NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 15/01/2014
Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.
Ciclistas fotografam supostos discos voadores no interior da Bahia
Objeto foi flagrado no céu do município de Senhor do Bonfim em maio de 2013
Aparições de extraterrestres, discos voadores, Ovnis (Objetos Voadores Não Identificados) sempre mexeram com o imaginário popular e despertaram interesse de leigos e especialistas. A discussão voltou à tona recentemente, após a Força Aérea Brasileira divulgar documentos oficiais com registros de aparições de naves e até de seres de outros planetas por todo Brasil.
O dossiê, com cerca de 4.500 páginas, tem fotos, documentos e relatos sobre essas aparições e contatos com extraterrestres, que teriam ocorrido entre os anos de 1952 e 2010. Todos esses documentos estão agora à disposição do público no Arquivo Nacional de Brasília.
O Mais Você buscou novos depoimentos a respeito do tema na cidade de Senhor do Bonfim, na Bahia. Lá, dois ciclistas afirmam ter fotografado um disco voador durante um passeio pela Serra do Gado Bravo, em maio de 2013. “Eu olhei para trás e escutei o barulho. Peguei a máquina correndo”, contou Raimundo Natação. Seu companheiro de pedalada também confirma a visão. “Vi um objeto prateado muito bonito e fiquei assustado”, disse Igor Geovane.
O ufólogo Jorge Leme não tem dúvida da veracidade das imagens: "É um Ovni. Todo o lugar onde tem minério sempre aparecem objetos não identificados", declarou.
OS SEGREDOS DAS ILHAS DE EXCELÊNCIA
Como funcionam – e como podem se expandir – três polos excepcionais de formação de talentos no Brasil
O MESMÍSSIMO PAÍS DAS MAZELAS DO SISTEMA DE ENSINO TEM TRÊS ÓTIMOS EXEMPLOS DE CULTIVO E APRIMORAMENTO DE TALENTOS: AS ESCOLAS DE ENGENHARIA ITA (INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA) E IME (INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA) E A ESCOLA DE MATEMÁTICA IMPA (INSTITUTO DE MATEMÁTICA PURA E APLICADA). É POUCO, MUITO POUCO, PARA UM PAÍS DE 200 MILHÕES DE HABITANTES.
ENTENDER COMO ELAS FUNCIONAM É UM PASSO ESSENCIAL PARA DISSEMINAR O PROCESSO DE SELEÇÃO E FORMAÇÃO DE TALENTOS.
AS RECEITAS SÃO MÚLTIPLAS, ÀS VEZES, CONTRADITÓRIAS: O IME APOSTA NA DISCIPLINA, O IMPA NO MENOSPREZO À BUROCRACIA.
MAS, EM GERAL, AS LIÇÕES SÃO CRISTALINAS. LISTEMOS ALGUMAS:
A) Talento gera talento. Por isso o Impa está sempre em busca dos melhores professores, e seu campo de prospecção é o mundo inteiro.
B) Os padrões internacionais. No Impa, os trabalhos seguem parâmetros globais, inclusive com ajuda de especialistas estrangeiros. No ITA, o modelo seguido foi do centro de excelência americano MIT.
C) Não basta selecionar talentos, é preciso incentivar sua formação. Assim se explica a disseminação de olimpíadas de matemática pelo país, com efeito de estimular a garotada a resolver problemas de raciocínio.
D) No IME, os alunos são incentivados a fazer intercâmbio no quarto ano – nem tão jovens que não sejam maduros para aproveitar, nem tão perto da formatura que não tenham tempo de passar a experiência aos colegas.
E) O saber tem missão de transformar. Por isso o novo projeto do ITA é, mais do que gerar técnicos excelentes, formar empreendedores com vontade de mudar o mundo.
Carlos Matheus Silva Santos desembarcou menino no Rio de Janeiro, mas já desanimado. Completara 14 anos quando deixou para trás a cidade natal, Aracaju (SE), e as longas e enfadonhas aulas em uma escola de ensino fundamental. Na capital carioca, porém, a sua vida mudou. Diante de um grupo de especialistas, animou-se tanto que se pôs a tagarelar. “Ele falava pelos cotovelos”, diz Jacob Palis, um dos mais brilhantes matemáticos do Brasil. “Enunciou alguns teoremas, mas, claramente, não tinha a menor ideia sobre o que estava falando.” Ainda assim, Palis apostou no garoto. “Ele expunha as ideias de forma coerente e vi naquela atitude um claro sintoma de inteligência.”
Pois a aposta rendeu. Muito. Carlos Matheus, também conhecido como o “Menino”, mergulhou nos números e, aos 19 anos, havia concluído o doutorado num campo espinhoso da matemática (existe algum que não seja?): os sistemas dinâmicos, com aplicações que vão desde a previsão do tempo até a análise de cotações de ações. “Ele se tornou Ph.D. sem nunca ter ido à universidade”, afirma Palis, orgulhoso. “Aliás, sem nem sequer ter concluído o ensino médio.”
É sério. Tal façanha só foi possível por conta de um motivo, que pode ser resumido a quatro letrinhas: Impa. Elas formam a sigla de Instituto de Matemática Pura e Aplicada, para onde Matheus foi levado ao desembarcar no Rio. Visto do alto, em um voo panorâmico sobre a capital carioca, o Impa não passa de um pontinho de concreto, cercado pelo verde denso da Floresta da Tijuca, pouco abaixo do calcanhar do Cristo Redentor.
De perto, é um pujante centro de pesquisas em matemática, voltado para cursos de pós-graduação. Nas áreas em que atua, encara sem timidez a produção (em quantidade e qualidade) das mais renomadas universidades do planeta, em uma lista que inclui nomões como Princeton e Harvard. Faz isso porque, ali, termos como barreiras burocráticas, chatices formais e lenga-lengas similares perdem sentido diante de uma palavra mais poderosa: talento.
