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NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 06/01/2014

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Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.




BRASIL ECONÔMICO


À espera de novas oportunidades de negócios em PPPs


Segundo especialistas, rodovias, ferrovias, iluminação pública e resíduos sólidos estão entre as áreas que vão despontar este ano

O ano de 2014 promete trazer boas novidades no âmbito das Parcerias Público-Privadas (PPPs) no Brasil. Segundo especialistas em infraestrutura, o governo federal tende a adotar modelos de PPP em projetos de rodovias e ferrovias, enquanto os estados devem lançar editais represados e novas oportunidades nas áreas de saneamento, resíduos sólidos e iluminação pública vão despontar nas gestões municipais.
Segundo o advogado Bruno Pereira, coordenador do portal PPP Brasil, o governo federal, que até hoje mantém apenas um contrato de PPP para manutenção de uma infraestrutura de data center criada para compartilhar dados entre a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, vem estudando projetos de parcerias coma iniciativa privada — entre eles, o de serviços direcionados para as Forças Armadas brasileiras. “O Exército dispõe de uma rede de escolas, hospitais e residências para família de militares que devem ser geridos pela iniciativa privada em breve. Um bom exemplo disso é o projeto de construção e manutenção do Colégio Militar de Manaus, e o projeto de fabricação e manutenção do novo fuzil desenvolvido pela Imbel (Indústria de Material Bélico do Brasil)”, diz. De acordo com Pereira, o governo tem se mantido reticente em relação às PPPs, mas deve lançar mão delas também nas rodovias federais que vão requisitar investimentos do Tesouro Nacional.
“Há uma percepção no mercado de que as rodovias que cabiam em um contrato de concessão comum já foram todas licitadas e de que, agora, o governo terá de pensarem PPPs”, analisa. “Já os projetos de ferrovias devem ser viabilizados essencialmente por PPPs porque quem vai fazer pagamento à concessionária é o Tesouro Nacional, pela Valec”, diz. Em consonância, o economista Gesner Oliveira, da GO Associados, também aponta a área de saneamento como um dos nichos de boas oportunidades de PPPs no país.
“Há projetos de parcerias importantes em andamento, como o do esgotamento sanitário do Recife, com investimento previsto de R$ 4,5 bilhões, que será realizado por um consórcio, encabeçado pela Odebrecht”, menciona. “Também temos duas fronteiras muito claras, que são as ferrovias e os portos, que são prioridades. Basta agora enquadrá-los nas determinações do TCU”, afirma.
De acordo com Márcio Monteiro Reis, sócio do setor de Infraestrutura & Regulatório do escritório Siqueira Castro Advogados, em 2013, o governo deu sinais de que se convenceu da necessidade de estruturar projetos de parcerias com a iniciativa privada. “O Brasil tem um enorme déficit na área de infraestrutura, especialmente logística.
Assim, espera-se novas oportunidades na área de rodovias e ferrovias e a aprovação dos modelos de portos. Em relação aos aeroportos, a sinalização do governo é no sentido de que as licitações irão se concentrar em aeroportos regionais”. Em relação às ferrovias, Reis lembra que, no último dia 16, o TCU aprovou o novo modelo de atuação do Estado no plano de exploração de infraestrutura baseado na adoção da política de livre acesso. “Demonstra que o Governo está disposto a ouvir a iniciativa privada e está sensível às recomendações do mercado”, afirma.

JORNAL DE BRASÍLIA


Enterros


Famílias se despedem de vítimas

A família do menino Kauã Davi de Jesus Santos enterrou o corpo do garoto ontem, no cemitério Campo da Esperança. O garoto de sete anos morreu após ter o braço sugado na piscina de um condomínio em Caldas Novas (GO). Os parentes acusam o residencial de negligência, uma vez que o ralo de sucção estava sem a grade de proteção.
O enterro de João Carlos Franco de Souza, 66 anos, assassinado durante uma tentativa de assalto na 112 Sul, também ocorreu ontem, no mesmo cemitério. O brigadeiro da Aeronáutica foi baleado na cabeça quando chegava em casa e se preparava para entrar na garagem do prédio onde morava. Os assaltantes fugiram em um VW/Gol vermelho e ainda são procurados.

Charge



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VALOR ECONÔMICO


What´s News



O Peru pretende eliminar mais 30.000 hectares de plantações ilegais de folha de coca este ano, disse Carmen Masias, presidente executiva da comissão de combate às drogas, a Devida, segundo a agência estatal de notícias. Em 2013, o país erradicou um recorde de 23.600 hectares.
A Boeing confirmou que seu novo jato 777X, que terá de 350 a 400 lugares e deve começar a ser entregue em 2020, será produzido no seu polo aeroespacial do Estado de Washington. A decisão foi possível depois que o IAM, o sindicato com o maior número de trabalhadores da empresa americana, votou a favor de um acordo trabalhista de oito anos que, entre outras medidas, mantém intacta a manufatura da Boeing no Estado, onde emprega mais de 82.000 pessoas.
A Eads, gigante europeia do setor aeroespacial, está reformando sua imagem. Este ano, ela passou a se chamar Airbus Group, tomando o nome de sua divisão de aeronaves porque o nome antigo, European Aeronautic Defense & Space, era confuso, disse Rainer Ohler, chefe da área de comunicações. A empresa, que é hoje uma multinacional com participações da França, Alemanha, Espanha e Reino Unido, foi criada em 1999.
CORREIO BRAZILIENSE


Honras militares a João Carlos


Violência Amigos e familiares se despediram ontem do brigadeiro de 66 anos. Cerimônia foi restrita aos mais íntimos

