NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 26/09/2016 / Para voar sem medo
Para voar sem medo ...
App promete dar conforto a passageiros com receio de entrar em um avião explicando barulhos e solavancos durante a viagem aérea ...
Ana Carolina Nunes ...
Ansiedade, taquicardia, sudorese, enjoo e desarranjo intestinal. Para 6,5% da população mundial, basta falar em voar de avião que esse conjunto nada agradável de sensações se manifesta. Mais do que um desconforto, o medo de voar pode virar fobia e transformar uma simples viagem em um verdadeiro calvário – isso quando o pavor não inviabiliza o embarque. O medo costuma surgir dias antes da viagem e cresce até o derradeiro momento da decolagem. Presos à cadeira numa máquina que acelera furiosamente rumo ao céu, alguns até chegam a ter ataques de pânico.
Mas há esperanças para quem sofre desse mal. Recentemente, essa esperança se manifestou na forma de um aplicativo para smartphone. O SkyGuru, disponível para iPhone, foi criado por um piloto que tem formação em psicologia e funciona como um acompanhante técnico para os fóbicos. O guru acalma oferecendo a maior quantidade possível de informações sobre o voo antes e durante a viagem.
Basta inserir o número do voo, data, horário de partida e itinerário que o app combina essas informações com dados usados pelas companhias aéreas para exibir, antes do embarque, um detalhado relatório sobre cada momento da viagem. Velocidade, altitude, ventos, clima e até possíveis faixas de turbulência no percurso são apresentadas de forma didática ao usuário. Já durante o voo, o aplicativo usa o microfone, o giroscópio, a bússola e o barômetro do celular para identificar e explicar barulhos, movimentos, alterações de rumo e variações de altitude ao viajante. É como ter um especialista em aviação sentado na poltrona ao lado, tranquilizando o passageiro.
Ainda que o SkyGuru e outros apps como ele funcionem bem para acalmar o fóbico na hora do voo, eles não tratam a origem do medo. “Acredito na eficiência dos apps se eles estiverem inseridos em um trabalho maior”, diz Cristiano Nabuco, pós-doutor em psiquiatria especializado no tratamento de medo de voar. Segundo ele, esse pavor está, frequentemente, associado à ansiedade diante de situações onde se tem pouco ou nenhum controle sobre o que acontece. E lidar com sentimentos complexos como este requer um trabalho terapêutico mais amplo. “O medo é uma reação emocional e nem sempre os esclarecimentos racionais – de mecânica de voo, aerodinâmica e física – bastarão para vencê-lo”, diz Nabuco. Mas um aliado a mais é sempre bom, e o SkyGuru promete ser exatamente isso.
Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.
Pneu de avião da FAB estoura e pista de aeroporto do DF é interditada
Nenhum dos três tripulantes que estavam a bordo se feriu, informou FAB. Situação provocou atrasos, diz Inframerica; é segundo caso em quatro dias.
Gabriel Luiz
Uma pista do Aeroporto de Brasília ficou parcialmente interditada entre as 17h54 e as 19h23 após o pneu de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) estourar. Segundo a FAB, nenhum dos três tripulantes que estavam a bordo se feriu. Equipes do aeroporto tiveram que rebocar o avião.
A aeronave seguia de Barra do Garças, no Mato Grosso, com destino a Brasília. Ela é do modelo Cessna C-98 Caravan. Dependendo do tipo, pode comportar até 14 passageiros a bordo. A FAB não soube informar quando o avião foi comprado nem se ele tem histórico de problemas semelhantes.
A situação provocou atrasos, informou a Inframerica, consórcio que administra o terminal. Das 18h até as 20h30, estavam previstas 57 movimentações aéreas no aeroporto – dado que inclui pousos e decolagens. Desses, 39 voos atrasaram mais de 15 minutos. Ao todo 29 pousos e 10 decolagens foram afetados.
De acordo com a Inframerica, a pista foi parcialmente interditada porque continuava podendo receber aviões de médio porte. A outra pista que funciona paralelamente no terminal também continuou funcionando, diz o consórcio.
Outro caso
É a segunda vez que um avião da FAB tem o pneu estourado em quatro dias. Na última quarta-feira (21), uma das duas pistas do aeroporto ficou fechada entre 12h45 e 14h. Segundo a Inframerica, ninguém se feriu. Pelo menos três carros da Base Aérea foram mobilizados para ajudar a retirar a aeronave da pista.
