada nesse local era por volta das 20h.
Assim, o piloto Miguel Quiroga, também sócio da Lamia, optou por seguir direto, sem pousar em Cobija nem Bogotá, uma segunda opção para reabastecimento. Economizaria, assim, cerca de uma hora. Encheu o tanque, cuja autonomia era de 2.963 quilômetros para uma distância de 2.985 quilômetros.
O plano não contava com a espera para o pouso. Um outro avião, da Viva Colombia, declarou situação de emergência e ganhou prioridade. E a aeronave que transportava a Chapecoense precisou dar duas voltas, procedimento conhecido como órbita, para aguardar a autorização de pouso.
A opção por viajar com o tanque justo, sem reserva ou parada, foi apontada por Bruno Goytia, filho do copiloto Ovar Goytia que estava no avião, como o motivo da queda, segundo entrevista concedida por ele ao jornal boliviano “El deber".
— Tomaram a decisão de encher o tanque por completo e seria possível fazer o pouso, tanto que caíram a apenas 17 milhas do aeroporto, que correspondem a três ou cinco minutos. Mas o tráfego de espera consumiu todo o combustível que restava — afirmou Bruno, que estuda pilotagem. — Pelo que eu tinha entendido, haveria uma escala em Cobija. Mas o avião que estava trazendo os jogadores da Chapecoense a Bolívia teve um atraso. Então, não podia aterrissar em Cobija, pois não há operações noturnas, pois não há luz na pista. Aí tomou-se esta decisão de encher o tanque por completo. Além disso, os jogadores tinham que treinar.
MAUS COSTUMES
Uma das vítimas, o zagueiro da Chapecoense Filipe Machado postou vídeo nas redes sociais, quando ainda estava em São Paulo. Nas imagens, de dentro do avião da BoA, ele menciona a parada:
— Vai começar a viagem. Vamos para o Acre e, depois vamos... para onde, Cadu? Cobija!
Segundo um controlador de voo, que pediu anonimato, a tática de economia de combustível, viajando sem reserva é velha conhecida. Conta que os pilotos de empresas que adotam esse mau costume evitam declarar emergência à torre para não levantar suspeitas, o que acarreta investigação imediata e multas pesadas à empresa.
De acordo com Jorge Barros, piloto da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB) e que já trabalhou para Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes (Cenipa), o piloto Quiroga não soube lidar com uma possível frustração de seu cliente, que poderia chegar mais tarde que o previsto no destino, caso fizesse uma parada para reabastecimento.
— Existe um ditado jocoso que é o seguinte: “O avião é o meio de transporte mais rápido para quem não tem pressa”. O avião é um veículo rápido, claro, mas quando está no ar. Há uma série de demandas de solo e de planejamento que o seguram no chão e que podem atrasar uma viagem. Isso sem contar, chuva, tráfego aéreo, descida de emergência que causam frustração em todos do voo — comenta Barros. — E a habilidade para lidar com essas variáveis, planejamento e frustrações diferenciam um piloto de um comandante. O Quiroga, que poderia ser um ás, não foi um comandante. Foi irresponsável ao não planejar o pior cenário. Não se viaja contando com o melhor cenário.
Quando indagado sobre o plano de voo oferecido ao clube e se o avião faria ou não uma parada em Bogotá, o presidente em exercício da Chapecoense, Ivan Tozzo, desconversou:
— Não sei. (O que se especula) é que não tinha um plano B, Mas a Chapecoense não tem, a principio, nada a dizer. (Colaborou Tiago Dantas).
Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.
Voo do avião da Chapecoense estava irregular desde o início, diz jornal
O plano de voo da aeronave Avro RJ85, que transportava o time da Chapecoense, estava irregular desde o início. Segundo o documento, publicado hoje pelo jornal boliviano "El Deber", o piloto informou que o tempo previsto para o voo era de 4 horas e 22 minutos. Em outro campo do plano de voo, o piloto ainda informa que a capacidade da aeronave é voar exatamente 4 horas e 22 minutos.
"Ele não teve nem o trabalho de mentir no plano de voo", comentou à Folha um oficial de alta patente da Aeronáutica brasileira ao analisar o plano de voo.
Levando em conta essas informações, não haveria margem alguma de segurança quanto ao consumo de combustível ao longo da viagem. A principal hipótese investigada é a de que, ao ser orientado a voar em círculos devido ao tráfego aéreo em Medellín, na Colômbia, o avião ficou sem combustível. O plano não considerava escalas para abastecimento no meio do trajeto.
Segundo o documento apresentado pelo jornal, o voo descumpriu desde o início o que estabelecem as regras internacionais de segurança em voo. Pela lei boliviana, um voo deve ter combustível suficiente para chegar a seu aeroporto de destino, mudar de rota para um segundo aeroporto e ainda voar por pelo menos 45 minutos. De acordo com as autoridades colombianas, no entanto, o avião da Lamia não tinha nem mesmo combustível para ir até o seu aeroporto de apoio, que seria em Bogotá, capital da Colômbia.
De acordo com o jornal boliviano, a Aasana (autoridade boliviana de aviação) questionou o plano de voo. Mas a entidade teria sido convencida por um funcionário da Lamia de que o voo seria seguro. Miguel Quiroga, que morreu no acidente, é um dos donos da empresa e assina o plano de voo.
A mesma aeronave já havia feito uma viagem na mesma rota em que ocorreu o acidente, em 28 de outubro. O percurso, no entanto, foi feito no caminho contrário, entre Medellín e Santa Cruz de la Sierra. A viagem ocorreu praticamente em linha reta, sem que a aeronave tivesse que aguardar por muito tempo pela liberação para o pouso, como ocorreu na noite do acidente.
No dia 28 de outubro, o voo durou 4 horas e 32 minutos. No dia do acidente, antes de cair, o voo durou 4 horas e 42 minutos. Baseado nesta viagem, o piloto conseguiu a autorização para transportar o time da Chapecoense.
"A viagem que deu certo, deu certo por sorte. E a sorte uma hora acaba", disse o oficial brasileiro. Ele acrescenta que o plano de voo não deveria ter sido autorizado pelas autoridades bolivianas. A Folha procurou a autoridade boliviana de aviação, que não comentou o caso.
Ainda nesta quinta-feira (1º) a DGAC (Direção Geral de Aeronáutica Civil) da Bolívia suspendeu a certificação que concede à Lamia o direito de operar.
Brasil conquista satélite que vai melhorar defesa e comunicação
Governo investiu mais de R$ 2 bi em satélite. Equipamento foi construído numa parceria com empresa francesa. Foi entregue nesta quinta-feira (1º) ao Brasil, na França, um novo satélite para a defesa e a comunicação no território brasileiro.
