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NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 20/12/2013

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Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.




BRASIL ECONÔMICO


França minimiza decisão do Brasil de escolher caça sueco


Enquanto o presidente François Hollande argumenta que o governo brasileiro queria um caça mais barato, ministro da Defesa francês diz que operação não era prioritária e valoriza negociações com Índia e países árabes

O presidente francês, François Hollande, defendeu o caça Rafale fabricado na França, ao ser informado da decisão do governo brasileiro de optar pela compra de 36 caças Gripen, da Suécia. “Eu esperava. Defendo este avião e temos que vendê-lo. O Brasil tinha dificuldades financeiras e queria um avião mais barato", disse Hollande, ontem, em Bruxelas, onde participada reunião de cúpula de chefes de Estado e de Governo da União Europeia.
A decisão brasileira foi anunciada na quarta-feira, pondo fim a uma década de discussões. A transação está avaliada em US$ 4,5 bilhões, segundo a Força Aérea Brasileira. Para substituir os velhos Mirage da FAB, o Gripen,da Saab, competia como F/A-18 Super Hornet da norte-americana Boeing e o Rafale da francesa Dassault.
A Dassault lamentou a escolha dos Gripen,e considerou que o caça sueco é inferior ao Rafale. “Lamentamos que a escolha seja o Gripen, dotado de muitos equipamentos de origem de terceiros países, especialmente norte-americanos, que não têm a mesma categoria que o Rafale. Não é equivalente em termos de vantagens e, portanto, de preço", comentou a fabricante francesa.
Uma dos principais exigências brasileiras é a transferência irrestrita de tecnologia para fabricar os aviões e equipar a indústria de defesa do país. No início de 2011, a presidente Dilma Rousseff adiou a decisão sobre os caças por causa de cortes orçamentários, apesar de a FAB insistir na urgência da compra. O ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, minimizou mais um fracasso nas vendas do Rafale, dizendo estar confiante de que em breve terá boas notícias sobre licitações na Índia e em países do Golfo Pérsico.
O jato francês ainda não conseguiu emplacar um comprador estrangeiro, apesar de ser considerado um dos mais eficientes e sofisticados caças do mundo, mas também um dos mais caros. A França esteve perto de fechar o acordo com o Brasil em 2011, com a Dassault apostando na promessa de transferir a tecnologia para superar a concorrência, mas à época o governo brasileiro adiou a decisão devido à escalada da crise econômica. “Isso não é um fracasso.
É uma decepção em um objetivo que não era prioridade, disse Jean-Yves Le Drianà rádio Europe 1, minimizando a derrota. “O Brasil não era um objetivo prioritário para o Rafale. Temos objetivos mais importantes na Índia e no Golfo (Estados Árabes)." “A escolha do Brasil é lógica", disse um trader baseado em Paris. “Foi uma escolha econômica pelo avião sueco."
“A França precisa entender que o Rafale é muito caro e que a qualidade do equipamento não é levada em consideração no atual processo decisório. Com esse fracasso, o contrato na Índia se torna crucial para a Dassault”. A disputa foi marcada por muitas idas e vindas, com cada uma das proponentes aparecendo como favorita em diferentes momentos da licitação.
A decisão do governo brasileiro também repercutiu nos Estados Unidos, ganhando destaque no jornal New York Times. “Brasil esnoba a Boeing na compra dos caças", diz o jornal em referência à decisão do governo brasileiro. Citando o ministro da Celso Amorim, destaca a informação de que, segundo o ministro, componentes do caça sueco poderão ser fabricados no Brasil.

ZERO HORA


Enquanto espera, FAB quer aviões emprestados



Com a perspectiva de receber as primeiras unidades do Gripen NG somente em 2018, o Brasil negocia uma alternativa para reforçar sua defesa enquanto aguarda os aviões. A ideia é receber da Força Aérea sueca ou da Saab, fabricante do Gripen, versões anteriores do caça supersônico.
Ao anunciar a compra de 36 unidades do avião por US$ 4,5 bilhões (R$ 10,4 bilhões), na quarta-feira, o ministro da Defesa, Celso Amorim, admitiu a possibilidade de usar outras aeronaves da Saab durante o desenvolvimento do modelo NG. A negociação já está em andamento, com as tratativas para assinar o contrato de aquisição dos novos caças.
Os modelos cedidos serão o C e D, já utilizados em outros países, mas que só chegariam a partir de 2016. A solução temporária reforçaria a frota de caças, prestes a perder 12 Mirage que serão aposentados no final do mês, o que obriga o Brasil a usar F-5EM recém modernizados, incluindo um lote de aviões jordanianos de segunda mão adquiridos em 2007.
O empréstimo de caças poderá aumentar o gasto com a aquisição dos aviões, acréscimo que o governo tentará evitar na negociação do contrato.
A distribuição do Gripen NG também é discutida pela FAB. Os primeiros caças devem ser enviados para Anápolis (GO). É possível que a cidade goiana fique com as 36 aeronaves, divididas em dois grupos de 15, deixando seis unidades para treinamento ou reposição.
- É mais barato manter os aviões na mesma base, sendo que Anápolis é bem localizada, está no centro do país - explica um militar da FAB. A transferência de tecnologia é prioridade brasileira. Amorim destacou a importância de receber o código-fonte do sistema do Gripen, que permitirá incluir armas brasileiras no avião.
- Tendo acesso ao código, é possível conhecer a aeronave por dentro, como ela integra seus dados. Colocar novo armamento não é tão simples, pois a arma precisa se comunicar com o computador principal da aeronave - explica Nelson Düring, edi-tor-chefe do portal DefesaNet.
Ele acredita que o país tem armas capazes de serem integradas aos caças. E cita modelos de bomba guiada por GPS e mísseis antirradiação, além do míssil de quinta geração A-Darter, guiado pelo calor emitido pelo alvo, desenvolvido em parceria com África do Sul, que já utiliza o Gripen.

Lotação recorde nos aeroportos



Quem está com viagem de avião marcada para o feriado de Natal tem uma preocupação a menos: a greve de pilotos, copi-lotos e comissários, prevista para começar hoje, foi cancelada.
Mesmo assim, a expectativa é de movimento intenso nos principais aeroportos do país, com previsão de chegar a recorde, com 360 mil passageiros.
Segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), todas as assembleias realizadas em cinco terminais aceitaram a proposta oferecida pelas empresas, de reajuste salarial de 5,6%.
- Nesta época, com grande fluxo de passageiros, não queríamos atrapalhar o fim do ano do usuário - disse o presidente do SNA, Marcelo Ceriotti.
O governo interveio na negociação, temendo a ocorrência de caos aéreo. Na quarta-feira à noite, a Justiça havia determinado que 80% dos aeronautas mantivessem os trabalhos, o que na prática inviabilizaria uma paralisação.
O Sindicato dos Aeroviários (que atuam em terra) rejeitou a proposta das companhias e anunciou que segue em estado de greve. Contudo, foi cancelada a paralisação de hoje.
Órgãos de defesa do consumidor orientam consumidores a ligarem com antecedência para as empresas aéreas para saber a situação de seu voo (leia recomendações ao lado).
- Se houver problema, o passageiro deve contatar a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) ou o Procon - explica Sônia Amaro, superintendente institucional da Proteste.
Quem vai viajar de avião deve ficar atento ao trânsito. Ontem, no fim do tarde, congestionamentos dificultavam a chegada ao aeroporto Salgado Filho, na Capital.
A situação pode se agravar hoje porque as avenidas para o aeroporto também são utilizadas por quem sai de carro com destino ao Interior ou Litoral. É recomendado que os passageiros saiam cedo de casa para chegar a tempo para o embarque.

No radar dos suecos - Fabricante de caças conta com fornecedora no Estado


AEL Sistemas poderá produzir componentes para as aeronaves que serão compradas pelo Brasil

A decisão do governo brasileiro de adquirir 36 caças Gripen NG, de fabricação da sueca Saab, contém uma boa notícia para o RS.
A AEL Sistemas S.A., empresa de capital israelense estabelecida em Porto Alegre e que integra um projeto de estímulo à criação de um polo aeroespacial na Capital, foi selecionada em abril deste ano para fornecer equipamentos para o Gripen NG.
A opção da Saab pela AEL foi confirmada em nota publicada no site da empresa sueca. "A AEL Sistemas S.A. foi selecionada para o programa FX-2 em relação a aviônicos (componentes) do Gripen NG se for escolhido pela FAB", dizia a nota. O programa FX-2 é o projeto do governo brasileiro para aquisição de caças que substituirão os atuais Mirage.
Entre os componentes a serem fornecidos pela AEL, segundo a nota da Saab, estão displays, computadores, software e serviços de integração e suporte de logística. computadores, software e serviços de integração e suporte de logística.
A empresa sediada em Porto Alegre é especializada em defesa eletrônica, componentes espaciais e interface de comunicação. Um memorando de entendimento entre as duas companhias foi assinado em 2009.
Em nota, a AEL afirmou que "comemora o fato de a Saab ter anunciado que a companhia gaúcha será parceira no fornecimento de um extenso pacote de aviônicos para a aeronave. "Ao fazer parte do projeto de desenvolvimento do Gripen NG, iremos desenvolver e fornecer as mais modernas tecnologias aviônicas na nova geração de caças, o que amplia ainda mais as contribuições já feitas pela empresa às Forças Militares do Brasil", afirma Shlomo Erez, presidente da AEL, segundo o texto.
O secretário estadual de Ciência, Cleber Prodanov, confirmou que a AEL é uma das empresas cotadas para fornecer equipamentos para a construção dos caças suecos:
- A AEL tem potencial. Se vai se concretizar, ainda depende dos contratos que serão discutidos daqui por diante. É uma empresa com expertise, já participou da modernização dos aviões da FAB e de navios da Marinha.
O fato de uma empresa baseada em Porto Alegre se credenciar a fornecer produtos ao Gripen NG animou o secretário, que já mira a consolidação do ramo tecnológico no Estado.

FOLHA DE SÃO PAULO


Erramos: Compra de caças representou "anos de sofrimento", diz comandante da Aeronáutica



Diferentemente do que informou o texto "Compra de caças representou "anos de sofrimento", diz comandante da Aeronáutica" (Poder - 18/12/2013 - 16h49), a expressão em francês "A la chasse!" significa "à caça!", e não "aos caças!". O texto foi corrigido.