É isso o que demonstra o caso do “Menino”. Para fazer valer o Ph.D. de Matheus, os integrantes das instituições se desdobraram pelos labirintos do Planalto. Bateram em várias portas do Ministério da educação até covencer o establishment de que era preciso reconhecer, formalmente, o feito do garoto. “Houve resistências, mas foram superadas”, afirma Palis. “Fala-se tanto em burocracia no país, mas foi o Brasil quem aprovou essa medida e tudo foi feito dentro da lei. Essa foi uma vitória das nossas instituições. Mostra que é possível cortar caminhos.”
EXCEÇÕES QUE VIRAM REGRA
Dito assim, parece que o caso do gênio sergipano é uma exceção. Não é. No Impa, inúmeros jovens, muitos entre os mais talentosos de suas gerações, tornaram-se doutores dando saltos sobre os ciclos convencionais da educação. Dois deles, Fernando Codá e Arthur Ávila, terminaram o doutorado pouco depois dos 20 anos. Hoje, ambos estão entre as estrelas nacionais das ciências duras. Este ano, são cotados para receber a Medalha Fields, uma espécie de Nobel da matemática.
Quer saber como isso tudo é possível? No Impa, não se busca nada menos que a excelência. A escolha dos professores segue essa máxima, Eles são selecionados entre a nata do setor. Mesmo porque servem como chamariz, verdadeiros neons, para atrair jovens brilhantes. “Quando alguém com talento admira e confia no seu orientador, ele se joga para desenvolver o seu potencial”, afirma Palis, que já orientou 41 teses de doutorado. “Isso aconteceu comigo e vi o mesmo ocorrer com dezenas de jovens.” Note-se: Steve Jobs, o eterno guia da Apple, adotava a lógica similar. Ele dizia: “Os bons gostam de trabalhar com os bons”.
O Impa, por isso mesmo, não percebe fronteiras ao convocar seus mestres. Ele tem 50 professores-pesquisadores, sendo 16 deles (ou um terço) estrangeiros. A miscelânea de passaportes é razoável. São cinco argentinos, três russos, um alemão, um americano, um espanhol, um iraquiano, um iugoslavo (nasceu na antiga Iugoslávia) e um venezuelano.
A mesma lógica multicultural aplica-se à seleção dos estudantes. Entre os alunos de mestrado (50 no total) e doutorado (92), metade é formada por estrangeiros. Nos cursos de pós-doutorado (60), essa participação sobe para sete em cada dez. “A nossa política é atrair os melhores cérebros e não importa onde estejam”, diz César Camacho, diretor da instituição, nascido no Peru. “Aliás, queremos nos expor ao mundo. As avaliações dos nossos trabalhos também seguem parâmetros internacionais. Muitas vezes, contamos com especialistas de outros países para nos ajudar a refletir sobre os nossos rumos.”
Essas contratações, contudo, só são viáveis porque o Impa soube desfazer um nó monumental. Desde 2001, a instituição se transformou, juridicamente, em uma organização social, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ou seja, ela não é uma universidade convencional, algemada a concursos públicos para contratar professores, que acontecem em uma data peculiar do calendário: o sabe-se-lá-quando. (Não por acaso, pesquisas divulgadas nos últimos dois meses mostram que o Brasil claudica no ranking de escolas de ensino superior. O país não tem mais universidades entre as 200 melhores do mundo e nem sequer entre as dez mais relevantes dos países emergentes.) O Impa pode selecionar os pesquisadores que quiser, no momento que desejar, desde que tenha recurso para tanto.
Esse tipo de liberdade, ou flexibilidade de gestão, é uma baita vantagem competitiva. “Aproveitamos as janelas de oportunidade para atrair os melhores profissionais disponíveis no mercado”, diz Camacho. “Assim, se há uma crise na Europa e os matemáticos estão dispostos a vir para o Brasil, nós os chamamos.” O formato de organização social permite ainda a concessão de aumentos pontuais. “É perfeitamente concebível que um cientista ganhe mais após receber um prêmio internacional”, afirma Claudio Landim, pesquisador do Impa. “Trata-se de um reconhecimento do mérito. E nós fazemos isso”.
O Impa também soube inovar na busca por talentos. Em 2005, a entidade começou a jogar uma rede ampla e ambiciosa em busca de mentes brilhantes. Criou um arrastão de talentos: a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Diferentemente das competições convencionais, ela não testa o conhecimento formal da garotada. Avalia, sim, a capacidade de raciocínio. Isso a torna muito mais democrática. Além do mais, é aplicada em escolas públicas de todo o país. A olimpíada virou uma febre em muitos municípios do interior do Brasil, o que inclui grotões surpreendentes. A última edição da OBMEP, em 2013, reuniu quase 20 milhões de participantes.
Feras como Tábata Amaral de Pontes, de 19 anos, foram reveladas nessa competição. Nascida na periferia paulistana, seu pai era cobrador de ônibus e a mãe vendedora de flores. Aos 12 anos, ganhou uma medalha na OBMEP, em 2005. Depois vieram outras 30, em concursos dos mais variados. O estímulo foi tanto que a garota mergulhou nos livros e conseguiu bolsas em bons colégios. Em 2012, Tábata foi aceita em seis universidades “boazinhas”: Harvard, onde cursa ciências políticas e astrofísica, além de Princeton, Columbia, Yale, Pensilvânia e o Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia). “O mérito da OBMEP não consiste apenas em revelar pessoas que gostam de matemática”, diz César Camacho, o diretor do Impa. “Ela desperta nos estudantes o interesse pelas ciências exatas e isso é importante para o país. Esse é o seu principal impacto.
“Para atrair e fomentar talentos, o Impa também se desdobra em outro campo: a arrecadação de fundos. Conta com verbas federais e, não raro, com donativos de empresários como os irmãos Pedro e João Moreira Salles, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o matemático americano James Simons, um dos maiores investidores do mundo. Agora, prepara um programa de endowment, similar ao das universidades americanas. “O Brasil não nos permite trabalhar com estabilidade no nível que desejamos”, afirma Camacho. “Com o endowment, teremos um fundo patrimonial, do qual utilizaremos a renda das aplicações.”