É como quem passou a vida pagando aluguel e, agora, conseguiu a casa própria. O Brasil conquistou seu próprio satélite. O SGDC - Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas - construído pela Francesa Thales Alenia Space, em parceria com o Brasil. A entrega foi nesta quinta-feira (1º), em Cannes, no sul da França.
É um gigante de quase seis toneladas, comprado pela Telebrás. O governo investiu mais de R$ 2 bilhões. O convênio com os franceses incluiu aprendizado e transferência de tecnologia. Mais de 50 especialistas brasileiros acompanharam o projeto de perto e estão prontos para operar o satélite.
O satélite ficará posicionado a uma distância de 36 mil quilômetros da superfície da Terra. Vai cobrir todo o território nacional e o Oceano Atlântico.
“Esse satélite, que vai ser totalmente controlado pelo Brasil, por brasileiros, vai nos assegurar uma soberania, vai nos assegurar que as nossas informações militares não vão vazar. Doravante, não vamos ter vazamento nem militar da defesa, nem de presidente da república, nem do governo”, diz Raul Jungmann, ministro da Defesa
É que 30% da capacidade do satélite será destinada à banda x -, uma faixa de frequência de uso exclusivo das forças armadas. Um aliado na vigilância das fronteiras e também do espaço aéreo. Além de reforçar a segurança nacional, o satélite promete levar internet, a banda larga, a todo Brasil.
“Incluir todos os brasileiros, levando internet à escolas, hospitais, aonde for necessário, por isso, é uma enorme aquisição em termos tecnológico, defesa e também em termos de inclusão digital de todos os brasileiros e brasileiras”, explica o ministro da Defesa.
Já testado e entregue, o satélite está pronto pra entrar em órbita. Agora, vai ser preparado pra seguir viagem. Será transportado à Guiana Francesa. Se tudo sair como o previsto, será lançado no dia 21 de março do ano que vem. E deverá entrar em operação no segundo semestre.
Instituto Médico Legal da Colômbia termina a identificação das vítimas
Os corpos dos brasileiros vão ser trazidos nesta sexta-feira (2). Cinco empresas funerárias estão fazendo a preparação para o traslado ao Brasil.
O Instituto Médico Legal da Colômbia terminou a identificação de todas as vítimas da tragédia. Os corpos dos brasileiros vão ser trazidos na sexta-feira (2).
As flores na porta do IML apareceram quando ainda nem tinha amanhecido. No meio da manhã, um torcedor do Atlético Nacional fez outra homenagem simples. Jonatan Garcez levou flores, um crucifixo e uma camisa que ele estendeu com orgulho e respeito.
A frase "Força Chapecó", segundo ele, é também a esperança de que tragédias como essa não aconteçam nunca mais. E contou que desde o dia do acidente, ele e os demais fãs do Nacional torcem para o time que agora tem a maior torcida do mundo.
O trabalho de identificação de todos os corpos acabou durante a noite e a liberação começou quase em seguida.
Os primeiros 15 corpos foram liberados do Instituto Médico Legal de Medellín ainda de madrugada desta quinta-feira (1º). Depois, a liberação só foi retomada a partir do início da tarde. Os corpos são levados de dois em dois em carros funerários.
Cinco empresas funerárias estão fazendo a remoção e a preparação para o traslado ao Brasil. O representante dessas empresas disse que um esforço conjunto poderia liberar os 71 corpos até as 22h desta quinta (1º), hora da Colômbia, 1h no horário de Brasília. Mas nem ele mesmo acha provável.
Nesta quinta (1º), um avião militar boliviano chegou ao aeroporto de Medellín para repatriar os cinco integrantes da tripulação do avião da Lamia.
A embaixada brasileira declarou que os aviões com os corpos dos brasileiros vão sair na sexta-feira (2) às 16h, no horário da Colômbia, 19h no horário de Brasília.
Três Hércules da FAB estão em Manaus, aguardando a ordem para viajar para Medellín. Na funerária, os caixões são cuidadosamente preparados. Em cima de cada um, uma faixa com o nome, um manto branco com o símbolo da Chapecoense e a homenagem na frase: “Campeões para sempre”.
O Ministério da Defesa confirmou que 50 corpos serão levados para o Brasil nesta sexta (2) em dois voos da FAB. Os aviões vão fazer escala em Manaus, com chegada prevista em Chapecó na manhã de sábado (3).
Os corpos dos 14 funcionários da TV Globo e da Fox não serão levados para o Brasil nos aviões da FAB, e sim em voos fretados pelas emissoras, e não vão para Chapecó. Os corpos dos funcionários da TV Globo seguem para o Rio de Janeiro, e os corpos dos funcionários da Fox para São Paulo e também para o Rio de Janeiro.
Tripulante de avião da Chape trabalhou em voos de Lula, Dilma e Temer
Adriano Wilkson
O paraguaio Gustavo Encina era piloto e atuava como despachante aéreo para a Lamia, empresa dona da aeronave que caiu com a delegação da Chapecoense na Colômbia. Dono de uma empresa que cuida da burocracia necessária para um voo decolar, ele já tinha prestado esse serviço para o avião presidencial brasileiro.
Em mais de uma década de atuação, Encina trabalhou em voos de Lula, Dilma e Temer.
Em sua página do Facebook ele postou no dia 3 de outubro uma foto que tirou de Temer quando o presidente visitou Assunción, a capital paraguaia. "Uma década na coordenação e atenção ao avião presidencial da República Federativa do Brasil", escreveu orgulhosamente ele e fez selfies ao lado da aeronave e de um coronel da Força Aérea Brasileira.
A FAB confirmou que Encina trabalhava como despachante aéreo do avião dos presidentes em viagens ao país vizinho, assim como sua mulher, Raquel Coronel, que atuava com o marido na Flight Service Internacional S.A. "Em mais de 11 anos nessa área, nunca tínhamos tido nenhuma eventualidade", lamentou ela, que espera que o corpo de Encina deixe Medellín na noite de quinta, rumo a Luque, no Paraguai, onde mora a família.
O piloto foi um dos sete membros da tripulação que morreram na queda da aeronave – além dele, morreram um venezuelano e cinco bolivianos. No total, foram 71 mortes.
Raquel conta que Encina tinha tido mais contato com o ex-presidente Lula e que sempre vinha ao Brasil em missões de trabalho. Em suas redes sociais, ele costumava escrever em português e se mostrava um torcedor distante da Chapecoense, com quem começou a ter contato na fase final da Copa Sul-Americana.