Brasil quer "caça tampão" até novo Gripen chegar



O Brasil vai pedir à empresa sueca Saab, fornecedora dos futuros caças da FAB, que sejam fornecidos alguns aviões enquanto os novos modelos não chegam. 
O "tampão" seria um Gripen da geração atual, o modelo C/D. O Brasil anunciou ontem que irá comprar, por US$ 4,5 bilhões, 36 Gripen NG, a nova geração do avião.
O problema é que os aviões só começam a chegar, se o contrato for assinado até o fim de 2014, em algum momento de 2016. Enquanto isso, o Brasil só terá à sua disposição para defesa aérea antigos caças F-5 modernizados, já que os Mirage-2000 em uso hoje serão desativados no dia 31.
Os Mirage, 12 ao total, já eram uma solução provisória encontrada pela FAB em 2005, quando foram aposentados os antigos Mirage-IIIEBR, com mais de 30 anos de uso. Usados, tiveram sua vida útil esticada ao máximo.
Em 2005, os suecos chegaram a oferecer Gripens usados como "tampão", então a expectativa é de que o pedido do Brasil seja aceito. Os F-5 terão de ser remanejados para Anápolis, onde fica o GDA (Grupo de Defesa Aérea), responsável por proteger Brasília de ameaças.
O contingente que ficará na cidade goiana será mínimo: seis pilotos, um major e cinco capitães, para manter a unidade e cumprir horas de voo nos F-5. Hoje há 46 desses aviões, que foram modernizados pela Embraer e contam com computadores atuais, mas não foram desenhados como interceptadores, e sim aviões para combate aéreo. 
O próximo caça da FAB terá a missão de unificar as capacidades dos modelos existentes hoje. Ou seja, fazer interceptação como os Mirage, combate tático como os F-5 e ataque a solo como os AMX.
Em teoria, a demanda brasileira na década que vem será por 120 aeronaves, inclusive caças navais. O Gripen tem uma versão navalizada, ou seja, com mudanças como trem de pouso reforçado para pouso em porta-aviões, na prancheta. Por ora, a Marinha mal opera os poucos caças A-4 Skyhawk de que dispõe.

Caça sueco é versátil mas tem menos capacidade ofensiva



O caça sueco escolhido pelo Brasil para renovar a frota de sua Força Aérea é mais barato e versátil que as opções americana e francesa. Porém, carrega menos armas e terá que ser adaptado para cobrir as grandes distâncias de um país continental, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil. 
O Gripen, da fabricante Saab, é um avião menor que seus concorrentes F-18, da Boeing americana, e o Rafale, da Dassault francesa. Enquanto o F-18 e o Rafale decolam carregando de 29 e 24,5 toneladas, o Gripen levanta voo com apenas 14 toneladas. Na prática isso significa que os primeiros conseguem levar mais mísseis e bombas, além de mais combustível, garantindo maior autonomia de voo.
Segundo o editor do site especializado Defesanet, Nelson During, o F-18 e o Rafale são de uma categoria diferente e têm propósitos diversos em relação ao Gripen. "Algo que pesou para o governo é que o Gripen é um projeto no qual podemos entrar e participar. O F-18 e o Rafale são projetos acabados", afirmou.
De acordo com informações do governo brasileiro, o país participará do desenvolvimento dos aviões e haverá repasse de tecnologia - o que no futuro pode ajudar o país a desenvolver caças de última geração. Cerca de 40% da aeronave deve ser fabricada em território nacional.
Pelo acordo fechado com a Saab, a partir de 2018 o Brasil começará a receber uma nova versão do avião, o Gripen-Nova Geração, que será um modelo com adaptações à realidade brasileira. O objetivo inicial do projeto Gripen foi desenvolver um caça muito ágil, porém sem grande automonia de voo - características adequadas para a defesa de um país com as dimensões da Suécia.
Um oficial da FAB (Força Aérea Brasileira) que participou dos projetos F-X, que tratam da compra dos caças pelo Brasil, disse que uma das principais vantagens observadas pela entidade ao defender a compra do Gripen foi a questão econômica.
Segundo During, a hora de voo do Gripen que será desenvolvido custará cerca de um terço do valor da hora do F-18. Além disso, o caça tem apenas um motor (o F-18 e o Rafale têm dois), o que diminui a quantidade de manutenção requerida pelo avião - embora também diminua, em tese, sua segurança, isso porque, se um motor falhar, o avião pode continuar voando com o outro.
Outra desvantagem é que diferente do F-18 e do Rafale, o Gripen ainda não foi testado em combates reais. A ideia trabalhada pela FAB é a de que não seria necessário manter armas tão poderosas quanto o F-18 e o Rafale dentro do atual contexto geopolítico do continente sul-americano.
ESTRATÉGIA DE DEFESA
O Gripen foi desenvolvido na Suécia com uma característica marcante: ser capaz de pousar e decolar em pequenas pistas - em alguns casos até em uma avenida ou pista de pouso precária. Essa capacidade faz com que ele não dependa de grandes bases aéreas para operar. No Brasil, poderia em tese pousar nos pequenos pelotões de fronteira do Exército na Amazônia, para reabastecer e se rearmar.
Segundo analistas, o Gripen começou a ser planejado no final da década de 1970 para integrar a defesa do país contra um eventual ataque da União Soviética, entre outras ameaças. A ideia seria espalhar muitos aviões pelo país criando uma rede de resistência ao invés de concentrá-los em grandes bases aéreas - que poderiam ser atacadas facilmente por uma potência militar maior.
O Brasil hoje não enfrenta ameaças dessa natureza, mas a estratégia de defesa nacional prevê sim eventuais ataques de nações mais poderosas militarmente. Contudo, segundo analistas, quando a FAB cogitou pela primeira vez comprar o Gripen, previu a aquisição de pelo menos 100 unidades e não apenas 36. A ideia era espalhar os aviões por todo o país para superar sua desvantagem técnica de menor autonomia de vôo.
PORTA-AVIÕES
A escolha do Gripen faz com que os caças adquiridos pela FAB não possam ser usado inicialmente no porta-aviões São Paulo, da Marinha brasileira. O F-18 foi projetado para operar em porta-aviões (embora não do tipo que o Brasil tem, por isso adaptações seriam necessárias) e o Rafale já foi aprovado em testes nesse tipo de embarcação.
Já o Gripen é um avião projetado para operar a partir de bases terrestres. Por causa disso, no futuro, a Marinha terá que adquirir seus próprios caças para substituir os modelos usados no São Paulo.
Outra hipótese é que a Saab desenvolva um modelo marítimo do Gripen - o que segundo especialistas já está sendo estudado pela empresa. Esse projeto terá de usar materiais mais resistentes à ação da maresia, por exemplo, e terá de prever estruturas resistentes ao pouso em navios, considerado mais desgastante para as aeronaves que o pouso em bases aéreas.

Caça sueco será montado na Embraer, diz FAB



A FAB (Força Aérea Brasileira) confirmou que a Embraer será a empresa na qual o caça sueco Gripen será montado no país, a partir do momento em que sua linha de produção brasileira estiver estabelecida. 
"A gente vai ter o domínio do conhecimento necessário para fazer integrações [de sistemas do avião]", afirma o brigadeiro José Augusto Crepaldi Affonso, gerente do projeto na FAB e responsável pelo contrato com a Saab que foi anunciado anteontem.
O governo vai comprar, por US$ 4,5 bilhões (R$ 10,5 bilhões), 36 unidades do avião.
O contrato deve ser assinado até dezembro de 2014. Os primeiros aviões chegam em 2016. A previsão é que a partir da quinta aeronave, todas sejam montadas no Brasil.
Apesar de ser a escolha natural, visto que a Embraer é a maior empresa aeronáutica brasileira, havia especulações sobre o papel que as instalações da Saab em São Bernardo do Campo teriam no processo, devido ao lobby do prefeito Luiz Marinho (PT).
Ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marinho sonha com um polo aeroespacial no ABC paulista, semelhante ao existente ao redor da sede da Embraer, em São José dos Campos (SP).
Isso dificilmente deverá acontecer, e a fábrica prevista de US$ 150 milhões na cidade fará parte das asas do avião, que serão enviadas para montagem provavelmente na unidade da Embraer em Gavião Peixoto (SP).
O processo condiz com a prática da Saab. O modelo atual do Gripen, a versão C/D, tem suas partes principais fornecidas por não menos que seis países. Um deles, a África do Sul, entrou na jogada por ter comprado 26 caças.
O caso brasileiro é inédito para os suecos, já que a linha sairá da gelada Linköping (pronuncia-se "linchôpin").
A nacionalização será progressiva, a depender da capacidade de absorção da indústria nacional, e está prevista em 40% do avião todo em sua última unidade entregue.
A responsável por essa montagem será a Akaer, empresa de São José que há quatro anos teve 15% comprados pela Saab. A empresa prevê a criação de 1.800 empregos, num universo de 25 mil da indústria aeronáutica local.
Nas derradeiras unidades, há a expectativa que partes sofisticadas, como controles digitais do avião, sejam da AEL (empresa gaúcha controlada pela israelense Elbit).
Mais importante, o plano é que todo o conhecimento de integração de sistemas tenha sido repassado para o Brasil.
Isso começa com um "rig", espécie de simulador de todos os componentes digitais e eletrônicos do avião, que capacitará técnicos da FAB e da Embraer a fazer suas próprias programações.
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Editorial: Enfim, os caças



Foram "anos de sofrimento", segundo Juniti Saito, comandante da Força Aérea Brasileira, mas o governo ao menos valeu-se da delonga para dar um desfecho ponderado a uma negociação nem sempre conduzida pelo prisma técnico. 
A escolha do sueco Saab Gripen NG como novo caça padrão da FAB representa não só a opção mais barata mas também a que pode oferecer maiores avanços tecnológicos ao Brasil. Era, conforme revelou a jornalista Eliane Cantanhêde nesta Folha em janeiro de 2010, o modelo mais bem avaliado em análise feita pela Aeronáutica.
Foram preteridos dois concorrentes de peso: o F-18, da americana Boeing, e o Rafale, da francesa Dassault. Diante das propostas iniciais feitas em 2008 --as 36 unidades custariam, respectivamente, US$ 7,5 bilhões e US$ 8 bilhões--, o valor pedido pela Saab constitui inegável pechincha: US$ 4,5 bilhões (eram US$ 6 bilhões), que serão pagos em até 14 anos após a entrega do último avião.
Verdade que contratempos políticos pesaram contra os modelos derrotados. O Rafale, que chegou a ser o preferido no governo Lula, perdeu espaço quando a França, em 2010, não apoiou acordo capitaneado por Brasil e Turquia para a crise nuclear do Irã. Mais recentemente, a Boeing viu suas chances diminuírem com o escândalo de espionagem americana.
Não foi apenas isso, contudo. A principal vantagem que apresentavam na seara militar era, a rigor, um exagero. Dadas as características diplomáticas e geográficas do Brasil, o maior poderio em combates aéreos dificilmente seria empregado. Para as necessidades de vigilância e defesa estratégica, os hoje modernos caças suecos são apropriados --a um custo operacional bem mais baixo, aliás.
Mesmo o atraente pacote comercial e a vasta experiência oferecidos pela Boeing terminaram relativizados pelas promessas de transferência de tecnologia da empresa sueca. Não é trivial dominar técnicas da indústria de ponta, como turbinas supersônicas e manipulação de materiais compostos, com aplicações militares e civis.
Discutida desde os anos 1990 e transformada em pretensão oficial em 2001, a renovação da frota da FAB era uma necessidade inconteste --de resto, o sucateamento de equipamentos militares atinge as Forças Armadas brasileiras como um todo, e não só a Aeronáutica.
É por isso mesmo lamentável que o processo tenha se arrastado por tanto tempo. Em 2016, quando devem ser entregues as primeiras unidades, os caças já não representarão a geração mais avançada.
A novela, de todo modo, não terminou. Para que a escolha se mostre de fato acertada, é preciso haver o teste da realidade. Trata-se, neste caso, não só de conhecer os termos de um contrato ainda longe de ser assinado, mas também de tirar do papel todos os benefícios embutidos nessa negociação.