NO ITA, RECEITA SIMILAR
É grande a intersecção de méritos entre o Impa e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos. A instituição paulista tem o vestibular de engenharia mais concorrido do país. Ali, a excelência também dá o tom entre professores e alunos. Dois terços dos jovens que ingressam na faculdade ganharam medalhas em olimpíadas de matemática, física, química e computação. Nesse grupo, a média é de 2,5 medalhas per capita. Detalhe: no vestibular, não existe diferença de nota entre os medalhistas e o restante dos aprovados. Na prática, são todos do mesmo nível. Um nível excepcional. “É difícil uma escola estragar alunos desse tipo”, diz o reitor Carlos Américo Pacheco. Não por acaso, quem sai do ITA é disputado a tapa no mercado.
O ITA tem uma história incomum. Ela explica a sua notoriedade. Foi fundado em 1950, pelo marechal do ar Casimiro Montenegro Filho, um visionário, daqueles que usam binóculos com “B” maiúsculo. Entre 1943 e 1944, então tenente-coronel da Força Aérea Brasileira (FAB), ele passou pelos Estados Unidos, onde conheceu o Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Retornou ao Brasil com o objetivo de fincar a base da indústria aeronáutica local. Mas não trouxe na bagagem organogramas, croquis e teorias de gestão, copiadas da universidade americana. Trouxe Richard Harbert Smith, professor de engenharia aeronáutica do MIT, com passagens por instituições como a Johns Hopkins, em Maryland (EUA), e o Caltech. Smith foi empossado corno o primeiro reitor do ITA. (É verdade. Isso aconteceu no Brasil.)
Em 1945, Smith realizou uma conferência na qual apresentou os pilares do então incipiente ITA. O discurso, intitulado Brasil, Futura Potência Aérea, deveria ser peça de leitura obrigatória nas escolas brasileiras, em qualquer curso no qual o tema inovação seja minusculamente relevante. “Smith vislumbrou, nos anos 40, a necessidade de formação de um cluster da indústria aeronáutica, muito antes desse termo surgir na literatura econômica”, diz Pacheco. “Nele, a escola aparecia como o primeiro passo de um processo.” As ideias de Smith, observe-se, foram lançadas quando o Brasil nem sonhava em ter uma indústria automobilística. A siderurgia engatinhava por aqui. O mais impressionante: o plano deu certo. Hoje, o parque aeronáutico brasileiro está entre os três maiores do mundo.
Agora, porém, o ITA quer se reinventar. “A escola envelheceu, perdeu o tônus”, diz Pacheco. “Precisamos tanto de inovações pedagógicas como de um banho de loja em nossos laboratórios.” O diagnóstico também aponta que os alunos da faculdade mudaram. Dificilmente prestariam atenção em aulas com três horas de verborragia. Outro ponto: é inegável que o instituto forma técnicos brilhantes. Mas, agora, quer ir além. “Não vamos copiar o MIT”, afirma o reitor. “Mas queremos que os, nossos alunos assimilem a forma de pensar dos estudantes daquela instituição. Lá, ninguém quer melhorar as coisas um pouquinho. Eles querem mudar o mundo. É disso que precisamos.”
As alterações no ITA têm três frentes imediatas de ação. O contingente é uma delas. Hoje, a escola tem 600 alunos de graduação. Forma 170 engenheiros ao ano. Eram 120 até o ano passado. O plano é chegar a 240 em 2016. O total de estudantes de mestrado e doutorado também crescerá de 1,2 mil para 1,8 mil. Os 150 professores serão 300, sendo que 60 deles devem ser contratados em 2014.
Há metas mais ambiciosas. O ITA está criando um centro de inovação, que funcionará acoplado a um parque tecnológico, cujo foco será a manufatura avançada em áreas como a robótica. Partes do projeto começam a ser implantadas este ano. Outro objetivo é atrair empresas para o campus. “Hoje, elas vêm brigar pelos jovens que estão se formando”, diz Pacheco. “Queremos que elas cheguem mais cedo e desenvolvam projetos por aqui. Assim, poderão encantar os nossos alunos com suas ideias e não só com propostas comerciais.”
NO IME, A APOLOGIA AO MÉRITO
Não perder o tônus também é o desafio do Instituto Militar de Engenharia (IME), instalado na Praia Vermelha, no Rio. Para isso, ali, emprega-se uma palavra mágica: mérito - e com uma forte pitada de disciplina. O vestibular, dividido em duas etapas, é disputadíssimo. Na primeira, de 5,6 mil candidatos, sobram 800. Desses, cem são aprovados, sendo que 60% (a cota varia ano a ano) seguem a carreira militar. “O vestibular é só a corrida de cem metros”, diz o tenente-coronel e pró-reitor de Pesquisa Eduardo de Sousa Lima. “Depois, vem a maratona.”
“Até o terceiro ano, todos os alunos frequentam as mesmas aulas. A partir daí, dá-se a especialização. Os melhores estudantes têm prioridade para optar por um ramo da engenharia como civil, computação, química ou mecânica. As vagas em cada carreira, no entanto, são limitadas. “Assim, quem fica para trás na classe não consegue escolher a especialidade que deseja”, afirma Victor Figueiredo, aluno do quarto ano. “O negócio, então, é estar sempre no topo.”
“O IME aposta nos intercâmbios. Em geral, os alunos são estimulados a ganhar o mundo no quarto ano - um antes da formatura. “No terceiro, eles estão imaturos para aproveitar o conteúdo das viagens”, afirma Carlos Luiz Ferreira, pró-reitor de Graduação. “No quinto, ficariam pouco tempo na faculdade e não poderiam transferir o conhecimento adquirido para seus colegas.