Com a Lamia, já tinha trabalhado em voos de outras seleções de futebol, como a da Bolívia, no dia em que eles vieram ao Brasil jogar pelas Eliminatórias.
Sua empresa prestava o serviço de despacho a Lamia há mais ou menos oitos meses, segundo Raquel. Nesta quinta-feira, autoridades colombianas disseram que o voo da Chapecoense não tinha autorização para sair de Santa Cruz da La Sierra e sim de Cobija, mais ao norte da Bolívia.
O tripulante apontado pelo jornal "El Deber" como o responsável pela documentação apresentada aos bolivianos é Álex Quispe, que também morreu na queda.
"Brasil não depende das Forças Armadas para progredir"
Raymundo Costa E Rosângela Bittar
No momento em que parcela da população pede a volta dos militares, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), general Sérgio Westphalen Etchegoyen, não hesita para responder: "As Forças Armadas têm hoje uma noção perfeitamente clara do seu papel e da grandeza do Brasil", diz. "O Brasil não é um país que dependa das Forças Armadas para progredir".
Integrante de uma família há três gerações no Exército, o general está convencido de que a saída para a atual crise se dará "por dentro do sistema político". As instituições, segundo ele, estão suficientemente amadurecidas para isso.
Um dado importante do amadurecimento das instituições, para Etchegoyen, é que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tentou o terceiro mandato, e se houvesse tentado, provavelmente não teria conseguido.
Encarregado de suprir o presidente da República de informações e análises estratégicas, o general mantém um olhar atento a tudo o que acontece no país, do embate do Ministério Público com o Congresso aos grupos que protestam com violência. "A violência tira a legitimidade da manifestação política". A aprovação da anistia ao caixa dois, entende, seria o mesmo que abrir a "caixa de Pandora", por isso os políticos, de sensores afiados, recuaram.
Abaixo, os principais trechos da entrevista, realizada na manhã de ontem, um dia após os violentos protestos contra a PEC do teto de gastos na Esplanada dos Ministérios:
Valor: O senhor acha que as instituições, no Brasil, estão fragilizadas e correm risco?
Sérgio Westphalen Etchegoyen: Não é a minha opinião. Nós temos que olhar para a história do Brasil, vamos pegar três momentos de ruptura: 1964, 1992 e 2016. Não vou entrar no mérito de 1964, não estou discutindo isso. Os elementos comuns a esses três anos são povo na rua, a imprensa que reverberava o que uma parte da população queria, e esse conjunto outorgou às Forças Armadas uma legitimidade que elas constitucionalmente não tinham para fazer a ruptura. As Forças Armadas aceitaram aquela legitimidade porque nós não tínhamos instituições. Ou porque não se percebia que as instituições fossem tão fortes.
Valor: E a ruptura de 1992 e 2016?
Etchegoyen: Em 1992, novamente povo na rua, estamos todos lembrados dos caras-pintadas, tivemos imprensa reverberando mais uma vez, e esse conjunto foi a quem tinha legitimidade, o Congresso, pedir o julgamento do presidente da República. Isso nós amadurecemos em 28 anos. São processos de amadurecimento da sociedade como um todo, e aí se incluem as Forças Armadas, nem se foi buscar as Forças Armadas, nem as Forças Armadas se apresentaram como atores legítimos. Em 2016 a coisa se complicou um pouquinho mais. Tivemos povo na rua, toda a mídia reverberando, e esse conjunto foi de novo a quem tinha legitimidade para afastar a presidente que era o Congresso.
Valor: E por que complicou?
Etchegoyen: Apareceu um fato novo, um complicador em relação a 1992: a presidente vinha de um dos maiores partidos, uma belíssima base parlamentar, no poder há mais de 13 anos, um partido articulado, com um discurso original, bonito, que empolgou o Brasil. Consequentemente houve um choque maior entre o pró-impeachment e o anti-impeachment. Esse choque gerou conflitos jurídicos. O conjunto sociedade, imprensa, Congresso foi a quem tinha legitimidade para sanar os conflitos: o Supremo Tribunal Federal. Então nós tivemos uma busca sempre da fonte da legitimidade para sanar os momentos de ruptura que tivemos. As instituições ficaram incólumes em todos esses momentos. Eu acho que nós evoluímos muito institucionalmente. E esse é o lado bom da crise que nós vivemos.
Valor: Tem lado bom?
Etchegoyen: Por que estou dizendo que é o lado bom? Porque a crise é de muito tempo, uma porção de coisas se acumularam agora, inclusive os erros do passados, voluntarismos econômicos, enfim, uma percepção anacrônica da economia e tudo isso. Essa crise, se nós perguntarmos para qualquer brasileiro o que tem que ser feito, as respostas seriam reforma da Previdência, reforma política, reforma trabalhista, reforma tributária. Rediscutir algumas questões da Constituição de 1988, pois ela também tem participação. Agora nenhuma reforma dessas, mesmo que trocássemos a Constituição inteira, nada vai funcionar se não tivermos instituições fortes.
Valor: O senhor está dizendo que as instituições estão não só funcionando como funcionando bem?
Etchegoyen: Eu posso até dizer "ah, o deputado tal, mas o Senado, a tal decisão do STF". Está bem, está muito bem. Vamos achar que algumas delas a população não concorde, eu não concorde. Mas qual delas não foi acatada? Qual delas gerou desobediência civil? Então nós temos um momento privilegiado da nossa história.
Valor: Mas há erros no processo.
Etchegoyen: Nós não vamos virar a nação mais isenta de erros do mundo de hoje para amanhã. Perguntaram certa vez ao marechal Cordeiro de Farias por que ele não aderiu no primeiro momento ao movimento de 1964. Ele respondeu [que não aderiu logo] porque nunca acreditou que era possível queimar etapas no amadurecimento sócio-político de uma Nação. Nós amadurecemos.
"A Abin faz trabalho de inteligência. Mas inteligência de Estado... não vai saber endereço e CPF do black bloc"
Valor: A preocupação com as instituições em 2016 não decorre do fato de que as investigações da Lava-Jato devem atingir a metade do Congresso Nacional?
Etchegoyen: Não é só o Congresso. É o sistema político. As campanhas não elegeram só deputados e senadores. Elegeram vereadores, prefeitos, governadores, deputados estaduais.
Valor: O sistema político entrou em colapso?
Etchegoyen: Não acredito que haverá um colapso do sistema político. O Brasil vai enfrentar isso, e para isso nós vamos ter que fortalecer as instituições e enfrentar o que tem que ser enfrentado. Da forma como tem que ser enfrentado.
Valor: Há uma parcela da população, minoritária, que tem insistido em pedir a volta dos militares.