Com uma rosa branca em mãos, a mulher, as três filhas, parentes e amigos se despediram do militar reformado da Aeronáutica João Carlos Franco de Souza, 66 anos. O brigadeiro morreu com um tiro na cabeça durante uma tentativa de assalto no momento em que chegava à garagem do prédio onde morava, o Bloco J da 112 Sul. O enterro ocorreu às 16h, no Cemitério Campo da Esperança, em uma cerimônia restrita aos mais próximos. O caixão estava coberto pela Bandeira do Brasil e foi levado ao túmulo por seis militares da Aeronáutica. O velório foi na Base Aérea, entre as 10h e as 15h, quando o oficial recebeu honras fúnebres.
O crime aconteceu na noite da última sexta-feira. A vítima tinha acabado de buscar uma tia e um sobrinho no Aeroporto Juscelino Kubistchek para participarem do casamento de uma das filhas do militar, de 39 anos, na Catedral Metropolitana de Brasília. Parentes vieram do Rio Grande do Sul para assistir à cerimônia.
João Carlos tinha acionado a abertura do portão eletrônico quando os criminosos chegaram e o renderam. Imagens das câmeras de segurança mostraram um Gol vermelho seguindo o militar ao longo da quadra residencial, mas a abordagem só ocorreu na garagem. A polícia acredita que a vítima se assustou ou não percebeu a aproximação dos bandidos e, por isso, acelerou o veículo, um i30 prata.
Os investigadores da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) trabalham com a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte). Acreditam que a intenção era levar o veículo, um dos mais visados pelos bandidos, segundo a polícia. Só em 2013, 13 automóveis modelo i30 foram roubados na Asa Sul. Como as câmeras de segurança não conseguiram identificar o rosto dos criminosos, os policiais investem nos resultados periciais, no cruzamento de dados, na análise de ocorrências da região e nas denúncias da população.
O assassinato do oficial e as circunstâncias do crime chocaram familiares, amigos e moradores da quadra. O coronel Antônio Carvalho, 67 anos, levou um susto ao saber do caso. Ele e João Carlos fizeram parte da primeira turma de aviadores formada em Pirassununga (SP),  em 1971. Também trabalharam no Comando Aéreo Regional 6 (Comar), em Brasília. “Ele pilotou vários aviões e era muito dedicado e correto. Ser aviador era um sonho de qualquer menino. A violência está demais. O que aconteceu com ele pode acontecer com qualquer um. A gente sente muito. É uma pena”, lamentou Antônio.
Também colega de profissão, o coronel Carlos Christner disse que o militar era exemplar. “Era super tranquilo e camarada. Jamais reagiria a um assalto. Fiquei muito surpreso, ainda mais recebendo um tiro assim, de graça. Brasília está muito violenta”, lamentou. Os familiares preferiram não comentar o caso. O enterro durou cerca de 20 minutos, em meio à leitura de uma passagem bíblica e orações. “ A sociedade viu o que aconteceu, e ela deve fazer o julgamento”, disse, muito abalado, o concunhado da vítima, que se identificou como Salomão.
Policiamento
Moradores da 112 Sul também demonstraram revolta com o crime. “Não há qualquer policiamento ostensivo na quadra. Se há uma procura por i30, tem de atuar para saber onde esses carros estão indo”, afirmou o coronel do Exército Eustáquio Costa, 48 anos. A síndica do Bloco J, Vanessa Costa, também demonstrou medo. “Quando a violência chega perto, a gente se assusta. Precisamos de policiamento”, cobrou. “O problema da segurança pública é que as polícias estão politizadas. Enquanto for assim, não adianta aumentar os salários, pois vai continuar a mesma coisa”, defendeu um morador.
Em entrevista ao Correio no sábado, o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, disse estar preocupado com a suposta existência de uma Operação Tartaruga por parte da PM. Isso porque, nos últimos meses, houve uma queda nos índices de produtividade da corporação no que diz respeito ao número de apreensão de armas de fogo, ao tráfico de drogas e a abordagens rotineiras. “A gente tem que observar o que está acontecendo. Eu e o comandante da PM temos conversado muito e vamos retomar essa conversa para fazer uma organização de planejamento operacional a fim de manter os números de antes”, disse.
Por meio de nota, a assessoria de Comunicação da PM se pronunciou sobre o latrocínio da 112 Sul e acerca do trabalho de prevenção na região. “O policiamento ostensivo é realizado pelo 1º Batalhão de Polícia Militar por meio de viaturas que realizam abordagens a pessoas e a veículos, efetuando, assim, diversas prisões na região. “O comandante do 1º BPM tem ciência do fato pontual e informa que disponibiliza o número 3910-1603 para contato direto com o Batalhão (além do 190), caso verifique alguma pessoa em comportamento suspeito, como alguém rondando prédios com uma escada”, escreveu a corporação.
Perfil
Pai e piloto respeitado
João Carlos Franco de Souza, 66 anos, freqüentou a Escola de Aviadores, no Rio de Janeiro, e se formou em 1971 em Pirassununga (SP). Entre 1988 e 1989, foi enviado à Missão Brasileira de Instrução Militar no Paraguai, onde ficou por dois anos contribuindo na formação de militares do país vizinho. João Carlos foi piloto de caça da Força Aérea Brasileira (FAB) e era major brigadeiro três estrelas, um dos últimos níveis de formação hierárquica da Aeronáutica, atrás apenas de tenente-brigadeiro e Marechal-do-Ar.  Segundo amigos, o oficial atualmente, fazia parte de uma comissão para a escolha do novo modelo de aeronave de combate brasileiro, o Gripen NG, da Suécia. O militar deixou três filhas, de 34,37 e 39 anos, e duas netas, ambas de 3 anos.
O ESTADO DE SÃO PAULO


Mediador teme mais conflitos com índios



O ressentimento entre brancos e índios na região de Humaitá, no sul do Amazonas, pode gerar novos conflitos como o que abalou a cidade no dia do Natal. Para o bispo D. Francisco Merkel, de 69 anos, a quem foi confiado o papel de mediador do conflito, se ficar comprovada a participação de indígenas no desaparecimento de três homens na reserva, a tensão vai aumentar.
Segundo ele, quando a população local atacou as instalações indígenas na cidade, além da revolta contra os índios, havia uma insatisfação com as autoridades. "Três homens de bem sumiram e tudo apontava para os índios, mas o que fizeram as autoridades? Nada. Então, o principal alvo da explosão foi essa inércia do governo."
O bispo conta que, no dia 24 de dezembro, ele foi ao local em que a multidão paralisava o serviço de balsas no Rio Madeira e sentiu um clima tão tenso que não conteve o choro. "No dia seguinte, vi que o problema ia além da questão dos desaparecidos, pois havia muita raiva. À dor dos familiares se juntou a revolta de outras pessoas."
Para o bispo, se as autoridades tivessem iniciado as buscas pelos desaparecidos, o conflito não teria acontecido. "Houve uma reunião de emergência e ficou tudo acertado para iniciar as buscas, só que não foi feito." Diante da demora na investigação, a multidão teria decidido fazer alarde para chamar a atenção.
"Quando soube o que estava acontecendo, fui à sede da Funai e vi que não tinha condições de mediar nada. Era um clima de raiva, de explosão, e cheguei a temer pela minha integridade", contou. Segundo o bispo, sem escudos e capacetes, a Polícia Militar não estava preparada para enfrentar a multidão. "No Natal, a cidade não tinha juiz, nem polícia, e o prefeito também estava ausente. O Natal é um dia com a família, mas três homens estavam desaparecidos e a população ia recorrer a quem? A revolta foi contra toda essa omissão", disse.
Pedágio

Acabar com o pedágio cobrado pelos índios na Transamazônica é apontado por D. Francisco como uma medida essencial para a paz. Na região desde 2000, ele lembra que os conflitos começaram após a cobrança, em 2006.
"As pessoas não acham justo pagar para passar numa estrada sem asfalto e segurança", afirmou. A omissão das autoridades em relação ao pedágio levou a uma situação insustentável. "Se os índios têm direito a uma compensação pela Transamazônica cortar a reserva, o governo é que tem de pagar."
No papel de mediador, ele desenvolve estratégias para reduzir os ressentimentos. No dia 1º a diocese organizou uma passeata pela paz em Humaitá com cerca de 800 pessoas. Ontem, a igreja católica se juntou às evangélicas numa marcha em Apuí (AM). Outra proposta é a inclusão do estudo da cultura indígenanas escolas que, embora seja lei, não é cumprida.
Acabar com a tensão exige um trabalho longo, diz. "Não dá para falar em meses, é coisa para anos. Eu faria uma advertência às autoridades: escutem, sintam o povo, não fiquem tentando resolver à distância."
Buscas

Amanhã, o general de Exército Eduardo Dias da Gosta Villas Boas, comandante militar da Amazônia, sobrevoará a região. O oficial deve decidir se autoriza a entrada na floresta da tropa de elite do Exército, especialista em combate na selva, para ajudar nas buscas.
Os três homens desapareceram na Transamazônica, quando passavam de carro pela reserva indígena no dia 16 de dezembro. Há dez dias uma força-tarefa comandada pela Polícia Federal realiza buscas na região. Na sexta-feira, foram encontrados restos de um carro incendiado próximo de uma aldeia tenharim. A perícia que vai determinar se era o veículo usado pelos desaparecidos não tem prazo para ser concluída.
Advogado vai pedir à Justiça prisão de caciques suspeitos
O advogado Carlos Terrinha, que representa as famílias dos três homens desaparecidos em Humaitá (AM), vai entrar hoje com pedido de prisão temporária dos caciques supostamente envolvidos no caso. Para ele, com o encontro dos restos queimados de um carro, na sexta-feira, já haveria elementos para a prisão.
"Não temos dúvida de que o carro era das vítimas e não há razão para esperar mais", disse Terrinha. O advogado fará uma representação à Justiça Federal e um requerimento à Superintendência da Polícia Federal.
Para ele, a demora em reconhecer que os desaparecidos - o professor Stef Pinheiro de Souza, o comerciante Luciano Ferreira Freire e o técnico Aldeney Ribeiro Salvador - foram assassinados pelos índios aumenta o clima de tensão na região.
Em nota divulgada na sexta-feira, a PF confirmou ter encontrado vestígios de um carro, mas não havia sinais dos corpos e uma perícia vai determinar se se trata do veículo das vítimas.
Terrinha vai pedir que a Funai investigue a conduta do coordenador regional do Madeira, Iva Bocchini, que teria usado o blog oficial do órgão para levantar suspeitas sobre a morte do cacique Ivan Tenharim, em 3 de dezembro. O comentário foi feito por Bocchini antes do desaparecimento do trio. 0 coordenador não foi localizado.