PORTAL G-1


Helicóptero tem problemas durante pouso no Aeroporto Carlos Prates


Três pessoas estavam a bordo, mas ninguém ficou ferido. Segundo Infraero, aeronave era usada em aula de voo.

Um helicóptero teve problemas na hora do pouso na tarde desta quinta-feira (19), e um dos rotores atingiu a calda da aeronave durante o retorno ao Aeroporto Carlos Prates, na Região Noroeste de Belo Horizonte. Segundo a assessoria da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), o helicóptero modelo esquilo era usado em uma aula de pilotagem.
A Infraero informou ainda que três pessoas estavam a bordo do avião, mas ninguém ficou ferido. O aeroporto precisou ser fechado por pouco mais de uma hora.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) vai investigar os motivos do acidente.

ESTADO DE MINAS


Em dia com a Política


A compra dos caças finalmente decolou A indústria Aeronáutica militar brasileira poderá voar em céu de brigadeiro e concorrer no mercado internacional

A escolha dos caças suecos Gripen para reequipar a Força Aérea Brasileira (FAB) fez decolar os mais variados argumentos a favor da opção, embora houvesse também quem preferisse o F-18 da Boeing, norte-americana, ou o Rafale, da francesa Dassault. Contra o avião da França pesou o custo mais alto. Contra o jato da Boeing, influenciou muito a espionagem que os Estados Unidos fizeram, monitorando até mensagens da presidente Dilma Rousseff. E ainda a desconfiança de que não haveria, como prometido, a transferência total de tecnologia para o Brasil.
Os suecos, bem ao seu estilo, deixaram de lado as negociações mais políticas dos governos francês e norte-americano. Preferiram atuar de forma técnica, o que agradou aos oficiais da Força Aérea. É o jeito militar de ser, preto no branco e pronto. Além disso, pesou a convicção de que a transferência de tecnologia será muito mais completa com os Gripen.
O Brasil trabalha para fortalecer sua indústria Aeronáutica. Já teve avanços significativos com a Embraer e vem crescendo a cada ano que passa. Não foi à toa que o ministro da Defesa, Celso Amorim, ao anunciar a decisão, destacou a importância da transferência, no termo técnico, do código-fonte das armas. O que isso representa? Significa que armas produzidas no Brasil poderão equipar os 36 aviões que serão comprados por US$ 4,5 bilhões.
Se tudo der certo, a indústria Aeronáutica militar brasileira poderá voar em céu de brigadeiro e concorrer no mercado internacional. A Embraer já mostrou que isso é possível: vende aviões até para empresas norte-americanas. É esse o objetivo do governo e há expertise para aprender com os suecos. A compra dos caças foi uma novela quase sem fim. Passou pelo governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e pelo governo Lula (PT). Mas foi a presidente e ex-guerrilheira Dilma quem deu a canetada final.

Uma coisa é sabida. O governo brasileiro bateu o martelo na compra dos caças suecos e é certo que não vai arremeter dessa decisão.

Acordo salarial cancela greve em aeroportos


Pilotos e comissários aceitaram propostas das companhias aéreas e cancelaram paralisação marcada para hoje. Greve desembarca dos aeroportos

Um acordo na negociação salarial dos aeronautas aos 45 minutos do segundo tempo, o que resultou no cancelamento da greve prevista para iniciar hoje, pode dar um refresco no caos do setor aéreo na última quinzena do mês, mas isso não significa que os passageiros estão livres de dias caóticos no Natal e no ano-novo. A expectativa de recorde histórico de movimentação no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, em meio às obras de reforma do terminal, da pista, do pátio e da rodovia de acesso, pode complicar a operação. De hoje até domingo, 103 mil passageiros devem passar pelo aeroporto, aumento de 25,6% no fluxo em relação aos fins de semana normais do resto do ano.
Desde a semana passada, praticamente em todos os dias o registro de atrasos superou a média considerada razoável pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de 15%. Ontem, até as 17h, dos 100 voos domésticos previstos 19 tiveram atrasos. Outros três foram cancelados. Segundo o secretário-executivo da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Guilherme Ramalho, Confins tem respondido bem nas operações com maior demanda, diz ele em alusão à Copa das Confederações. Ele reconhece que a situação está longe de ser a ideal. "Não se tem hoje o conforto que a gente esperava. Mas tem condição sim de dar conta da demanda. É um fim de ano com um desafio adicional por estar em obras", disse Ramalho, que, ontem, fez visita relâmpago ao aeroporto.
A expectativa das empresas é que o número de passageiros hoje seja o mais alto da história. Segundo a Abear, associação que reúne as principais companhias aéreas do país, hoje deve ser a sexta-feira com maior fluxo da história. Dos bilhetes reservados, 95% já foram confirmados, o que significa alta taxa de ocupação nos voos, segundo a Abear. "A expectativa é de aumento de passageiros neste fim de ano e que amanhã (hoje) seja um dia histórico, com maior número de passageiros transportados em um dia", disse o presidente da entidade, Eduardo Sanovicz.
As companhias dizem estar preparadas para atender a demanda extra. Foi feita uma programação de folga e férias das equipes de forma a minimizar transtornos no embarque. Quinze aeronaves reservas estarão de prontidão nos principais eixos de conexão. Apesar disso, a associação orienta os passageiros a adotar certos procedimentos para evitar transtornos, como levar bagagem dentro do peso permitido; certificar que está com os documentos de crianças e adolescentes; evitar roupas metálicas que possam ser barradas no raio X e fazer o check-in on-line.
Atrasos - Pelas regras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os níveis de atraso de até 10% por dia são considerados razoáveis ao longo do ano; na alta temporada o índice sobe para 15% devido ao aumento de fluxo de passageiros e às condições meteorológicas. "Quando os níveis de uma empresa aérea ou em um determinado aeroporto ultrapassam os limites, são imediatamente acionados para prestar informações", diz a assessoria de imprensa da Anac. A negociação salarial dos aeronautas encerrou-se depois que a categoria aceitou o reajuste de 5,6% para os tripulantes, além da confirmação de melhoria nas condições de trabalho.

CORREIO BRAZILIENSE


Visão do Correio


Caças suecos na Força Aérea Brasileira

Entre as qualidades brasileiras, não figura a presteza. Deixamos para amanhã o que podemos fazer hoje. Se possível, para depois de amanhã. Talvez seja este o único país cujo calendário prevê o Dia de São Nunca. Explica-se assim a demora na compra dos caças-padrão da Força Aérea Brasileira (FAB) — necessários para a defesa nacional. Com eles, espera-se contar com aparelho apto a fazer combate aéreo, interceptação e ataque ao solo.
A presidente Dilma Rousseff, em encontro com generais durante o qual anunciou a decisão, sintetizou a importância da aquisição: “Nós somos um país pacífico, mas não vamos ser um país indefeso”. As idas e vindas duraram 12 anos. Em agosto de 2001, na administração Fernando Henrique Cardoso, a Aeronáutica provocou empresas a apresentar propostas. De lá para cá, debates, adiamentos, pressões e contrapressões emperraram o processo.
Das três concorrentes — a americana (Boeing), a francesa (Dassault) e a sueca —, o governo bateu o martelo em favor da nórdica Saab Gripen NG. Pesaram na escolha, além do parecer técnico da FAB, dois fatores consideráveis. Um: a transferência de tecnologia. O Brasil terá acesso ao código-fonte — o DNA da aeronave, que possibilitará salto na indústria Aeronáutica brasileira. O outro: o custo mais baixo, tanto na compra quanto na manutenção dos 36 aviões: US$ 4,5 bilhões (R$ 10,53 bilhões).
Num mundo em recessão, explica-se a força do lobby dos interessados. O americano Barack Obama visitou o Brasil no início do governo Dilma. O francês François Hollande esteve aqui há poucos dias. Em 2009, o antecessor, Nikolas Sarkozy, quase fechou negócio com o então ocupante do Planalto, Lula da Silva. Mas a compra não foi concretizada, apesar do alto escalão dos caixeiros-viajantes.
Feita a escolha, se o contrato for assinado em 2014, oito monomotores deverão ser entregues entre 2016 e 2023. Temem-se pedras no caminho. Entre elas, problemas com prazos e fornecedores. (Muitos equipamentos são de terceiros países, especialmente dos Estados Unidos). O modelo, eficiente para carregar mísseis e bombas, não foi testado em combate.
O modelo NG, adquirido pelo Brasil, é ainda um protótipo. Aparentemente negativo, o fato é visto como virtude, porque o país terá acesso à chave que lhe abrirá a porta da fabricação de aviões. Resta agora encaminhar o processo tecnicamente. As Forças Armadas, as universidades e os institutos de pesquisas dispõem de talentos capazes de corrigir rumos e evitar desvios prejudiciais ao interesse nacional. Em especial, ingerências políticas que visam à próxima eleição.

Críticas à autonomia limitada dos Gripens


Especialista em segurança internacional avalia que os caças suecos têm um raio de alcance pequeno para um país de dimensões continentais. Avião pode voar 1.300km sem abastecer

Apesar da demora do Brasil em definir qual modelo de caças compraria, o que acabou deixando o espaço aéreo protegido por aviões considerados obsoletos, especialistas do setor consideram acertada a escolha pela transferência de tecnologia, mas veem um defeito: raio de alcance da aeronave sueca é limitado, principalmente pelo fato de o Brasil ter dimensões continentais. O caça consegue voar somente 1,3 mil quilômetros sem precisar ser reabastecido. Mesmo com a derrota, nem os Estados Unidos, nem a França deverão fazer qualquer tipo de retaliação em relação ao Brasil, até porque o mercado civil nacional é grande e promissor.
“O Gripen anterior tinha raio de atuação muito pequeno, de 800km. Isso é perfeito para países como a Suécia, a África do Sul e a República Tcheca, por exemplo, mas não para o Brasil. Mesmo o novo Gripen, com alcance estendido de 1,3 mil km, ainda não é o ideal", diz Gunter Grudzit, especialista em segurança internacional e professor de relações internacionais da Faculdade Rio Branco, de São Paulo.
Segundo ele, os americanos, preteridos pela presidente Dilma Rousseff, não saem perdendo tanto quanto se imagina. Ele lembra que o Gripen tem tecnologia e peças dos Estados Unidos. “A turbina, por exemplo, é patente americana. Não se pode perder de vista que existem outros projetos e que ainda serão negociados. Eles não saíram totalmente do páreo, principalmente em questão de software e tecnologia", ressalta.
De acordo com Grudzit, o setor militar brasileiro precisará, nos próximos anos, de outros equipamentos, como na área de comunicação, por exemplo. “Vários contratos estão sendo assinados e passam longe da grande mídia. Daí pode ter a possibilidade de parcerias entre empresas americanas e brasileiras", acredita.
Livre dos royalties