Etchegoyen: As Forças Armadas têm hoje uma noção perfeitamente clara do seu papel e da grandeza do Brasil. O Brasil não é um país que dependa das Forças Armadas para progredir.
Valor: Não há risco, desejo, pedidos, nada?
Etchegoyen: É um assunto recorrente, absolutamente anacrônico. Vamos imaginar o seguinte: nos últimos 30 anos, qual foi a vez que as Forças Armadas foram fator de instabilidade?
Valor: Houve quebra-quebra na manifestação contra a PEC do teto. O GSI mapeia esses grupos?
Etchegoyen: Não, esse é um problema da competência da polícia. Não temos competência policial judiciária para fazer investigação. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) faz trabalho de inteligência. Mas inteligência de Estado, a Abin não é o órgão que vai descer para saber endereço e CPF do black bloc.
Valor: Mas a Abin manuseia essas informações.
Etchegoyen: Ela pode ter essas informações, mas ela integra as informações de todos os órgãos que têm competência. Por exemplo: inteligência policial é uma competência das polícias. No nosso caso a relação mais óbvia é a Polícia Federal. Inteligência fiscal é uma competência da Receita Federal. E outras coisas são dados comuns, abertos, como contratação de ônibus, movimentos de aeronaves, que a gente trabalha em função de identificar tendência. Nossa ação é identificar o que possa ser ameaça à segurança institucional. Entre essas ameaças estão perturbação da ordem pública, criminalidade, terrorismo, sabotagem.
Valor: As manifestações contra a PEC do teto já começaram violentas, ao contrário de 2013.
Etchegoyen: Essa começou violenta. Se a gente deslegitimar a manifestação do "Fora Temer", vamos deslegitimando a do "Fora Dilma". A manifestação contra o governo é legítima, senão vou deslegitimar todas as outras. O que não é legítimo é que, no meio dessas manifestações, ou aceitem grupos, não sei qual a dinâmica de cada grupo, ou alguns grupos se achem no direito de fazer o que aconteceu ontem [carros virados e incendiados, quebra dos vidros da Catedral, destruição nos Ministérios da Educação e do Planejamento].
Valor: O que ocorreu ontem foi manifestação política?
Etchegoyen: O que aconteceu ontem foi violência em estado puro. E a violência é a antipolítica, é a negação da política.
Valor: Valor: O senhor identificou grupos específicos?
Etchegoyen: Isso é um grupo que veio pra cá para fazer isso. Essas pessoas tiveram que vir, comer... Alguém pagou isso. Alguém soube quem e onde recrutar e alguém financiou esta logística. Pode até ser local, mas alguém soube onde e como recrutar. Claramente. Não brotou. Não foi geração espontânea. O que é muito mais importante é identificar quem banca isso. Quem recrutar sempre vai ter.
Valor: Quem banca?
Etchegoyen: Quem vai saber é o governo do Distrito Federal, a Polícia Federal, inteligência.
Valor: Esses movimentos de ocupação de escola, invasão da Assembleia do Rio, protesto violento na frente do Congresso partem dos mesmos grupos?
Etchegoyen: Não necessariamente os mesmos grupos, mas têm os mesmos interesses e muitos se identificam. Tem protestos no Rio de Janeiro que são compreensíveis. O sujeito não recebe o salário, não tem dinheiro ou recebe parcela. Essa tragédia que nós estamos acompanhando no Rio. Não tem necessariamente um grupo por trás para instigar aquilo. Agora ocupação de escola, fazia tempo que o movimento estudantil não tinha tanta energia como tem agora. Enquanto os grupos estavam bem alimentados com os financiamentos, viveu-se em paz com o governo.
Valor: Valor: Há um temor de que as manifestações como as do Rio tenham um efeito dominó e atinjam outros Estados?
Etchegoyen: Ainda não contagiou. Rio Grande do Sul é outro estado em que as manifestações são exacerbadas. Alguém vai ter que pagar essa conta. O problema é descobrir quem gerou a conta. A insatisfação, a revolta acabam sendo de quem está pagando a conta e não necessariamente de quem gerou a conta.
Valor: A saída então está por dentro do sistema político?
Etchegoyen: Fora da política é um não dá para imaginar uma solução.
Valor: Estamos assistindo a um conflito entre os poderes que pode dificultar essa saída. O Ministério Público contra o Congresso...
Etchegoyen: O Ministério Público não é poder, né?
Valor: Não era, mas ganhou tanto poder que se destaca.
Etchegoyen: Continua não sendo. Não sei se o tamanho da violência [contra o Ministério Público] é o que está sendo vendido. Não se disse: se acontecer o abuso eles vão ser julgados pela câmara de vereadores da cidade onde trabalham. Ou seja, manteve-se o processo penal, com todos os recursos. Estou tentando entender em que isso modifica a liturgia jurídica e a autonomia do Ministério Público.
Valor: Gravar conversas do presidente da República é crime contra a segurança nacional?
Etchegoyen: Os crimes contra a segurança nacional caducaram, estão praticamente em desuso, não é que caducaram, a Lei de Segurança Nacional é antiga. Gravar o presidente da República é de outro código.
Valor: Que código?
Etchegoyen: O código da ética. Das boas relações entre autoridades do Estado. É outro código. É o código moral que as pessoas têm que ter e entender. Gravar o presidente da República, gravar ministros...
"Faça-se a crítica que se quiser fazer ao ex-presidente Lula, ele não tentou o terceiro mandato"
Valor: Usar a gravação para um projeto político pessoal?
Etchegoyen: Usar para o que for. Seja para um projeto pessoal, seja para, lá na frente, proteger-se de alguma forma. Quando o presidente da República me nomeou ministro de Estado, e provavelmente a minha relação com ele era muito parecida com a relação dele com o ministro da Cultura, muito tênue, o presidente me deu um cheque em branco com a confiança dele. O presidente nunca veio aqui para ver o que eu assino ou deixo de assinar, o que eu deixo de fazer. No momento em que eu achar que aquele cheque tem algum vício, eu volto a ele para dizer "muito obrigado senhor presidente". Façam um exercício de história recente: qual foi a saída de ministro em que aconteceu isto? E quantas nós tivemos mais traumáticas do que essa e nenhum ministro saiu fazendo isso? Então não é uma coisa trivial. O presidente da República sendo gravado por um ministro que declara que gravou para criar algum lastro probatório. Em seguida diz: "no entanto, quando eu falei com o presidente da República, eu conduzi a conversa para que ele não produzisse provas contra si". Ou a primeira afirmação não é verdadeira ou a segunda não é verdadeira. Ou ele não se deu conta da contradição que estava vivendo. Um pouquinho de lógica é importante para entender o cenário. Então gravar o presidente da República é de uma gravidade, uma coisa que eu nunca vi na minha vida, eu gosto de história, não me lembro disso. Particularmente se feita por um cidadão que vem de uma carreira de Estado, está em outro código. Está no código da hierarquia de valores que cada um faz quando aceita determinados desafios.