Concessões ao setor privado vão gerar R$ 80 bi em investimentos, diz governo


Planalto quer transformar reativação de investimentos privados no País em bandeira da campanha para reeleição da presidente Dilma

O governo federal contratou no ano passado investimentos de R$ 80,3 bilhões pelos próximos 35 anos em concessões de rodovias, aeroportos, terminais portuários de uso privado, blocos de petróleo e gás natural e geração e transmissão de energia elétrica. O balanço, inédito, foi realizado pelo novo secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Pablo Fonseca, e obtido pelo "Estado" com exclusividade.
Em sua primeira entrevista desde que assumiu o cargo em outubro, Fonseca apresentou o estudo que aponta para aquela que deve ser a principal bandeira eleitoral da presidente Dilma Rousseff em 2014: a reativação dos investimentos privados no Brasil, destravados a partir das concessões de infraestrutura. A expectativa é que a primeira parte dessas despesas com máquinas e equipamentos comece justamente neste ano.
"Se fizermos essas mesmas intervenções e despesas por obra pública, quer dizer, pelo orçamento federal, há pouquíssimas oportunidades de investimento privado. Já por concessão e por parceria entre público e privado, as possibilidades para os investidores são imensas", afirmou Fonseca, que destacou relatório recente do Banco Mundial que aponta o Brasil como o país emergente que mais realiza concessões e Parcerias Público Privadas (PPPs).
"O sinal mais importante que demos aos investidores nacionais e internacionais em 2013 foi a realização de leilões em diferentes áreas. Houve grande deságio para os consumidores e, no caso dos aeroportos, grande ágio para a União. Vimos competição, e os investimentos começam agora", afirmou.
Prioridades. Neste ano, o esforço do governo federal será dividido em três áreas prioritárias, disse Fonseca. Em primeiro lugar, acompanhar cada um dos contratos firmados entre a União e o consórcio que ficou com determinada rodovia, aeroporto, terminal portuário, usina ou linha de transmissão e bloco de petróleo e gás, para que a carga de investimentos de R$ 80,3 bilhões seja efetivamente cumprida.
Ao mesmo tempo, o governo vai trabalhar para que os bancos privados participem cada vez mais do financiamento dessas operações.
Finalmente, o governo vai intensificar o trabalho junto a investidores internos e externos para popularizar novos instrumentos de financiamento, como as debêntures de infraestrutura e o mercado de capitais como um todo. A expectativa é que esses mecanismos sirvam para complementar o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na estrutura de financiamento desses projetos.
Impacto. Segundo Gesner Oliveira, que foi presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Gade) e hoje é sócio da consultoria GO Associados, o impacto das concessões no avanço do Produto Interno Bruto (PIB) de 2014 ainda deve ser pequeno.
Mas, na avaliação dele, o importante é a nova forma de crescimento que surge a partir desse cenário. "Estamos assistindo ao embrião de um novo modelo de crescimento", afirmou. Trata-se de um modelo liderado pelo investimento em infraestrutura, e não mais pelo consumo das famílias.
Para Oliveira, o governo precisa aprimorar o planejamento das concessões, além da regulação dos contratos firmados com o setor privado.
Para a economista Cláudia Oshiro, especialista em transporte e logística da consultoria Tendências, o País tem conseguido sustentar um ritmo razoável de crescimento apesar dos problemas logísticos.
Ela afirma que o governo federal acertou com as concessões, mas precisa ampliar a operação para as ferrovias e portos em 2014. "Essa é a principal missão para o ano, porque não podemos ficar dependentes de rodovias, ainda que elas sejam importantes."
INVESTIMENTOS
Os principais objetivos em cada um dos setores de infraestrutura que estão sendo concedidos:
- Rodovias Os editais determinam a duplicação das estradas nos primeiros cinco anos de concessão, além da oferta de serviços aos motoristas e construção de praças de pedágio. Ao longo da concessão, os empresários também devem construir novas pistas, retornos, alças de acesso e realizar outras intervenções.
- Aeroportos Os concessionários responsáveis pelos terminais leiloados no ano passado devem melhorar o acesso e conforto de passageiros, além de tornar mais ágeis alguns serviços, como retorno da bagagem após o voo. Há necessidade, ainda, de construção ou reforma de pistas e terminais.
- Petróleo e gás natural Construção de plataformas, embarcações para transporte de equipamentos, óleo e gás, além de infraestrutura em terra para suporte às operações. Os leilões também resultarão na compra de equipamentos para perfuração dos poços e retirada do óleo das jazidas.
- Energia elétrica Instalação de usinas para produção de energia por meio hidrelétrico, térmico e eólico, além das linhas para transmissão da eletricidade para as distribuidoras de energia que vendem ao consumidor final.
- Portos Memória dos terminais, construção de novas unidades para movimentação de produtos específicos, atracadouros e acessos ao porto, entre outros.

Copa e eleições devem alterar fluxo de passageiros este ano


Companhias aéreas preveem expansão moderada de demanda para 2014 e redução de viagens corporativas

O ano de 2014 promete ser desafiador para o setor aéreo. Copa do Mundo e eleições devem alterar o fluxo de passageiros, exigindo planejamento específico, enquanto o carnaval tardio tende a postergar a temporada de viagens a negócios e eventos, que respondem por cerca de 75% das viagens no País.
"Será um ano atípico", disse o vice-presidente comercial e de marketing da Avianca, Tarcísio Gargioni. Segundo ele, com o carnaval em março, o ritmo de viagens corporativas será lento. "Dois meses depois, começam os preparativos para a Copa."
A eleição também será um período fora do normal para o tráfego aéreo. "Há restrições em alguns contratos corporativos", disse, indicando que poderá ter redução do movimento de viagens a negócios durante as eleições. Mas, via de regra, especialistas apontam que campanha eleitoral costuma ter impacto positivo na demanda.
Já a TAM avalia que a demanda por viagens aéreas será muito concentrada em 2014. "Teremos uma complexidade operacional grande e a necessidade de um planejamento específico de precificação dos voos", informou a empresa ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. A companhia prevê maior procura por voos entre as cidades que receberão os jogos, enquanto a demanda corporativa e por turismo fora dessas rotas deve cair.
Já a Gol acredita que o tráfego continuará tão "desafiador quanto em 2013, quando a demanda ficou estável e até negativa em alguns momentos", segundo o vice-presidente de finanças e relações com investidores, Edmar Lopes, em recente entrevista.
TAM e Gol, que respondem por 77% da oferta de voos no País disseram que pretendem manter este ano o mesmo ritmo de 2013, ano no qual realizaram cortes em rotas e frequências.
No consolidado do setor, as estimativas iniciais indicam para uma oferta estável e expansão moderada da demanda. "Ainda que a economia dê sinais de avanço, a Copa reduzirá o movimento, como mostram dados dos três últimos países que sediaram Copa ou Olimpíada (Inglaterra, África do Sul e Alemanha)", disse Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas).

PORTAL G-1


Militar morto após tentativa de assalto no DF será sepultado neste domingo


Enterro está previsto para as 16h no cemitério Campo da Esperança. Brigadeiro foi baleado na cabeça quando chegava em casa na 112 Sul.

