Embrapa e Sindag definem continuidade de pesquisa nacional sobre pulverização aérea
Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) e representantes do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação
Agrícola (Sindag) se encontraram no dia 10, em Porto Alegre,
para preparar os próximos passos da maior pesquisa sobre tecnologias
pulverização aérea já feita no Brasil.
Com o nome de Desenvolvimento
da Aplicação Aérea de Agrotóxicos como Estratégia de Controle de Pragas
Agrícolas de Interesse Nacional, o projeto faz parte de um acordo de
cooperação firmado em 2008 entre as duas entidades. Os primeiros ensaios de
campo ocorreram entre novembro de 2013 e o início deste ano, em lavouras de
arroz em Camaquã/RS e de cana-de-açúcar em Conceição das Alagoas, Minas Gerais.
O trabalho deve abranger também experimentos na cultura da soja e se desenrolar
até 2017, com vários estudos em plantações do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do
País. O objetivo é desenvolver técnicas e equipamentos para melhorar ainda mais
a eficiência e a segurança ambiental do avião no combate a pragas de lavouras
consideras estratégicas para o Brasil.
NOVOS EQUIPAMENTOS E PROCEDIMENTOS
No rol de tecnologias desenvolvidas para o projeto
Embrapa/Sindag estão, por exemplo, sensores eletrônicos pra detecção de deriva
(quando a nuvem do produto se desloca) tanto nos limites da lavoura como dentro
das faixas de aplicação (para evitar sobreposição ou espaços “em
branco”). Equipamentos que, segundo o coordenador geral do projeto, Paulo
Estevão Cruvinel (Embrapa), já estão quase prontos para serem usados em campo.
As próximas etapas deverão contar também com o uso de drones acompanhando os
trabalhos de pulverização. Os aparelhos vinham até então sendo desenvolvidos em
parceria com universidades e empresas de tecnologia.
As aeronaves de controle remoto funcionarão como uma espécie de
sensor móvel, detectando a eficiência da faixa de aplicação em grandes áreas
(onde é complicado colocar uma rede de sensores em terra). Os drones poderão
inclusive fotografar as gotas dos defensivos ainda no ar, para avaliar seu
comportamento. A ideia é que eles sirvam também de plataforma de testes para
equipamentos que mais tarde poderão ser acoplados aos aviões.
CORREÇÕES EM TEMPO REAL
Os estudos estão se baseando também na biologia das pragas. Isso
inclui a avaliação da deposição nas partes alta, média e baixa das plantas e
ainda os cuidados necessários para que as operações não prejudiquem outros
insetos, como, por exemplo, as abelhas. “Estamos avaliando também os
tipos de barras e pulverizadores já existentes no mercado, para calcular os
melhores ajustes”, explica Cruvinel.
Conforme o pesquisador, a equipe poderá ainda manter contato com
fabricantes, para sugerir melhorias. No final, além de um compêndio para o
melhor uso dos equipamentos que já existem, a aviação agrícola deverá contar
com novos sensores e equipamentos com leituras em tempo real das aplicações,
possibilitando ajustes do equipamento e trajetória durante o voo.
DERIVA E PRECISÃO
A deriva é um fenômeno que pode ocorrer tanto em aplicações
aéreas quando nas terrestres (por tratores). Nos aviões, seu controle é feito
pelo cálculo do tamanho das gotas (mais leves ou mais pesadas) e observando
fatores como velocidade do vento, temperatura e umidade relativa do ar. A
vantagem do avião é que ele consegue realizar toda a aplicação antes que haja
mudanças severas nas condições do tempo. E ainda assim as condições climáticas
são avaliadas o tempo todo pela equipe de terra, que conta com um técnico
agrícola com curso específico para operações aeroagrícolas. O avião também
evita a deriva voando extremamente baixo (a cerca de 3 metros do chão) e conta
com um sistema DGPS (um GPS diferencial, bem mais preciso do que os usados, por
exemplo, em automóveis). O aparelho indica com precisão cada faixa de aplicação
a ser percorrida pela aeronave.
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