Valor: O presidente disse que pediria ao senhor um projeto para instalar um sistema de gravação de suas audiências. Como está?
Etchegoyen: Nós estamos buscando diversas soluções para o presidente. Seja protegê-lo de gravações, seja gravar o que ele quiser que seja gravado. Nós estamos vendo as soluções tecnológicas, já testamos algumas, funcionam. Funcionam em determinadas circunstâncias, tem que ver o resto. Até coisas mais simplórias: uma tecnologia que impeça gravação pode prejudicar um aparelho de surdez, por exemplo. Há muitas tecnologias. Estamos vendo, comparando e vamos oferecer ao presidente. Ele ainda não decidiu nada. Nós temos que saber até que momento determinadas coisas que se tratam nesse nível de autoridades fazem parte de razões de Estado, são segredos de Estado.
Valor: São classificadas.
Etchegoyen: Acontece que a nossa Lei de Informação não ajuda muito isso.
Valor: O que muda na geopolítica do continente com a mudança do governo Dilma Rousseff para o governo Michel Temer?
Etchegoyen: O Brasil hoje fica mais à vontade para defender os valores que nós praticamos, que eu não acho que tenham sido tão defendidos externamente, na política externa.
Valor: Por exemplo?
Etchegoyen: A Venezuela. Cuba. Hoje temos mais autonomia, mais liberdade e até mais coerência. Faça-se a crítica que se quiser fazer ao ex-presidente Lula, ele não tentou o terceiro mandato. Ele não pensou na perpetuação.
Valor: Há controvérsias, general.
Etchegoyen: Mas veja bem: teve sucesso? Teria sucesso? Eu acho que o Brasil tem a maturidade... Ela [a sociedade] impediu muita coisa. Impediu a anistia ao caixa dois, uma porção de coisas.
Valor: O senhor está convencido de que o que impediu a anistia ao caixa dois foi o vigor da reação da opinião pública?
Etchegoyen: Claro. A sociedade é um ator político fundamental no Brasil. Tem sido. Os políticos têm os sismógrafos deles que identificam os menores tremores de terra. Eles responderam ao anseio da população. Imagine a caixa de Pandora que se abriria se essa anistia fosse aprovada. Eles perceberam isso.
Valor: O que a eleição de Donald Trump muda em relação ao Brasil, em termos estratégicos?
Etchegoyen: O Trump representa um partido que é o mais tradicional dos Estados Unidos. A sigla pela qual é conhecido é GOP (Great Old Party). O Grande Velho Partido. Ele é a tradição americana. O peso do republicano é enorme na política americana. A estrutura. Ele terá algum espaço de manobras para cumprir suas promessas de campanha, mas não tem todas, porque ele tem um partido muito sólido por trás dele, que tem bastante convicção do papel que joga na história dos EUA. Eu acho que mesmo que ele tenha vencido a estrutura de poder do partido, não é uma coisa simples ter tanta liberdade para governar nos EUA a partir dos republicanos.
Valor: O que isso muda para o Brasil?
Etchegoyen: Acho que não muda. Ou muda na medida em que a política externa para a Venezuela seja menos tolerante. Existe uma política externa feita à luz do dia e existe um outro braço da política externa que apoia essa - os EUA nunca romperam o diálogo com a Venezuela. O sub-secretário de Estado para assuntos latino-americanos foi à Venezuela, recentemente, três ou quatro vezes.
Valor: O senhor poderia explicar um pouco melhor? Muda para o Brasil na medida que muda a relação dos Estados Unidos com a Venezuela?
Etchegoyen: Dependendo da mudança da atitude deles com a Venezuela, nós podemos ter um conflito exacerbado. Na Venezuela. Em Roraima já tem bastante venezuelano. Não é uma coisa que a gente possa escolher: não, não vamos entrar nessa confusão. Eles entram.
Ministro diz que traslado dos mortos na queda do avião ocorrerá nesta sexta
Titular da Defesa, Raul Jungmann informou que três aviões Hércules C-130 da FAB irão à Colômbia para buscar os corpos das vítimas do acidente aéreo com a delegação da Chapecoense.
Por G1, Em Brasília, Com Informações Da Tv Globo
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, informou nesta quinta-feira (1º) à TV Globo que os corpos das vítimas fatais da queda do avião que levava a delegação da Chapecoense para a Colômbia serão transportados para o Brasil nesta sexta (2). Jungmann, que está em Paris, conversou por telefone com a emissora.
A aeronave caiu perto da cidade colombiana de Medellín na madrugada de terça-feira (29), deixando 71 mortos e seis feridos. Além de brasileiros, há entre os mortos cinco bolivianos, um paraguaio e um venezuelano.
Segundo a TV Globo, todos os 71 mortos no acidente aéreo já foram identificados no Instituto Médico Legal de Medellín. A informação foi passada por um médico legista ao jornalista da TV Globo Ari Peixoto.
Com a identificação, os corpos das vítimas brasileiras serão embalsamadas em funerárias colombianas para que possam ser transportadas ao Brasil. De acordo com o ministro da Defesa, três aviões Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB) estão de prontidão em Manaus para ir buscar os corpos na Colômbia assim que for concluído o processo de embalsamento.
Jungmann explicou à TV Globo que a intenção das autoridades brasileiras é transportar simultaneamente todos os corpos para Chapecó (SC), onde está sediado o Chapecoense. A prefeitura do município catarinense está organizando um velório coletivo para todas as vítimas da tragédia.
Uma força-tarefa com funcionários da embaixada brasileira em Bogotá e do Itamaraty está na Colômbia para ajudar as famílias nos trâmites burocráticos.
Técnicos da Polícia Federal brasileira levaram a Medellín os dados biométricos das vítimas. O prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, também está na cidade para participar da liberação dos corpos das vítimas da tragédia. Ele é uma das quatro pessoas que estava na lista do voo, mas que não embarcaram.
Setor de aviação "aprende muito" com acidentes, diz associação de companhias
Cada acidente traz "gama de lições", afirmou presidente de entidade internacional. Avião da Chape caiu em Medellín na terça; 71 morreram.