Está previsto para as 16h deste domingo (5) o sepultamento do brigadeiro reformado que foi baleado na noite desta sexta-feira (3) durante uma tentativa de assalto na 112 Sul, em Brasília. João Carlos Franco de Souza estava internado no Hospital de Base e morreu na tarde deste sábado, segundo a Força Aérea Brasileira (FAB).
O corpo do militar foi levado neste domingo para ser velado na Base Aérea de Brasília. O enterro deve ocorrer no Cemitério Campo da Esperança.
A vítima, de 66 anos, recebeu um tiro durante uma tentativa de assalto, segundo a polícia. O brigadeiro estava entrando com o veículo na garagem do prédio quando três suspeitos chegaram em outro automóvel. Dois deles desceram e foram na direção da vítima.
Em questão de segundos os criminosos retornaram ao veículo após dispararem contra o carro da vítima. A polícia informou que o brigadeiro da FAB se assustou quando foi abordado pelos suspeitos, perdeu o controle da direção, acelerou e acabou atingindo um dos criminosos, que atirou na cabeça dele.
A câmera de segurança de um prédio vizinho registrou o momento em que chegam ao local a vítima e em seguida os suspeitos, que estavam em um carro vermelho. Segundo a polícia, até o fim da tarde deste sábado ninguém havia sido preso.
FOLHA DE SÃO PAULO


Nós choramos por ti, Malak Zahwe


A futilidade de atitudes isolacionistas, para além da insensibilidade, refletem uma visão pouco realista do mundo de hoje

É impossível para qualquer pessoa minimamente sensível, especialmente se for brasileira, deixar de emocionar-se com as imagens estampadas na Folha em que aparecem, em uma foto maior, a cena de destruição e horror causada pela explosão de um carro-bomba e, em um encarte, o retrato de uma das vítimas, uma jovem --quase uma menina-- em uma pose lúdica, como numa brincadeira de criança.
Malak Zahwe nasceu em Foz do Iguaçu e se mudou com a família para o Líbano, onde viveu a maior parte de sua curta existência.
A reportagem é acompanhada das fotos de outros brasileiros mortos em ataques terroristas ou, em um caso, vítima de assassinato depois de um sequestro com objetivo de extorsão. Como ministro das Relações Exteriores do governo Lula, acompanhei dois desses casos de perto, seja pelas implicações pessoais e políticas (o atentado que roubou a vida a Sérgio Vieira de Mello), seja pelo esforço, afinal sem êxito, de salvar o engenheiro brasileiro João Vasconcellos, raptado por um dos grupos terroristas que proliferaram no Iraque após a invasão norte-americana que derrubou Saddam Hussein.
A esses poderia juntar outro episódio trágico que guardou relação presumida, ainda que falsa, com o terrorismo: a morte de Jean Charles, abatido no metrô de Londres por uma polícia que gaba ser civilizada segundo os métodos do Velho Oeste: primeiro atira, depois pergunta.
Todas essas situações, como a da morte absurda da menina Malak Zahwe, têm um ponto em comum. Elas ilustram, no horror que delas emana, como os fatos da realidade internacional se mesclam cada vez mais com relações afetivas e emoções pessoais concretas. Em outras palavras, como o global e o particular se cruzam e se entrechocam no mundo contemporâneo.
Para o governo brasileiro e para o Itamaraty, elas significam que o trabalho, tipicamente consular, de proteger os brasileiros no exterior está inextricavelmente ligado a tarefas político-diplomáticas, como a da promoção da paz. Também para a Defesa e as nossas Forças Armadas, frequentemente chamadas a atuar em missões de paz, como no Haiti e no próprio Líbano, esse entrelaçamento não é indiferente.
Essas interconexões ficaram claras quando tivemos que atender aos compatriotas no Líbano que se sentiram ameaçados pelos bombardeios de Israel, na guerra que, teoricamente, seria contra o Hizbullah, mas que vitimou muitos civis.
Naquela ocasião, organizamos uma verdadeira ponte aérea para resgatar os brasileiros refugiados em Damasco ou em Adana, na Turquia. Nesta cidade, ouvi histórias comoventes como a de uma mulher que sobreviveu por dias com quatro filhos pequenos, praticamente sem poder alimentá-los, em um porão sob os escombros de uma casa atingida. E outra de uma senhora que se abraçou a mim chorando, num misto de alívio e gratidão, que dizia ser aquela a terceira vez em que fugia de uma guerra, mas a primeira em que tinha tido apoio do governo brasileiro.
Na sequência da segunda de minhas viagens a Adana, fui a Beirute, ainda envolta pela fumaça dos bombardeios, no dia seguinte ao cessar-fogo. Levava, em um Hercules da FAB, a solidariedade do governo e do povo brasileiro, expressa por meio de donativos de alimentos, remédios e roupa. Visitei o sul da cidade --a mesma área em que ocorreu a explosão que roubou a vida da pequena Malak. Pude ver, em meio aos destroços, bandeiras e camisetas da seleção brasileira, lembranças da Copa do Mundo recém-encerrada e testemunhas eloquentes da relação profunda daquela terra com o Brasil.
Essas imagens me voltam à mente com força quando vejo a foto da nossa jovem compatriota. Elas me fazem refletir sobre a futilidade de atitudes isolacionistas, que, para além de insensibilidade, refletem uma visão pouco realista do mundo de hoje. Aos que defendem essas posições, caberia talvez responder como Hemingway: não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti. Eles dobram por Malak.
CELSO AMORIM, diplomata, é ministro da Defesa e ex-ministro das Relações Exteriores

JORNAL DO COMMERCIO


Setor aéreo terá ano atípico


DEMANDA Companhias aéreas esperam um 2014 com procura e preços fora do padrão por causa da Copa do Mundo e das eleições

O ano de 2014 promete ser desafiador para o setor aéreo. Copa do Mundo e eleições devem alterar o fluxo de passageiros, exigindo planejamento específico, enquanto o Carnaval tardio, em março, tende a postergar a temporada de viagens a negócios e eventos, que respondem por cerca de 75% das viagens no País.
"Será um ano atípico", disse o vice-presidente comercial e de marketing da Avianca, Tarcísio Gargioni. Segundo ele, com o Carnaval em março, o ritmo de viagens corporativas será lento. "Dois meses depois, começam os preparativos para a Copa."
A eleição também será um período fora do normal para o tráfego aéreo. "Há restrições em alguns contratos corporativos", disse, indicando que poderá ter redução do movimento de viagens a negócios durante as eleições. Mas, via de regra, especialistas apontam que campanha eleitoral costuma ter impacto positivo na demanda.
Já a TAM avalia que a demanda por viagens aéreas será muito concentrada em 2014.
"Teremos uma complexidade operacional grande e a necessidade de um planejamento específico de precificação dos voos", informou a empresa ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
A companhia prevê maior procura por voos entre as cidades que receberão os jogos, enquanto a demanda corporativa e por turismo fora dessas rotas deve cair.
Por sua vez, a Gol acredita que o tráfego continuará tão "desafiador quanto em 2013, quando a demanda ficou estável e até negativa em alguns momentos", segundo o vice-presidente de finanças e relações com investidores, Edmar Lopes, em recente entrevista.
TAM e Gol, que respondem por 77% da oferta de voos no País disseram que pretendem manter este ano o mesmo ritmo de 2013, ano no qual realizaram cortes em rotas e frequências.
PREVISÕES
No consolidado do setor, as estimativas iniciais indicam para uma oferta estável e expansão moderada da demanda. "Ainda que a economia dê sinais de avanço, a Copa reduzirá o movimento, como mostram dados dos três últimos países que sediaram Copa ou Olimpíada (Inglaterra, África do Sul e Alemanha)", disse Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

REVISTA VEJA


Medidas duras não bastam


Entrevista com Peter Eigen O criador da Transparência Internacional diz que só o comprometimento da sociedade é eficaz no combate à corrupção e que o Brasil precisa se esforçar mais para controlá-la

Há duas décadas, o advogado alemão Peter Eigen, de 75 anos, fundou a Transparência Internacional, a principal organização não governamental de combate ã corrupção. A instituição elabora um ranking sobre o assunto tão respeitado que influencia decisões de governos e multinacionais. No último deles, recém-divulgado, o Brasil ficou com a 72ª posição em uma lista de 177 nações. "Espero que o país continue insistindo em combater a corrupção. Em 2013, os brasileiros viram pessoas poderosas ir para a cadeia, mas a confiança do cidadão no sistema judiciário ainda é baixa", observa ele, que, por seu trabalho, recebeu a Grã-Cruz do Mérito, dada pelo governo da Alemanha. Eigen concedeu a VEJA a entrevista a seguir.
Em 2012, o Brasil ocupava o 69º lugar no Ranking de Percepção da Corrupção feito pela Transparência Internacional; agora, está na 72ª posição. A que se deve essa piora?

A variação está dentro da margem de erro da pesquisa. Consideramos significativa uma variação de mais de quatro posições de um ano para o outro.
Em 2001, o senhor declarou que a corrupção era endêmica no Brasil. Sua opinião mudou?

Não gosto de dar esse tipo de declaração, pois não estou no país o tempo todo para julgar, mas, em novembro de 2012, durante a 15ª Conferência Internacional Anticorrupção, que aconteceu em Brasília, a própria presidente Dilma Rousseff disse que a corrupção é endêmica no país e que era sua prioridade combatê-la.
Em 2013 os brasileiros viram pela primeira vez políticos importantes ir para a cadeia por terem sido condenados no processo do mensalão, o maior esquema de corrupção da história do país. Essa é uma prova de que o Brasil avançou nessa questão?

Acima de tudo, o mensalão é um exemplo de que as instituições brasileiras estão funcionando bem. A Suprema Corte transmitiu todas as sessões ao vivo pela televisão, uma demonstração de total transparência. O Brasil é um país democrático, com eleições livres e multipartidárias, portanto um caso que envolve tantas figuras do alto escalão do governo naturalmente se torna um fenômeno político. Mas a tentativa de desacreditar os procedimentos do julgamento com a afirmação de que as decisões dos juízes foram motivadas politicamente não é correta.Os promotores do caso e a maioria dos juízes que decidiram sobre o veredicto foram nomeados pelos presidentes Lula e Dilma. Ê uma prova clara da independência do julgamento e uma forte mensagem aos outros políticos que agem assumindo a impunidade de que as coisas podem estar mudando no Brasil.
A Lei de Acesso à Informação brasileira está completando dois anos. Até agora, apenas 933 dos 5 570 municípios aderiram ao Brasil Transparente, programa lançado para ajudar na implementação da nova lei. Dos 27 estados, só dezesseis sancionaram a lei. Por que tanta dificuldade?

O decreto da lei é o primeiro passo. Esse tipo de legislação requer transformações em todos os níveis do aparato do Estado. As agências do governo precisam oferecer um serviço ao público ao qual não estavam acostumadas, que é divulgar a informação em termos compreensíveis a qualquer cidadão. Precisam melhorar o mecanismo de organização da informação ou criar novos mecanismos, já que a maioria das agências nunca teve arquivos organizados ou diretrizes para lidar com dados. O agente de mudança mais importante é a própria sociedade. Quando ela passa a exigir mais informações públicas, o governo tem de reagir. Mas isso também leva tempo, porque representa uma mudança profunda de como os cidadãos se relacionam com o governo e com seu direito de saber.
Qual o real poder de mudança das manifestações de rua, como as que aconteceram no Brasil em junho de 2013?

Quando existe um sentimento de insatisfação generalizada, qualquer pequeno incidente detona protestos. A insatisfação é o motor para que as pessoas saiam às ruas e se façam ouvir, mas a sociedade civil precisa ser mais previsível, competente e profissional no entendimento do que está acontecendo ao seu redor. Só demonstrar insatisfação e quebrar janelas do McDonald"s não adianta. É muito mais eficiente planejar encontros com governantes e grandes companhias para unir esforços e proteger a sociedade da corrupção. Combater esse mal é do interesse de todos.
Inclusive das grandes empresas?

Sim. A Transparência Internacional desenvolveu um índice para mensurar a corrupção na indústria extrativista. Nessa área, a corrupção é particularmente bem difundida. As mineradoras e as petroleiras trabalham com somas altas, informações confidenciais e decisões complexas. Logo, a vulnerabilidade é maior. O conceito do que chamamos de Iniciativa da Transparência para a Indústria Extrativista é bastante simples. As companhias precisam revelar quanto pagam ao governo em royalties, impostos e dividendos. Os governos precisam revelar quanto recebem. Esse valor tem de bater. A Petrobras e a Vale estão participando, mas o governo brasileiro não. Não entendo o porquê, já que a iniciativa vai ao encontro do que prega a presidente Dilma Rousseff. Países como a Indonésia, o Azerbaijão e a Nigéria apoiam a iniciativa. Em um relatório divulgado sobre a transparência das empresas, o Brasil foi o país dos Brics que tirou a segunda menor nota: 3,4, de um máximo de 10. Ficou à frente apenas da China.
Por que o mau desempenho?

Para desenvolver esse relatório, a Transparência Internacional avalia três pontos: se a empresa conta com mecanismos que inibam a corrupção e se eles são eficientes, a transparência nas transações e, por último, a qualidade das informações referentes aos países em que a companhia opera, tais como valores de receita, despesas e pagamento de impostos. Treze multinacionais brasileiras foram analisadas, e todas pontuaram mal. O pior desempenho se deu no âmbito das informações referentes aos países estrangeiros em que as companhias operam. Essas empresas poderiam melhorar seu desempenho se tivessem dados individualizados de cada país em que atuam.
Está em curso no Brasil uma reforma política. Que mecanismos podem ser incorporados a esse tipo de reforma para inibir a corrupção?

Não há sistema perfeito nem um único modelo ideal para todos. Uma boa legislação também não é suficiente. Sua implementação é que conta. Como a reforma política é um assunto complexo e de extrema importância, um amplo debate público é essencial. Independentemente das reformas escolhidas pelos brasileiros, é importante garantir a existência de mecanismos que identifiquem e inibam a corrupção. Raramente a corrupção é um fenômeno isolado, encontrado em uma única instituição, setor ou grupo específico. Em geral, sua natureza é sistêmica, e combatê-la exige uma estratégia holística e abrangente. Quando não existe comprometimento real de toda a sociedade, mesmo as medidas mais duras têm pouco impacto.
O número elevado de partidos políticos incita a corrupção?

O Brasil ainda é uma democracia jovem e um país com grande diversidade cultural. Essas características contribuem para um sistema partidário plural. Mas é claro que a vasta maioria desses partidos existe apenas como veículo de interesses privados e do clientelismo. Se novos partidos são criados para perpetuar o modelo político antigo, alguma coisa está errada. Se forem criados para propor e apoiar novas ideias e práticas, então eles poderão servir para desenvolver a democracia do país. Os partidos escolhem seus candidatos antes de os eleitores irem às urnas, por isso é importante que as leis e os mecanismos que garantem a transparência operem com eficiência.
Países com baixos índices de corrupção crescem mais rápido?

Certamente. Basta olhar os rankings de qualidade de vida. Os países do topo são sempre os mesmos: Finlândia, Suécia, Suíça, Noruega. Todos com baixa incidência de corrupção.
É possível fazer negócios honestos em países corruptos?

Tenho amigos ricos que fazem negócios em vários países e que nunca subornaram ninguém. Um deles é Mo Ibrahim, um sudanês bilionário, uma das pessoas mais ricas do mundo. Ele tem companhias de telecomunicações em diversas regiões da África e costuma dizer que deixa um país no momento em que alguém lhe pede dinheiro.
O gasto com a Copa do Mundo no Brasil já ultrapassou o valor planejado em 3 bilhões. Segundo o governo, o valor total pode chegar a 33 bilhões. É possível prever com exatidão os gastos em eventos dessa magnitude?

Se houver agências do governo competentes e politicamente blindadas para planejar e acompanhar os trabalhos de preparação, certamente o orçamento será mais preciso e o uso do dinheiro público, mais eficiente. Os protestos em todo o Brasil foram um sinal para os políticos. Até agora, eles fizeram muito pouco para reconquistar a confiança do povo. Não me surpreende o fato de os brasileiros estarem tão preocupados com os enormes gastos da Copa. O Instituto Ethos está dando um bom exemplo de vigilância com o projeto Jogos Limpos, que trabalha para melhorar a transparência na preparação da Copa do Mundo. Tenho certeza de que os brasileiros ficariam muito mais felizes com os gol da seleção brasileira se a Copa fosse organizada com a devida atenção e o cuidado com quem paga os impostos.
Em outro relatório da Transparência Internacional, o Brasil figura entre os vinte países que pouco ou nada fizeram para impedir as companhias e seus empresários de subornar governos estrangeiros. Por que a prática de suborno em outros países não é considerada corrupção por muitas empresas?

O Brasil assinou a Convenção da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, que criminaliza o suborno de empresários estrangeiros, e deveria se esforçar mais para cumpri-la, aperfeiçoando a proteção ao denunciante e oferecendo melhores dados estatísticos sobre as investigações. Até muito recentemente, os países europeus não apenas permitiam que suas companhias subornassem governos de outros países como garantiam incentivos fiscais àquelas que o fizessem. Uma empresa poderia discriminar a propina como "pagamentos úteis" e, assim, reduzir o imposto de renda. A legislação alemã permitiu essa conduta até 1999. A Transparência Internacional desempenhou um papel importante no encerramento dessa prática, cobrando novas regulações europeias contra o pagamento de propina. Cooperamos com a Siemens e outras empresas para orientá-las sobre os benefícios de um mercado sem corrupção. A Siemens gastou 2 bilhões de dólares com fianças e honorários de advogados em questões ligadas a suborno. Demitiu seus maiores administradores. São perdas consideráveis. Espero que a prática não comece novamente com esse escândalo que estourou no Brasil.
O senhor defende a ideia de que a luta contra a corrupção deve ser globalizada e propõe a criação de um Ato Anticorrupção. Como funcionaria?

Cada país tem sua jurisdição para conter a corrupção, mas os governos federais não têm alcance global. Precisamos de um processo capaz de cruzar fronteiras. O Ato Anticorrupção pode criar uma rede de apoio mútuo entre os países e, com isso, propiciar um ambiente generalizado para a honestidade.
É possível acabar completamente com a corrupção?

Não. Você pode controlá-la, mas não eliminá-la. É a mesma coisa com casos de assassinato ou estupro, por exemplo. Não existe um único país onde esses crimes não ocorram. Mas é possível reduzir sua incidência. Há países em que você pode andar pelas ruas sem medo de ser assassinado. Em outros, nem tanto.

É um papo muito cabeça


Dilma fala em "guerra psicológica", conceito da ditadura, que a prendeu e torturou. Também emula o estatismo dos generais. Será a síndrome de Estocolmo, doutor Freud?

Os psicólogos chamam de síndrome de Estocolmo a reação que leva pessoas mantidas presas a emular seus malfeitores. Os cientistas políticos, mais cínicos e distantes, dizem que esse processo nada mais é do que a simples necessidade do "oprimido de se tornar opressor". Seja como for, em algum grau, a presidente Dilma Rousseff demonstra admiração pelo regime militar, que a prendeu e torturou por seu envolvimento com grupos armados. Ela já elogiou publicamente a capacidade de planejamento do governo do general Ernesto Geisel, com cuja honestidade pessoal a toda prova e personalidade incontrastável ela claramente se identifica. Sua crença na economia centralizada e no protagonismo do Estado é irmã siamesa das concepções de governo dos militares brasileiros durante o ciclo dos generais. Na semana passada, Dilma saiu-se com outra tirada cara aos generais: a ideia de que seu governo está sofrendo uma "guerra psicológica". Melhor parar por aí, presidente, senão daqui a pouco a senhora ressuscita o "Brasil, ame-o ou deixe-o".
Em 2013, a economia brasileira registrou um crescimento modesto. As contas públicas se deterioraram e a inflação chegou a superar, momentaneamente, o teto da meta fixada pelo próprio governo. Milhões de brasileiros foram às ruas protestar contra os governantes e a péssima qualidade dos serviços públicos, derrubando por meses as altas taxas de popularidade da presidente da República. Dilma Rousseff também perdeu o apoio de um de seus principais aliados, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que anunciou a pretensão de disputar a próxima sucessão presidencial. O ano que se anunciava auspicioso foi, na verdade, repleto de dificuldades para a presidente. Mas 2013 não foi ruinoso para o Brasil nem para Dilma. Ela cedeu aqui e ali em suas convicções econômicas e, graças a isso, o Banco Central retomou sua capacidade de controlar a inflação, enquanto o sucesso de algumas privatizações — a do Aeroporto do Galeão, principalmente — mostrou aos investidores privados internos e externos que o governo prioriza a participação deles no desenvolvimento do Brasil. Mas, apesar disso, a presidente viu-se alvo de uma "guerra psicológica", um despropósito para um país pacífico e um período de relativo crescimento econômico e inegável paz social. Disse ela em pronunciamento à nação: "Se alguns setores instilarem desconfiança, especialmente injustificada, isso é muito ruim. A guerra psicológica pode inibir investimentos". Uma guerra precisa necessariamente da existência de dois lados antagônicos, hostis e violentos. No caso da guerra psicológica capaz de inibir investimentos descrita pela presidente fica-se sem saber quem seriam as partes beligerantes. Os investidores não podem estar contra os investimentos. Seria ilógico. Ela não pode ter se colocado de um lado da trincheira e os setores instiladores de desconfiança do outro — pois no seu governo quem mais solapou o ímpeto dos investidores foram seus discursos e os dos seus subordinados.
Em 1969, auge da ditadura brasileira, o país era governado por uma Junta Militar formada pelos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, apelidados pelo povo de Os Três Patetas. A junta governava por atos institucionais. No de número 14, Os Três Patetas entenderam que sofriam uma "guerra psicológica adversa" (grave seria se fosse uma guerra favorável) e decidiram que a situação era tão séria que para se defenderem poderiam até aplicar a pena de morte. Estavam lutando contra moinhos de vento, e tudo o que desejavam mesmo era o poder absoluto. No caso de Dilma, falar em "guerra psicológica" foi apenas um caso de realocação de responsabilidades com vista ao ano eleitoral de 2014.
A presidente Dilma entra na campanha como favorita. Na área social, os programas governamentais de combate à pobreza têm mostrado resultados. Mesmo na economia, há alguns trunfos. O ritmo de contratações perdeu força, mas as empresas continuam abrindo vagas. A taxa de desemprego, de apenas 4,6% da população ativa, nunca foi tão baixa. Números ruins, como os da balança comercial — que registrou em 2013 o pior saldo em treze anos — e os das contas públicas, diminuíram a confiança dos investidores nas perspectivas do país, mas ainda não se refletiram no bolso dos eleitores.
Além disso, em 2014 espera-se que se consolide a retomada da economia mundial, com aceleração no ritmo de crescimento dos Estados Unidos e da Europa, algo de que o Brasil poderá se beneficiar. Mesmo assim, o cenário não é tão róseo quanto Dilma propala, de olho nas urnas. Até o ex-ministro Delfim Netto, conselheiro informal da presidente, já disse que o govemo tem errado e colaborado, por exemplo, para inibir investimentos privados. A luta de Dilma Rousseff pela reeleição não se anuncia tão simples quanto a conquista do primeiro mandato, em 2010, quando, entronizada por Lula e embalada por um crescimento econômico de 7,5%, venceu o tucano José Serra. Mais talvez do que admiração inconsciente pelos militares, os recursos retóricos de viés autoritário usados por Dilma explicam-se pela necessidade de fazer crer que tudo vai bem, e que o problema está nos outros. É o velho papel de vítima encarnado pelo PT quando seus integrantes são pilhados cometendo crimes ou quando o governo fracassa em alguma área. Se o crescimento não chega a 3% ao ano e os investimentos privados não saem do papel, a culpa é da ""guerra psicológica". Afora isso, para a presidente o país vai às mil maravilhas. Quem pensa diferente ou quem critica o governo é contra o Brasil.
O ataque aos pessimistas, mesmo sem nominá-los, é flagrantemente infundado. Desde a posse de Dilma, os analistas do mercado fizeram estimativas bem mais otimistas do que os números reais divulgados nas duas últimas semanas. Não se faz "guerra psicológica" errando para cima — ou seja, apostando em indicadores melhores do que os constatados. O crescimento econômico ficou abaixo do esperado, e a inflação surpreendeu para mais . O mercado pode ser acusado de excesso de otimismo, e não do contrário.
Os rivais de Dilma na corrida rumo ao Palácio do Planalto acusam a presidente de vender ao distinto público eleitor um país de faz de conta. "Temos problemas macroeconômicos que precisam ser enfrentados. Há três anos seguidos a América Latina tem crescido 40%, 50% de média a mais que o Brasil. Temos a inflação de volta batendo na porta dos brasileiros", disse Eduardo Campos. Para o pré-candidato do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves, Dilma descreve o país como uma "ilha da fantasia". "Nenhuma palavra sobre as famílias vítimas das chuvas e as obras prometidas e não realizadas. Nenhuma menção à situação das contas públicas, à inflação acima do centro da meta, ao pífio crescimento da economia", afirmou o tucano ao criticar o discurso de Ano-Novo da presidente.
A retórica do otimismo é parte do arsenal eleitoral que já está sendo usado por Dilma Rousseff para conquistar a reeleição — com a ajuda da potente estrutura que ela controla a partir do Palácio do Planalto. A presidente já aumentou o ritmo das viagens pelo país, com destaque para cidades que concentram grande número de eleitores, a fim de anunciar pacotes de bondades que incluem de distribuição de tratores a prefeitos a promessas de obras pelo país afora. Ela tem usado como nunca as vantagens de estar no comando da máquina pública. Tem explorado as cadeias de rádio e televisão. Desde que assumiu, Dilma convocou redes nacionais de rádio e televisão nada menos que dezessete vezes. No mesmo período de tempo, o primeiro mandato, seu antecessor fez onze pronunciamentos. Neste início de ano, a presidente lançará mão de mais uma ofensiva. Fará uma reforma ministerial. O objetivo não é melhorar a eficiência do governo, mas, ao dividir os cargos de primeiro escalão entre os partidos, fechar a maior coligação eleitoral da história política brasileira. Isso lhe dará palanques, mas, principalmente, um tempo ainda maior na propaganda eleitoral pela televisão. Para chegar a esse objetivo vale tudo. Protagonistas do mensalão, como o PTB de Roberto Jefferson, receberão cadeiras no ministério. O governo também usará a publicidade institucional para reforçar programas de apelo popular, como o Mais Médicos e o Minha Casa, Minha Vida, e pretende abrir os cofres para ampliar os investimentos públicos. Tudo indica que Dilma vai recorrer ao velho hábito dos governantes brasileiros de, em anos de eleição, despejar dinheiro na economia para garantir o emprego e a renda do eleitor em alta. A conta vem sempre mais tarde. Se ela perder, o novo presidente que se vire. Se ela ganhar, tem mais quatro anos para pôr a casa em ordem. Não precisa ser o doutor Sigmund Freud para saber o impacto psicológico positivo desse truque.