“Em 2013, mais da metade da turma do quarto ano foi para o exterior. Perto de 40 jovens participaram do programa Ciência Sem Fronteiras, do governo federal. Grupos menores foram para ParisTech, a renomada escola de engenharia francesa, e para West Point, a academia militar americana. Qual o critério para a definição do destino dos alunos? O mérito, claro. Os melhores escolhem primeiro. “E eles sabem disso desde o momento que ingressam no IME”, diz Ferreira. “Fazemos isso porque acreditamos na qualificação dos nossos estudantes, o que também nos permite ter um projeto pedagógico bastante ousado.”
Ousadia, aliás, é o termo que permeia as escolhas, os planos e os métodos destas três instituições: Impa, ITA e IME. É, sem dúvida, um bom combustível para quem quiser, de alguma forma, reproduzi-las pelo país.
>> César Camacho, diretor do Impa. Ele acredita que a instituição nunca esteve tão bem. “Agora precisamos crescer tanto fisicamente como na área que atuamos. O desafio é fazer isso com cuidado, sem abrir mão da qualidade”
>> Carlos Américo Pacheco, reitor do ITA. Ele comanda uma verdadeira reinvenção da escola de engenharia, no interior paulista. “Os nossos alunos devem mudar o mundo, e não somente melhorá-lo um pouquinho”
>> No IME, a cerimônia de abertura dos envelopes (ao lado) com os aprovados no vestibular lota o auditório da instituição, na Praia Vermelha, no Rio. A leitura dos nomes dos vencedores é comemorada como um gol. O evento é transmitido ao vivo para o Ceará, que reúne candidatos do Nordeste. Na formatura, ocorre o tradicional lançamento de quepes para o ar. Equipamentos e laboratórios de ponta garantem a qualidade dos cursos de graduação e pós
>> O tenente-coronel Eduardo de Sousa Lima, pró-reitor de Pesquisa do IME, onde mérito dita as regras (rígidas) mantidas pelo instituto. “A entrada no vestibular é somente a corrida de cem metros. Depois vem a maratona”
ENTENDER COMO ELAS FUNCIONAM É UM PASSO ESSENCIAL PARA DISSEMINAR O PROCESSO DE SELEÇÃO E FORMAÇÃO DE TALENTOS.
AS RECEITAS SÃO MÚLTIPLAS, ÀS VEZES, CONTRADITÓRIAS: O IME APOSTA NA DISCIPLINA, O IMPA NO MENOSPREZO À BUROCRACIA.
MAS, EM GERAL, AS LIÇÕES SÃO CRISTALINAS. LISTEMOS ALGUMAS:
A) Talento gera talento. Por isso o Impa está sempre em busca dos melhores professores, e seu campo de prospecção é o mundo inteiro.
B) Os padrões internacionais. No Impa, os trabalhos seguem parâmetros globais, inclusive com ajuda de especialistas estrangeiros. No ITA, o modelo seguido foi do centro de excelência americano MIT.
C) Não basta selecionar talentos, é preciso incentivar sua formação. Assim se explica a disseminação de olimpíadas de matemática pelo país, com efeito de estimular a garotada a resolver problemas de raciocínio.
D) No IME, os alunos são incentivados a fazer intercâmbio no quarto ano – nem tão jovens que não sejam maduros para aproveitar, nem tão perto da formatura que não tenham tempo de passar a experiência aos colegas.
E) O saber tem missão de transformar. Por isso o novo projeto do ITA é, mais do que gerar técnicos excelentes, formar empreendedores com vontade de mudar o mundo.
Carlos Matheus Silva Santos desembarcou menino no Rio de Janeiro, mas já desanimado. Completara 14 anos quando deixou para trás a cidade natal, Aracaju (SE), e as longas e enfadonhas aulas em uma escola de ensino fundamental. Na capital carioca, porém, a sua vida mudou. Diante de um grupo de especialistas, animou-se tanto que se pôs a tagarelar. “Ele falava pelos cotovelos”, diz Jacob Palis, um dos mais brilhantes matemáticos do Brasil. “Enunciou alguns teoremas, mas, claramente, não tinha a menor ideia sobre o que estava falando.” Ainda assim, Palis apostou no garoto. “Ele expunha as ideias de forma coerente e vi naquela atitude um claro sintoma de inteligência.”
Pois a aposta rendeu. Muito. Carlos Matheus, também conhecido como o “Menino”, mergulhou nos números e, aos 19 anos, havia concluído o doutorado num campo espinhoso da matemática (existe algum que não seja?): os sistemas dinâmicos, com aplicações que vão desde a previsão do tempo até a análise de cotações de ações. “Ele se tornou Ph.D. sem nunca ter ido à universidade”, afirma Palis, orgulhoso. “Aliás, sem nem sequer ter concluído o ensino médio.”
É sério. Tal façanha só foi possível por conta de um motivo, que pode ser resumido a quatro letrinhas: Impa. Elas formam a sigla de Instituto de Matemática Pura e Aplicada, para onde Matheus foi levado ao desembarcar no Rio. Visto do alto, em um voo panorâmico sobre a capital carioca, o Impa não passa de um pontinho de concreto, cercado pelo verde denso da Floresta da Tijuca, pouco abaixo do calcanhar do Cristo Redentor.
De perto, é um pujante centro de pesquisas em matemática, voltado para cursos de pós-graduação. Nas áreas em que atua, encara sem timidez a produção (em quantidade e qualidade) das mais renomadas universidades do planeta, em uma lista que inclui nomões como Princeton e Harvard. Faz isso porque, ali, termos como barreiras burocráticas, chatices formais e lenga-lengas similares perdem sentido diante de uma palavra mais poderosa: talento.