Gabriel Luiz G1 Df
O diretor Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) no Brasil, Carlos Ebner, afirmou nesta quinta-feira (1º) que o “setor sempre aprende muito” com acidentes aéreos. Segundo ele, o laudo com as explicações sobre a queda da aeronave com o time da Chapecoense – que não tem previsão para ser finalizado – deve apresentar conclusões que ajudarão a prevenir outra tragédia do tipo.
“Cada acidente na aviação é uma gama de lições que vão ser implementadas para que futuros acidentes sejam evitados”, disse ao G1 o diretor da Iata, que representa mais de 280 companhias aéreas pelo mundo. “O mais importante são as lições que se aprendem com o acidente.”
“[Os peritos] Vão analisar a conversa com a torre, os planos de voo, os procedimentos que existem lá. Isso tudo vai ser analisado. Por isso que demora oito meses, nove meses. Depois que tudo for analisado, os técnicos vão chegar a conclusões como ‘isso aqui temos que mudar porque não funciona do jeito que está’. O setor aprende muito, por isso que se vai aos mínimos detalhes em uma investigação.”
Ele citou a queda do voo da Varig RG-820, que pegou fogo em Paris em 1973, após um incêndio iniciado em um dos banheiros no fundo do avião. As análises apontaram que os passageiros morreram asfixiados por substâncias tóxicas que tinham sido lançadas no ar durante a queima.
"A partir dali, todo o equipamento a bordo tem que ter um tratamento especial para que não ocorra o que ocorreu. Ficou proibido fumar no banheiro e mudaram todo o material [usado a bordo], que não pode ser mais tóxico", continuou Ebner.
Em Medellín, na Colômbia, especialistas brasileiros, americanos, ingleses, colombianos, bolivianos e espanhóis trabalham juntos para explicar o que motivou a queda da aeronave CP-2933, que acabou deixando 71 mortos e seis feridos. Havia 81 pessoas a bordo: 72 passageiros e 9 tripulantes.
Ebner declarou que o setor lamenta o acidente, porém negou que casos semelhantes tenham repercussão direta no mercado. “Há repercussão na imprensa, as pessoas ficam sentidas, mas não tem no setor. As pessoas continuam a viajar."
Tragédia
O voo da da companhia LaMia estava sem combustível no momento do impacto, de acordo com as descobertas iniciais de autoridades colombianas de aviação. Uma funcionária do aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, de onde partiu o avião em direção a Medellín, disse que alertou o representante da companhia de que a quantidade de combustível era insuficiente e que não seria possível chegar a outro aeroporto no caso de uma emergência.
O voo da da companhia LaMia estava sem combustível no momento do impacto, de acordo com as descobertas iniciais de autoridades colombianas de aviação. Uma funcionária do aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, de onde partiu o avião em direção a Medellín, disse que alertou o representante da companhia de que a quantidade de combustível era insuficiente e que não seria possível chegar a outro aeroporto no caso de uma emergência.
"Quando chegamos ao local do acidente e pudemos inspecionar os destroços, confirmamos que a aeronave não tinha combustível no momento do impacto", disse o secretário de segurança aérea da autoridade de aviação civil da Colômbia, Freddy Bonilla.
Em uma gravação das palavras finais do piloto se pode ouvir ele dizer à torre de controle que o avião estava em "falha total, falha elétrica total, sem combustível".
O piloto pediu permissão com urgência para aterrissar pouco antes de o áudio ficar mudo. O avião BAe 146, produzido pela BAE Systems, bateu em uma área montanhosa perto da cidade de La Unión, próxima a Medellín.
Somente seis pessoas a bordo do voo da companhia boliviana LaMia sobreviveram, incluindo três jogadores do time da Chapecoense que seguia para a final da Copa Sul-Americana, no maior jogo da história da equipe. Além dos atletas, também sobreviveram um jornalista e dois tripulantes.
Normas de voos internacionais exigem que aeronaves levem combustível suficiente para que possam voar por 30 minutos após chegarem ao destino final, caso tenham que voar em círculos antes do pouso ou voar para outro aeroporto.
"Neste caso, infelizmente, a aeronave não tinha combustível suficiente para cumprir as normas para contingência", disse Bonilla em Medellín. "Uma das teorias que estamos trabalhando é que por não termos encontrado combustível no local da colisão ou nos tubos de alimentação, a aeronave sofreu queda por falta de combustível".
Arena Condá se prepara para velório de vítimas de queda de avião da Chapecoense
Daniel Isaia Enviado Especial
A cidade de Chapecó vive a expectativa da chegada dos corpos das vítimas do acidente que matou a delegação da Chapecoense e jornalistas que viajavam a Medellín para a final da Copa Sulamericana. A prefeitura da cidade catarinense já havia confirmado que o velório de 51 das 71 vítimas será realizado de forma coletiva no estádio do clube alviverde, a Arena Condá.
A cerimônia estava prevista para ocorrer amanhã (2), mas a direção da Chapecoense recebeu da Força Aérea Brasileira a informação de que os corpos das vítimas devem pousar na cidade catarinense apenas na madrugada do dia seguinte. Por isso, o velório coletivo foi confirmado para a manhã de sábado (3).
A Arena Condá já está recebendo as adequações necessárias para que a cerimônia seja possível. No gramado do estádio, estão sendo instalados toldos para proteger os caixões e para permitir um maior conforto às famílias e amigos das vítimas que estarão no velório. A torcida do time e a população de Chapecó terão acesso às arquibancadas para também prestar a sua homenagem e se despedir dos atletas, dirigentes e da comissão técnica.
Os preparativos das autoridades de Chapecó e dos dirigentes do clube preveem, inclusive, a possibilidade de que o presidente da República, Michel Temer, compareça à cerimônia. A presença dele, no entanto, ainda não foi confirmada pelo Palácio do Planalto.
O presidente da Fifa, o suíço Gianni Infantino, confirmou a participação no velório. Ele cancelou outros compromissos que estavam agendados pela federação para poder viajar ao Brasil.
Dois especialistas do Cenipa vão investigar queda de avião da Chapecoense
Andreia Verdélio Repórter Da Agência Brasil
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), do Comando da Aeronáutica, informou hoje (1º) que enviará dois investigadores a Medellín para atuar nas investigações do acidente com o avião da empresa LaMia, que levava a equipe da Chapecoense à cidade colombiana.
Os especialistas brasileiros embarcarão em um dos três aviões Hércules da Força Aérea Brasileira que estão de prontidão na Base Aérea de Manaus, aguardando acionamento para decolar para a Colômbia e trazer os corpos das vítimas para o Brasil. Todas as vítimas já foram identificadas e 15 corpos foram liberados para preparação para viagem. O acidente matou 71 pessoas e deixou seis feridas.