O avião é um modelo EMB-110 Bandeirante. Dependendo da versão do aparelho, há espaço para 15 ou 21 passageiros, com até três tripulantes. A FAB não informou quantas pessoas estavam a bordo.
Na manhã deste sábado (24), um funcionário do aeroporto filmou um vídeo que mostra um "jato" de fumaça saindo de um avião da Latam. As imagens registram que pelo menos cinco bombeiros foram mobilizados para atuar na aeronave, enquanto curiosos assistiam à situação do lado de dentro do terminal. Ninguém se feriu.O voo vinha de Guarulhos (SP) e pousou em Brasília às 10h06. De acordo com a Latam, o piloto solicitou apoio do aeroporto durante o desembarque por uma suspeita de fumaça no bagageiro.
Segundo a companhia, a suspeita não foi confirmada, e foram respeitados todos os procedimentos de segurança. De acordo com a Inframerica, não há relatórios indicando a presença da fumaça.
Ainda segundo o consórcio que administra o aeroporto, a fumaça mostrada no vídeo vinha de um incêndio no Park Way, área residencial com mansões a dois quilômetros do terminal.
Autor das imagens, o funcionário da praça de alimentação do aeroporto Fernando Fernandes negou que houvesse incêndio nas proximidades. "O avião soltou o alarme. E aí, o piloto mandou todo mundo sair às pressas. Ele chamou os bombeiros, e abriu o saguão", disse.
A Latam afirmou que os passageiros foram orientados a sair da aeronave sem os pertences em um primeiro momento. A empresa não disse quanto tempo eles demoraram para retornar ao avião.
Após queda de avião, esquadrilha da fumaça faz homenagem a piloto
Acidente aconteceu na tarde de sábado (24), em Maringá, no norte. Aeronave caiu de bico no solo e piloto, de 62 anos, morreu na hora.
Adriana Justi
A Esquadrilha da Fumaça fez uma homenagem ao piloto Luiz Carlos Basson Dell Aglio, que morreu, neste sábado (24), em acidente com um avião durante uma apresentação na 19ª Feira Internacional De Aviação em Maringá, no norte do Paraná. A homenagem ocorreu por volta das 15h deste domingo (25), no mesmo espaço da feira, e durou cerca de cinco minutos. Em meio às nuvens, eles formaram a palavra "amigo".
O acidente aconteceu enquanto o piloto fazia um show de acrobacias. A aeronave "caiu de bico" e entrou completamente no solo. Dell Aglio morreu na hora. Um vídeo flagrou o momento exato do acidente.
Testemunhas relatam que o avião começou a fazer um movimento "de parafuso" no ar antes de cair e que a queda aconteceu cerca de cinco minutos depois da decolagem. O acidente aconteceu no bairro Parque Industrial Bandeirantes, próximo ao aeroporto de Maringáx, onde a feira estava sendo realizada.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou que fará uma perícia no local ainda neste domingo.
O corpo será velado em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, a partir da tarde deste domingo. O sepultamento está marcado para segunda-feira (26).
O piloto
Luiz Carlos tinha 62 anos e era de Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais do Paraná. A informação da morte do piloto foi confirmada pela assessoria de imprensa da feira, que enviou, em nota, um breve currículo do piloto. Veja abaixo:
"Piloto Agrícola com mais de 19.000 horas de voo, Luiz Carlos Basson Dell Aglio é considerado um dos grandes nomes no segmento, tendo atuado durante 11 anos como Coordenador Geral e Instrutor do CAVAG - Curso de Piloto Agrícola na cidade de Ponta Grossa, Paraná, onde reside e administra a sua empresa AGROVEL - Agro Aérea Vila Velha Ltda. Atualmente voando agrícola no Estado de SC em regiões de Bananais e Arroz
Na acrobacia, seu esporte predileto, possui mais de 1600 horas de voo de alta performance, sendo o atual Presidente da CBA - COMITÊ BRASILEIRO DE ACROBACIA E COMPETIÇÕES AÉREAS.
Dell Aglio iniciou na acrobacia pilotando um Decathlon, na Categoria Esporte, onde chegou ao terceiro lugar no ranking nacional. No ano de 1998, com a compra do Extra 230 matriculado PT-ZUN, com aproximadamente 700 horas, entrou para a Categoria Intermediária, com ótimo desempenho. No ano seguinte, já estava competindo na Categoria Avançada, onde vem disputando os torneios de acrobacia de nível nacional, também com excelentes resultados.
Uruguai analisa projeto de fronteira unificada com Brasil
Efe
Montevidéu - O ministro da Defesa do Uruguai, Jorge Menéndez, analisou neste domingo na cidade uruguaia de Rocha a possibilidade de realizar um projeto de fronteira unificada na cidade de Chuy, na divisa com o Brasil, a fim de "melhorar as atividades" no local, informou neste domingo a presidência do país platino em seu site.
"A passagem fronteiriça de Chuy é muito importante para o Uruguai. Ela está dentro dos projetos que nós temos no Ministério da Defesa para as atividades na fronteira e queremos melhorá-la", explicou Menéndez à imprensa após uma reunião com a prefeita da cidade, Mary Urse.
Além disso, o ministro comentou que sua pasta pretende estabelecer "uma série de portas de entrada ao país, que não seja apenas o aeroporto de Carrasco", o que incluiria a passagem fronteiriça de Chuy com a vizinha Chuí, do lado brasileiro da fronteira.
Nesse sentido, Menéndez explicou que o centro integrado de fronteira é um dos projetos que o Uruguai tem para construção e administração em um chamado internacional através da Corporação Nacional para o Desenvolvimento e a integração com outros ministérios.
"Veremos no curto prazo se podemos oferecer novidades nesse aspecto. O ministério tem que realizar uma desapropriação de alguns hectares para realizar este projeto. Caso isso não aconteça, o projeto será destinado a uma área de estacionamento de carga", destacou o ministro.
Menéndez se encontrava na cidade de Rocha, no leste do país, na jornada preparatória do Conselho Aberto de Ministros do Executivo uruguaio que será realizado amanhã no balneário de La Coronilla, situado na província de Rocha.
Embraer tenta firmar acordo em que abre mão do lucro em vendas feitas à base de propina
Autoridades americanas, que investigam corrupção na empresa, devem chancelar
Murilo Ramos
A Embraer negocia um acordo com o Ministério Público Federal para abrir mão do lucro obtido nos contratos em que pagou propina a representantes de governos no exterior, tais como República Dominicana e Arábia Saudita. Em troca, espera punições mais brandas. O acordo, no entanto, precisa ser chancelado pelas autoridades americanas, que investigam a corrupção na empresa brasileira desde 2011. A Embraer diz ter separado US$ 200 milhões para resolver o assunto.
A explosão de um bueiro na esquina da Rua do Senado com Avenida Gomes Freire, na Lapa, Região Central do Rio de Janeiro,
Dos oito feridos após a explosão do bueiro na Lapa, Aline Paes, de 24 anos, foi a mais atingida pelas chamas e teve 50% do corpo queimado, de acordo com a Secretaria municipal de Saúde. A vítima recebeu os primeiros socorros no Hospital Souza Aguiar, mas ontem mesmo foi transferida para o Hospital da Força Aérea do Galeão, na Ilha do Governador. A unidade conta com um centro especializado em tratamento de queimados.
Outros cinco feridos ainda estão internados, em observação, tanto no Hospital da Força Aérea, como no Copa D Or, da rede particular, em Copacabana.
O arquiteto Claudiney Barino teve 18% do corpo atingido pelo fogo. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, as queimaduras são superficiais, mas ele foi transferido do Souza Aguiar para o Hospital da Força Aérea. Também ficará internado na unidade especializada Márcio Santos, transferido do Hospital Miguel Couto.
O Corpo de Bombeiros informou que três feridos buscaram socorro no Copa D Or. Ontem, a unidade não disse os nomes dos pacientes, nem passou informações sobre o estado de saúde deles. Apenas foi divulgado que as vítimas permanecerão internadas, sem previsão de alta
Para voar sem medo
App promete dar conforto a passageiros com receio de entrar em um avião explicando barulhos e solavancos durante a viagem aérea
Ana Carolina Nunes
Ansiedade, taquicardia, sudorese, enjoo e desarranjo intestinal. Para 6,5% da população mundial, basta falar em voar de avião que esse conjunto nada agradável de sensações se manifesta. Mais do que um desconforto, o medo de voar pode virar fobia e transformar uma simples viagem em um verdadeiro calvário – isso quando o pavor não inviabiliza o embarque. O medo costuma surgir dias antes da viagem e cresce até o derradeiro momento da decolagem. Presos à cadeira numa máquina que acelera furiosamente rumo ao céu, alguns até chegam a ter ataques de pânico.
Mas há esperanças para quem sofre desse mal. Recentemente, essa esperança se manifestou na forma de um aplicativo para smartphone. O SkyGuru, disponível para iPhone, foi criado por um piloto que tem formação em psicologia e funciona como um acompanhante técnico para os fóbicos. O guru acalma oferecendo a maior quantidade possível de informações sobre o voo antes e durante a viagem.
Basta inserir o número do voo, data, horário de partida e itinerário que o app combina essas informações com dados usados pelas companhias aéreas para exibir, antes do embarque, um detalhado relatório sobre cada momento da viagem. Velocidade, altitude, ventos, clima e até possíveis faixas de turbulência no percurso são apresentadas de forma didática ao usuário. Já durante o voo, o aplicativo usa o microfone, o giroscópio, a bússola e o barômetro do celular para identificar e explicar barulhos, movimentos, alterações de rumo e variações de altitude ao viajante. É como ter um especialista em aviação sentado na poltrona ao lado, tranquilizando o passageiro.
Ainda que o SkyGuru e outros apps como ele funcionem bem para acalmar o fóbico na hora do voo, eles não tratam a origem do medo. “Acredito na eficiência dos apps se eles estiverem inseridos em um trabalho maior”, diz Cristiano Nabuco, pós-doutor em psiquiatria especializado no tratamento de medo de voar. Segundo ele, esse pavor está, frequentemente, associado à ansiedade diante de situações onde se tem pouco ou nenhum controle sobre o que acontece. E lidar com sentimentos complexos como este requer um trabalho terapêutico mais amplo. “O medo é uma reação emocional e nem sempre os esclarecimentos racionais – de mecânica de voo, aerodinâmica e física – bastarão para vencê-lo”, diz Nabuco. Mas um aliado a mais é sempre bom, e o SkyGuru promete ser exatamente isso.
Aeroporto fica com pista interditada após avião da FAB ter pneu estourado
Esse é o segundo caso nesta semana envolvendo aeronaves da Força Aérea
Patrícia Rodrigues
O Aeroporto Juscelino Kubitschek voltou a operar normalmente após ficar com meia pista interditada durante quase duas horas neste domingo (25/9). O fechamento ocorreu após uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) ter um pneu estourado enquanto pousava.
De acordo com a FAB, o avião modelo Caravan C-98 chegava de Barra do Garça (MT) quando um pneu estourou. “Não houve feridos”, informou a assessoria. A aeronave interditou a pista entre 17h54 e 19h23.
De acordo com a Inframerica, concessionária que administra o local, a empresa ainda está levantando os dados sobre possíveis atrasos em decorrência do incidente, mas a pista já foi liberada.
Há quatro dias uma aeronave da FAB também interditou uma pista do Aeroporto JK após ter um pneu furado enquanto taxiava, depois de pousar.
Tragédia expõe caos no controle aéreo
Natália Lambert
O país relembra, na quinta-feira desta semana, a segunda maior tragédia da aviação brasileira. Em 29 de setembro de 2006, o boeing 737 da companhia aérea Gol colidiu no ar com o jato Legacy-600 e caiu na floresta Amazônica, em Mato Grosso. A data virou um marco para a vida de 154 famílias, que esperam que o sofrimento delas tenha servido de exemplo para que outras tragédias não se repitam. Entre os problemas escancarados com o desastre, estava a precariedade do tráfego aéreo brasileiro.
De acordo com o diretor técnico do Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Voo, Hernandes Pereira, a única coisa que mudou na última década foi o desenvolvimento tecnológico, que permitiu ao setor aumentar a capacidade de fazer mais voos e a média de crescimento por ano é de 10%. “Em relação a recursos humanos, só piorou. O plano de carreira dos controladores de voo nunca saiu e a carga horária continua a mesma. As condições de trabalho são péssimas. O tráfego aéreo é uma caixa preta dentro desse sistema”, comenta o profissional, já aposentado. A carga horária da categoria é de 160 horas mensais.
Um piloto de uma grande companhia com mais de 15 anos de experiência, que prefere não se identificar, concorda. Para ele, houve mudanças em relação aos equipamentos e à quantidade de controladores, mas há uma queda brutal na qualidade. “Está cada vez mais difícil encontrar um controlador que passe segurança nas informações. Alguns mal conseguem falar inglês.” Hernandes vai mais longe ao criticar a excessiva dependência em relação à tecnologia. “Se os sistemas falharem, a maioria ali não vai saber o que fazer”, diz.
Sem relaxar
O diretor-geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), tenente-brigadeiro Aquino, afirma que o setor vive uma relativa tranquilidade, “relativa porque não podemos relaxar”. Segundo ele, ao se comparar cenários, o número de controladores cresceu cerca de 50% nos últimos 10 anos, mas o tráfego aéreo aumentou em 68% desde 2008. “Ou seja, numericamente, temos menos controladores.”
O diretor-geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), tenente-brigadeiro Aquino, afirma que o setor vive uma relativa tranquilidade, “relativa porque não podemos relaxar”. Segundo ele, ao se comparar cenários, o número de controladores cresceu cerca de 50% nos últimos 10 anos, mas o tráfego aéreo aumentou em 68% desde 2008. “Ou seja, numericamente, temos menos controladores.”
O brigadeiro comenta que o acidente com a Gol foi uma fatalidade e que, em tese, de lá para cá, nada significativo mudou, porque o sistema, segundo ele, sempre foi adequado à demanda. “A gente está sempre fazendo ajustes pontuais para evoluir. O importante é conhecer o que aconteceu e evitar que a falha vire um acidente.”
Wilton Sampaio, que foi piloto por mais de 50 anos, conta que notou uma evolução no sistema pós-acidente, especialmente depois das recomendações que surgiram após o relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). “Além da tecnologia, os pilotos e os controladores passaram a ter mais atenção. O erro ensinou a todos.” O coronel-aviador Roberto Fernandes Alves, vice-chefe do Cenipa, acredita que muito se evoluiu, especialmente em termos de investigação. “A gente aprende muito com essas tragédias. Infelizmente, é um aprendizado com dor, mas ele faz a lição fixar melhor na prevenção”, acrescenta.
Aprendizado
Além de mudanças pontuais no sistema de tráfego aéreo, parentes das vítimas esperam que os órgãos governamentais tenham entendido que é necessário atender bem as pessoas nesses momentos. A psicóloga Neusa Machado, que perdeu o marido, Valdomiro Machado, no acidente, conta que um dos principais problemas foi a atenção das autoridades. “A gente vivia implorando para que nos recebessem e só nos recebiam quando eram pressionados. O que mais nos fez sofrer foi realmente o descaso das autoridades em nos dar apoio. Fora o Cenipa e o Ministério Público, que nos ajudaram muito, o resto, ninguém. Direitos humanos, ninguém.”
Além de mudanças pontuais no sistema de tráfego aéreo, parentes das vítimas esperam que os órgãos governamentais tenham entendido que é necessário atender bem as pessoas nesses momentos. A psicóloga Neusa Machado, que perdeu o marido, Valdomiro Machado, no acidente, conta que um dos principais problemas foi a atenção das autoridades. “A gente vivia implorando para que nos recebessem e só nos recebiam quando eram pressionados. O que mais nos fez sofrer foi realmente o descaso das autoridades em nos dar apoio. Fora o Cenipa e o Ministério Público, que nos ajudaram muito, o resto, ninguém. Direitos humanos, ninguém.”
Tia de Átila Assad, também morto no acidente, Salma Assad acredita que a sociedade ficou mais atenta aos seus direitos depois da tragédia. “Virou um marco na vida de todos nós. Como cidadãos, temos que levantar a cabeça, engolir seco, buscar saber com quem falar e exigir. Se as autoridades estão ali para isso, têm que descer do pedestal. Não é ficar dentro de uma sala olhando papéis, não”, comenta.
Procurada, a Gol preferiu não comentar o assunto e enviou uma nota, em que presta solidariedade aos familiares das vítimas. “Nesses 10 anos, carregamos o nosso pesar e solidariedade aos familiares e amigos das vítimas do acidente com o voo 1907 em 29 de setembro de 2006. Essa data será para sempre lembrada por nós com profunda tristeza.”
“A gente vivia implorando para que nos recebessem e só nos recebiam quando eram pressionados. O que mais nos fez sofrer foi realmente o descaso das autoridades em nos dar apoio. Fora o Cenipa e o Ministério Público, que nos ajudaram muito, o resto, ninguém. Direitos humanos, ninguém”
Neusa Machado, parente de vítima
Neusa Machado, parente de vítima
Memorial abandonado
É ali, embaixo das árvores do Jardim Botânico de Brasília (JBB), sentindo o vento no rosto, que Adriano Machado, 38 anos, gosta de se lembrar do pai, Valdomiro Machado, morto há 10 anos, no acidente do Boeing da Gol. O Memorial Ecológico em Homenagem às Vítimas do Voo 1907 foi inaugurado oito meses após a tragédia, por uma iniciativa do Ministério Público do Distrito Federal. “Aqui é um lugar que representa paz, não um lugar de morte como o cemitério”, comenta Adriano.
O fotógrafo cuida pessoalmente do ipê que homenageia o pai, regando e limpando a área. Entretanto, as outras 153 árvores plantadas para lembrar cada uma das vítimas do acidente estão em estado de abandono. Muitas morreram.
O desembargador do Tribunal de Justiça do DF Diaulas Ribeiro, à época promotor e responsável pela catalogação e devolução dos pertences das vítimas às famílias, conta que a ideia do memorial surgiu quando a operação chegou ao fim para que se fechasse um ciclo muito doloroso. “Eu queria era ressuscitar os 154 passageiros, mas, como não tenho esse poder, quis que cada um renascesse naqueles ipês.” As famílias atribuem a responsabilidade da manutenção à administração do Jardim Botânico.
Parceria
O diretor executivo do Jardim Botânico, Jeanitto Sebastião Gentilini, conta que eles atenderam o pedido do MPDFT com a intenção de amenizar o sofrimento dos familiares, mas que a manutenção do local não é de responsabilidade do JBB. “Nossa intenção foi que as pessoas fossem lembradas por meio do contato com a beleza da natureza. Nunca foi de transformar esse espaço em um pequeno cemitério com flores, fotos e outros elementos que normalmente se colocam em túmulos. O Jardim Botânico não tem essa função.” (NL)
O diretor executivo do Jardim Botânico, Jeanitto Sebastião Gentilini, conta que eles atenderam o pedido do MPDFT com a intenção de amenizar o sofrimento dos familiares, mas que a manutenção do local não é de responsabilidade do JBB. “Nossa intenção foi que as pessoas fossem lembradas por meio do contato com a beleza da natureza. Nunca foi de transformar esse espaço em um pequeno cemitério com flores, fotos e outros elementos que normalmente se colocam em túmulos. O Jardim Botânico não tem essa função.” (NL)
PORTAL D24 (AM)
Dez anos depois da tragédia do voo 1907 da Gol, irmã de militar lança livro
Após o acidente, o brigadeiro Jorge Kersul, disse, que a operação de resgate dos corpos das vítimas do voo 1907, da Gol, durou 40 dias
Em 2006, o brigadeiro da Aeronáutica foi escalado para comandar uma operação de resgate de sobreviventes de um acidente aéreo no meio da Amazônia. A gravidade da queda do voo 1907 da Gol, no entanto, logo deixou claro que aquela não seria uma busca por sobreviventes, mas por corpos das vítimas. Todos os 154 passageiros e tripulantes a bordo do Boeing 737 morreram.
Nesta semana, quando a tragédia completa dez anos, as memórias de Jorge Kersul Filho serão lançadas na forma de um livro, escrito por sua irmã, Maria Tereza Kersul. A obra tem como título o lema militar: ‘Ninguém ficou para trás’. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Em depoimento ao Ministério da Defesa, em Brasília, após o acidente, o brigadeiro Jorge Kersul, disse, que a operação de resgate dos corpos das vítimas do voo 1907, da Gol, durou 40 dias. “O último (corpo) foi o Marcelo Paixão, que estava na poltrona 17-Charlie, ou 17-C. Esse número eu não esqueço. Todo dia eu olhava para o mapa de assentos do avião e sabia que ainda faltava encontrar o Marcelo. É como um lema militar, ‘ninguém fica para trás’. E não ficou”.
Em 29 de setembro de 2006, a aeronave da Gol partiu do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, com destino ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e previsão de uma escala no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília. Enquanto sobrevoava o estado de Mato Grosso, colidiu no ar com um Embraer Legacy 600, em que estavam sete ocupantes. O Legacy, apesar de ter sofrido danos, pousou em segurança.
CORREIO POPULAR - SP
Uma década de dor, luto e injustiça do voo 1907
Gustavo Abdel
As famílias dos 154 mortos no acidente com um Boeing 737 no voo 1907 da Gol Linhas Aéreas ainda choram a perda de seus entes queridos, às vésperas do “aniversário” de dez anos da tragédia, ocorrida no dia 29 de setembro de 2006. O voo tinha saído de Manaus e faria uma escala em Brasília. No ar, teve uma de suas asas atingida por um Embraer Legacy, que ia para os EUA. O Boeing perdeu sustentação sem a asa e despencou de uma altura de 11 mil metros. Não houve sobreviventes.
As famílias dos 154 mortos no acidente com um Boeing 737 no voo 1907 da Gol Linhas Aéreas ainda choram a perda de seus entes queridos, às vésperas do “aniversário” de dez anos da tragédia, ocorrida no dia 29 de setembro de 2006. O voo tinha saído de Manaus e faria uma escala em Brasília. No ar, teve uma de suas asas atingida por um Embraer Legacy, que ia para os EUA. O Boeing perdeu sustentação sem a asa e despencou de uma altura de 11 mil metros. Não houve sobreviventes.
Foram dias até encontrar todas as vítimas, enquanto familiares viviam momentos de desespero à espera de notícias, de dentro de um hotel em Brasília. “Era um hotel com muita gente transtornada, em busca de alguma notícia”, lembra Juliana Siqueira, diretora da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907, em São Paulo, e irmã do empresário Plínio Siqueira, 38 anos, vítima do acidente e morador de Valinhos.
Desde então, Juliana e dezenas de outros parentes encamparam uma luta por Justiça, e em parte, comemoraram a condenação dos pilotos norte-americanos do Legacy Joseph Lepore e Jean Paul Paladino a três anos e um mês de prisão em regime aberto. “Temos informações de que eles estavam trabalhando normalmente antes da condenação.” No entanto, Juliana não considera que a pena será efetivamente cumprida. “Eles foram assassinos.”
De acordo com as investigações, os pilotos norte-americanos desligaram o transponder — aparelho de uso obrigatório que informa a posição exata das aeronaves aos controladores de voo. O relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluiu que o acidente foi causado por erros cometidos pelos controladores de tráfego aéreo e pelos pilotos do Legacy, enquanto que o National Transportation Safety Board (NTSB) acusa apenas os controladores e o sistema de radares. A aeronave da Gol sumiu dos radares pouco depois das 16h40 daquele 29 de setembro. Ela fazia o trajeto entre Manaus (AM) e Brasília (DF). Os destroços do avião foram encontrados no dia seguinte em uma área densa de floresta amazônica.
Desde aquela data, Juliana e demais membros da associação fizeram uma cruzada atrás de informações sobre o acidente e também de prestação de ajuda a familiares, inclusive aos que tiveram parentes vitimados nos acidentes da TAM 3054, um ano depois, e que matou 199 pessoas ao colidir com um prédio da própria companhia, em São Paulo.
Aos 51 anos, Juliana precisou se aposentar por invalidez após um problema ósseo. “Faço terapia desde 2011. Não tive luto durante minha luta, e toda a carga emocional recaiu sobre meu físico. Fiquei sem movimentos e fui para a cadeira de rodas. Estou me recuperando”, relata. A associação tem em sua direção mais duas integrantes, uma em Porto Alegre e outra no Rio de Janeiro. “Sempre precisamos reforçar a força das famílias, queremos que todos sempre estejam unidos. Que não morra essa luta”, enfatizou Juliana.
Aos 51 anos, Juliana precisou se aposentar por invalidez após um problema ósseo. “Faço terapia desde 2011. Não tive luto durante minha luta, e toda a carga emocional recaiu sobre meu físico. Fiquei sem movimentos e fui para a cadeira de rodas. Estou me recuperando”, relata. A associação tem em sua direção mais duas integrantes, uma em Porto Alegre e outra no Rio de Janeiro. “Sempre precisamos reforçar a força das famílias, queremos que todos sempre estejam unidos. Que não morra essa luta”, enfatizou Juliana.
Entre as vítimas estava Marilene Leão Alves Bovi, engenheira agrônoma do Instituto Agronômico de Campinas. Marilene tinha 58 anos, estava em Manaus para participar de uma banca acadêmica, mas residia em Campinas. Também estava no voo Michel Guimarães Rondini, de 25 anos, programador de informática de Hortolândia.
Em Campinas e em outros locais onde viviam as vítimas ocorreram missas e cultos ecumênicos. As datas e locais estavam sendo definidos pelos representantes da associação.
Em Campinas e em outros locais onde viviam as vítimas ocorreram missas e cultos ecumênicos. As datas e locais estavam sendo definidos pelos representantes da associação.
Aniversário
No próximo dia 29, Aparecida Arcanjo Pereira Cabrerizo fará 83 anos. Nessa mesma data, há dez anos, seu filho Gustavo Cabrerizo, então com 42 anos, ligou para ela, entrando no avião, dizendo que traria uma lembrança para seu aniversário, quando retornasse de Manaus e fosse visitar a mãe em Campinas. No entanto, desligou o telefone e, cerca de meia hora depois, Aparecida viu pela televisão a informação sobre a queda do Boeing na mata.
“Ele disse que estava com medo de perder aquele voo. Repetiu algumas vezes sobre o medo e depois disse que estava entrando no avião comendo um lanche, porque ele estava atrasado. Me deu os parabéns e disse que traria uma lembrança que eu ia gostar”, recordou Aparecida. Gustavo era piloto de helicóptero, e prestava serviço para a Petrobras. Desde pequeno queria ser aviador. Deixou um casal de filhos, na época com 7 e 5 anos, e foi sepultado em São José dos Campos, onde morava com a família.
“Recebemos 50% do seguro e aceitamos”, disse Aparecida, ao lembrar do acordo com a empresa aérea. Sua nora, no entanto, pleiteia até hoje o valor integral na Justiça, segundo Aparecida. Sobre a condenação dos pilotos norte-americanos, Aparecida considera três anos muito pouco, “mas nem que fiquem 30 (anos) meu filho e os outros parentes não voltam mais”, finaliza.
Pilotos do Boeing conversavam no momento da colisão
As duas aeronaves mantinham a mesma altitude (37.000 pés), e voavam em sentidos opostos, em pleno espaço aéreo controlado pelo Centro de Controle de Área de Brasília, sediado no Cindacta-I (Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo).
“Ele disse que estava com medo de perder aquele voo. Repetiu algumas vezes sobre o medo e depois disse que estava entrando no avião comendo um lanche, porque ele estava atrasado. Me deu os parabéns e disse que traria uma lembrança que eu ia gostar”, recordou Aparecida. Gustavo era piloto de helicóptero, e prestava serviço para a Petrobras. Desde pequeno queria ser aviador. Deixou um casal de filhos, na época com 7 e 5 anos, e foi sepultado em São José dos Campos, onde morava com a família.
“Recebemos 50% do seguro e aceitamos”, disse Aparecida, ao lembrar do acordo com a empresa aérea. Sua nora, no entanto, pleiteia até hoje o valor integral na Justiça, segundo Aparecida. Sobre a condenação dos pilotos norte-americanos, Aparecida considera três anos muito pouco, “mas nem que fiquem 30 (anos) meu filho e os outros parentes não voltam mais”, finaliza.
Pilotos do Boeing conversavam no momento da colisão
As duas aeronaves mantinham a mesma altitude (37.000 pés), e voavam em sentidos opostos, em pleno espaço aéreo controlado pelo Centro de Controle de Área de Brasília, sediado no Cindacta-I (Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo).
Após a colisão, o Boeing se despedaçou no ar e caiu em uma região de árvores densas. As gravações das caixas pretas mostram que o piloto e o co-piloto da aeronave conversavam sobre viagens e viam um álbum de fotos quando foram atingidos pelo Legacy. Os dois se assustaram e tentaram manter a aeronave no ar, sem sucesso.
O Legacy foi obtido pela empresa norte-americana ExcelAir junto à Embraer, e os pilotos Joseph Lepore e Jean Paul Paladino foram encarregados de levar a aeronave de São José dos Campos até Fort Lauderdale. Pelo acidente, eles foram condenados em 2011 pela Justiça Federal em Sinop (MT) a quatro anos e quatro meses de prisão pelo crime de atentado contra a segurança do transporte aéreo, no regime semiaberto.
O Legacy foi obtido pela empresa norte-americana ExcelAir junto à Embraer, e os pilotos Joseph Lepore e Jean Paul Paladino foram encarregados de levar a aeronave de São José dos Campos até Fort Lauderdale. Pelo acidente, eles foram condenados em 2011 pela Justiça Federal em Sinop (MT) a quatro anos e quatro meses de prisão pelo crime de atentado contra a segurança do transporte aéreo, no regime semiaberto.
Em 2012, o Tribunal Regional Federal da 1º Região (TRF-1) reduziu a punição para três anos, um mês e dez dias, no regime aberto. Mas rejeitou pedido da defesa para converter a pena em restrição de direitos. Em dezembro de 2013, a ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), reduziu ainda mais a pena, dessa vez para dois anos e quatro meses de detenção. No entanto, depois a decisão individual da ministra, que era relatora do caso, foi suspensa. Então, a magistrada decidiu manter a pena fixada pelo TRF-1.
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