É isso o que demonstra o caso do “Menino”. Para fazer valer o Ph.D. de Matheus, os integrantes das instituições se desdobraram pelos labirintos do Planalto. Bateram em várias portas do Ministério da educação até covencer o establishment de que era preciso reconhecer, formalmente, o feito do garoto. “Houve resistências, mas foram superadas”, afirma Palis. “Fala-se tanto em burocracia no país, mas foi o Brasil quem aprovou essa medida e tudo foi feito dentro da lei. Essa foi uma vitória das nossas instituições. Mostra que é possível cortar caminhos.”
EXCEÇÕES QUE VIRAM REGRA
Dito assim, parece que o caso do gênio sergipano é uma exceção. Não é. No Impa, inúmeros jovens, muitos entre os mais talentosos de suas gerações, tornaram-se doutores dando saltos sobre os ciclos convencionais da educação. Dois deles, Fernando Codá e Arthur Ávila, terminaram o doutorado pouco depois dos 20 anos. Hoje, ambos estão entre as estrelas nacionais das ciências duras. Este ano, são cotados para receber a Medalha Fields, uma espécie de Nobel da matemática.
Quer saber como isso tudo é possível? No Impa, não se busca nada menos que a excelência. A escolha dos professores segue essa máxima, Eles são selecionados entre a nata do setor. Mesmo porque servem como chamariz, verdadeiros neons, para atrair jovens brilhantes. “Quando alguém com talento admira e confia no seu orientador, ele se joga para desenvolver o seu potencial”, afirma Palis, que já orientou 41 teses de doutorado. “Isso aconteceu comigo e vi o mesmo ocorrer com dezenas de jovens.” Note-se: Steve Jobs, o eterno guia da Apple, adotava a lógica similar. Ele dizia: “Os bons gostam de trabalhar com os bons”.
O Impa, por isso mesmo, não percebe fronteiras ao convocar seus mestres. Ele tem 50 professores-pesquisadores, sendo 16 deles (ou um terço) estrangeiros. A miscelânea de passaportes é razoável. São cinco argentinos, três russos, um alemão, um americano, um espanhol, um iraquiano, um iugoslavo (nasceu na antiga Iugoslávia) e um venezuelano.
A mesma lógica multicultural aplica-se à seleção dos estudantes. Entre os alunos de mestrado (50 no total) e doutorado (92), metade é formada por estrangeiros. Nos cursos de pós-doutorado (60), essa participação sobe para sete em cada dez. “A nossa política é atrair os melhores cérebros e não importa onde estejam”, diz César Camacho, diretor da instituição, nascido no Peru. “Aliás, queremos nos expor ao mundo. As avaliações dos nossos trabalhos também seguem parâmetros internacionais. Muitas vezes, contamos com especialistas de outros países para nos ajudar a refletir sobre os nossos rumos.”
Essas contratações, contudo, só são viáveis porque o Impa soube desfazer um nó monumental. Desde 2001, a instituição se transformou, juridicamente, em uma organização social, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ou seja, ela não é uma universidade convencional, algemada a concursos públicos para contratar professores, que acontecem em uma data peculiar do calendário: o sabe-se-lá-quando. (Não por acaso, pesquisas divulgadas nos últimos dois meses mostram que o Brasil claudica no ranking de escolas de ensino superior. O país não tem mais universidades entre as 200 melhores do mundo e nem sequer entre as dez mais relevantes dos países emergentes.) O Impa pode selecionar os pesquisadores que quiser, no momento que desejar, desde que tenha recurso para tanto.
Esse tipo de liberdade, ou flexibilidade de gestão, é uma baita vantagem competitiva. “Aproveitamos as janelas de oportunidade para atrair os melhores profissionais disponíveis no mercado”, diz Camacho. “Assim, se há uma crise na Europa e os matemáticos estão dispostos a vir para o Brasil, nós os chamamos.” O formato de organização social permite ainda a concessão de aumentos pontuais. “É perfeitamente concebível que um cientista ganhe mais após receber um prêmio internacional”, afirma Claudio Landim, pesquisador do Impa. “Trata-se de um reconhecimento do mérito. E nós fazemos isso”.
O Impa também soube inovar na busca por talentos. Em 2005, a entidade começou a jogar uma rede ampla e ambiciosa em busca de mentes brilhantes. Criou um arrastão de talentos: a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Diferentemente das competições convencionais, ela não testa o conhecimento formal da garotada. Avalia, sim, a capacidade de raciocínio. Isso a torna muito mais democrática. Além do mais, é aplicada em escolas públicas de todo o país. A olimpíada virou uma febre em muitos municípios do interior do Brasil, o que inclui grotões surpreendentes. A última edição da OBMEP, em 2013, reuniu quase 20 milhões de participantes.
Feras como Tábata Amaral de Pontes, de 19 anos, foram reveladas nessa competição. Nascida na periferia paulistana, seu pai era cobrador de ônibus e a mãe vendedora de flores. Aos 12 anos, ganhou uma medalha na OBMEP, em 2005. Depois vieram outras 30, em concursos dos mais variados. O estímulo foi tanto que a garota mergulhou nos livros e conseguiu bolsas em bons colégios. Em 2012, Tábata foi aceita em seis universidades “boazinhas”: Harvard, onde cursa ciências políticas e astrofísica, além de Princeton, Columbia, Yale, Pensilvânia e o Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia). “O mérito da OBMEP não consiste apenas em revelar pessoas que gostam de matemática”, diz César Camacho, o diretor do Impa. “Ela desperta nos estudantes o interesse pelas ciências exatas e isso é importante para o país. Esse é o seu principal impacto.
“Para atrair e fomentar talentos, o Impa também se desdobra em outro campo: a arrecadação de fundos. Conta com verbas federais e, não raro, com donativos de empresários como os irmãos Pedro e João Moreira Salles, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o matemático americano James Simons, um dos maiores investidores do mundo. Agora, prepara um programa de endowment, similar ao das universidades americanas. “O Brasil não nos permite trabalhar com estabilidade no nível que desejamos”, afirma Camacho. “Com o endowment, teremos um fundo patrimonial, do qual utilizaremos a renda das aplicações.”