As autoridades da Aeronáutica Civil da Colômbia confirmaram que o avião que transportava a equipe catarinense para Medellín caiu sem "uma gota de combustível" próximo a um morro em Cerro Gordo e que agora serão investigadas as causas do que provocou a pane seca.
O diretor-geral da LaMia, Gustavo Vargas, declarou ontem (30) que o piloto deve ter avaliado que o combustível era suficiente para chegar ao seu destino, pois existia a opção de fazer uma pausa em Bogotá para abastecer, que foi descartada.
Aeronáutica colombiana confirma que avião caiu sem combustível
Carol Knoploch Tatiana Furtado O Globo
A Aeronáutica Civil Colombiana confirmou, na noite desta quarta-feira, que o avião da Lamia, que levava a delegação da Chapecoense para Medellín, ao cair não tinha combustível no tanque. Segundo o secretário de segurança aérea do país, Fredy Bonilla, foi aberta uma investigação para determinar os motivos pelos quais isso ocorreu, já que contraria as normas de aviação internacional. Essas são as primeiras informações oficiais para elucidar as causas do desastre, que matou 71 pessoas, entre jogadores e comissão técnica do time catarinense, além de tripulantes e jornalistas, que iriam cobrir a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional. A suspeita de pane seca já havia sido comentada após a divulgação da conversa entre o piloto Miguel Quiroga, do Avro RJ-85, e a torre de comando local.
— O plano de voo do avião estabelecia Bogotá como aeroporto alternativo caso não pudesse pousar em Rionegro. Mas o avião não tinha combustível suficiente para ir a Bogotá — declarou o coronel, acrescentando que as caixas pretas serão enviadas, em breve, às autoridades da Inglaterra, país de origem da fabricante do avião.
O atraso para embarque de São Paulo com destino a Medellín desencadeou uma série de decisões atropeladas e arriscadas, incluindo o não reabastecimento da aeronave, que culminaram no acidente fatal. Se esse voo fretado, de cujo plano constava uma parada para reabastecimento em Cochabamba, na Bolívia, para reabastecimento, tivesse sido autorizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a delegação do time de futebol chegaria ao destino às 23h (de Brasília; 20h na Colômbia) de segunda-feira.
O regulamento da Anac só permite um voo fretado do Brasil à Colômbia se a empresa for brasileira ou colombiana. Assim, a solução da Chapecoense foi embarcar numa aeronave da BoA (Boliviana de Aviación) para Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) e de lá, iniciar a viagem com a Lamia.
O voo da BoA, no entanto, atrasou mais de uma hora para sair do Brasil: a previsão era às 15h15m, mas decolou às 16h22m. E a aterrissagem, prevista para as 17h32m, aconteceu às 18h41m.
Com isso, o voo entre Santa Cruz de la Sierra e Medellín, que passou a ser a nova rota, também atrasou. E impossibilitou uma parada em Cobija (Bolívia) para reabastecimento. Isso porque esse aeroporto não opera à noite, e a previsão de chegada nesse local era por volta das 20h.
Assim, o piloto Miguel Quiroga, também sócio da Lamia, optou por seguir direto, sem pousar em Cobija nem Bogotá, uma segunda opção para reabastecimento. Economizaria, assim, cerca de uma hora. Encheu o tanque, cuja autonomia era de 2.963 quilômetros para uma distância de 2.985 quilômetros.
O plano não contava com a espera para o pouso. Um outro avião, da Viva Colombia, declarou situação de emergência e ganhou prioridade. E a aeronave que transportava a Chapecoense precisou dar duas voltas, procedimento conhecido como órbita, para aguardar a autorização de pouso.
A opção por viajar com o tanque justo, sem reserva ou parada, foi apontada por Bruno Goytia, filho do copiloto Ovar Goytia que estava no avião, como o motivo da queda, segundo entrevista concedida por ele ao jornal boliviano “El deber".
— Tomaram a decisão de encher o tanque por completo e seria possível fazer o pouso, tanto que caíram a apenas 17 milhas do aeroporto, que correspondem a três ou cinco minutos. Mas o tráfego de espera consumiu todo o combustível que restava — afirmou Bruno, que estuda pilotagem. — Pelo que eu tinha entendido, haveria uma escala em Cobija. Mas o avião que estava trazendo os jogadores da Chapecoense a Bolívia teve um atraso. Então, não podia aterrissar em Cobija, pois não há operações noturnas, pois não há luz na pista. Aí tomou-se esta decisão de encher o tanque por completo. Além disso, os jogadores tinham que treinar.
MAUS COSTUMES
Uma das vítimas, o zagueiro da Chapecoense Filipe Machado postou vídeo nas redes sociais, quando ainda estava em São Paulo. Nas imagens, de dentro do avião da BoA, ele menciona a parada:
— Vai começar a viagem. Vamos para o Acre e, depois vamos... para onde, Cadu? Cobija!
Segundo um controlador de voo, que pediu anonimato, a tática de economia de combustível, viajando sem reserva é velha conhecida. Conta que os pilotos de empresas que adotam esse mau costume evitam declarar emergência à torre para não levantar suspeitas, o que acarreta investigação imediata e multas pesadas à empresa.
De acordo com Jorge Barros, piloto da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB) e que já trabalhou para Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes (Cenipa), o piloto Quiroga não soube lidar com uma possível frustração de seu cliente, que poderia chegar mais tarde que o previsto no destino, caso fizesse uma parada para reabastecimento.
— Existe um ditado jocoso que é o seguinte: “O avião é o meio de transporte mais rápido para quem não tem pressa”. O avião é um veículo rápido, claro, mas quando está no ar. Há uma série de demandas de solo e de planejamento que o seguram no chão e que podem atrasar uma viagem. Isso sem contar, chuva, tráfego aéreo, descida de emergência que causam frustração em todos do voo — comenta Barros. — E a habilidade para lidar com essas variáveis, planejamento e frustrações diferenciam um piloto de um comandante. O Quiroga, que poderia ser um ás, não foi um comandante. Foi irresponsável ao não planejar o pior cenário. Não se viaja contando com o melhor cenário.
Quando indagado sobre o plano de voo oferecido ao clube e se o avião faria ou não uma parada em Bogotá, o presidente em exercício da Chapecoense, Ivan Tozzo, desconversou:
— Não sei. (O que se especula) é que não tinha um plano B, Mas a Chapecoense não tem, a principio, nada a dizer. (Colaborou Tiago Dantas).