Pelo que o ministro da Defesa, Celso Amorim, disse na quarta-feira, as patentes dos itens fechados nos contratos serão repassadas às empresas brasileiras. Isso fará com que o Brasil não tenha de pagar royalties no futuro. “Isso é fantástico para a Embraer desenvolver por aqui", comenta Grudzit.
Uma outra crítica pontual levantada por observadores da aviação militar é a respeito da defasagem tecnológica dos caças, já que fazem parte da quarta geração, e já existem os de quinta geração. “Isso não é problema. Não existe nenhuma previsão para curto espaço de tempo de que o Brasil vai enfrentar qualquer outro país com equipamentos de quinta geração", afirma Grudzit.
Até 31 de dezembro, os caças Mirage, que compõem o aparelhamento brasileiro de segurança com os F-5 e os supertucanos, serão aposentados. Os F-5, modernizados por empresas brasileiras e israelenses, farão a vigilância do espaço aéreo nacional. Os próprios militares admitem que a situação temporária está longe da ideal.
Deu no...
The New York Times
O jornal relata a escolha dos caças suecos em detrimentos dos americanos como uma “decepção" para a Boeing. O NYT lembra que a decisão brasileira ocorre “em um momento de crescente tensão entre os Estados Unidos e o Brasil” devido às revelações de espionagem por parte da Agência de Segurança dos EUA a chefes de Estado pelo mundo, incluindo a presidente Dilma Rousseff.
El Pais
O periódico espanhol escreve que a negociação brasileira ocorreu em meio a uma “grande pressão" dos países que gostariam de vender seus caças ao governo Dilma. O jornal avalia que os Estados Unidos eram os mais cotados na concorrência, mas que relação “ficou manchada após a descoberta, em agosto deste ano, que o país de Barack Obama estava espionando o governo brasileiro".
Affarsvarlden
O jornal sueco afirma que a empresa Saab foi a vencedora da Bolsa de Estocolmo “após levar para casa a aquisição brasileira de aviões de caça". As ações da Saab subiram em 30%. O diário ouviu o chefe da Aeronáutica da empresa, Lennart Sindahl, que afirmou que o Brasil fez uma avaliação completa ao escolher os Gripens. Além disso, ele avalia que a marca se fortalece em outros mercados pelo mundo.
Le Monde
O jornal chama a atenção para o fato de que o governo francês ainda espera negociar a venda dos Rafales à Índia e ao Catar, que devem anunciar os seus negócios em 2014. O ministro da Defesa francês, Yves Le Drian, declarou que “o Brasil não foi o nosso principal alvo”. Drian disse haver “boas razões para acreditar que nos dois países, em breve, haverá bons resultados".
Análise da notícia
A vitória dos EUA
LEONARDO CAVALCANTI
Por mais que o governo brasileiro tenha dado todos os sinais de que escanteou a Boeing por causa do escândalo da espionagem dos EUA, o resultado da transação comercial favoreceu os norte-americanos. Na prática, a escolha dos suecos da Saab pode ser considerada a vitória de um lobby controverso, em que estava em jogo a derrota do caça francês da Dassault.
Reportagem do Correio publicada no último dia 13, na semana da visita do presidente francês François Hollande, mostrou que funcionários do Planalto admitiam a pressão dos norte-americanos contra o Rafale (França). “Eles chegaram a dizer: se não quiserem levar o F/A-18 (EUA), escolham o Gripen (Suécia)", afirmou um servidor brasileiro, durante encontro com os franceses.
A lógica por trás da frase é mais ou menos a seguinte: do lado norte-americano, perder a disputa para os franceses seria o pior dos mundos, afinal a Boeing é concorrente direta da Dassault. Algo como uma dupla derrota, o que não ocorreria no caso de sucesso dos suecos, considerados jogadores de porte um pouco menor, casos comparados com o F/A-18 e o Rafale.
Além da disputa de mercado, os norte-americanos ainda comemoram o fato de que componentes do Gripen, como a turbina, são fabricados nos EUA. Assim, o governo Dilma pode até dizer que deu o troco no pessoal de Obama, mas o fato é que os norte-americanos não estão assim tão tristes ou mesmo magoados. E o Planalto sabe disso.

Sobe e desce nas ações



O anúncio oficial do governo brasileiro provocou reações negativas entre os concorrentes preteridos pela presidente Dilma Rousseff. Na outra ponta, os suecos comemoraram a decisão. As ações da Saad, empresa responsável pela produção dos Gripens NG, teve a maior alta em cinco anos na Bolsa de Estocolmo: 30%. Já o ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, lamentou a escolha do Brasil pelos suecos. Ele disse que há vários anos o governo da França e a Dassault explicam aos brasileiros que o Rafale é um avião de alta tecnologia que podia responder muito bem às necessidades do país. “Optaram por outro, é sua responsabilidade", criticou o ministro.
Drian também procurou minimizar o episódio ao afirmar que o Brasil não era “nosso objetivo prioritário” para vender o Rafale. “Existem outros, como a Índia e o Golfo Pérsico, onde estou convencido de que teremos bons resultados", comentou. A Dassault, empresa francesa que fabrica o Rafale, teve queda de mais de 3% na Bolsa de Paris ontem. A expectativa agora é para fechar o acordo com a Índia, anunciado no ano passado.
Já a Boeing, preferida pelos brasileiros depois que o escândalo das espionagens de autoridades brasileiras veio à tona, lamentou a escolha do governo Dilma. A empresa disse que a decisão é “decepcionante" e que entraria em contato com a Força Aérea Brasileira para melhor compreendê-la. Com sede em Chicago, a Boeing informou que ainda buscará oportunidades para expandir parcerias no país. A perda na disputa para as concorrentes no programa brasileiro é considerada ruim porque há poucas concorrências para compra de caças em andamento no mundo, o que limita o mercado de atuação.

Brasil S/A


Provedor de bolso furado

No quadro propício à estagnação da iniciativa empresarial, devido à Copa do Mundo, eleições e desconfiança dos mercados, ações como o anúncio da escolha do caça sueco Gripen NG para reequipar a Força Aérea só não serão mais frequentes porque as decisões com Força de impactar as expectativas envolvem reformas que o governo não quer ou se julga incapaz, politicamente, de fazê-las em ano eleitoral. Com resultado mais eficaz para atrair capital privado, tem-se como certa a flexibilização das regras de exploração do pré-sal depois de 2014. Aberturas assim são cogitadas contra a possibilidade de ajustes amargos, com os problemas concentrados na gestão das contas públicas. Sem alívio fiscal, não se resolve a questão tributária e o viés repetido todos os anos de expansão do gasto orçamentário.

Passagem aérea sobe 20% e eleva a inflação


Empresas se aproveitam aumento de clientes e encarecem os bilhetes, mesmo prestando serviços ruins. Especialistas dizem que, com os reajustes constantes, boa parte da nova classe média será expulsa dos aviões e terá de viajar de ônibus

Quem decidiu viajar de avião neste fim de ano teve que apertar o cinto para fazer caber as passagens no orçamento doméstico. Somente nos últimos 30 dias, os bilhetes ficaram 20,15% mais caros, segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O reajuste foi tão forte que o item respondeu, sozinho, por 0,11 ponto percentual da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) de dezembro, a maior contribuição individual para a carestia.
Mesmo pagando caro, os viajantes que optaram por embarcar ontem tiveram de lidar com o descaso e o péssimo atendimento das empresas aéreas. Sem infraestrutura adequada para enfrentar o aumento do fluxo de passageiros, as companhias obrigaram a clientela a encarar filas gigantescas, atrasos de quase duas horas e voos cancelados sem nenhuma explicação plausível. Até às 19h, 33% das 146 partidas programadas no Aeroporto de Brasília saíram fora do horário.
Desde o início da tarde, o clima era de nervosismo e apreensão nos guichês de check-in da Avianca. As filas ocupavam boa parte do terminal Juscelino Kubitscheck. A maioria dos passageiros não entendia o que estava acontecendo e se irritava com a falta de informação. “Não estou pedindo nenhum favor. Quero apenas que a empresa preste serviços de qualidade, que não me obrigue a ficar quase duas horas na fila sem saber se eu embarcarei ou não", discursou o contador José Carlos Passos, 35 anos, com destino a Aracaju (SE). “Me botaram em uma fila prioritária, mas de nada adiantou. Fiquei uma hora esperando pelo atendimento", acrescentou a professora Eliane Ignotti, 48, com passagem marcada para Cuiabá.
Sem alternativa

Mas não havia muito para onde correr. Os problemas estavam disseminados. Que o diga a servidora Alba Alves, 51. Cliente da TAM, ela esperou mais de uma hora apenas para despachar a bagagem de Brasília para o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. “O Brasil não está preparado para a demanda dos passageiros no Natal e, certamente, não estará para receber eventos de grande porte", disse. Na Gol, muitas pessoas temiam perder os voos, devido à morosidade do atendimento. “Tinha feito o check-in pela internet, acreditando que tudo seria rápido. Mas sofri para despachar a minha bagagem”, destacou o servidor público Gustavo Gusmão, 30, que estava indo com a mulher passar o Natal no Rio.
Mesmo com as dificuldades impostas aos clientes, a Gol já avisou que as passagens ficarão ainda mais caras em janeiro. No início desta semana, a empresa informou aos investidores que reajustará em 5,2% os bilhetes padrão e em 3,8% nos comprados com milhas. Por meio de sua assessoria de imprensa, a companhia explicou que este não é o aumento final que deve chegar ao consumidor, mas um aviso para as transações realizadas com a Smiles, empresa que administra o sistema de milhagem ao qual é vinculada. A Gol não soube, porém, quantificar qual será o tamanho da alta final que chegará aos clientes, mas assegurou que o reajuste será diluído ao longo do ano.
Para muitos especialistas, diante dos sucessivos aumentos dos bilhetes aéreos, boa parte da nova classe média que passou a viajar de avião terá que voltar para o ônibus. Segundo Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o encarecimento das passagens nos últimos meses não surpreende. “É comum que, nos meses de janeiro, junho, novembro e dezembro, períodos que coincidem com as férias, os bilhetes fiquem bem mais caros", comentou.
Na avaliação Adyr Silva, ex-presidente da Infraero, as companhias aéreas têm promovido um retrocesso ao encarecer as tarifas para diminuir o número de passageiros e elevar o lucro. Procurada, a Avianca não deu retorno. A TAM informou que montou um plano de contingenciamento para suportar o fluxo maior de passageiros neste fim de ano.

Simples iniciativas evitam transtornos


Quem for viajar de avião pode minimizar o estresse. Só hoje são esperadas 360 mil pessoas nos terminais

A aviação civil brasileira registrará hoje um recorde de movimentação, com 360 mil passageiros em deslocamento pelo país. A estimativa é do ministro Wellington Moreira Franco, chefe da Secretaria de Aviação Civil (SAC). Diante dessa previsão, quem for viajar para comemorar as festas de fim de ano deve redobrar a atenção de modo a evitar transtornos nos terminais (veja quadro).
As empresas aéreas sugerem que a primeira medida a ser tomada para evitar filas nos aeroportos é fazer o check-in pela internet. Mas o que é apontado pelas autoridades do setor como um facilitador se tornou um problema. Desde a semana passada, quem tenta concluir o procedimento na página eletrônica da Gol tem enfrentado problemas.
A companhia explicou que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aumentou em R$ 1,42 a taxa de embarque dos passageiros de Brasília. Dessa forma, foi necessário fazer uma alteração no sistema e, por isso, ele está instável. A Gol reiterou, porém, que valor não foi repassado aos consumidores. Caso enfrentem problemas para fazer o check-in on-line, os passageiros devem se dirigir aos guichês de atendimento no aeroporto.
Antecedência

Como a partir de amanhã o movimento será intenso, os passageiros devem chegar com duas horas de antecedência para itinerários pelo Brasil e com três quando o destino for o exterior. Também é importante não esquecer documentos de identificação de adultos e de crianças — neste caso, deve-se atentar ainda à necessidade de autorização dos pais.
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) afirmou ainda que, entre as outras medidas adotadas pelas companhias, está a reserva de 15 aviões, distribuídos entre terminais considerados de ligação do país, para serem usados em caso de necessidade de troca de aeronave.