NO ITA, RECEITA SIMILAR
É grande a intersecção de méritos entre o Impa e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos. A instituição paulista tem o vestibular de engenharia mais concorrido do país. Ali, a excelência também dá o tom entre professores e alunos. Dois terços dos jovens que ingressam na faculdade ganharam medalhas em olimpíadas de matemática, física, química e computação. Nesse grupo, a média é de 2,5 medalhas per capita. Detalhe: no vestibular, não existe diferença de nota entre os medalhistas e o restante dos aprovados. Na prática, são todos do mesmo nível. Um nível excepcional. “É difícil uma escola estragar alunos desse tipo”, diz o reitor Carlos Américo Pacheco. Não por acaso, quem sai do ITA é disputado a tapa no mercado.
O ITA tem uma história incomum. Ela explica a sua notoriedade. Foi fundado em 1950, pelo marechal do ar Casimiro Montenegro Filho, um visionário, daqueles que usam binóculos com “B” maiúsculo. Entre 1943 e 1944, então tenente-coronel da Força Aérea Brasileira (FAB), ele passou pelos Estados Unidos, onde conheceu o Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Retornou ao Brasil com o objetivo de fincar a base da indústria aeronáutica local. Mas não trouxe na bagagem organogramas, croquis e teorias de gestão, copiadas da universidade americana. Trouxe Richard Harbert Smith, professor de engenharia aeronáutica do MIT, com passagens por instituições como a Johns Hopkins, em Maryland (EUA), e o Caltech. Smith foi empossado corno o primeiro reitor do ITA. (É verdade. Isso aconteceu no Brasil.)
Em 1945, Smith realizou uma conferência na qual apresentou os pilares do então incipiente ITA. O discurso, intitulado Brasil, Futura Potência Aérea, deveria ser peça de leitura obrigatória nas escolas brasileiras, em qualquer curso no qual o tema inovação seja minusculamente relevante. “Smith vislumbrou, nos anos 40, a necessidade de formação de um cluster da indústria aeronáutica, muito antes desse termo surgir na literatura econômica”, diz Pacheco. “Nele, a escola aparecia como o primeiro passo de um processo.” As ideias de Smith, observe-se, foram lançadas quando o Brasil nem sonhava em ter uma indústria automobilística. A siderurgia engatinhava por aqui. O mais impressionante: o plano deu certo. Hoje, o parque aeronáutico brasileiro está entre os três maiores do mundo.
Agora, porém, o ITA quer se reinventar. “A escola envelheceu, perdeu o tônus”, diz Pacheco. “Precisamos tanto de inovações pedagógicas como de um banho de loja em nossos laboratórios.” O diagnóstico também aponta que os alunos da faculdade mudaram. Dificilmente prestariam atenção em aulas com três horas de verborragia. Outro ponto: é inegável que o instituto forma técnicos brilhantes. Mas, agora, quer ir além. “Não vamos copiar o MIT”, afirma o reitor. “Mas queremos que os, nossos alunos assimilem a forma de pensar dos estudantes daquela instituição. Lá, ninguém quer melhorar as coisas um pouquinho. Eles querem mudar o mundo. É disso que precisamos.”
As alterações no ITA têm três frentes imediatas de ação. O contingente é uma delas. Hoje, a escola tem 600 alunos de graduação. Forma 170 engenheiros ao ano. Eram 120 até o ano passado. O plano é chegar a 240 em 2016. O total de estudantes de mestrado e doutorado também crescerá de 1,2 mil para 1,8 mil. Os 150 professores serão 300, sendo que 60 deles devem ser contratados em 2014.
Há metas mais ambiciosas. O ITA está criando um centro de inovação, que funcionará acoplado a um parque tecnológico, cujo foco será a manufatura avançada em áreas como a robótica. Partes do projeto começam a ser implantadas este ano. Outro objetivo é atrair empresas para o campus. “Hoje, elas vêm brigar pelos jovens que estão se formando”, diz Pacheco. “Queremos que elas cheguem mais cedo e desenvolvam projetos por aqui. Assim, poderão encantar os nossos alunos com suas ideias e não só com propostas comerciais.”
NO IME, A APOLOGIA AO MÉRITO
Não perder o tônus também é o desafio do Instituto Militar de Engenharia (IME), instalado na Praia Vermelha, no Rio. Para isso, ali, emprega-se uma palavra mágica: mérito - e com uma forte pitada de disciplina. O vestibular, dividido em duas etapas, é disputadíssimo. Na primeira, de 5,6 mil candidatos, sobram 800. Desses, cem são aprovados, sendo que 60% (a cota varia ano a ano) seguem a carreira militar. “O vestibular é só a corrida de cem metros”, diz o tenente-coronel e pró-reitor de Pesquisa Eduardo de Sousa Lima. “Depois, vem a maratona.”
“Até o terceiro ano, todos os alunos frequentam as mesmas aulas. A partir daí, dá-se a especialização. Os melhores estudantes têm prioridade para optar por um ramo da engenharia como civil, computação, química ou mecânica. As vagas em cada carreira, no entanto, são limitadas. “Assim, quem fica para trás na classe não consegue escolher a especialidade que deseja”, afirma Victor Figueiredo, aluno do quarto ano. “O negócio, então, é estar sempre no topo.”
“O IME aposta nos intercâmbios. Em geral, os alunos são estimulados a ganhar o mundo no quarto ano - um antes da formatura. “No terceiro, eles estão imaturos para aproveitar o conteúdo das viagens”, afirma Carlos Luiz Ferreira, pró-reitor de Graduação. “No quinto, ficariam pouco tempo na faculdade e não poderiam transferir o conhecimento adquirido para seus colegas.