Corpos dos brasileiros da tragédia de Medellín serão repatriados na tarde desta sexta-feira
Às 16h desta sexta-feira (19h no horário de Brasília), os brasileiros vítimas da tragédia de Medellín começarão a voltar para casa. Neste horário está prevista a decolagem dos três aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), que irão repatriar os corpos dos mortos no acidente da última terça-feira. Um quarto voo comercial irá partir no mesmo horário, levando os seis jornalistas da Fox que perderam a vida no voo da LaMia.
O deslocamento dos corpos será feito por comboio até o aeroporto, no que promete ser um novo momento de forte emoção pelas ruas de Medellín. Antes de os caixões serem depositados no interior das aeronaves, deve haver uma cerimônia breve, organizada pelo governo colombiano para a despedida.
À medida que as equipes de médicos forenses foram liberando os corpos, seis funerárias da cidade passaram a se dedicar à preparação para os ritos fúnebres. Desde a tarde de quinta-feira, na funerária San Vicente, funcionários trabalhavam intensamente. Quando ZH esteve no local, às 18h, já estavam preparados os corpos de nove brasileiros, cinco bolivianos, um venezuelano e um paraguaio.
Os caixões dos brasileiros, todos jogadores da Chapecoense, estavam cobertos com uma bandeira branca com o distintivo do clube e a inscrição: "Campeões para sempre". Os caixões não serão lacrados no translado até o Brasil.
A repatriação dos primeiros restos mortais liberados começou ainda na quinta-feira, com o deslocamento da primeira vitima, um cidadão paraguaio, de volta a seu país em um voo comercial da Avianca. Nesta sexta-feira, às 8h, estava prevista a repatriação de um cidadão venezuelano. Uma hora depois, uma aeronave da força aérea boliviana levará de volta quatro corpos e cinzas de cidadãos de seu pais.
Maior funerária do país, a San Vicente dispõe de 27 funcionários deslocados para os serviços de embalsamento, conservação e tanatopraxia. Em 2013, atuou no sepultamento do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, auxiliando com um carro o deslocamento dos restos mortais do presidente pelas ruas de Caracas.
JORNAL NOTÍCIAS DO DIA - SC
Três aeronaves da FAB estão em Manaus aguardando liberação dos corpos na Colômbia
Eles devem pegar os corpos na Colômbia, trazê-los até Manaus e, do Norte, seguem para Chapecó
Três aeronaves C-130 Hércules da FAB (Força Aérea Brasileira) estão na Base Aérea de Manaus, no Amazonas, nesta quinta, aguardando para decolar rumo à cidade colombiana de Medellín. Os aviões cargueiros farão o transporte dos corpos das vítimas do acidente aéreo ocorrido na última terça-feira, que conduzia a delegação da Associação Chapecoense de Futebol, jornalistas brasileiros e cidadãos de Chapecó.
Em cada avião estarão embarcados oito tripulantes. Também está confirmada a presença de dois membros do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que viajam a convite do GRIAA (Grupo de Investigação de Acidentes Aéreos), da Colômbia. Cada técnico participa da investigação como representante acreditado, profissional designado pelo Estado Brasileiro para acompanhar o processo sob responsabilidade das autoridades locais.
Todo o trâmite para o transporte dos corpos pelas aeronaves da FAB está sendo feito pelo Adido de Aeronáutica na Colômbia, Coronel Jefferson César Darolt. A partir de Manaus, a previsão da viagem é de quatro horas com destino a Medellín, onde o tempo mínimo estimado para o embarque dos corpos é de duas horas. No retorno ao Brasil haverá escala em Manaus, onde deve ocorrer o desembaraço alfandegário – procedimento obrigatório na entrada do país. Por fim, os C-130 vão decolar com destino final à cidade de Chapecó - cuja viagem prevista é de seis horas. O velório deve acontecer no sábado pela manhã em Chapecó.
Na terça-feira, um avião C-99 decolou do Rio de Janeiro. Antes de seguir para Medellín, foram realizados embarques em São Paulo e Brasília, além de duas paradas técnicas. No total, foram transportados 24 passageiros, entre eles, representantes dos Ministérios das Relações Exteriores, dos Esportes e da Saúde, além de membros da Polícia Federal e da Prefeitura de Chapecó.
JORNAL DE HUMAITÁ - AM
Seminário estreita cooperação entre forças armadas do Brasil e 14 países
Compartilhar experiências da atuação militar em regiões de selva e apresentar ao mundo a produção da indústria bélica nacional estão entre os principais objetivos do “2º Simpósio Internacional de Operações na Selva” e “1º Workshop Proamazônia”, cuja abertura foi realizada na manhã desta quarta-feira, 30 de outubro, no Centro de Convenções da Amazônia Vasco Vasques. Com apoio do Governo do Amazonas, o evento, que se estende até sexta-feira (2), reúne representantes de 14 países, entre vizinhos, europeus, asiáticos e americanos.
Presente na abertura, o governador do Amazonas em exercício, Henrique Oliveira, ressaltou a importância do seminário para o turismo de eventos no Amazonas e também para o fortalecimento da indústria local. “É uma oportunidade para o Amazonas. Nós, que temos a prorrogação da Zona Franca de Manaus até 2073, e sempre batemos na tecla de que precisamos de um novo modelo, não vamos aguardar esta data chegar para começar a pensar num modelo de sustentação para os pais e mães de família do nosso Estado. Por isso, é importante essa parceria com as Forças Armadas, com a grife do Exército Brasileiro, da Marinha e da Aeronáutica, trazendo vários países para o Amazonas”, disse.
Além de palestras de especialistas, foi montada no local uma exposição de produtos bélicos produzidos pela indústria militar nacional e internacional. A proposta é apresentar novas tecnologias que possam ser utilizadas também no âmbito civil.
“A tecnologia militar cada vez mais tem um viés dual, tanto para emprego militar quanto para o emprego civil. Até para permitir a sobrevida da indústria da Defesa em tempos de crise. E aqui, no Amazonas, principalmente, ela ganha um significado maior, quando se pode utilizar a tecnologia militar para a sobrevivência do homem na selva”, observou o chefe do Estado Maior das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, ressaltando que o evento também pretende fomentar a cooperação internacional neste setor. “Precisamos exportar e importar para permitir a sobrevivência da indústria de Defesa”, completou o almirante.
Tríplice aliança – O comandante Militar da Amazônia, Geraldo Antônio Miotto, ressaltou a importância da participação de vários segmentos no evento, incluindo pesquisadores, empresários, governos, civis e militares. “O que nós podemos implementar a partir daqui é a tríplice aliança com a academia, através da pesquisa, a indústria e os órgãos governamentais, representado pelas Forças Armadas, com fins ao fortalecimento de uma indústria que tanto pode ser usada pelo meio militar quanto o civil”.
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