Compra antecipada para fugir das eleições


Dilma anunciou a aquisição dos caças para evitar pressões na disputa das urnas de 2014. Medida também é resposta à espionagem dos EUA

Pressionada pelos militares a decidir sobre a compra dos caças do programa FX-2, que se discute desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, a presidente Dilma Rousseff bateu o martelo para adquirir as aeronaves suecas em outubro. Segundo informações do Palácio do Planalto apuradas pelo Correio, a decisão só foi anunciada na quarta-feira por três motivos. Um deles é que Dilma dá uma resposta aos americanos após a revelação da espionagem sobre autoridades brasileiras, incluindo ela própria, descredenciando a Boeing, produtora do Super Hornet. O governo também avaliou que, se deixasse o anúncio para 2014, ano eleitoral, poderia ficar sujeito a críticas e pressões externas.
Para manter as relações diplomáticas com os franceses, um governo também de esquerda, Dilma esperou para anunciar a decisão oficialmente apenas após a visita do presidente da França, François Hollande, ao Brasil na semana passada para não o constranger. Ela fez questão de informar o dirigente francês de que escolheria os suecos. O anúncio oficial do Brasil poderia prejudicar a primeira viagem do colega francês ao país, já que a empresa Dassault, produtora do Rafale, acabou preterida ao lado da americana Boeing.
Orçamento

O dinheiro da compra dos caças entrará no orçamento do Ministério da Defesa somente a partir de 2015. De acordo com assessoria de imprensa da pasta, não há qualquer previsão de desembolso de recursos em 2014. Conforme explicou o ministro Celso Amorim, os investimentos da ordem de US$ 4,5 bilhões estão previstos em um cronograma de desembolso que se estenderá até 2023. Tudo será definido nas negociações contratuais. O valor representa o montante anual que a Defesa tem para investir na compra de equipamentos e execução de obras. Por isso, não deverá haver grandes dificuldades para bancar a aquisição das aeronaves. Um cálculo médio mostra que a pasta teria que ter cerca de R$ 1 bilhão anual a mais para comprar os caças nos próximos 10 anos.
Além disso, caso o governo precise de auxílio financeiro, é possível que bancos suecos ajudem os brasileiros a financiar a compra. No caso do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, também executado pela Defesa, o Brasil conta, por exemplo, com financiamento de bancos da França — o mesmo expediente poderia ser utilizado no caso dos jatos, caso houvesse necessidade.
Até que os primeiros Gripen NG comecem a voar para proteger o território brasileiro, a defesa aérea ficará a cargo dos caças F5-M que foram recentemente modernizados pela Embraer.“Existe a possibilidade de o país vencedor do FX-2 colocar à disposição da FAB, como solução intermediária, um quantitativo de caças Gripen, modelo CD, para reforço da proteção do espaço aéreo brasileiro, em condições e prazos a serem definidos", explicou a pasta em nota. A Boeing e a Dassault também haviam sinalizado ao Brasil que poderiam ceder aviões menos modernos enquanto não entregavam os principais.

Sem greve, mas com filas


Mesmo com o preço alto das passagens, 20,15% mais caras em dezembro, brasilienses lotam o Aeroporto JK neste fim de ano. Ontem, a espera nos balcões de embarque já era grande. A boa notícia é que não haverá greve dos aeroviários

Os pilotos, copilotos, comissários de bordo e aeroviários — pessoal de terra — recuaram ontem e decidiram, em assembleia, não aderir à greve prevista para começar às 6h da manhã de hoje, quando se deve registrar o maior movimento do ano nos aeroportos. Os trabalhadores aceitaram a proposta das companhias aéreas, de reajuste de 5,6%, além de alguns avanços nas cláusulas sociais.
“Foi uma decisão importante e tensa. Nesta época, com grande fluxo de passageiros, não queríamos atrapalhar o fim de ano do usuário. Chegamos a um acordo para cancelar a greve com o compromisso de que, em 2014, discutiremos as questões latentes para construir um sistema de aviação menos fragilizado", afirmou o presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Marcelo Ceriotti.
O governo interveio nas negociações entre trabalhadores e empresas, pois havia indicativos de um grande caos nos aeroportos, o que respingaria na imagem da presidente Dilma Rousseff. A intermediação foi feita pelo ministro da Secretaria de aviação Civil (SAC), Wellington Moreira Franco, que recebeu da chefe um “prêmio" indesejado. Ela determinou que ele cancelasse uma viagem para Nova York, onde passaria o réveillon. Em vez da festa, Moreira terá de acompanhar o movimento nos terminais e o desempenho das companhias aéreas.
Ceriotti admitiu que a presença do governo nas conversas com as empresas evitou o pior. “O governo interveio nos orientando sobre o caos que se formaria nos aeroportos. Aceitamos uma proposta aquém do que esperávamos para não sair como culpados desses problemas, quando somos as maiores vítimas de um sistema de navegação falho", frisou. Na noite de anteontem, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) já havia decretado que, em caso de paralisação, os aeronautas teriam que manter 80% do efetivo em funcionamento.

AGÊNCIA SENADO


CRE deve ouvir ministro da Defesa sobre compra de Caças



O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), afirmou nesta quarta-feira (18) que pretende ouvir na comissão o ministro da Defesa, Celso Amorim, e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito. O objetivo é saber do governo detalhes dobre o que motivou a escolha dos caças suecos Saab Gripen NG.

- A expectativa é de que nós possamos, em fevereiro, conhecer em detalhes os fundamentos que levaram o governo brasileiro a adotar essa posição – afirmou o senador.

A decisão sobre a compra dos caças suecos foi anunciada na tarde desta quarta-feira depois de anos de indefinição. O Projeto FX-2, que inclui os caças, teve início em 2001. Aeronaves de três países disputaram o contrato com o governo brasileiro: além do Saab Gripen NG, modelos da americana Boeing e da francesa Dassault estavam na disputa.

De acordo com a Aeronáutica, o preço total dos 36 caças supersônicos será de US$ 4,5 bilhões, a serem pagos até 2023. O ministro disse que a escolha foi em razão do equilíbrio entre performance, custo e transferência efetiva de tecnologia. Esses fatores também foram lembrados por Ferraço. Para o senador, o mais importante foi a definição do govenro.

- Essa era uma decisão que se arrastava no tempo e há uma constatação efetiva de elevada vulnerabilidade e fragilidade do espaço aéreo brasileiro. O mais importante de tudo nesse momento foi a decisão adotada pelo governo federal - afirmou Ferraço.

JORNAL DO COMMERCIO


FAB negocia aviões-tampão



O Brasil vai pedir à empresa sueca Saab, fornecedora dos futuros caças da Força Aérea Brasileira, que sejam fornecidos de 6 a 12 aviões usados enquanto os novos modelos não chegam. O tampão seria um Gripen da geração atual, o modelo C/D. A tendência é de que a empresa sueca tope, já que havia feito a oferta informalmente nas negociações.
Os Gripen novos só devem começar a chegar em 2016. Ao tornar-se o avião padrão da Aeronáutica, o Gripen irá substituir paulatinamente os jatos de combate hoje em uso pela FAB, com empregos diferentes.
Os 12 Mirage-2000 responsáveis por interceptar suspeitos no espaço aéreo em torno de Brasília, que ficam baseados em Anápolis (GO), serão desativados no dia 31.
Eles haviam sido comprados da França em 2005 para servir de tampão após a aposentadoria dos Mirage-IIIEBR com mais de 30 anos de uso. Até a chegada dos Gripen, sejam os novos ou os tampões, esse trabalho será feito pelo antigo caça F-5. O Brasil possui 46, modernizados.
A FAB vai trabalhar para que estas 12 unidades do Gripen C/D cheguem ao Brasil em meados de 2015, cerca de seis meses após o fechamento do contrato. Este procedimento é normal em compras de caças entre países. A Força Aérea sueca já tem um tipo de leasing com países como a República Checa e a Tailândia, exatamente para "tapar o buraco" entre o fechamento do contrato e a entrega dos novos caças nesses países.
O valor do contrato para a compra das 36 unidades de caças será de US$ 4,5 bilhões. O aluguel dos Gripen C/D será negociado separadamente. Quando os modelos NG chegarem ao Brasil em 2018, os C/D serão devolvidos à Suécia.
REPERCUSSÃO
A escolha do Gripen, o modelo preferido pela Aeronáutica, foi anunciada anteontem após 12 anos de aberto o processo de compra. Ele desbancou o francês Rafale, da Dassault, e o americano F-18, da Boeing.
A decisão foi criticada na França e nos EUA. "Na verdade o Brasil queria um avião menos sofisticado e, portanto, mais barato, e não necessariamente para usar logo em seguida", desdenhou o presidente francês, François Hollande. "A partir disso, o Rafale não poderia estar bem posicionado, mesmo sendo um avião muito bom."
A Boeing classificou a decisão como "decepcionante", mas garantiu que continuará interessada na demanda brasileira por seus produtos. O jornal americano New York Times e o diário britânico Financial Times disseram que o Brasil "esnobou" a Boeing e associaram a escolha ao escândalo de espionagem americana à presidente Dilma. Já a imprensa francesa qualificou o resultado como um "fiasco".

O ESTADO DE SÃO PAULO


'Propriedade intelectual sobre aeronave foi determinante'


Entrevista: Juniti Salto, comandante da Aeronáutica

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, comemorou com o Alto Comando da Força Aérea a decisão da presidente Dilma Rousseff, anunciada anteontem, de comprar o caça sueco Gripen NG, depois de o processo se arrastar por quase duas décadas.
O senhor nunca perdeu a esperança, mesmo depois de tanto tempo e adiamentos?
As pessoas me questionavam muito. Eu era o único que não podia perder a esperança. Mas a medida que o tempo ia passando, a gente ficava sem saber o que dizer, embora a presidenta Dilma, desde o ano passado, tivesse avisado que este ano tomaria uma decisão. A expectativa era muito grande e agora estamos muito felizes. Será a primeira vez, depois de 40 anos, que vamos comprar um avião novo.
O Brasil vai ficar vulnerável neste período que não teremos caça em operação?
Não. O Brasil não vai ficar vulnerável de jeito nenhum. Vamos ter a Copa do Mundo de futebol e este e todos os eventos serão cobertos e protegidos, a contento, tanto com o F-5 quanto pelos Super tucanos, além dos aviões radares. E claro que o F-5 não é o avião ideal. Mas nós vamos fazer a defesa aérea do País com ele. E o avião que temos.
A Dassault critica a decisão dizendo que o avião dela é melhor. E há críticas de vários setores que o Gripen é monomotor e os demais bimotores.
Todo mundo diz que o seu é melhor. E ser monomotor tem vantagens e desvantagens. Dois motores são mais fáceis de serem detectados pelos radares. O F-16, americano, um dos melhores aviões do mundo, foi muito testado, vendeu mais de quatro mil unidades, e é monomotor.
O preço foi determinante?
O preço não foi determinante. Foi importante. Assim como a transferência de tecnologia foi importantíssima também. Uma coisa é você transferir tecnologia de um equipamento pronto, onde você recebe explicações sobre o que foi feito. Outra coisa é você desenvolver o avião e ter a propriedade intelectual dele.
O Brasil poderá vender o avião para outros países?
Na proposta ficou estabelecido que todo o mercado da América do Sul, África e outros países onde o Brasil tenha penetração as vendas serão nossas.
Há críticas de que o Gripen não tem capacidade para fazer a cobertura do País, porque ele foi projetado para voar em países pequenos, como a Suécia, e não tem autonomia para voar em país continental como o Brasil?
Isso é coisa de pessoa que não entende. O raio de ação do Gripen é igual ao dos outros dois. Ele vai cumprir a missão e vai voltar. E todos os aviões podem ser abastecidos em voo. A FAB tem um grande poder de mobilização e todos os nossos aviões têm múltiplo emprego.

'País queria avião mais barato', diz presidente francês



Os Estados Unidos ficaram desapontados com a decisão do Brasil de comprar os caças suecos, mas isso não afetará a cooperação do país com a Força Aérea Brasileira, disse ontem 0 ex-embaixador americano no País Thomas Shannon. "Nós felicitamos os suecos e a Força Aérea pela decisão. Isso é algo que eles queriam há muito tempo", afirmou Shannon durante palestra em Washington. Depois de um processo que durou cerca de 20 anos, o Brasil anunciou anteontem a compra de 36 aeronaves Gripen NG, da sueca Saab, por US$ 4,5 bilhões. A americana Boeing e a francesa Dassault foram preteridas. A presidente Dilma Rousseff tinha se inclinado, há alguns meses, em favor do F-18 americano, mas mudou de ideia por causa da espionagem do governo de Barack Obama. Shannon evitou avaliar se o episódio afetou a decisão do Brasil. Segundo ele, essa pergunta foi feita ao ministro da Defesa, Celso Amorim, e a resposta foi "não".
Um dia após ser informado da escolha do Brasil pelos caças suecos, o presidente da França, François Hollande, afirmou que "o Brasil queria um avião menos sofisticado e mais barato". "A partir disso, o Rafale não poderia estar bem posicionado, mesmo sendo um avião muito bom." Segundo ele, "para que os Rafale fiquem mais baratos, é preciso que sejam vendidos". 0 ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, relativizou a perda para a indústria Aeronáutica do país. "O Brasil não era nosso alvo prioritário". O embaixador do Brasil em Paris, José Maurício Bustani, disse que a parceria estratégica entre os dois países não foi abalada pela decisão do Brasil. "As parcerias que estão em vigor estão caminhando lindamente", assegurou. / Claudia Trevisan e Andrei Netto
Repercussão
The New York Time
"O Brasil esnobou a Boeing. O anúncio veio em momento de alta tensão entre EUA e Brasil. Em setembro, a presidente Dilma cancelou visita aos EUA após o caso de espionagem."
La Nación
"O Brasil comprará da sueca Saab 36 aviões de caça, numa licitação milionária em que competiram também França e EUA. O anúncio ocorre após mais de uma década de discussões."
"Ações da Saab subiram mais de 30% após a empresa levar o contrato dos 36 caças. O Brasil adiou a decisão várias vezes. A cotação dos papéis da Dassault caíram mais de 7%."
tis Pais
El País
"Cinco dias após a visita de François Hollande, o Brasil anuncia ter escolhido a Suécia, não a França. A transferência de tecnologia era reivindicação que o Brasil fazia há tempos."
"Cerca de US$ 4 bilhões. Foi quando Edward Snowden custou à Boeing (...) depois de uma demorada corte junto ao governo brasileiro. Mas o negócio seria bem mais amplo que isso."
"A decisão veio como surpresa para muitos. O chanceler sueco Carl Bilt disse no Twitter que a decisão "foi um tributo à tecnologia e a competitividade da industria da Suécia."

A aposentadoria do Mirage


O último voo dos guardiães do poder. Solenidade marca adeus da frota de caças que protege capital federal e será desativada no dia 31.

O momento é o da despedida - os guerreiros dizem adeus às máquinas de combate na base de Anápolis. São os pilotos dos 12 caças Mirage 2000C/B, do i.° Esquadrão de Defesa Aérea. A eles, cabe garantir a segurança de Brasília. E, de quebra, também de determinados pontos estratégicos em regiões vizinhas, alguns deles no Estado de São Paulo.
A frota de caças, nesse momento limitada a seis supersônicos - os outros servem de banco de peças e ficam na reserva-, está sendo desativada. A princípio, o último voo está previsto para a noite do dia 31, isso se uma aeronave não identificada invadir o limite do espaço aéreo do centro do poder.
Não se sabe quem fará a saída derradeira. Depende da escala de serviço. O perfil desse homem é, todavia, o padrão da elite dos combatentes, reunida no grupo: o aviador do voo final tem entre 27 e 37 anos e forma física para suportar as pressões superiores a 9 vezes a da força da gravidade. Habituado com o estresse. toma vitamina A/B e potássio, para melhorar a visão e reduzir a perda de sal e glicose.
Hoje será celebrada formalmente a dispensa dos jatos. Uma solenidade curta, que também vai marcar a troca de comando: o tenente-coronel Eric Bresegliere dará lugar ao major Gláucio Marques. Até ontem, não estava definido se os caças, que deixarão de | voar em dez dias, farão uma passagem simbólica sobre a tropa.
A melancólica aposentadoria do interceptador Mirage 2000, preso ao chão sem sucessor nos mesmos níveis de velocidade e poder de fogo, é a pior consequência da longa espera - pouco menos de 20 anos - pela escolha de um novo caça de múltiplo emprego e alta tecnologia para os esquadrões de caça da FAB. O procedimento terminou há dois dias. A vencedora foi a sueca Saab, com o caça Gripen NG, ainda em desenvolvimento. O contrato vale US$ 4,5 bilhões.
Não muda a dificuldade imediata de operação. O Ministério da Defesa negocia o leasing, uma espécie de arrendamento de cerca de 12 jatos Gripen usados, modelo JAS-39. É uma geração anterior à do NG, para suprir a demanda enquanto a encomenda não for entregue, a partir de 2018 ou, talvez, um ano antes.
Até lá, o quadro do 1.° Grupo, em Anápolis, será reduzido a apenas seis pilotos - hoje são cerca de 35. A missão de defesa passa para os caças F-5M, configurações modernizadas do americano F-5E Tiger II, construído há 35 anos. É o caça mais importante da FAB, que opera 46 deles e espera a incorporação de outros 11, comprados musados na Jordânia para serem revitalizados pela Embraer Defesa e Segurança na fábrica de Gavião Peixoto, a 300 quilômetros de São Paulo. Um contrato total de US$ 470 milhões.
Os supersônicos de ataque serão deslocados alternadamente das bases da FAB em Santa Cruz, no Rio, de Manaus. no Amazonas, e Canoas, no Rio Grande do Sul.
Sua única tarefa é a guarda de Brasília. Dia e noite, dois deles vão permanecer prontos, armados com o canhão de 20 milímetros e mísseis arar, preparados para decolar cinco minutos depois do uivo da sirene de emergência.
Mo limite. A rotina do esquadrão é dura. Quase sempre a interceptação é um exercício, fora do alcance visual do alvo, e feita, até agora, por um poderoso Mirage-2000C, armado com canhões de 30 milímetros, mais dois mísseis Super-530 de 275 quilos, 3,80 metros - levando 45 quilos só de carga explosiva.
Nessa situação, o piloto, cujo treinamento é avaliado em US$ 3 milhões, dispara pela pista de 3,5 mil metros a bordo de um dos caças cinzentos de € 6 milhões - comprados na França em 2005, usados e revisados, a um custo total de €80 milhões. O acionamento faz parte da rotina do GDA desde 1973, quando a unidade ainda se chamava i.a Alada e operava o Mirage IIIE/Br - desativado 33 anos mais tarde, em 2005, também na noite de 31 de dezembro.
O caçador a bordo do supersônico só recebe os dados da missão quando já está no ar, motores trovejando sobre o planalto goiano. Localizado e identificado o "ilícito" - quase sempre um jato executivo ou avião privado -, o oficial retorna à base em 20 minutos. Demora outro tanto para voltar ao hangar, já preparado para sair outra vez.
O clima na reservada instalação militar do Planalto é o de tempo de guerra. A missão mais ampla é defender 1,5 milhão de quilômetros quadrados até o complexo industrial de São Paulo.
Os abrigos do alerta ficam próximos da pista, para permitir decolagem em 5 minutos, e suficientemente distantes para escapar das bombas de um eventual ataque contra as aeronaves em terra. Não há portas. O avião deve rolar pela rampa sem dificuldades. A missão é sempre de urgência. Há lançamentos reais, de identificação de aeronave intrusa, clandestina, sem plano de voo e em atitude hostil. Depois de subir de-; pressa para entrar no modo de busca determinado pelo Centro Integrado de Controle e Defesa do Espaço Aéreo (Cindacta-1), o caçador cuidará do planejamento da abordagem. A identidade dos aviadores e as histórias das missões são dados reservados.
Um oficial superior diz que não convém expor o pessoal que sabe de alguns dos procedimentos militares mais secretos do País. Menos ainda contar suas façanhas. Há alguns anos, sem que o episódio seja confirmado ou ! desmentido, um jato de grande porte a pareceu nos radares. O passageiro seria o então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para uma visita sigilosa ao amigo Lula. Legitimado, teria ganho a escolta de dois caças.
Os 12 Mirage 2000C/B, usados, cedidos pela França por € 60 milhões, mais € 15 milhões em suprimentos e € 5 milhões pelo treinamento técnico - "foram a melhor solução até a execução do programa FX-2 novo caça de 4.a geração", diz o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito.
A base de Anápolis, com 1.600 homens e mulheres, uma das maiores da rede mantida pela Aeronáutica, abriga também o 2.°/6.° Grupo de Aviação, o Esquadrão Guardião. Os grandes jatos de inteligência são montados sobre a fuselagem do Emb-145, da Embraer. O R-99A é destinado ao trabalho de alerta avançado e coordenação do espaço aéreo. Leva sobre a fuselagem a antena sueca Erieye. Com ela, pode controlar o movimento de aeronaves abaixo de 3 mil metros - portanto, fora dos radares, e organizar a atividade de aviões de combate.
O modelo R-99B, de sensoriamento remoto, é o principal recurso aerotransportado de inteligência da aviação militar brasileira. Segundo um oficial da unidade, os sistemas de imagens são dez vezes melhores que os dos satélites comerciais, permitem rastrear objetivos em terra e no ar e grampear comunicações. Os recursos de imagens estão servindo ao levantamento das áreas das hidrelétricas do Rio Madeira. Os cinco aviões estão passando por um programa de atualização dos recursos eletrônicos.