“Em 2013, mais da metade da turma do quarto ano foi para o exterior. Perto de 40 jovens participaram do programa Ciência Sem Fronteiras, do governo federal. Grupos menores foram para ParisTech, a renomada escola de engenharia francesa, e para West Point, a academia militar americana. Qual o critério para a definição do destino dos alunos? O mérito, claro. Os melhores escolhem primeiro. “E eles sabem disso desde o momento que ingressam no IME”, diz Ferreira. “Fazemos isso porque acreditamos na qualificação dos nossos estudantes, o que também nos permite ter um projeto pedagógico bastante ousado.”
Ousadia, aliás, é o termo que permeia as escolhas, os planos e os métodos destas três instituições: Impa, ITA e IME. É, sem dúvida, um bom combustível para quem quiser, de alguma forma, reproduzi-las pelo país.
>> César Camacho, diretor do Impa. Ele acredita que a instituição nunca esteve tão bem. “Agora precisamos crescer tanto fisicamente como na área que atuamos. O desafio é fazer isso com cuidado, sem abrir mão da qualidade”
>> Carlos Américo Pacheco, reitor do ITA. Ele comanda uma verdadeira reinvenção da escola de engenharia, no interior paulista. “Os nossos alunos devem mudar o mundo, e não somente melhorá-lo um pouquinho”
>> No IME, a cerimônia de abertura dos envelopes (ao lado) com os aprovados no vestibular lota o auditório da instituição, na Praia Vermelha, no Rio. A leitura dos nomes dos vencedores é comemorada como um gol. O evento é transmitido ao vivo para o Ceará, que reúne candidatos do Nordeste. Na formatura, ocorre o tradicional lançamento de quepes para o ar. Equipamentos e laboratórios de ponta garantem a qualidade dos cursos de graduação e pós
>> O tenente-coronel Eduardo de Sousa Lima, pró-reitor de Pesquisa do IME, onde mérito dita as regras (rígidas) mantidas pelo instituto. “A entrada no vestibular é somente a corrida de cem metros. Depois vem a maratona”
Shopping do DF oferece sessões gratuitas de filmes de cineastas brasilienses
As sessões acontecem todas as quartas-feiras às 20h
O projeto da atriz e diretora teatral Wol Nunnes para divulgar o trabalho de cineastas da cidade já exibiu mais de 300 filmes, entre longas e curtas. As sessões acontecem todas as quartas-feiras, sempre às 20h e tem entrada gratuita no Teatro Brasília Shopping.
Em janeiro, destaque para o aclamado “O Renascimento do Parto”, de Érica de Paula e Eduardo Chauvet, que levanta a polêmica sobre o excesso de cirurgias cesarianas em todo o país.
Confira a programação:
Dia 08: Rock Brasília – Era de ouro, de Wladimir Carvalho (2011, 111 minutos, livre). Com imagens de arquivo, filmadas por Vladimir Carvalho desde o fim dos anos 70, o documentário encerra uma trilogia sobre a construção cultural e ideológica da capital federal e revela o nascimento das bandas Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude.
Dia 15: Senta a pua, de Erik de Castro (1999, 112 minutos, 14 anos). O longa conta a história do 1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira durante o período da segunda guerra mundial. Baseado no livro homônimo do brigadeiro Rui Moreira Lima, conta com depoimentos de vários integrantes do grupo que fizeram história na aviação.
Dia 22: A última estação, de Márcio Curi (2012, 115 minutos, 12 anos). Uma narrativa bem humorada e poética sobre a trajetória de vida de um libanês que ainda menino é obrigado a deixar sua terra natal em meio a uma guerra e se mudar com a família para o Brasil.
Dia 29: O renascimento do parto, de Érica de Paula e Eduardo Chauvet. (2013, 90 minutos, 10 anos). O aclamado documentário discute a realidade da obstetrícia no Brasil, onde partos por cesariana são muito mais frequentes do que seria recomendado.
O longa Santa a pua, de Erick Castro, será exibido no dia 15
e conta a história do 1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira
FOLHA DO SERTAO - Sousa-PB
Piloto que deu voo rasante na orla em João Pessoa, pede desculpas
O advogado Juvenal Kleiber, responsável pela aeronave que fez voos rasantes nesse domingo (12) na orla de João Pessoa, pediu desculpas ao povo da Paraíba pelas manobras do piloto, que assustaram os banhistas. O monomotor, que sobrevoou praias a poucos metros dasuperfície veio do estado do Tocantins e está apreendido.
“Peço desculpas ao povo de João Pessoa pelo ocorrido. Foi a primeira vez que o piloto fez esse tipo de manobra e espero que seja a última. Eu estava em uma praia do Rio Grande do Norte, mas, quando soube, já me coloquei à disposição das autoridades que estão investigando o caso. Mais uma vez peço desculpas à população da Paraíba. É uma imprudência que não deveria ter ocorrido”, falou o advogado, informando que emprestou a aeronave para o piloto fazer voo na companhia de um empresário do estado. A declaração foi dada durante entrevista exclusiva ao programa Cidade Alerta Paraíba, TV Correio/Record HD.
Nessa segunda-feira (13), o monomotor de prefixo PR-RRP e modelo Piper PA-28RR201 – que está parado no Aeroclube de João Pessoa - foi periciado por técnico da Polícia Federal. Equipamentos foram retirados para análise. A Aeronáutica e a Polícia Federal instauraram inquéritos para investigar a imprudência do piloto.
Conforme o Registro Aeronáutico Brasileiro da Anac, o avião é de propriedade de Fábio Bezerra de Melo Pereira, que teria emprestado a aeronave ao advogado Juvenal Kleiber. A Força Aérea Brasileira informou que abriu um processo para apurar a ocorrência. A Junta de Julgamento da Aeronáutica (JJAER) poderá suspender e cassar os certificados e as licenças da aeronave e do piloto.