Com reportagem de Bianca Alvarenga

A ameaça olímpica


Atraídos pela publicidade dos Jogos de Inverno, os terroristas islâmicos voltaram a atacar. O evento na Rússia terá o mais rígido esquema de segurança da história

A aglomeração de cidadãos de dezenas de nacionalidades é o paraíso dos terroristas. A circunstância é ideal para atingir um grande número de inocentes e garantir ampla divulgação de suas atrocidades. Isso faz dos Jogos Olímpicos um prato cheio. Poucos conseguem driblar os esquemas de segurança, mas o risco sempre existe. Foi assim nos Jogos de Munique, em 1972, e de Atlanta, em 1996. Com a proximidade dos Jogos de Inverno de Sochi, na Rússia, os extremistas islâmicos voltaram a justificar a preocupação. Na semana passada, terroristas suicidas cometeram dois atentados em menos de 24 horas e mataram 34 pessoas na cidade de Volgogrado, antiga Stalingrado, 700 quilômetros a noroeste de Sochi. A primeira explosão ocorreu no domingo, 29 de dezembro, na entrada de uma estação de trem lotada. No dia seguinte, um homem-bomba, possivelmente um russo convertido ao islamismo, detonou-se dentro de um ônibus. O Cáucaso, área montanhosa entre os mares Negro e Cáspio, é refúgio de separatistas transmutados em radicais islâmicos há cerca de quinze anos. "O Islã funciona como um cimento que une os grupos do norte do Cáucaso contra a Rússia", diz o cientista político francês Laurent Vinatier, do Instituto Thomas More. O presidente Vladimir Putin, sem temer ser desmentido pela realidade, prometeu "aniquilar" os terroristas. De olho na visibilidade internacional que receberá com os Jogos, ele chegou a conceder anistia a presos políticos na semana anterior para amenizar sua imagem autoritária. Mas sua reputação segue em xeque. "Se houver novos atentados, acabará o sonho de Putin de projetar uma imagem de normalidade durante o evento", diz o cientista político Marvin Kalb, da Universidade Harvard.
Apesar da sensação de perigo, uma região com histórico de ataques terroristas não é necessariamente mais insegura que outras. "Mesmo um país tradicionalmente sem inimigos, como o Brasil, está sujeito a atividades de grupos que buscam publicidade para suas causas", diz o cientista político israelense Reuven Paz, especialista em movimentos islâmicos, "O terrorismo é um fenômeno global. Se se decidisse não fazer mais eventos de grande porte em países vulneráveis, a lista dos anfitriões diminuiria muito", reforça o cientista político americano Charles Freilich, da Universidade Harvard. O esquema de segurança de Sochi, considerado um dos mais rigorosos da história, não foi reforçado após os atentados. Haverá drones, helicópteros, navios, sistemas de defesa antiaérea e 37 000 homens a postos para evitar novas tragédias. A polícia já bateu à porta dos moradores de Sochi para fazer verificações de segurança. Além disso, pela primeira vez os visitantes precisarão providenciar, além de entrada para os jogos, um "passe espectador", concedido após a verificação de antecedentes. A cidade ficará completamente selada, deixando os riscos nos arredores. A Rússia investiu quase 120 bilhões de reais na preparação do evento. A expectativa é que Sochi receba cerca de 120000 turistas e 2500 atletas a partir de 7 de fevereiro.
O governo russo é muito criticado pela mão de ferro com que gerencia o conflito no Cáucaso. Há duas décadas as repúblicas da Chechênia e do Daguestão protagonizam movimentos separatistas. "O governo está disposto a pagar o preço de algumas ações de terror para manter o controle da unidade territorial da Rússia", diz Paz. Há alguns anos, porém, os atentados deixaram de ser apenas atos de vingança contra a repressão do Estado. Cada vez mais, seguem o roteiro inspirado na Al Qaeda, inclusive no objetivo final: Doku Umarov, líder de um grupo fiindamentalista, quer criar um emirado no Cáucaso, com a aplicação estrita das leis religiosas. Em um vídeo divulgado em julho, ele ameaçou fazer de tudo para impedir a realização dos Jogos de Inverno. "Os 2200 ataques terroristas realizados pela gangue de Umarov entre 2007 e 2012 são um indício de que as forças de segurança de Putin estão perdendo a capacidade de lutar contra o terror", diz a cientista política ucraniana Lilia Shevtsova. Sochi pode estar protegida, por ora. Mas os russos continuarão sob ameaça.

ZERO HORA


Contratar estrangeiras seria inviável



Convidar empresas aéreas do Exterior para operar linhas domésticas tem efeito mais político do que prático. O anúncio da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, de que abriria o espaço aéreo nacional durante a Copa para companhias de fora é interpretado como uma tentativa de inibir o apetite das empresas brasileiras por reajustes de tarifas.
O professor de engenharia de transporte aéreo Respicio Espirito Santo observa que o governo federal não poderia trazer companhias de fora, mesmo editando medida provisória ou alterando a legislação. Lembra que o Brasil assinou a Convenção de Chicago, tratado internacional que regulamenta a aviação civil. Assinada em 1944, a regra estabelece que nenhum país pode decretar navegação aérea interna de forma unilateral. Ou seja, se o Brasil abre espaço para empresas de outras bandeiras, esses países também precisam convidar companhias brasileiras.
– A ministra está desinformada, não basta querer – diz Respicio, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O especialista em transporte aéreo Anderson Ribeiro Correia também garante que a ideia seria impraticável, ainda mais às vésperas da Copa. Diz que o Brasil deve obedecer às regras da Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci), um dos desdobramentos da Convenção de Chicago.

OUTRAS MÍDIAS


REVISTA VEJA BRASÍLIA



Os segredos dos escombros

A história das “ruínas da UnB”, estrutura de concreto erguida pela Escola Superior de Guerra e abandonada pelo poder público
Paulo Lannes

Quem segue pela rua em frente ao Iate Clube de Brasília depara com um trecho de terra e, logo adiante, um terreno cheio de lixo. Se o visitante atravessar a sujeira, vai encontrar algo surpreendente: uma gigantesca estrutura inacabada de concreto. Ao longo das últimas décadas, a construção ficou conhecida como as “ruínas da UnB”, uma referência à vizinha Universidade de Brasília.

Vista do chão, a obra exibe um aspecto intrigante e, até, assustador. As grossas paredes com poucas portas e sem janelas avançam até o Lago Paranoá. Escadas sem uso descem para o subsolo parcialmente alagado. O cerrado invade os escombros. Olhando do alto, percebe-se que a edificação misteriosa tem formato triangular.

Erguido durante a ditadura militar, o esqueleto de concreto permaneceu abandonado por um longo tempo. Sem um órgão que assumisse a propriedade, o imóvel se tornou foco de especulações sobre sua origem e destinação. As mais frequentes apontavam as Forças Armadas como responsável pelas obras. VEJA BRASÍLIA pesquisou o enigma para reconstituir a história completa do estranho edifício.

As “ruínas da UnB” foram erguidas pela Escola Superior de Guerra (ESG), instituição responsável pelo planejamento estratégico da defesa e da segurança do Brasil. Pelo projeto original, o prédio se destinaria a abrigar a sede da ESG, hoje localizada no bairro da Urca, no Rio de Janeiro. Em 1973, o então presidente, general Emílio Garrastazu Médici, aprovou a transferência da escola e o início da obra. Os trabalhos começaram no ano seguinte, sob a responsabilidade do escritório de Sérgio Bernardes, arquiteto conhecido na capital por construir o mastro da bandeira, na Praça dos Três Poderes, e o Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

No croqui de Bernardes, previa-se um prédio com três pavimentos, 140 metros de extensão e 20 metros de largura nas extremidades do triângulo. Seria composto de cinco auditórios e salas voltadas para as áreas administrativa e pedagógica. A construção apresentava, ainda, uma inovação arquitetônica: instalada na beira do Paranoá, ficaria, em parte, dentro da água. “O edifício espalha-se pelo lago integrando um conjunto urbano-paisagístico complementado por bosques e gramados”, diz um documento produzido pelo escritório do autor do projeto.

Em março de 1974, o general Ernesto Geisel substituiu Médici na Presidência da República e, cinco meses depois, deu ordem para interromper a obra. Uma reportagem publicada em 14 de agosto de 1975 pelo Jornal do Brasil diz que o motivo da suspensão foi financeiro. Com o fim do período do “milagre econômico”, as verbas haviam escasseado e a sede da ESG em Brasília teria deixado de ser prioridade.

A família de Bernardes tem outra versão. “Sérgio sugeriu uma abordagem conceitual diferente para o projeto da escola”, diz Kykah Bernardes, viúva do arquiteto. “Ele previa uma aproximação com estudantes e com a universidade”, explica. Para Kykah, Geisel descobriu as intenções do arquiteto e resolveu desfazer a parceria. João Pedro Backheuser, escritor de um ensaio sobre Sérgio Bernardes, reforça essa tese. “Da noite para o dia, todos os projetos de Bernardes foram cancelados”, afirma. Sem o dinheiro previsto, o arquiteto se viu imerso em dívidas, declarando falência nesse mesmo período.

Cinco anos depois do cancelamento dos trabalhos, o aviso ministerial 1383/79, do chefe da Casa Civil, Golbery do Couto e Silva, determinou que o terreno fosse cedido ao hoje extinto Departamento de Administração do Serviço Público (Dasp). Em parceria com a UnB, o órgão deveria construir no local o Clube do Servidor Público, mas esse projeto nunca saiu do papel.

A ideia de transferir a sede da ESG para Brasília foi retomada em 2010. De acordo com o plano, a escola será estruturada em dois câmpus, um no Rio e o outro em Brasília. Na capital, o novo prédio ficará na 903 Sul, em um terreno do Ministério da Defesa. Ainda hoje, as “ruínas da UnB” permanecem com futuro incerto. O imóvel faz parte do programa Brasília Cidade Parque, administrado pela Secretaria do Meio Ambiente e pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram), mas, até agora, não há previsão de obras na área. Um trecho da música Fora da Ordem, do cantor Caetano Veloso, parece ilustrar bem o caso: “Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína”.

SITE D24 AM (AM)



Servidores federais civis e militares têm reajustes previstos para 2014

São 640 mil pessoas das Forças Armadas beneficiadas com o reajuste salarial; alguns de 30%
Cerca de 1,7 milhão de servidores federais terão reajuste salarial em 2014. Para a maior parte, o aumento vai corresponder à segunda das três parcelas da recomposição acertada entre a União e os sindicatos, em 2012. Para a maioria dos servidores, o reajuste total, considerando as três parcelas (2013, que já foi paga, 2014 e 2015) será de 15,8%. Mas os militares receberão mais, 30% ao todo, também em três vezes.
Conforme a categoria, o reajuste estará no salário referente a janeiro, pago em fevereiro — casos do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (PGPE) e da carreira da Previdência, Saúde e Trabalho —, ou no pagamento relativo a março, que sairá em abril. Essa data vale para os professores e para os militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) vai voltar a pedir ao governo a antecipação da parcela de 2015 do aumento do funcionalismo. A reivindicação foi feita, sem sucesso, no ano passado.
“A inflação já corroeu todo o reajuste, mesmo sem a antecipação. O que estamos tentando fazer com essa proposta é diminuir o prejuízo”, disse o secretário-geral da Condsef, Josemilton Costa.
A antecipação estará na pauta de reivindicações que a entidade vai apresentar à União no próximo ano. A paridade entre ativos, inativos e pensionistas, a criação de uma data-base e a regulamentação da negociação coletiva são algumas das outras demandas. Caso as negociações não avancem, há a chance de os servidores entrarem em greve em março.
Ao todo, 640 mil militares serão beneficiados com o aumento. O reajuste salarial de 30% para os militares das Forças Armadas foi aprovado pelo governo federal em agosto de 2012. O percentual foi parcelado igualmente em três vezes. As demais parcelas serão pagas em 1º de março de 2014 e 2015. O dinheiro entrará efetivamente na conta no pagamento creditado em abril. O aumento é linear para todos os postos.
Na época em que foi aprovado, o reajuste não agradou aos militares. A categoria pleiteava um aumento de 45%. Com os 30% conseguidos, o desejo era de pelo menos, ter um aumento maior já na primeira parcela.

A líder da União Nacional das Esposas de Militares das Forças Amadas (Unemfa), Ivone Luzardo, se queixa do percentual. “Se pelo menos os 30% fossem pagos de uma única vez, até que daria para acalmar os ânimos. Mas assim parcelado não compensa”, disse.
Negociação
Foram seis meses de negociação até que o governo aprovasse o reajuste dos militares das Forças Armadas. O governo federal chegou a reconhecer que os militares precisavam ser contemplados com aumentos diferenciados, mas a presidente Dilma Rousseff e a área econômica consideraram a reivindicação da categoria, de 45%, acima das possibilidades das contas públicas.
Uma das maiores dificuldades de concessão de reajuste para os militares, de acordo com o governo, é o peso da folha de pagamento. Em 2012, o orçamento do Ministério da Defesa foi R$ 64,794 bilhões. Desses, 69,9% (R$ 45,297 bilhões), foram para pagar pessoal e encargos.
Pelo menos R$ 28,5 bilhões representaram o pagamento de inativos e pensionistas. De acordo com o Ministério do Planejamento, ao final dos três anos de reajustes, o impacto na folha de pagamentos será da ordem de R$ 12,5 bilhões.
Força Militar
Foi aberto, na última quinta-feira, o período de alistamento para o Serviço Militar Obrigatório. Homens que completam 18 anos (nascidos em 1996) têm que se apresentar.



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