Enfim, a compra dos caças



O grande mérito da presidente Dilma Rousseff ao tomar a decisão sobre o modelo e o país de origem dos caças de combate e interceptação destinados ao reequipamento da Força Aérea Brasileira (FAB) foi escrever o epílogo de uma história que se arrastava havia 12 anos - ou duas décadas, conforme o momento que se prefira para começar a contá-la. Já não era sem tempo, literalmente. Hoje, a Aeronáutica decreta a aposentadoria por invalidez dos 12 caças Mirage 2000 responsáveis pela proteção dos céus de Brasília. O seu último voo está marcado para a meia-noite do último dia do ano.
A nova frota de 36 aparelhos a serem produzidos pela sueca Saab, presumivelmente com alguma parceria com o Brasil - os Gripens NG (New Generation) só começará a ser integrada à FAB em algum momento de 2018, se for cumprido o prazo de 48 meses depois da assinatura do contrato, a ocorrer, por sua vez, em algum momento do ano que vem. E só em 2023 a compra se concluirá. Ciente do intervalo entre os velhos que se vão e os novos ainda por chegar, o governo pretende apressar o processo. Com 10 ou 12 aviões incorporados a cada ano, a transação se consumará em 2021. De qualquer modo, o Brasil só assinará o primeiro cheque depois de receber a última unidade.
O preço - da ordem de US$ 4,5 bilhões - foi um dos fatores levados em conta pelo Planalto para preferir o produto sueco aos concorrentes Rafale F3, da francesa Dassault (US$ 8 bilhões), e Boeing F-18 Super Hornet, da Boeing (US$ 7,5 bi). A proposta da Saab era vantajosa mesmo se mantivesse o valor inicial de US$ 6 bi. O negócio abrange, além dos caças, suporte logístico e treinamento dos pilotos. Ao. anunciar a escolha, o ministro da Defesa, Celso Amorim, citou, além do custo, o desempenho da família Gripen e o compromisso do vendedor, a ser detalhado no contrato, de transferir tecnologia. O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, assegura que 80% de toda a estrutura (dos aparelhos) será fabricada no País, envolvendo 15 empresas.
Desempenho e coparticipação são coisas diferentes. Desempenho conhecido e aprovado é o do Gripen C/D, cujas 235 unidades operam I na Suécia, Suíça, Hungria, República Checa, Tailândia e, só para treinamento, no Reino Unido. O sucessor, por enquanto, é um "protótipo conceituai", como diz Amorim, com 360 horas de voo. Já a transferência de tecnologia, se bem que favorecida pelo estágio em que o caça ainda se encontra, dificilmente deixará, de enfrentar turbulências. Uma delas é o fato de os Estados Unidos deterem as patentes de vários componentes do avião. Amorim garante, porém, que uma das partes mais sensíveis - a abertura do código-fonte do sistema de armas - será 100% nacional.
Existe um precedente no setor. O acordo da Embraer com os produtores italianos do AMX, na década de 1980, foi tão bem-sucedido a ponto de transformar a empresa do Vale do Paraíba em líder mundial no segmento de jatos para até 120 passageiros e fabricante da aeronave de ataque leve e treinamento, o Super Tucano. Mas a preferência pelo Gripen - como acontece em toda parte em decisões do gênero - foi essencialmente política. Se dependesse do então presidente Lula, o Brasil teria fechado um pacotaço de defesa com a França a partir da compra do Rafale.
Ele se rendeu, porém, ao veto da Aeronáutica, pró-Gripen. Já se dependesse de Dilma, apesar da posição da FAB, a vitoriosa seria a Boeing.
A compra, que consagraria o processo de reaproximação com os EUA por ela iniciado para superar as tensões no relacionamento bilateral dos anos Lula, tinha até data e local para ser anunciada. Seria em Washington, no dia 23 de outubro passado, por ocasião de sua visita de Estado aos EUA. A repercussão, evidentemente, seria global. A revelação de que ela, pessoalmente, também foi espionada pela Agência de Segurança Nacional americana derrubou a viagem e tornou politicamente inviável levar adiante o acerto com a Boeing. Nem por isso a hipótese Rafale voltou a ser considerada, como o presidente François Hollande ficou sabendo pela própria Dilma. Por exclusão, enfim, deu-se a escolha.

Brasil quer caça emprestado para evitar falha na defesa


Doze aviões Gripen de geração anterior à dos comprados da Suécia seriam usados até pelo menos 2018

Os governos brasileiro e sueco negociam o arrendamento de 12 caças Gri-pen C/D para fazer a defesa aérea do Brasil durante os quatro anos em que os jatos de nova geração comprados na quarta-feira estiverem na linha de produção, informa Tânia Monteiro. A oferta havia sido feita pelo governo sueco durante o processo de escolha dos aviões, informou o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito. O valor da compra dos 36 caças Gripen NG será de US$ 4,5 bilhões, mas o leasing do modelo C/D será negociado separadamente. O arrendamento será feito em razão da desativação dos caças Mirage 2000, no dia 31. Com isso, o País contará apenas com os F-5M, de desempenho menor, na defesa do espaço aéreo de Brasília. Quando os NG chegarem, a partir de 2018, os C/D serão devolvidos.

Suécia negocia emprestar caças usados ao Brasil enquanto não entrega os novos


Defesa. Plano é que país europeu envie 12 unidades de modelo C/D já em 2015 para que sejam usadas pelo menos até 2018, quando os primeiros Gripen NG devem ficar prontos; acordo exigirá gasto além dos US$ 4,5 bilhões previstos para a compra das aeronaves.

Os governos brasileiro e sueco estão negociando o arrendamento de ao menos 12 caças Gripen do modelo C/D, que hoje operam em vários países da Europa, para fazer a defesa aérea do Brasil nos quatro anos em que os aviões da nova geração, o Gripen NG, estiverem na linha de produção.
A oferta já havia sido feita pelo governo sueco durante o processo de escolha dos caças e será rediscutida na negociação do contrato. A vinda destes 12 aviões para suprir a falta de aeronaves com esse perfil até 2018, quando os primeiros Gripen NG devem ser entregues. O "aluguel" das aeronaves usadas exigirá que a Força Aérea Brasileira (FAB) pague valores extras aos suecos, além dos já programados US$ 4,5 bilhões pela compra dos 36 caças novos.
Parte do gasto extra poderá ser compensada pela desativação do caça Mirage 2000, que deixa de voar em 31 de dezembro - sua hora de voo custa cerca de três vezes mais que a do avião sueco.
A Força Aérea vai trabalhar para que estas 12 unidades do Gripen G/D cheguem ao Brasil em meados de 2015, cerca de seis meses após o fechamento do contrato. No período, os pilotos e mecânicos brasileiros serão treinados nos aviões que irão voar. Segundo a FAB, esta capacitação j á reduzirá o tempo de adaptação deles aos novos modelos, quando o Gripen NG estiver disponível. Este procedimento é normal em operações de compra de caças.
A Força Aérea sueca já tem um tipo de leasing, por exemplo, com países como a República Tcheca e a Tailândia, exatamente para "tapar o buraco" entre o fechamento do contrato e a entrega.
Transição. Quando os modelos NG chegarem ao Brasil em 2018, os G/D serão devolvidos à Suécia, cumprindo um período de transição. Embora o governo diga que a negociação para assinatura do contrato vá levar de oito a 12 meses, a Força Aérea prevê que a conclusão das negociações possa ocorrer em até sete meses, o que adiantaria todo o cronograma de entrega de aeronaves.
Uma nova fábrica da sueca Saab será aberta em São Bernardo do Gampo, próximo ao Rodoanel, para produzir a estrutura dos caças, como, a asa, e seus componentes. A integração, porém, ficará a cargo da Embraer.
O prefeito de São Bernardo do campo, Luiz Marinho (PT), disse ontem que a Saab, empresa que fabrica os Gripen, deu "mais passos" em direção à transferência de tecnologia mesmo antes da decisão da presidente Dilma Rousseff. Em maio de 2011, por exemplo, a empresa abriu um Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro na cidade do Grande ABC.
Marinho também disse que a empresa sueca vai construir sua fábrica em São Bernardo num prazo de dois anos. Ele confirmou que houve incentivo fiscal para a atração da empresa, mas não disse de quanto. "Toda empresa que vem para cá tem incentivo. Não há nenhum privilégio nisso", afirmou o prefeito.
Preferido. O modelo da aeronave sueca era o preferido pelos oficiais porque permite desenvolvimento em parceria, facilitando a absorção de tecnologia - os concorrentes americano e francês foram derrotados no processo de escolha dos caças, que se estende há cerca de duas décadas.
Colocações. Apesar de o governo não revelar oficialmente a pontuação obtida pelos três concorrentes, o segundo colocado foi o modelo americano da Boeing, F-18e o terceiro, o francês Rafale, da Dassault.
Durante o processo, a FAB conseguiu negociar e reduzir os preços dos três proponentes.

O sueco fechou em US$ 4,5 bilhões, o americano em US$ 5.5 bilhões e o francês em US$ 6.5 bilhões. Com a compra dos aviões foi acordado ainda um pacote logístico que garantirá suprimento, manutenção e treinamento de pessoal. Também está incluída nesse pacote a aquisição de 15 motores sobressalentes. Isso permite que o avião, durante período de manutenção dos motores, não precise ficar parado.

Aeroporto de Caieiras poderá ter voo regular



A construção de um terceiro aeroporto na Grande São Paulo - em Caieiras, a cerca de 30 km da capital paulista fará concorrência direta aos aeroportos de Guarulhos e Viracopos. Batizado de Novo Aeroporto de São Paulo (Nasp), o projeto foi apresentado pela Camargo Corrêa e pela Andrade Gutierrez em 2011 e seria operado pela concessionária do grupo, a CCR. A viabilidade do projeto depende de uma mudança na legislação, que está em estudo no governo.
O governo planeja atualizar um decreto de dezembro de 2012 que autorizou a iniciativa privada a investir em aeroportos para a aviação executiva, apurou o Estado. A intenção é levar a regra para aeroportos privados com voos regulares.
Em comunicado, a CCR confirmou que há, de fato, estudos para transformar o Nasp em um aeroporto aberto ao público: "A concretização do projeto vai proporcionar atendimento de qualidade à demanda excedente de passageiros e importante impulso ao desenvolvimento da região metropolitana de São Paulo."
O projeto prevê investimentos de cerca de R$ 5 bilhões em um aeroporto com capacidade para receber 48 milhões de passageiros por ano. Trata-se de um aeroporto maior que o de Guarulhos, que poderá receber 45 milhões de passageiros por ano após as obras de ampliação.
Se o plano se concretizar, o aeroporto de Caieiras impactará na demanda de Guarulhos e Viraçopos, explica o sócio da Bain&Company, André Castellini. "O terceiro aeroporto cria uma concorrência real entre os aeroportos da região de São Paulo e beneficia os passageiros." Segundo ele, o maior prejudicado com o terceiro aeroporto será Viraçopos, que está localizado a uma distância maior de São Paulo do que o aeroporto de Caieiras. A estimativa de Castellini é de que os aeroportos de Guarulhos e Congonhas serão insuficientes para atender o tráfego aéreo da região no futuro, mesmo após sua ampliação máxima, o que criará uma demanda para um terceiro aeroporto.
O aeroporto novo também afetaria Guarulhos ao gerar uma competição pela oferta de voos das companhias aéreas. "Mesmo com tarifa aeroportuária controlada, a tendência é que, com a saturação dos aeroportos, os custos não regulados sejam altíssimos e Guarulhos se torne um aeroporto elitizado", disse Castellini. Com uma terceira opção, esse processo poderia ser minimizado.
As companhias aéreas veem com bons olhos os projetos de construção de novos aeroportos, disse o consultor técnico da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Adalberto Febeliano. Para ele, a construção de novos aeroportos dará um poder de negociação das empresas para definir onde formarão seus hubs (centros de distribuição de voos).
Febeliano lembrou que uma eventual mudança na legislação para viabilizar o aeroporto de Caieiras abrirá também oportunidades para outros aeroportos privados. Neste ano, o governo autorizou a construção de dois novos aeroportos na região de São Paulo para aviação executiva - em Parelheiros, na Zona Sul de São Paulo, e em São Roque, a 60 km na capital. "Guarulhos e Congonhas têm suas limitações e a alternativa que as empresas têm hoje para ampliar a oferta de voos em São Paulo é Viracopos. Se tivéssemos mais três aeroportos, essa oferta se espalharia entre eles."
CCR. O aval para o aeroporto de Caieiras pode dar à CCR a possibilidade de administrar dois aeroportos privados do País. A empresa venceu a concessão do aeroporto de Confins em novembro, em um leilão que teve como regra a proibição dos donos de concessões de aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília, leiloados em 2012, de participar da disputa como sócios majoritários.
"Se a CCR não tivesse Confins, seria justo. Mas a partir do momento que foi imposta uma restrição às empresas que disputaram as concessões, a CCR não poderia ter mais que 15% na operação do aeroporto de Caieiras", disse Respicio Espírito Santo, professor de transporte aéreo da UFRJ.
RAÍO-X
NOVO AEROPORTO DE SP
Localização: Caieiras, cerca de 30 km de São Paulo
Sócios: Grupos Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez
Investimento: R$ 5 bilhões
Capacidade: 48 milhões de passageiros/ano
Pistas: 2

PORTAL BBC


Por que o Brasil precisa dos caças?



Além de visar a substituição dos sucateados jatos Mirage e incrementar os mecanismos de defesa do território nacional, a compra de 36 caças anunciada pelo governo - após mais de uma década de consultas e negociações - teve, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, o objetivo, mais ambicioso, de desenvolver a indústria nacional de defesa e dar um impulso à cooperação militar sul-americana.
O governo decidiu pela opção preferida dos militares, os caças Gripen, da fabricante sueca Saab, por US$ 4,5 bilhões. Foram preteridas duas gigantes do setor, a americana Boeing, que tem os aviões considerados os mais modernos, e a francesa Dassault, a mais cara.
A longa negociação e os custos em jogo, entretanto, levaram muitos brasileiros a questionar a necessidade da aquisição. Por que o Brasil, que é um país pacífico e há mais de um século não vê conflito em suas fronteiras, precisa gastar tanto em aparato militar?
"Para continuar a ser um país pacífico, o Brasil precisa respeitar e ser respeitado", explicou à BBC Brasil o especialista em relações internacionais da Universidade Federal do ABC Giorgio Romano. "E é por isso que o Brasil precisa ter aparato de defesa".
Com uma fronteira de mais de 8 mil quilômetros, a maior floresta equatorial do mundo e agora uma das maiores reservas de petróleo, o país precisa, segundo especialistas, mostrar que tem o que chamaram de "poder de dissuasão".
Indústria
Mas os interesses econômicos estratégicos por trás das compras não são menos importantes.
Após o anúncio surpresa da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Defesa, Celso Amorim, e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, ressaltaram que uma das razões cruciais pela escolha foi a disposição dos suecos em transferir tecnologia. Essa transferência daria impulso à indústria de defesa nacional.
Segundo Saito, o conhecimento sobre a fabricação desses aviões será passado à Embraer, que vai tomar parte na montagem das aeronaves no Brasil.
"Quando terminar o desenvolvimento, nós teremos propriedade intelectual desse avião, isto é, acesso a tudo", disse Saito.
Com isso, o Brasil almeja impulsionar a sua hoje modesta indústria de Defesa, que chegou a ocupar lugar de destaque no começo dos anos 1980, no fim do regime militar, perdendo força na primeira década da redemocratização.
Na ocasião, o Brasil foi um grande produtor e exportador de aparato militar. Um dos sucessos de venda foi o tanque Urutu. Ele foi usado, por exemplo, na invasão do Kuwait pelo Iraque nos anos 1990 e durante a Guerra do Golfo.
"Aí veio a crise do petróleo, outros fatores. Acabou tudo. Agora o Brasil tem uma política para retomar essa indústria. E uma série de infraestrutura vai nascer com os caças", segundo o ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Rubens Barbosa.
Para o diplomata, os caças suecos "cabem nas nossas necessidades, de um país sem conflito", e a opção fazia sentido mediante a resistência de americanos e franceses em transferir tecnologia.
"O fato de ser com a Suécia também é positivo. Se fosse fechado um acordo com os Estados Unidos, haveria contestação. Se fosse com a França, também haveria contestação. Com a Suécia, só vão falar que é inferior", diz, lembrando que não se trata de uma simples compra, mas de uma decisão que pode causar movimentações nos bastidores da diplomacia internacional.
Reflexo geopolítico
"A transferência de tecnologia tem um reflexo geopolítico importante", diz Romano, da Universidade Federal do ABC. "O Brasil já não é só um país que compra (aparato militar). O Brasil já desenvolve o submarino nuclear. Agora poderá produzir caças aqui. Já não é mais um país pão e água".
Romano diz que "poucos países tem poder de compra desse tamanho" e esse fator, por si, será observado por outros países, embora não necessariamente aumente o status do Brasil no sistema internacional de segurança.
Mas para o diretor do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional da Unesp (Univesidade Estadual Paulista), Samuel Soares, um dos principais reflexos pode se dar na vizinhança sul-americana. E não se trata nesse caso de impor respeito, mas de conquistar um mercado para os futuros caças produzidos no Brasil.
"Quem sabe esse não seja o pilar de uma indústria de defesa subregional sul-americana, que pode reforçar a Unasul (União das Nações Sul-Americanas), que prevê isso", diz Soares.
"Além disso, com quem se coopera não se faz dissuasão", diz Soares, salientando que caso esse mercado regional se estabeleça, a tendência é um ambiente ainda mais pacífico no cenário regional sul-americano, que seria outro objetivo da política externa brasileira.

JORNAL DO SENADO


Ana Amélia: além de caças, defesa deve ter mais verba



Ana Amélia (PP-RS) considerou positiva a decisão do governo de comprar 36 caças suecos para equipar a Força Aérea Brasileira (FAB). Em discurso, a senadora lamentou, porém, a demora na escolha — desde o governo de Fernando Henrique Cardoso o governo estuda a compra de novos caças — e o baixo investimento em defesa e tecnologia.
A senadora apontou o atraso do Brasil no campo da defesa, mesmo diante de nações que há poucas décadas estavam em estágios de desenvolvimento ­inferiores ao do país. Ana Amélia lembrou ser necessário investir pesadamente em setores como defesa cibernética.
A parlamentar também questionou possível acordo entre o Mercosul e a União Europeia, especialmente no momento em que o bloco europeu acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as medidas que o governo brasileiro tem adotado para estimular a indústria nacional de automóveis.

Cristovam: Copa recebe mais atenção que eleições



A importância dada pela população às eleições de 2014 é pequena em comparação à Copa do Mundo que será realizada no país no próximo ano, disse Cristovam Buarque (PDT-DF).
Para o senador, os brasileiros deveriam estar mais preocupados com os problemas da atualidade, como serviços deficientes de saúde e educação, que podem, na opinião dele, ser resolvidos pela eleição de um presidente compromissado com o enfrentamento dessas questões.
— No próximo ano, vamos ter a chance de reorientar o futuro do Brasil para recuperar o tempo perdido e os nossos candidatos a presidente ainda não disseram exatamente o que vão fazer — disse.
Comentando o resultado da licitação para a compra de caças pela Força Aérea Brasileira, Cristovam alertou para a necessidade de o Brasil desenvolver tecnologia própria para a produção de armamentos.

OUTRAS MÍDIAS


JORNAL DA GLOBO



Parte dos 36 caças comprados pela FAB será produzida em São Bernardo

Foram três anos de visitas até que a empresa resolvesse vir para o Brasil. A expectativa é que a fabricação das peças gere 5,8 mil empregos diretos.
Alberto Gaspar    
Parte dos componentes dos caças suecos comprados pela Força Aérea Brasileira será produzida em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
O berço da indústria automobilística brasileira chegou a ter quase 160 mil metalúrgicos. Número que caiu à metade na década de 90 e só voltou a superar cem mil poucos anos atrás.
Ex-sindicalista, hoje prefeito, Luiz Marinho (PT) comemora a novidade que se aproxima da cidade. “É uma bela janela nova de oportunidade para a indústria brasileira. Porque a hora em que você discute uma fábrica como o avião, um produto como esse, ele envolve toda a cadeia de fornecedores que é possível envolver, o conjunto inclusive das empresas que hoje fornecem o setor automotivo, que pode passar a ser fornecedor da indústria de defesa”.
A relação entre São Bernardo e a empresa fabricante do avião não é nova. Foram pelo menos três anos de visitas, negociações e até vôos do prefeito.
Segundo Marinho, já havia inclusive a promessa de instalação de uma fábrica na cidade, independentemente da decisão do governo brasileiro. Só o tamanho dela ainda estava indefinido. “Teremos aqui uma parte do avião sendo produzido. No caso, a fábrica de estruturas do avião, asas e outros componentes”.
A expectativa agora é que a fabricação das asas e de outras partes da estrutura dos caças gere 5,8 mil empregos diretos.
A localização exata da fabrica ainda não é revelada, mas não deve ser muito distante da área que fica em um ponto estratégico, entre as rodovias Anchieta e Imigrantes, que ligam São Paulo ao litoral e ao porto de Santos.
A assessoria de imprensa da Saab confirmou a fábrica em São Bernardo do Campo. Executivos que chegam ao Brasil nesta sexta-feira trarão detalhes.
Assim como no abc paulista, a cidade de Linkoping, na Suécia, já comemora o acordo com o Brasil. "Isso significa empregos e postos de trabalho por um longo tempo. Ontem nós fechamos com a defesa sueca em 60 aviões para a Suécia e isso significa que nós teremos produção em Linkoping até 2020”, diz Lennart Sindahl, vice-presidente executivo sênior/Saab.



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