O Código Brasileiro de Aeronáutica restringe a prática de manobras, como os voos rasantes registrados nas praias do Litoral da Paraíba, nesse domingo (12), a áreas delimitadas pela autoridade da aeronáutica. O voo de baixa altitude praticado pelo piloto da aeronave monomotor PR-RRP, modelo Piper PA-28RR201 não é permitido em áreas de aglomeração de pessoas.
O diretor do Aeroclube de João Pessoa, Jedaías Mesías, confirmou que a legislação proíbe “esse tipo de voo em áreas de habitações e aglomerados de pessoas". “O avião devia estar sobrevoando a, no mínimo, mil pés de altitude (cerca de 300 metros)”, disse. O monomotor estava numa altura de 2m.
Dezenas de ligações
O presidente do Aeroclube, Rogério Iazaby, revelou que a escola de aviação recebeu cerca de 30 ligações de banhistas que presenciaram os voos. “Ele está aqui há poucos dias, veio de Palmas (TO). O avião decolava e pousava normalmente e ficamos sabendo do acontecimento por intermédio dos telefonemas. Esse tipo de procedimento é totalmente irregular e o piloto deverá ser multado e punido”.
Aeronave apreendida
Diante dessa ocorrência, o promotor do Ministério Público da Paraíba, Ronaldo Guerra, acionou a Polícia Militar. Conforme informou o MPPB, a aeronave foi apreendida e a investigação do caso ficou sob responsabilidade do delegado da Polícia Federal, Derly Pereira. Segundo o MP, o responsável pelo monomotor será indiciado e poderá ser multado.
O piloto foi levado à Superintendência da Polícia Federal, em João Pessoa, após ser denunciado por banhistas e pelo presidente do Aeroclube, Rogério Iazaby. Ele prestou depoimento ao delegado de plantão da PF e foi liberado. Segundo a assessoria, será apurado se houve crime e o tipo de infração cometida.
JORNAL DA MANHA - (SC)
A realização do sonho de se tornar piloto de avião
Capitão aviador da Aeronáutica, Geraldo Mulato de Lima Filho estuda há 17 anos para chegar ao atual estágio
José Adilio - Criciúma
Com uma carreira de sucesso na Aeronáutica, o capitão aviador Geraldo Mulato de Lima Filho começa este ano a fazer o mestrado em Guerra Eletrônica no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). O capitão Lima Filho, como é conhecido na corporação, conseguiu a vaga para o mestrado após ter feito pós-graduação na mesma área. Mas para chegar ao atual estágio, o capitão teve um longo caminho de estudos.
Lima Filho entrou para carreira ao ingressar no terceiro ano da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR). Em seguida começou a estudar na Academia da Força Aérea (AFA), onde ficou por quatro anos em regime de internato, quando optou por entrar no curso de formação de Oficiais Aviadores (CFOAV). Seu primeiro vôo ocorreu ainda quando estava na AFA. “No primeiro vôo, a realização do sonho de voar supera a tensão”, lembra.
A paixão pela aviação vem de família. Lima Filho mora na Ilha do Governador onde está situado o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro e o pai trabalhava como engenheiro da Infraero. O avô foi sub-oficial da Aeronáutica.
Lima Filho conclui a AFA no ano de 2001 e em seguida foi para Natal (RN) fazer o curso Tática Aérea, e depois em Fortaleza (CE) fez o curso de Aeronaves Multi Motor. Após realizar estes dois cursos, o oficial foi para Florianópolis fazer especialização de piloto de Patrulha Marítima, onde permaneceu por oito anos. Na capital catarinense participou de algumas missões como o patrulhamento das 200 milhas marítimas e ainda na missão de busca de naufrágios e acidentes aéreos no mar.
Depois da estada em Florianópolis, o capitão voltou a Fortaleza para ser instrutor de vôos para os aspirantes saídos da AFA, até aparecer a oportunidade de fazer a pós-graduação. “Para ter uma carreira de sucesso, além da dedicação aos estudos, é preciso seguir os princípios de hierarquia e ser disciplinado”, destaca Lima Filho.
Como entrar para a Aeronáutica
“A carreira militar tem inúmeras peculiaridades: ao escolhermos este ofício fazemos um juramento, perante a bandeira, no qual colocamo-nos a serviço da pátria”, esclarece o capitão.
Os concursos são estabelecidos de acordo com a escolaridade exigida. Quem tem nível médio e técnico pode Ingressar na Aeronáutica através dos concursos para o corpo de graduados e tornarem-se militares de carreira. Já aqueles que têm nível superior, podem fazer concursos para tornarem-se oficiais temporários, ou, de acordo com a formação profissional. oficiais de carreira.
Mesmo estando em um país pacífico a Força Aérea Brasileira participa de missões de ajuda humanitária dentro e fora do Brasil e ações cívico-sociais são realizadas diariamente. O militar que prestou concurso e ingressou na FAB, recorrentemente. será convidado a participar dessas missões. Um exemplo recente foi a ajuda prestada ao Rio de Janeiro, onde centenas de militares trabalharam para resgatar as vítimas das enchentes. Em Âmbito internacional o militar brasileiro participa de ajudas humanitárias transportando alimentos e medicação às vitimas de guerras ou catástrofes naturais. “São inúmeras ações reais que oferecem um pouco de conforto àqueles que precisam de nós. Em contrapartida, o militar possui estabilidade funcional”, lembra Lima Filho.
O soldado ingressa na Força Aérea apenas através de recrutamento para serviço militar obrigatório, podendo após esta etapa prestar exame de seleção para chegar até a graduação de cabo. Todos os interessados podem ingressar na carreira militar participando dos exames de admissão para os cursos de formação de oficiais e formação de sargentos. Cada exame de seleção ou admissão dá acesso a um determinado quadro dentro da Aeronáutica e apenas um deles não é de carreira, o Estágio de Adaptação de Oficiais Temporários (EAOT)
A FAB disponibiliza em sua página na internet informações sobre as formas de ingresso na carreira militar no seguinte endereço: www.fab.mil.br/ingresso
Leia também: