NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 19/12/2013
Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.
Cronologia: A compra dos caças, uma negociação de 18 anos
Projeto de substituição dos Mirage franceses começou a andar no início do governo FHC.
A decisão do Brasil de optar pelos caças suecos Gripen para firmar parceria com a Força Aérea Brasileira no programa FX-2 encerra uma negociação de 18 anos, confira como se deu o processo:
1995
Governo Fernando Henrique Cardoso anuncia o projeto F-X, para renovar sua frota de caças do Brasil. Ideia é investir em torno de R$ 700 milhões para aquisição novos aviões para substituir os já antiquados Mirage.
2002
Nos primeiros dias de governo, Lula cancela o projeto FX
2006
Governo Lula anuncia um novo projeto, o F-X2, mais ambicioso e mais caro - que custará entre R$ 2,2 bilhões e R$ 3 bilhões. Pouco depois, três concorrentes são selecionados: o francês Rafale F3, da Dassault, o F-18 Super Hornet, da Boeing, dos EUA, e o sueco Gripen NG, da Saab. Ficam de fora da disputa, entre outros modelos, os da Sukhoi, russa, e Lockheed Martin, americana.
2009
Julho
Em julho parlamentares brasileiros viajam à França custeados pela Dassault. Em setembro, o presidente Lula anuncia que a França é o único dos três candidatos disposto a "discutir a transferência de tecnologia".
Setembro
Dia 7- Presidente francês Nicolas Sarkozy visita o País e, no dia feriado nacional de 7 de Setembro, os governos do Brasil e da França anunciam que vão "entrar em negociações" para a compra dos Rafale.
Dia 8 - O anúncio causa mal-estar nos meios diplomáticos e o Brasil recua. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirma que "o processo de seleção ainda não está encerrado e prosseguirá com negociações junto aos três participantes".
Dia 9 - Embaixada dos EUA divulga nota em que a Casa Branca se diz disposta a transferir tecnologia da produção dos caças ao Brasil.
Dia 10 - França reconhece que acordo não está fechado e que haverá ainda pelo menos "de oito a nove meses de discussão". Lula afirma que decisão é do presidente da República "e de ninguém mais".
Dias 17 a 21 - Vice-ministro da Defesa da Suécia vem ao Brasil e afirma que Brasil poderá comprar "dois caças suecos pelo preço de um" e que 40% dos aviões poderão ser fabricados no País. Prazo para entrega de propostas dos três finalistas é estendido de 21 de setembro para 2 de outubro
Dia 24 - Dois caças franceses Rafale, da Marinha francesa, caem no Mediterrâneo e um dos pilotos é dado como desaparecido. O Brasil afirma que episódio não interfere nas negociações.
Outubro
Dia 8 - O ministro Nelson Jobim declara que estará "fora de disputa" qualquer concorrente que pretenda restringir transferência de tecnologia.
Dia 14 - Em audiência na Câmara dos Deputados, representantes das três concorrentes - Boeing, Dassault e Saab - admitem que não vão ceder totalmente a transferência de tecnologia dos caças. Novembro
Dia 12 - A francesa Dassault diz que parte dos caças poderiam ser produzidos no Brasil, se ele escolher o Rafale.
Dezembro
O governo volta a adiar a decisão, agora deixada para 2010.
2010
Janeiro
Dia 5 - Um relatório preparado pela FAB aponta o caça sueco Gripen NG como o mais adequado para o Brasil. O Rafale, defendido por Jobim e por Lula, fica em terceiro no estudo da Aeronáutica. No dia seguinte, o novo ministro da Defesa, Celso Amorim, avisa que o relatório da FAB é apenas um subsídio à decisão do governo, que será política.
2013
Novembro
Proposta de Orçamento enviada pelo Planalto ao Congresso, para 2014, prevê pouco mais de R$ 8,4 bilhões para investimentos no Ministério da Defesa. O valor é um pouco maior do que os R$ 8,1 bilhões de 2013 e considerado muito abaixo do que o setor considera necessário.
Dezembro
Dia 8 - O relator do Orçamento de 2014, Miguel Corrêa (PT-MG), admite que não há nenhuma previsão para a compra dos caças e que o assunto "não é prioridade para o governo brasileiro neste momento".
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Brasil pagará US$ 4,5 bi por 36 caças suecos e transferência de tecnologia
Objetivo é criar condições para que ao menos parte dos equipamentos seja produzida nacionalmente, disse o ministro da Defesa, Celso Amorim
Eduardo Rodrigues e Tânia Monteiro
Brasília - Após um processo que durou duas décadas, o governo brasileiro anunciou ontem ter escolhido comprar os caças suecos Gripen NG para equipar a Força Aérea. Foram desclassificados o francês Rafale, da Dassault, e o americano F-18, da Boeing. O contrato prevê a compra dos 36 aeronaves por US$ 4,5 bilhões, com entrega até 2023.
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, afirmou que pretende "pechinchar ao máximo" para reduzir os custos para os cofres públicos.
A presidente Dilma Rousseff tinha se inclinado, há alguns meses, em favor do F-18 americano, mas mudou de ideia e fez uma retaliação monetária aos EUA por causa da espionagem do governo de Barack Obama.
De acordo com fonte graduada do Palácio do Planalto, a decisão pelas aeronaves F-18 E/F estava bastante avançada no meio deste ano e Dilma até poderia anunciar o acordo quando fosse aos EUA em visita de Estado, via que acabou cancelada.
Durante todo o ano de 2014 serão realizadas negociações entre o governo brasileiro e a Saab, empresa responsável pelo Gripen NG, e as primeiras unidades serão entregues 48 meses depois da assinatura do contrato, talvez no final de 2018. A Força Aérea diz que tentará antecipar o prazo de entrega. O primeiro desembolso do Brasil será após o recebimento da última a aeronave.
Saito comemorou ontem "o fim da novela". Os estudos para a compra dos caças começaram em 1992. O projeto para a escolha - chamado de FX - foi formatado em 1995 e adiado inúmeras vezes por restrições orçamentárias. Em janeiro de 2003, por exemplo, quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o Planalto, ele anunciou que estava congelando a compra para dar prioridade ao combate à fome.
Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, a escolha do Gripen foi feita depois de análises detalhadas dos três projetos pela Força Aérea Brasileira (FAB), levando em conta a performance do sueco, a transferência específica de tecnologia e o custo. Amorim disse que "não há temor" de que os EUA possam brecar o quesito transferência de tecnologia pelo fato de o Gripen ter componentes importantes norte-americanos como o motor. "A turbina não é tão sensível como outras partes", disse Amorim, ao explicar que o Brasil mantém também boas relações com os EUA e que aviões da Embraer possuem também peças daquele país.
Amorim, mesmo reconhecendo que "a tecnologia do Gripen não é só sueca", destacou ainda que uma das partes mais sensíveis da aeronave, que é "a abertura do código-fonte do sistema de armas", será feita integralmente no Brasil".
Transferência. "Aliviado" e "feliz" com a decisão, Amorim assegurou ainda que "transferência de tecnologia não é só promessa vaga". "Isso será acompanhado efetivamente". Segundo ele, "este aspecto continuará a merecer grande tenção do governo brasileiro".
Assegurou também que "o governo tem bastante segurança que existirá esta transferência de tecnologia, que não pode se basear em promessa, mas em realidade, com cláusulas, vigilância e capacitação do lado brasileiro". O comandante da Aeronáutica, por sua vez, informou que pelo menos 15 empresas participarão do projeto ao lado da Saab sueca. O fato de existir transferência de tecnologia não significa que todo o avião seja produzido no Brasil, embora o comandante Saito tenha informado que 80% de toda a estrutura será fabricada no País.
"Não há pretensão de fabricar todas as peças no Brasil. O importante é que a tecnologia de aviação seja transferida para que ela possa ser levada para a quinta geração de aeronaves", disse o ministro da Defesa. Amorim acrescentou que no caso da quinta geração de aviões "estamos abertas a outras parcerias", de outras empresas e outros países. O Gripen é um avião de quarta geração.
O ministro da Defesa reagiu ainda às críticas de que o Gripen NG é um avião que ainda está na planta e não existe. "O Gripen já existe sim, está voando e tem protótipo conceitual", disse Amorim. Nas versões A, BC e D o modelo já voa em países como Suécia, República Tcheca, Hungria, África do Sul, Tailândia e Reino Unido. O Gripen NG (de New Generation) é uma evolução tecnológica das suas últimas versões. Os caças vão substituir os franceses Mirage, cuja vida útil já terminou.
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Brasil decide comprar caças suecos, anunciou Amorim
Marcelo Brandão
Brasília - O ministro da Defesa, Celso Amorim, informou hoje (18) que o governo brasileiro optou pela compra de 36 caças suecos Saab Gripen NG. O Brasil irá pagar US$ 4,5 bilhões pelas aeronaves até 2023.
O chamado Projeto FX-2, que inclui os caças, teve início em 2001. Aeronaves de três países disputaram o contrato com o governo brasileiro. Além do Saab Gripen NG, o Boeing F-18E/F Super Hornet, dos Estados Unidos; e Dassault Rafale F3, da França, estavam na disputa. O modelo sueco substituirá os Mirage 2000, que serão aposentados este mês.
O ministro disse que a escolha foi "objeto de estudos e ponderações muito cuidadosas", levando em conta a performance, transferência efetiva de tecnologia e custo de aquisição e manutenção. De acordo com Amorim, a escolha pelos aviões suecos foi "o melhor equilíbrio desses três fatores".
Amorim informou ainda que a próxima etapa é a negociação do contrato, que poderá durar cerca de um ano. Somente após o contrato, serão feitos os pagamentos à empresa sueca, e com isso, não há previsão de afetar o orçamento da União de 2014.
Se a negociação ocorrer dentro do prazo previsto, o contrato deve ser assinado em dezembro de 2014, a Força Aérea Brasileira (FAB) irá receber o primeiro caça sueco no final de 2018.
Com a desativação dos Mirage 2000, a FAB irá usar os caças F5M até a chegada dos aviões Gripen.
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Enfim, a decisão: caças suecos
A novela da compra dos supersônicos para defesa do espaço aéreo chegou ao fim: 36 Gripens serão adquiridos por US$ 4,5 bilhões
Grasielle Castro
Depois de 12 anos do início da seleção de empresas para renovação da frota de caças destinada à proteção do espaço aéreo brasileiro, o governo anunciou que comprará 36 Gripens NG da empresa sueca Saab por US$ 4,5 bilhões. Com isso, começam as negociações, que podem levar até um ano, para fechar o contrato comercial e de suporte logístico do Projeto F-X2, da Força Aérea Brasileira. De acordo com o ministro da Defesa, Celso Amorim, pelo cronograma, só 48 meses depois da assinatura, começam a chegar os primeiros aviões. “Em breve, teremos aviões à altura da necessidade da defesa do país, mas isso ainda levará um tempo na discussão do contrato”, pontuou.
Como o Correio antecipou há 10 dias, o Executivo não previu recursos no Orçamento da União do próximo ano para a compra da nova frota aérea. Segundo Amorim, as aquisições não impactam na peça orçamentária de 2014. “O fato é que o contrato em si é demorado. Leva de 10 a 12 meses. Se fecharmos antes, melhor. Não terá nenhuma implicação no Orçamento, esse ano já acabou, nem do ano que vem”, pontuou. O pagamento será feito em um cronograma que se estende até 2023. A intenção do comandante da FAB, tenente-brigadeiro Juniti Saito, no entanto, é que o Brasil pechinche ao máximo para tentar reduzir o valor já que o contrato ainda não foi fechado. A expectativa dele é de que o país receba 12 caças por ano.
Contrapartidas
Além dos supersônicos, o contrato deverá abranger contrapartidas comerciais, treinamento de pilotos e mecânicos, aquisição de simulares de voo e a logística inicial. Ao fim do processo, o país será dono da tecnologia usada na composição do avião. Esse foi um dos pré-requisitos levados em conta na escolha da empresa vencedora. “Sabemos que a transferência de tecnologia é algo demorado, implica garantias contratuais de que aquilo que foi ofertado efetivamente ocorrerá”, ressalta.
Amorim explica que, mesmo que algumas partes da aeronave sejam produzidas por países, como os Estados Unidos, a base do tecnologia será brasileira. Cerca de 80% da aeronave será construída em solo nacional e em parceria com a Embraer. “Não há pretensão de fabricar todas as peças no Brasil”, disse. O importante, segundo ele, é que o conhecimento seja transferido principalmente na abertura do código-fonte de armas, que permite a inclusão de arsenal brasileiro, e que o país seja capaz de passar para as próximas gerações.
De acordo com o ministro, também foram analisados a performance e o custo. A Saab concorria com a empresa francesa Dassault, fabricante do Rafale F3, e a americana Boeing, com o F/A-18E Super Hornet. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a anunciar em 2009 que o país compraria o Rafale, mas recuou por não ter ouvido a FAB. Embora o governo tenha escolhido o avião menos testado, o Ministério da Defesa argumenta que outros países, como a Hungria e a África do Sul, operam com o Gripen. O comandante da FAB argumenta que existe um protótipo do NG voando. “É um protótipo conceitual, que já tem mais de 300 voos”, completa.
Essa aeronave de guerra será responsável pela proteção do espaço aéreo brasileiro pelos próximos 30 anos, capaz de
detectar e interceptar, além de portar armamento. Enquanto os novos aviões não chegam, a defesa fica a cargo dos caças F5-M. Em nota, a pasta acrescentou que existe a possibilidade de a Saab oferecer para a FAB caças Gripen, modelo CD, para reforço. No dia 31, os 12 caças Mirage 2000 que hoje fazem esse trabalho serão aposentados. Especificações
Comprimento: 15,2m
Envergadura da asa (incluindo os lançadores): 8,6m Altura geral: 4,5m Velocidade máxima: 2.125km/h Carga útil: 7,2t Combustível máximo: 7t Alcance máximo: mais de 4.000km Distância de pouso: menos de 500m Custo por hora de voo: menos de US$ 400
Memória: As idas e vindas
O Brasil definiu a necessidade de compra das aeronaves de defesa em 2000, com o Projeto F-X, após a conclusão de estudos iniciados em 1992. Em 2001, entretanto, já com nome de Projeto F-X2, o Comando da Aeronáutica abriu a seleção para compra de caças. No fim do ano, foram escolhidas as aeronaves Gripen, F-16, Mig-29, Mirage 2000 e Sukoi 30. Dois anos depois, no primeiro ano do mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o processo, iniciado na gestão de Fernando Henrique Cardoso, foi suspenso e retomado no fim do ano. Em 2008, a FAB instituiu uma comissão especial para conduzir o projeto, que selecionou três aeronaves para prosseguir o processo, uma da Boeing, outra da Dassault e uma da Saab. No ano seguinte, as empresas encaminharam as propostas e, em janeiro de 2010, o Comando da Aeronáutica concluiu o relatório do projeto. Só ontem, porém, o governo brasileiro anunciou o fim do certame.
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Brasil decide comprar caças da sueca Saab
Segundo informações de jornal, governo decidiu pela aquisições dos aviões da companhia sueca
O governo da presidente Dilma Rousseff decidiu comprar os caças da sueca Saab, de acordo com reportagem no site do jornal Folha de S. Paulo nesta quarta-feira, sem citar fontes.
Dilma afirmou mais cedo que será anunciada às 17h desta quarta a decisão do governo brasileiro sobre a compra dos caças, uma concorrência que já foi adiada diversas vezes.
Os finalistas na disputa são - além do Gripen NG, da Saab - o F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing, e o Rafale, da francesa Dassault.
Uma fonte a par do assunto disse à Reuters que a Saab ainda não recebeu qualquer palavra do governo brasileiro sobre o contrato, mas que executivos da empresa se reunirão com autoridades locais em Brasília no fim desta tarde.
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Quem é a Saab, a fornecedora dos novos caças da FAB
Companhia sueca é uma das principais do mundo do setor de defesa e segurança, com portfólio de mais de 10 modelos de aeronaves de guerra
Daniela Barbosa
Após anos de discussões, o governo brasileiro decidiu o nome da companhia que vai fornecer à Força Aérea Brasileira (FAB) os novos aviões de guerra do país. A sueca Saab foi a escolhida para produzir 36 caças, modelo Gripen NG.
Com 76 anos de atuação, a Saab nasceu como uma empresa do setor aeroespacial e, embora tenha diversificado os negócios ao longo de sua trajetória, nunca perdeu a verdadeira essência. A companhia está entre as mais importantes do mercado de defesa e segurança no mundo.
Com faturamento que superou a cifra de 24 bilhões de dólares em 2012 e lucro de mais de 1,5 bilhão de dólares, a Saab é controlada pelo fundo de investimentos Investor AB, que pertence à tradicional família Wallenberg – conhecida na Suécia por atuar nos setores financeiro e industrial.
A Saab tem patrimônio líquido avaliado em 14,1 bilhões de dólares e ativos que somam quase 30 bilhões de dólares.
Além de aviões de combate, a companhia produz também armas de guerra terrestre, sistemas de mísseis, submarinos não tripulados e veículos que podem ser operados remotamente pelas forças armadas.
Outros negócios
Qualquer semelhança com da Saab com a Saab Automobile não é mera coincidência. Em 1940, para diversificar as operações, a Saab criou um braço de negócios para produzir automóveis. A operação, no entanto, foi vendida para a General Motors no início da década de 90, que mais tarde repassou o negócio para a holandesa Spyker Cars.
Além de aviões de combate e carros de passeio, a Saab também já se aventurou no mercado de informática, durante mais de duas décadas, a companhia produziu computadores para aeronaves e para bancos no mercado europeu. Em 1975, a Saab vendeu a operação para Sperry.
A escolhida
Para Celso Amorim, ministro da Defesa, a escolha da empresa que vai fornecer os novos aviões de guerra ao país levou em conta três fatores: performance, transferência de tecnologia e custo.
Além da Saab, a americana Boeing e a francesa Dassault estavam na disputa, mas, ao que tudo indica, a sueca foi que melhor atendeu os pré-requisitos.
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Tropeços políticos de rivais e preço menor explicam vitória dos suecos
IGOR GIELOW
Azarão na disputa para o fornecimento de novos caças para a FAB (Força Aérea Brasileira), o Saab Gripen venceu por causa dos tropeços políticos de seus adversários e do preço mais baixo ofertado.
Os primeiros favoritos a terem percalços foram os franceses. Em dezembro de 2009, a Aeronáutica finalizou um relatório em que o Gripen ficava em primeiro lugar.
Mas o governo Lula negociava um pacote militar amplo com a França, comprando submarinos e helicópteros por quase R$ 20 bilhões.
Na celebração do 7 de Setembro daquele ano, com o colega francês Nicolas Sarkozy, Lula assinou uma intenção de comprar o Rafale. Houve revolta na FAB, não consultada, e o petista recuou.
Mas foi a falta de apoio de Paris ao acordo patrocinado por Brasil e Turquia para a crise nuclear com o Irã em 2010 que abalou as chances francesas. Irritado, Lula deixou a decisão para a sucessora, Dilma Rousseff.
Ela parou tudo, ao mesmo tempo em que sua política externa se aproximava dos americanos. O lobby da Boeing foi fortalecido, com a ex-embaixadora americana no Brasil Donna Hrinak à frente.
Com a eclosão do escândalo da espionagem americana, o clima ficou em suspenso. Um telefonema do vice-presidente Joe Biden a Dilma, em 19 de julho, a tranquilizou e foi decidido: o F-18 seria anunciado vencedor na visita de Estado de 23 de outubro a Washington.
A revelação posterior de que Dilma também fora alvo de espiões, contudo, enterrou as chances americanas.
Os franceses até se animaram, mas o presidente François Hollande foi avisado em sua visita semana passada de que não iria levar o prêmio devido ao custo do Rafale.
Para piorar, Dilma reclama constantemente com assessores dos dois aparelhos franceses que usa, o Airbus presidencial e o helicóptero Super Puma. São barulhentos, e o segundo já teve duas panes recentemente.
A escolha seria difícil com a campanha eleitoral em curso, e a FAB aposenta agora os 12 Mirage-2000.
Ainda assim, e apesar de ter sido definido no mês passado, o anúncio surpreendeu assessores, ministros e os executivos da empresa sueca. O diretor da Saab no Brasil, Bengt Janér, se disse "surpreso e feliz".
O primeiro F-X, que é uma sigla internacional para a compra de caças (F de fighter, caça em inglês, e o X é pela incógnita da escolha), foi lançado em 2001 por Fernando Henrique Cardoso para a compra de 12 aeronaves.
De um lado ficaram franceses, que tinham participação na Embraer e associaram-se à brasileira, com o Mirage-2000. Favorito, acabou desbancado pelo russo Sukhoi-35 e pela versão anterior do Saab Gripen.
Sob muita pressão, FHC perguntou ao então eleito Luiz Inácio Lula da Silva se ele queria que o martelo fosse batido no fim de 2002.
Lula suspendeu o programa em 2003, e o cancelou em 2005. Em 2008, com russos e o Eurofighter europeu eliminado, chegou-se ao F-X2, encerrado ontem.
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É que nem Oscar, ganhou ou não ganhou, diz ministro sobre caças
FERNANDA ODILLA
Ao ser questionado quem ficou em segundo e terceiro lugar na disputa pela compra dos 36 caças pela Força Aérea Brasileira, o ministro Celso Amorim (Defesa) desconversou e disse que interessa apenas que os suecos venceram com a melhor proposta de US$ 4,5 bilhões.
"É que nem Oscar, ganhou ou não ganhou. Não me interessa [saber quem ficou em segundo e terceiro]", afirmou o ministro, se recusando a dizer qual foi a colocação das propostas dos Estados Unidos e da França que perderam a disputa.
O comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, disse que há um acordo de confidencialidade que impede de dar detalhes sobre as propostas.
Os suecos ofereceram 36 caças Gripen-NG por US$ 4,5 bilhões. Agora, o Brasil vai negociar o contrato e tentar desembolsar esse valor somente depois que todas as aeronaves foram entregues. "Vamos pechinchar ao máximo", avisou Saito.
Estima-se que será necessário até um ano para fechar todos os detalhes do contrato e mais 48 meses para receber os primeiros caças. O governo brasileiro espera receber 12 aviões por ano.
O Brasil escolheu um avião que ainda não está pronto e será desenvolvido da planta. Segundo Saito, existe apenas um protótipo que acumula mais de 300 horas de voo. "Vamos ter junto com a Suécia propriedade intelectual do avião", afirmou o comandante, emendando que 80% dos caças serão produzidos em território nacional.
Para Amorim, o fato de o Gripen-NG não ser o avião mais testado significa que ele conta com uma tecnologia mais nova e que poderá ser desenvolvida em parceria com o Brasil.
O motor do Gripen é da norte-americana GE. O governo, contudo, não acredita que haverá qualquer tipo de represália ou qualquer tipo de dificuldade no fornecimento das peças.
Amorim também afirmou que os critérios técnicos prevaleceram e não comentou se as denúncias de espionagem contra o Brasil por parte da Agência Nacional de Segurança dos EUA pesou na decisão da presidente.
Enquanto os novos caças não chegam, o Brasil vai fazer a defesa do espaço aéreo com aviões modelo F5 modernizados, segundo afirmou Saito.
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Dassault critica escolha do Gripen; Boeing apenas lamenta
IGOR GIELOW
A Dassault, fabricante francesa do caça Rafale, lamentou nesta quarta-feira (18) ter sido derrotada na concorrência para o fornecimento de novos aviões de combate à FAB.
A empresa criticou a escolha do Gripen sueco, afirmando que o avião "não é equivalente ao Rafale em termos de desempenho e portanto, de preço".
"Lamentamos que a escolha tenha sido pelo Gripen, aeronave que não pertence à mesma categoria do Rafale e que conta com muitos equipamentos de países terceiros, especialmente norte-americanos. Monomotor e mais leve, o Gripen não é equivalente ao Rafale", diz o texto.
A Boeing também lamentou, mas foi mais diplomática em sua nota, até porque tem planos de expansão no país e uma parceria em curso com a Embraer, maior empresa aeronáutica brasileira.
"Embora decepcionante para a Boeing, a decisão, de forma alguma, diminui o comprometimento da empresa em expandir sua presença, ampliar suas parcerias e apoiar as necessidades do Brasil em termos de segurança. Nas próximas semanas, nós trabalharemos com a Força Aérea Brasileira para entender melhor sua decisão", diz o texto.
Segundo a nota, a participação no F-X2 permitiu "estabelecer parcerias importantes, as quais continuaremos a expandir independentemente da decisão do F-X2".
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Mandato de Jango é devolvido
O Congresso Nacional devolveu ontem simbolicamente o mandato do presidente João Goulart, deposto do cargo pelo golpe militar de 1964. A solenidade contou com a presença da presidente Dilma Rousseff e anulou a sessão legislativa de 2 de abril daquele ano. João Vicente Goulart, filho de Jango - como o presidente era conhecido -, recebeu o diploma de restituição simbólica do mandato. A cerimônia foi acompanhada pelos comandantes da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, do Exército, general Enzo Peri, e da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto. Os oficiais não se manifestaram na solenidade.
O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu desculpas pelo fato de o Parlamento ter retirado o mandato de Jango e ressaltou que a Casa não podia fugir de suas obrigações constitucionais "após 50 anos de silêncio injustificado". "Peço desculpas pela inverdade patrocinada pelo Estado brasileiro, com a participação do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, de um ilustre brasileiro, um patriota", afirmou.
Para Renan, a devolução do mandato do presidente deposto "representa, além de justiça, a exumação da verdade". "O Congresso não deve recusar ou fugir de suas obrigações institucionais, ainda que elas impliquem em um revisionismo histórico, ainda que constrangedor para alguns públicos", destacou.
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Dilma escolhe caça sueco
Aeronáutica Encerrando um processo de 12 anos, governo brasileiro anunciou que Força Aérea vai comprar 36 aviões da Dassault
Depois de um processo que se arrastou por mais de 12 anos, o ministro da Defesa, Celso Amorim, anunciou ontem que o governo brasileiro comprará 36 caças Gripen NG, da fabricante sueca Saab. O pacote foi fechado por US$ 4,5 bilhões, preço bem inferior ao estimado pelo mercado, que girava em torno de US$ 7 bilhões. O primeiro avião só deverá estar pronto para voar em 2018.
O acerto dos detalhes do negócio pode levar até um ano, quando o contrato será assinado. Na maior concorrência na trajetória do Ministério da Defesa, a Saab desbancou o F-18 Super Hornet, da americana Boeing, e o Rafale, da francesa Dassault. O Gripen NG é uma nova versão, ainda em desenvolvimento, de outra aeronave, o Gripen CD, da mesma empresa, que já é usada por outros países. A FAB não descarta a possibilidade de utilizar provisoriamente o Gripen CD, enquanto o novo projeto não for concluído.
A decisão sobre o fim do processo de escolha dos caças foi anunciada pela presidente Dilma Rousseff, durante almoço com generais. "Nós somos, de fato, um país pacífico, mas não vamos ser, de jeito nenhum, um país indefeso", disse a presidente no encontro, ao se referir à compra dos caças.
Depois, coube a Amorim e ao comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, apresentar o nome do vencedor e os detalhes na negociação. Segundo Amorim, a escolha recaiu sobre os Gripen NG porque o modelo sueco apresentou um conjunto de vantagens em termos de performance, transferência de tecnologia e custo em relação aos dois outros concorrentes.
Dos três modelos que participaram da disputa, o Gripen NG é o único que nunca foi testado em operações. Por enquanto, a empresa sueca só dispõe de um protótipo com apenas 300 horas de voo. Para Amorim e Saito, a compra baseada apenas num protótipo não é nenhum problema para a Força Aérea Brasileira (FAB).
"O Gripen NG está voando. Tem um protótipo voando aí que é um protótipo conceitual. Mudaram posição do trem de pouso, mudaram o motor e ele está voando. Já tem mais de 300 horas de voo. Vamos desenvolver desde a planta. Nós vamos ter também, juntamente com a Suécia, a propriedade intelectual 100% deste avião", disse Saito.
Ele afirmou que a presidente fez a escolha apenas em detalhes técnicos e não levou em consideração eventuais fatores políticos. Para ele, nem mesmo as recentes denúncias de espionagem do serviço de inteligência dos Estados Unidos contra pessoas e empresas no Brasil tiveram peso no resultado final.
Depois de sucessivos adiamentos de um processo que teve início em 2001, a presidente chamou Amorim para uma conversa na terça-feira para informar que, finalmente, o disputa chegaria ao fim e que a vencedora da concorrência era a sueca Saab. O modelo é o preferido dos pilotos e da cúpula da Força Aérea.
Segundo um oficial da FAB, o F-18 teria um custo operacional 50% mais alto que o Gripen. No caso dos Rafales as despesas aumentariam em 100%.
A partir de agora, a FAB deverá acertar detalhes do contrato. Os caças deverão ser produzidos em São Bernardo do Campo (SP), com a participação de pelo menos 15 empresas.
A Boeing e Dassault lamentaram a vitória da sueca Saab. Em nota, a Boeing disse que o resultado foi decepcionante, mas que procurará a FAB para entender melhor as razões. Já a Dassault criticou abertamente o Gripen: "A aeronave não pertence à mesma categoria do Rafale. Monomotor e mais leve, o Gripen não é equivalente ao Rafale em termos de desempenho e, portanto, de preço".
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Lula preferia caça francês, mas deu "autonomia" a Dilma
BASTIDORES: VERA ROSA
A presidente Dilma Rousseff conversou com Luiz Inácio Lula da Silva antes de anunciar sua decisão de comprar os caças suecos. Lula preferia o francês Rafale, mas disse a Dilma que ela tinha "total autonomia".
A novela se arrasta desde o governo Fernando Henrique Cardoso. Na sexta-feira, quando o presidente da França, François Hollande, esteve em Brasília, Dilma o avisou que fizera a opção pelo caça sueco por questão de preço. Lula também conversou com Hollande.
Em 2010, o então presidente ficou irritado com o vazamento de relatório do Comando da Aeronáutica, que avaliava o caça sueco como o melhor para a FAB. Um ano antes, Lula chegou a anunciar a compra dos Rafale, mas voltou atrás.
À época, Lula comentou com auxiliares que poderia ignorar o relatório dos militares. Dizia que não se poderia comparar preços entre equipamentos diferentes e que o negócio tinha como pano de fundo uma "parceria estratégica" com a França. Dilma, porém, não se convenceu e avalizou a posição da Aeronáutica.
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Um pacote para criar um supersônico com a grife BR
ANÁLISE: ROBERTO GODOY
A escolha do sueco Gripen NG permitirá o desenvolvimento de um caça nacional de alto desempenho - um supersônico com a grife BR, criado para atender demandas específicas da aviação militar brasileira. De acordo com o ministro da Defesa, Celso Amorim, essa aeronave poderá ser exportada. É o principal benefício da proposta da Saab, que também levou vantagem na hora de fechar a conta: ganhou o contrato por US$ 4,5 bilhões, a menor fatura das três finalistas, cobrindo o fornecimento de 36 aeronaves, peças, componentes e, claro, a tecnologia de quarta geração pretendida pela Aeronáutica em larga escala. Não é pouco. Com o conhecimento incorporado a partir do programa conjunto, a principal agência aeroespacial do País, a Embraer, designada parceira da Saab, poderá no futuro oferecer um novo produto no mercado militar.
A saga da escolha FX é reveladora. Dos seis concorrentes na primeira seleção, ainda na administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, permanecem em produção apenas três. Na prática, significa que seria necessário, agora, promover um amplo esquema de revitalização dos modelos eventualmente comprados na ocasião.
A meta da Força Aérea é promover a padronização da frota de combate - um modelo básico de aeronave capaz de receber a roupagem adequada a diversas missões. O caça FX deverá ser capaz de substituir gradativamente todos os F-5M e os A-1M, variações modernizadas pela Embraer Defesa e Segurança (EDS) dos antigos F-5E, caças táticos, e AMX, bombardeiros leves de precisão. Os primeiros foram construídos, em média, há três [sic] anos, nos Estados Unidos. O segundo tipo, resultado de um empreendimento binacional do Brasil e da Italia, abriu caminho para a linha de jatos comerciais fabricados em São José dos Campos.
Com essa pretensão, a encomenda dos novos caças vai chegar a 124 unidades em lotes sucessivos - o que se negociou agora é apenas o primeiro pacote. Todavia, há algumas dúvidas pendentes, lembrava ontem um oficial da FAB, citando sistemas de armas e grande parte dos eletrônicos de bordo do Gripen que, segundo o piloto, seriam dependentes de fornecedores estrangeiros. A empresa sueca garante ter total independência e suficiência.
O anúncio da escolha não afasta a crise imediata da defesa aérea. Amanhã, a Aeronáutica aposenta formalmente os 12 caças Mirage 2000 que fazem o controle armado sobre Brasília. O último voo dos modelos será à meia-noite do dia 31.
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Congresso se desculpa por cassação de Jango
Mandato do ex-presidente, deposto em 1964, foi devolvido simbolicamente; Renan citou "inverdades do Estado"; oficiais militares não se pronunciaram
Ricardo Brito e Daiene Cardoso
O Congresso Nacional devolveu ontem simbolicamente o mandato do presidente João Goulart, deposto do cargo pelo golpe militar de 1964. A solenidade contou com a presença da presidente Dilma Rousseff e anulou a sessão legislativa de 2 de abril daquele ano.
João Vicente Goulart, filho de Jango - como o presidente era conhecido-, recebeu o diploma de restituição simbólica do mandato. A cerimônia foi acompanhada pelos comandantes da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito; do Exército, general Enzo Peri; e da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto. Os oficiais não se manifestaram durante a solenidade.
O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu desculpas pelo fato de o Parlamento ter retirado o mandato de Jango e ressaltou que o Congresso não po~ diaíugir de suas obrigações constitucionais "após 50 anos de silêncio injustificado". "Peço desculpas pela inverdade patrocinada pelo Estado brasileiro, com a participação do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, de um ilustre brasileiro, um patriota", afirmou ele, em discurso.
Para Renan, a devolução do mandato do presidente deposto "representa, além de justiça, a exumação da verdade". "O Congresso Nacional não deve recusar ou fugir de suas obrigações institucionais, ainda que elas impliquem em um revisionismo histórico, ainda que constrangedor para alguns públicos", destacou.
"Mancha9. Em seu discurso, o filho de Jango disse que o ato do Congresso repara a "triste mancha e o equívoco do Parlamento brasileiro ao legalizar a ditadura". João Vicente afirmou que o golpe militar não foi contra seu pai, mas contra as reformas de base que ele havia proposto em mensagem enviada ao Congresso Nacional no início de 1964. Ele disse que, até hoje, as reformas são necessárias.
"Há 50 anos precisávamos reformar o Estado brasileiro para avançar no desenvolvimento do País", disse João Vicente, ao mencionar as reformas agrária, tributária educacional e política.
O filho de Jango agradeceu à presidente Dilma Rousseff pelo empenho em recuperar a história do País, com iniciativas como a instalação da Comissão da Verdade. No momento da diplo-mação, João Vicente recebeu um abraço da presidente Dilma, que no último mês recepcionou os restos mortais do ex-presidente com honras de Estado. "Mais uma vez repito as palavras com as quais me despedi pela segunda vez do meu pai em São Borja: "Jango, a democracia venceu"", afirmou João Vicente.
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Ala petista defendeu opção por suecos
Denise Chrispim Marin
Amparada em argumentos técnicos, a escolha dos caças Gripen NG, da sueca Saab, pelo governo brasileiro, também respondeu ao lobby de um setor específico do PT. O prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, defendia essa opção desde a retomada do processo de compra de jatos militares pela Força Aérea Brasileira, há oito anos.
Durante o longo processo, os Estados Unidos sinalizaram com uma possível parceria com o Brasil no setor industrial, entre a Boeing e a Embraer.
Em junho passado, durante uma feira Aeronáutica na França - o soth Paris Air Show -, Marinho extraiu do presidente da Saab, Hakan Buskeh a promessa de construção de uma fábrica de aeroestruturas em São Bernardo, onde possivelmente os caças Gripen serão montados.
Três meses antes, ele esteve com o vice-ministro das Relações Exteriores da Suécia, Gunar Wieslander, em Estocolmo, e recepcionou os reis suecos, Gustav e Silvia, em visita a São Paulo. Seu lobby em favor de um parque aeronáutico no ABC, ancorado no investimento da Saab, era um dos mais constantes no Ministério da Defesa.
O componente político seria igualmente relevante se a escolha da Força Aérea Brasileira fosse pelo F18 Super Hornet ou o pelo Rafale, da francesa Dassault, segundo Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington e presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. A proposta da França caiu por causa do custo mais alto. A oferta americana foi prejudicada pela descoberta da rede de espionagem dos EUA nos gabinetes de Brasília e na Petrobrás e pela reação brasileira -o cancelamento da visita de Estado da presidente Dilma a Washington, prevista para outubro passado. Mas, sublinhou Barbosa, sempre houve desconfiança no governo brasileiro sobre a dose real de transferência de tecnologia da Boeing à Embraer e a intromissão do Senado americano nessa parceria.
"Os acordos de Marinho com o governo sueco e a Saab certamente foram decisivos", afirmou. "Qualquer escolha teria uma motivação política. O que me surpreende não é a opção pelo Gripen, mas o momento escolhido pelo governo para anunciá-la", completou.
Anteontem, o governo brasileiro declarou não ter considerado uma a carta aberta aos brasileiros, escrita por Edward Snowden, como um pedido de asilo político. Snowden foi o responsável pela divulgação à imprensa de documentos da Agência Nacional de Segurança (NAS, na sigla em inglês).
Outro ex-embaixador em Washington, Roberto Abdenur, concordou estar ainda em evidência o escândalo de espionagem americana no Brasil, com sérias implicações negativas para a relação bilateral. Mas ponderou que a decisão em favor dos Gripen "não foi contra a americana Boeing e a francesa Rafale". A França, lembrou ele, manterá sua parceria estratégica com o Brasil, ampliada durante a recente visita do presidente François Hollande com a inclusão do projeto de compra de supercomputadores franceses.
Abdenur explicou ser importante também para o Brasil preservar as múltiplas áreas de diálogo e de cooperação com os EUA. Mas a recomposição da confiança mútua dependerá, inicialmente, de um pedido de desculpas pela espionagem da NSA. Para Barbosa, o governo americano terá de fazer um primeiro gesto, como a elevação do Brasil ao mesmo nível de parceria estratégica mantida por Washington com a índia e a Turquia.
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Conheça o novo caça do Brasil, que será produzido com a Suécia
Avião alcança 4 mil km e tem velocidade duas vezes maior que a do som. Preferido dos militares, é capaz de atacar alvos no ar e terra além da visão.
Tahiane Stochero
O governo federal anunciou nesta quarta-feira (18) que o Gripen NG, oferecido pela empresa sueca Saab como "a aeronave de combate mais avançada do mundo", será o novo caça do Brasil.
Ao contrário dos outros concorrentes, o Rafale, da francesa Dassault, e o F-18, da norte-americana Boeing, o Gripen NG ainda não voa. Ele começou a sair do papel em julho, quando a Saab iniciou a produção em sua fábrica em Linköping.
A proposta da Saab era considerada mais barata que a dos concorrentes (US$ 4,5 bilhões), além do custo de hora de voo, que é inferior ao dos concorrentes (cerca de US$ 4 mil).
A negociação prevê que o Brasil participe do processo de produção com ampla transferência de tecnologia, o que foi considerado, pelos militares, um dos fatores que interferiu na decisão. A estimativa é que 40% do modelo e 80% da estrutura sejam de fabricação nacional.
A negociação inclui ainda aviões com duas posições (para treinamento), sensores, peças e o treinamento de pilotos e mecânicos, além de acordos com empresas brasileiras.
"Os outros dois caças estão prontos. O que virá conosco será a capacidade de desenvolvimento conjunto, um aprendizado na tecnologia aeroespacial. Não se pensa em margem de lucro", disse, em entrevista ao G1 em julho, o presidente da empresa no Brasil, Bengt Janer.
Ataque além do alcance
Com alcance superior ao do F-18 e do Rafale (até 4 mil quilômetros, devido ao maior tanque de combustível), o Gripen também permitirá desenvoltura diante das dimensões continentais do país para a proteção da Amazônia e do pré-sal, afirma o brigadeiro da reserva Teomar Quírico, piloto de caça com mais de 2 mil horas de voo que já comandou esquadrões de caça da FAB.
"Esta é a melhor opção para o nosso país e para a FAB. Por estar em desenvolvimento, o Brasil tem mais independência ao operar esta aeronave", aponta o oficial.
Outro ponto positivo avaliado pelos militares é a capacidade de integrar sensores e novos armamentos, já que o desenvolvimento será em conjunto e as peças poderão ser produzidas no país. Além disso, é possível usar armas de outros fabricantes. Assim, o Brasil não dependerá, em caso de guerra, da compra de mísseis dos Estados Unidos, o que ocorreria se fosse adquirido o F-18, ou da França, no caso do Rafale.
Processo em andamento
O início da construção do Gripen NG na Suécia, porém, não impede o Brasil de participar do desenvolvimento, já que os governos da Suíça e Suécia decidiram que o Gripen será o caça usado pelos países nos próximos 30 anos.
Além da Aeronáutica brasileira, que receberá 36 aviões, outros 88 já foram encomendados, sendo 60 para a Suécia - que serão entregues entre 2013 e 2026.
"A Suíça fechou um pedido em dezembro de 2012 de uma aeronave que passará por uma reformulação. Ainda há tempo para o Brasil participar do programa desde o início, se a decisão pelo caça ocorrer em breve”, disse Janer na ocasião.
No dia 31 de dezembro, a Aeronáutica aposenta os Mirage-2000, que foram comprados já usados da França, em 2005, em uma estratégia tampão. Os aviões estão sucateados e sem armamento, segundo anunciou o brigadeiro Juniti Saito, comandante da FAB, em agosto.
Enquanto as aeronaves novas não chegam, a Aeronáutica colocará em Anápolis, onde ficam os Mirage atualmente, 5 caças F-5, que são de menor alcance e não voam a até duas vezes a velocidade do som - capacidade que os Mirage possuem e que o novo caça terá.
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Após mais de uma década de negociação, governo decide comprar caças suecos
Modelo Gripen NG da empresa Saab desbancou as ofertas francesa e americana
Carolina Martins
Após mais de 10 anos de negociação, o governo brasileiro anunciou, nesta quarta-feira (18), a decisão de fechar acordo com a Suécia para a aquisição de 36 caças produzidos pela empresa Saab.
O modelo Gripen NG desbancou as ofertas da França e dos Estados Unidos e vai substituir os aviões Mirage 2000, da FAB (Força Aérea Brasileira), que serão aposentados até o fim deste ano.
O ministro da defesa, Celso Amorim, explicou a escolha do governo.
— A escolha, como sabem, foi objeto de estudos e ponderações muito cuidadosas, levou em conta performance, trasnferência efetiva de tecnologia e custo, não só de aquisição, mas de manutenção. A escolha se baseia no melhor equilíbrio desse três fatores.
Os novos caças custarão US$ 4,5 bilhões aos cofres públicos, e o cronograma de entrega prevê que eles sejam entregues até 2023.
A substituição dos aviões faz parte do programa FX-2, que prevê a aquisição de aeronaves estrangeiras, com transferência de tecnologia. As primeiras negociações começaram ainda em 1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
O programa foi reformulado mais de uma vez e as negociações se estenderam pelos dois governos de Lula. Em 2009, ele chegou a anunciar um acordo com a França para comprar os 36 caças do modelo Rafale.
No entanto, mesmo com a clara preferência do governo brasileiro pelo caça francês, o acordo não foi assinado e a decisão caiu na mesa da presidente Dilma Rousseff.
Concorrência
Além do Gripen NG da Suécia, estavam na disputa o modelo 18E/F Super Hornet, da empresa americana Boeing. Esse tipo de caça é usado pelos Estados Unidos e pela Austrália.
Nos bastidores, a informação é de que a empresa americana saiu da disputa por uma decisão política do governo, depois do mal-estar gerado pelas denúncias de espionagem do Brasil monitoradas pelo governo dos Estados Unidos.
No entanto, o ministro Amorim nega e garante que a decisão foi baseada em aspectos unicamente técnicos.
O modelo Rafale, da francesa Dassault, era um dos preferidos do governo Lula. O avião é utilizado na França e também devem ser adquiridos pela Índia. Os Emirados Árabes também negociam a compra da aeronave.
Substituição
Os 12 caças do modelo Mirage 2000 que estão em atuação no Brasil são franceses e foram comprados em 2005, justamente para cobrir o espaço aéreo brasileiro enquanto se definia o FX-2.
Todos serão aposentados no fim deste ano por tempo de uso. Para substituir os Mirage, a FAB vai usar os caças F5, que também estão velhos.
De acordo com o brigadeiro da FAB, Marcelo Kanitz Damasceno, a última frota dos F5 deverá ser aposentada em 2025. A expectativa é de que a primeira remessa dos novos aviões suecos chegue ao Brasil 48 meses após a assinatura do contrato, que deve ser firmado em dezembro de 2014.
O brigadeiro Damasceno garante que durante esse intervalo de transição o controle do espaço aéreo brasileiro não será prejudicado.
— Os números não são importantes. Um avião às vezes pode se transformar em dois porque o deslocamento é muito rápido. O importante é que garantimos o controle e defesa do espaço aéreo.
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Governo confirma Gripen NG, da sueca Saab, como novo caça do Brasil
Proposta sueca venceu concorrência com a França e os Estados Unidos pela aquisição de 36 aeronaves de combate para a FAB
Diogo Alcântara
O ministro da Defesa, Celso Amorim, anunciou nesta quarta-feira que o projeto F-X2 para aquisição de novos caças pelo Brasil foi vencido pela sueca Saab, com o modelo Gripen NG. As discussões sobre a aquisição de 36 aeronaves de combate se arrastam por mais de dez anos e a decisão vinha sendo adiada sob argumento de falta de orçamento. Segundo Amorin, a compra totalizará um gasto de US$ 4,5 bilhões (R$ 10,47 bilhões) até 2023.
"Depois das análises e estudos feitos, a presidente Dilma me incumbiu de informar que o vencedor do certamente para a aquisição de 36 caças para a FAB é o avião sueco Gripen NG", anunciou Amorim.
O Gripen NG era finalista do projeto de compra junto com o francês Rafale (Dassault) e com o americano F-18 Super Hornet (Boeing). O trunfo dos suecos foi a melhor oferta de transferência de tecnologia a um custo mais baixo. "A escolha levou em conta performance, transferência efetiva de tecnologia e custo, não só de aquisição, mas de manutenção. A decisão de baseia no melhor equilíbrio desses fatores", argumentou o ministro da Defesa.
O primeiro modelo do Gripen já tem seis países como clientes, três deles parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan): República Tcheca, Hungria e Reino Unido. A versão NG ainda é um protótipo, mas para a Saab isso não é uma desvantagem. Pelo contrário, o Brasil poderia participar da finalização de um modelo em estágio já avançado, tendo assim acesso ao código fonte da aeronave e total autonomia para exportá-lo.
Os franceses estão tendo dificuldades para exportar o Rafale. Durante o governo Lula, a Dassault quase fechou negócio, mas Dilma se distanciou da proposta. Nem o lobby do presidente francês, François Hollande, na semana passada foi suficiente para convencer a presidente brasileira do contrário. Hollande chegou a trazer o presidente da Dassault, Éric Trappier, para oferecer informações técnicas e financeiras mais precisas às autoridades brasileiras.
O F-18 Super Hornet já tinha a desvantagem de não conseguir garantir a total transferência de tecnologia, além de restringir a exportação de aeronaves para países não aliados dos Estados Unidos. Mesmo assim, Dilma chegou a flertar com o modelo americano, mas as chances foram reduzidas drasticamente com a revelação da espionagem dos Estados Unidos a empresas, autoridades e cidadãos brasileiros.
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Caça sueco Gripen NG vai equipar Força Aérea Brasileira
Bruno Marfinati
O governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira que a empresa sueca Saab será a fornecedora dos 36 novos caças que renovarão a frota da Força Aérea Brasileira (FAB), em um investimento estimado em 4,5 bilhões de dólares.
Depois de anos de adiamento e especulações sobre a concorrência, que também era disputada pela francesa Dassault e a norte-americana Boeing, os caças suecos Gripen NG substituirão os Mirage 2000.
No anúncio feito nesta quarta-feira, o ministro da Defesa, Celso Amorim, disse que a escolha do caça da Saab levou em conta performance, transferência efetiva de tecnologia e custos.
O contrato ainda precisa ser negociado.
Veja mais detalhes sobre o negócio:
AERONAVE
O Gripen NG foi apontado como o mais barato dos três concorrentes. Segundo informações no site da Saab, o Gripen NG, na configuração de Patrulha Aérea de Combate, alcança um raio de combate de 1.300 quilômetros e tem um alcance máximo de 4.000 quilômetros.
O caça tem avançado sistema de sensores e fusão de dados. A aeronave foi projetada para controle aéreo, defesa aérea, reconhecimento aéreo, ataques ar-solo e ar-mar.
VALOR DO NEGÓCIO
O Brasil prevê investir 4,5 bilhões de dólares para a compra dos caças, com cronograma de desembolso até 2023. A FAB prevê receber os primeiros caças 48 meses após a assinatura do contrato, que deve ocorrer em dezembro de 2014 e cerca de 12 caças por ano após o início das entregas, segundo o Ministério da Defesa.
TRANFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
Transferir a tecnologia era um dos itens que pesaram na decisão. A Embraer será a principal parceira da empresa sueca no Brasil para a transferência de tecnologia.
OUTROS CONCORRENTES
Também eram finalistas o caça Rafale, da francesa Dassault, e o F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing.
PROGRAMA PARA NOVA FROTA
O programa brasileiro para renovar a frota da FAB, batizado de F-X, começou em 2001 com a escolha de cinco modelos de aeronaves, mas foi suspenso pelo governo federal em 2003, primeiro ano do mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em 2007, o Estado-Maior da Aeronáutica reiniciou estudos sobre necessidades e características de um novo avião de caça multiemprego.
Em maio de 2008, a FAB lançou o programa FX-2, chegando ao final daquele ano com três aeronaves finalistas: Rafale, F-18 Super Hornet e Gripen NG.
As empresas finalistas enviaram as propostas para o governo brasileiro em 2009 e no ano seguinte o Comando da Aeronáutica enviou ao Ministério da Defesa o relatório final do projeto FX-2.
Com apoio da presidente Dilma Rousseff, Amorim anunciou a decisão do governo de comprar o caça Gripen NG. As novas aeronaves substituirão a atual frota da FAB, que está obsoleta.
Segundo a FAB, da frota atual, os Mirage 2000-C têm sua desativação prevista para 2013, os F-5EM deixarão de operar a partir de 2025, enquanto que o A-1M deverá ser desativado a partir de 2023.
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Escolha de caça sueco pelo Brasil é "decepcionante", diz rival Boeing
Empresa americana concorria ao contrato bilionário com o jato F/A 18 E-F Super Hornet
A americana Boeing classificou de “decepcionante’’ a escolha do caça Gripen NG pela Força Aérea Brasileira (FAB). A Boeing também concorria ao contrato bilionário de compra de novas aeronaves para reforçar a defesa do País. O modelo oferecido pela americana era o caça F/A-18 E-F Super Hornet.
Em uma curta nota à imprensa, a companhia afirmou que “embora decepcionante para a Boeing, a decisão, de forma alguma, diminui o comprometimento da empresa em expandir sua presença, ampliar suas parcerias e apoiar as necessidades do Brasil em termos de segurança”.
Segundo antecipou a revista Isto É, o caça da Boeing era o preferido da FAB, mas tornou-se politicamente inviável, após o escândalo de espionagem do governo brasileiro por parte da agência americana de inteligência NSA.
Nesta tarde, o ministro da Defesa, Celso Amorim, e o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, anunciaram a escolha do caça fabricado pela sueca Saab. O contrato é de US$ 4,5 bilhões para o fornecimento de 36 aviões entre 2018 e 2023.
A disposição da Saab em transferir tecnologia para o Brasil também pesou na escolha do Gripen NG. Um grupo de empresas brasileiras, liderado pela Embraer, vai participar do desenvolvimento e da construção dos caças. Segundo o ministro Saito, cerca de 80% do corpo do jato será fabricado no País.
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Dilma toma decisão sobre os caças: comprará o Gripen da Suécia
Presidente Dilma autorizou o Comandante da Aeronáutica a divulgar o resultado do FX2 — programa de renovação dos caças que remonta a mais de 20 anos
Gabriel Castro
O Ministério da Defesa vai anunciar às 17h desta quarta-feira que a fabricante sueca Saab fornecerá os 36 novos caças à Força Aérea Brasileira (FAB). O programa de substituição das aeronaves FX2, que envolve um orçamento de 5 bilhões de dólares, passou por diversos adiamentos nos últimos anos, mas a presidente optou pelo Gripen — a aeronave mais barata entre as três competidoras. Estavam no páreo a americana Boeing e a francesa Dassault.
Mais cedo, a presidente Dilma Rousseff participou de uma cerimônia de encerramento do ano organizada pela cúpula militar. Lá, ela anunciou oficialmente que o ministro da Defesa, Celso Amorim, e o Comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, estavam autorizados a divulgar o resultado da concorrência.
A escolha dos caças encerra uma negociação que remonta a 1991, quando a Força Aérea Brasileira (FAB) decidiu que precisava renovar sua frota de caças. As únicas seis unidades em operação atualmente, os Mirage 2000, da Dassault, serão aposentados no dia 31 de dezembro e serão substituídos por modelos F5, enquanto o Gripen entra em processo de fabricação.
Em 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a anunciar que o Brasil havia escolhido adquirir os caças da França. A moeda de troca era o apoio do país à entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Tempos depois, o Ministério da Defesa negou que o governo tivesse tomado alguma decisão. Curiosamente, o então presidente francês Nicolas Sarkozy, no mesmo período, havia se negado endossar decisão do governo brasileiro de apoio ao Irã. O negócio dos caças foi desfeito em retaliação.
A decisão sobre os caças ocorre pouco antes da aposentadoria do Mirage e dias depois de o presidente francês, François Hollande, vir ao Brasil acompanhado do presidente da Dassault, Eric Trappier, para se reunir com a presidente Dilma Rousseff. A compra dos caças esteve em pauta, apesar de os dois terem silenciado sobre o tema. Dilma teria aproveitado o encontro para dizer a Hollande que a compra do Rafale não ocorreria devido ao alto preço das aeronaves.
Snowden atrapalha Boeing - O tema dos caças foi preterido ao longo do governo Dilma. Nas poucas discussões consistentes sobre o tema, a favorita da presidente era Boeing. Não só a proposta de transferência de tecnologia da gigante americana havia agradado à FAB, como a vinda da empresa ao Brasil havia suscitado uma série de possibilidades de parcerias com a indústria que iam além dos F18. Segundo documentos sigilosos divulgados pelo Wikileaks, o brigadeiro Juniti Saito também havia explicitado, em 2009, a superioridade técnica da aeronave americana. Contudo, a saia-justa causada pelas denúncias do ex-técnico da CIA e da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, Edward Snowden, que revelaram práticas de espionagem do órgão a diversos governos — inclusive o brasileiro — colocaram a Boeing no fim da fila e colocaram no páreo apenas franceses e suecos.Em entrevista ao site de VEJA, a presidente da Boeing no Brasil e ex-embaixadora, Donna Hrinak, afirmou que o F18 não só é tecnicamente superior, como também a proposta da empresa para o projeto foi aprimorada ao longo dos anos.
Segundo Donna, o governo brasileiro tem toda a razão em condenar as ações da NSA, mas reafirmou que a força das relações comerciais entre Brasil e EUA vai muito além das denúncias. “É uma relação bilateral de muitos anos. Compartilhamos valores e interesses. E não podemos deixar que essa relação seja afetada por Edward Snowden”, afirmou.
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Caça sueco escolhido pela FAB deve usar turbinas da Boeing [sic]
Gripen é apenas 50% sueco — o restante de suas peças vem dos Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido
Ana Clara Costa e Gabriel Castro
O governo brasileiro afirmou, nesta quarta-feira, que a transferência de tecnologia e o preço foram fatores preponderantes para a escolha do caça Gripen, da sueca Saab, para equipar a Força Aérea Brasileira (FAB). Contudo, boa parte o equipamento virá de outros países, sobretudo Estados Unidos. Segundo reportagem do jornal sueco Svenska Dagbladet, apenas 50% dos componentes da aeronave são fabricados na Suécia. A contribuição mais relevante é da americana General Electric, que produz o motor da aeronave (o F414) — que é responsável por 20% de seu custo. O equipamento também é usado pelo Super Hornet, da Boeing (empresa dispensada pelo governo devido ao escândalo da espionagem americana).
O Gripen, até o momento, é um projeto. O caça está em desenvolvimento e suas primeiras encomendas ao governo sueco deverão ser entregues em 2018. Este também é o prazo prometido para as primeiras entregas no Brasil. Cerca de 1500 pessoas trabalham nas plantas de Linköping, Järfälla, Jönköping, Göteborg, Arboga e Trollhättan, para desenvolver a aeronave, que foi encomendada também pela Suíça.
Segundo o ministro da Defesa Celso Amorim, que anunciou a escolha do Gripen nesta quarta-feira, haverá transferência de tecnologia de cerca de 80% do caça. Mais tarde, o Comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, detalhou que esse porcentual se refere especificamente à estrutura do Gripen, e não ao às peças que integram a aeronave. "Não necessariamente serão fabricadas todas as peças no Brasil. Ninguém faz isso", afirmou Amorim, ao ser questionado sobre a transferência de tecnologia.
O ministro disse ainda que o mais importante é produzir "a tecnologia mais específica no Brasil", sem detalhar o que pode ser considerado específico. Questionado sobre o motor da GE, Amorim afirmou que não haverá problemas em comprar peças de defesa dos Estados Unidos. "A turbina não é tão sensível em matéria de conhecimento quanto outras partes do avião. E nós temos uma relação muito boa com os EUA. Temos contato diário para aquisição de peças. Não há nenhum temor", disse o ministro.
O ministro reiterou que é uma decisão estratégica não colocar "todos os ovos na mesma cesta", já que o Brasil já possui outras parcerias na área da Defesa com a França e com os Estados Unidos.
Questionada sobre seu envolvimento numa possível negociação de turbinas para o Gripen brasileiro, a Boeing afirmou que não iria comentar. Apenas disse, por meio de comunicado, que "embora decepcionante, a decisão, de forma alguma, diminui o comprometimento da empresa em expandir sua presença, ampliar suas parcerias e apoiar as necessidades do Brasil em termos de segurança".
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Brasil escolhe caça sueco Gripen NG; vitória beneficia Embraer e Akaer
Virgínia Silveira
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - Depois de quase 17 anos de espera e muita especulação, o caça sueco Gripen NG foi o escolhido pelo governo brasileiro na concorrência para a aquisição de aviões de combate da Força Aérea Brasileira (FAB), no âmbito do programa FX-2, segundo o Valor apurou. O anúncio oficial será feito às 17h de hoje pelo ministro da Defesa, Celso Amorim e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito.
A empresa brasileira Akaer e a Embraer serão as principais beneficiadas pela vitória do caça sueco Gripen na concorrência, que também envolveu as empresas Boeing, com o caças F-18 e a francesa Dassault, com o caça Rafale. A parceria entre a Akaer e a Saab, fabricante do Gripen, já dura quatro anos. A Akaer foi contratada pela Saab para projetar a fuselagem central, traseira e as asas do Gripen NG, nova geração de caças da Suécia.
“A vitória do Gripen representa o nascimento das empresas de base do setor aeronáutico brasileiro. Este contrato dará um grande impulso às pequenas empresas do setor e a Akaer está no centro disso”, disse uma fonte do setor. Toda a parte de estrutura do avião será produzida em uma nova fábrica que a Saab pretende construir em São Bernardo do Campo (SP). O investimento previsto é de US$ 150 milhões.
A Saab também adquiriu 15% de participação no capital social da Akaer. A operação, conhecida como empréstimo conversível em ações, poderá ser estendida até o limite de 40%, segundo informou a Akaer, na época do acordo.
Pela proposta da Saab, cerca de 40% do caça Gripen e até 80% da sua estrutura serão feitos no Brasil.
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Brasil escolhe caça sueco Gripen NG; vitória beneficia Embraer e Akaer
Virgínia Silveira
Depois de quase 17 anos de espera e muita especulação, o caça sueco Gripen NG foi o escolhido pelo governo brasileiro na concorrência para a aquisição de aviões de combate da Força Aérea Brasileira (FAB), no âmbito do programa FX-2, segundo o Valor apurou. O anúncio oficial será feito às 17h de hoje pelo ministro da Defesa, Celso Amorim e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito.
A empresa brasileira Akaer e a Embraer serão as principais beneficiadas pela vitória do caça sueco Gripen na concorrência, que também envolveu as empresas Boeing, com o caças F-18 e a francesa Dassault, com o caça Rafale. A parceria entre a Akaer e a Saab, fabricante do Gripen, já dura quatro anos. A Akaer foi contratada pela Saab para projetar a fuselagem central, traseira e as asas do Gripen NG, nova geração de caças da Suécia.
“A vitória do Gripen representa o nascimento das empresas de base do setor aeronáutico brasileiro. Este contrato dará um grande impulso às pequenas empresas do setor e a Akaer está no centro disso”, disse uma fonte do setor. Toda a parte de estrutura do avião será produzida em uma nova fábrica que a Saab pretende construir em São Bernardo do Campo (SP). O investimento previsto é de US$ 150 milhões.
A Saab também adquiriu 15% de participação no capital social da Akaer. A operação, conhecida como empréstimo conversível em ações, poderá ser estendida até o limite de 40%, segundo informou a Akaer, na época do acordo.
Pela proposta da Saab, cerca de 40% do caça Gripen e até 80% da sua estrutura serão feitos no Brasil.
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O fator Snowden
Klécio Santos
Os suecos devem agradecer a Edward Snowden. O delator da espionagem americana recolocou o Gripen no páreo. Essa foi apenas uma das reviravoltas da bilionária licitação. Na Era Lula, o favoritismo era dos franceses Rafale, tempos em que Carla Bruni brilhava no Palácio do Eliseu.
Em 2010, um relatório da FAB apontou a versão aperfeiçoada do Gripen como a melhor escolha, inclusive em termos de preço. A proposta da Saab sempre foi a mais barata. Outra vantagem é o aprendizado em tecnologia já que o Brasil vai participar da produção.
Mas, no governo Dilma, a Boeing vinha estreitando laços ao firmar parcerias com a Embraer. A situação mudou quando Snowden resolveu mostrar o que tinha guardado. Em conversa com ZH à época, um executivo da Saab voltou a enxergar um final feliz. O único temor era o de prorrogação da licitação, mas os suecos estavam confiantes, principalmente depois de fecharem negócios com a Índia e a Suíça.
De qualquer forma, o Brasil vai entrar em um limbo em termos de proteção do espaço aéreo. O primeiro Gripen só cruzará o céu brasileiro em 2018. Com a aposentadoria dos 12 Mirage 2000C (F-2000), a solução até lá será usar caças F-5 de segunda mão da Jordânia, adquiridos em 2007 e modernizados pela Embraer. Serão uma espécie de estepe.
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Pilotos e comissários prometem parar amanhã
Sem nova proposta por parte das companhias aéreas em relação ao pedido de reajuste durante reunião realizada ontem, aeronautas anunciam que iniciarão greve amanhã. Em outro encontro, o ministro da Secretaria de aviação Civil, Moreira Franco, recebeu representantes dos trabalhadores do setor para intermediar uma solução com as empresas.
– Vamos ter na sexta-feira um recorde de passageiros por dia. Mais de 350 mil passageiros estarão viajando para passar as festas com as famílias, então é importante que não tenha nenhum conflito – disse o ministro.
O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) assegura o cumprimento da legislação quanto à disponibilização de 20% do efetivo da categoria nos aeroportos durante o período de greve. A paralisação está prevista para começar às 6h de amanhã.
Os aeronautas pedem reajuste de 8%, além de avanços sociais. As companhias, alegando dificuldades financeiras, oferecem 5,6%. Segundo o presidente do SNA, Marcelo Ceriotti, a proposta das empresas não representa ganho real para a categoria.
Para o vice-presidente do sindicato, José Adriano Castanho, o maior impasse está na discussão das cláusulas sociais, especialmente sobre o aproveitamento das horas disponíveis dos aeronautas e as condições em que ficam nos aeroportos.
De acordo com o advogado que representa as companhias do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Odilon Junqueira, já foram fechados acordos regionais com parte dos sindicatos de aeroviários, trabalhadores de solo dos aeroportos em São Paulo, Belo Horizonte e Rio.
Em 2012, os sindicatos programaram paralisação, mas cancelaram por determinação da Justiça para que 90% dos serviços fossem mantidos.
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DIÁRIO DA RÚSSIA
Brasil decide comprar caças suecos Saab Gripen
Ministro da Defesa, Celso Amorim, deu a informação em entrevista ao lado do Comandante da Aeronáutica, Juniti Saito
O ministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, informou nesta quarta-feira, 18, em entrevista coletiva concedida em Brasília, juntamente com o Comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, que o Governo brasileiro decidiu comprar os caças suecos Saab Gripen NG. O valor total da compra é de 4,5 bilhões de dólares.
Na licitação aberta para a compra dos aviões de combate, além do Saab Gripen NG, concorreram o Boeing F-18E/F Super Hornet, dos Estados Unidos, e o Dassault Rafale F3, da França. Mais recentemente chegou-se a comentar que os caças russos Sukhoi Su-35, mesmo afastados da licitação, estariam sendo novamente considerados pelas autoridades da área.
Os 36 caças Gripen NG substituirão os Mirage 2000, franceses, que sairão de serviço.
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BBC MUNDO
Brasil anuncia compra de 36 cazas Gripen NG suecos por unos US$4.500 millones
Brasil eligió a la empresa sueca Saab para renovar su flota de aviones de combate con la compra de 36 cazas Gripen NG, un negocio de unos US$4.500 millones por el que también competían Estados Unidos y Francia.
La decisión fue anunciada este miércoles por el ministro brasileño de Defensa, Celso Amorim, en el desenlace de un proceso que el país sudamericano analiza desde hace años para ampliar su poderío militar.
Temas relacionadosAmérica Latina, Brasil
Aunque Amorim aclaró que el contrato de compra aún debe ser negociado, está previsto que junto con los aviones Saab transfiera tecnología a Brasil para poder fabricar al menos parcialmente los cazas, un punto que el país había señalado como determinante.
Definidos por la Fuerza Aérea Brasileña (FAB) como la "aeronave de combate más avanzada del mundo", los cazas Gripen competían por el contrato brasileño con el modelo Rafale francés (de Dassault) y el F/A18 Super Hornet estadounidense (de Boeing).
Medios brasileños informaron que la decisión fue tomada por la presidenta Dilma Rousseff y que las revelaciones de este año sobre espionaje estadounidense a Brasil enfriaron las posibilidades que tenía Boeing de quedarse con el negocio.
En 2009, el entonces presidente brasileño Luiz Inácio Lula da Silva expresó preferencia por los Rafale debido a la transferencia de tecnología que ofrecía Francia. Pero un informe de la FAB señaló a los cazas suecos como mejor opción y abrió una polémica.
Con los nuevos cazas, Brasil sustituirá su flota de aviones de combate Mirage 2000 que llegan a su hora de retiro y ampliará su capacidad de defensa y protección de recursos naturales, consolidando su estatus de líder regional.
Brasil anunció su intención de renovar su flota de cazas en 1995 durante el gobierno de Fernando Henrique Cardoso, pero el programa fue cancelado y relanzado por el gobierno de Lula, y la decisión final había sido aplazada por Rousseff ante las limitaciones económicas y fiscales del país.
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NEW YORK TIMES (EUA)
Brazil Snubs Boeing in Fighter Jet DealBy DAN HORCH and CHRISTOPHER DREW
SÃO PAULO, Brazil — In a disappointment for Boeing, Brazilian defense officials said on Wednesday that they had picked the aircraft maker Saab for a $4.5 billion contract to build 36 fighter jets over the next 10 years.
The Brazilian defense minister, Celso Amorim, told reporters at a news conference in Brasilia that Saab was selected over Boeing because it had agreed to share more technology with contractors and because many parts for the new jet, the Gripen NG, would be made in Brazil.
The decision “took into account performance, the effective transfer of technology and costs, not only of acquisition, but also of maintenance,” Mr. Amorim said in a statement. He was accompanied by Gen. Juniti Saito, the Brazilian air force’s chief of staff. “The decision was based on these three factors.”
The announcement comes at a time of heightened tension between the United States and Brazil. In September, the Brazilian president, Dilma Rousseff, canceled a state visit to the United States after revelations that the National Security Agency was spying on foreign heads of state, including her.
In a speech at the United Nations that month, Ms. Rousseff gave a blistering attack on the United States for its “illegal interception of information and data.”
In a response to the outcry over the spying, a panel of advisers for President Obama on Wednesday recommended limiting the wide-ranging collection of personal data and restricting operations to spy on foreign leaders.
When asked at the news conference if the spying had anything to do with the decision to award the contract to Saab, Mr. Amorim did not answer directly, instead repeating reasons of cost and technology sharing.
Analysts said Brazil had many financial and practical reasons to award the contract to Saab.
Richard L. Aboulafia, an aviation analyst at Teal Group in Fairfax, Va., said that while Brazil’s disenchantment over the N.S.A.’s spying could have played a role in the decision, costs were probably a bigger factor.
“You’re talking about a military service that doesn’t need a heavyweight front-line fighter and has suffered a budget squeeze and hasn’t been able to fly the planes that it owns,” he said.
He added that a basic version of the Saab jet might cost about $45 million, compared with $55 million for Boeing’s basic F/A-18 Super Hornet.
And the Gripen’s fuel costs would be half of that for the Boeing plane. Both jets use the same engine, but the Super Hornet has two engines and the Gripen one.
A study by the military publisher IHS Jane’s said that the Gripen costs about $4,700 an hour to fly — the lowest among modern fighter jets — compared with the $11,000 for the Super Hornet.
Boeing said that the decision was “disappointing” and that it would talk to the Brazilian air force to better understand it. The company, based in Chicago, said it would still look for chances to expand its partnerships in Brazil.
The loss was also difficult for Boeing because there are only a few fighter competitions going on around the world and the United States Navy plans to stop buying the F/A-18’s.
While most countries that want high-tech fighters are buying Lockheed Martin’s more advanced F-35, many other countries cannot afford even top older models like the F/A-18. So far, Australia is Boeing’s only export customer for the jet.
By contrast, Saab’s more workaday Gripen models are flown by several other countries.
Brazil originally began its quest for new fighters to replace its aging Mirages more than a decade ago. Brazil’s former president, Luiz Inácio Lula da Silva, wanted to buy Dassault’s Rafale fighter jets in 2009 instead of the F/A-18.
But a change in administration in Brazil, and the country’s deteriorating financial condition, helped alter the equation. A Brazilian news report on Saturday said that Dassault had already been eliminated from the competition even though the French president, François Hollande, backed the jet on a visit to Brazil last week.
Terms of the deal must still be negotiated over the next year, but delivery of the first batch of Gripen NG jets is expected in 2018.
Also on Wednesday, Boeing announced the promotion of Dennis A. Muilenburg, the head of its military business, to vice chairman, president and chief operating officer of the company.
Analysts said that move made Mr. Muilenburg, 49, the heir apparent to Boeing’s chief executive, W. James McNerney Jr., who is 64.
Ray Conner, the chief executive of Boeing’s commercial airplane division, was also named a Boeing vice chairman while keeping his current responsibilities. Christopher M. Chadwick, 53, will succeed Mr. Muilenburg as chief executive of Boeing’s military unit.
Dan Horch reported from São Paulo, Brazil, and Christopher Drew from New York.
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EL PAÍS (ESPANHA)
Governo brasileiro compra aviões suecos para equipar a Força Aérea nacionalOs Estados Unidos e a França estavam na disputa, mas a transferência tecnológica oferecida pela Saab foi decisivaMARINA ROSSI
Cinco dias após a visita oficial do presidente francês, François Hollande ao Brasil, o governo brasileiro anunciou ter escolhido a Suécia, e não a França, para negociar a compra de 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB). A decisão terá um custo de 4,5 bilhões de dólares ao Brasil e ocorre após 18 anos de discussões sobre o projeto de modernizar e reequipar a FAB.
A França, assim como os Estados Unidos, era uma das concorrentes na licitação brasileira. A americana Boeing disputava a compra com o modelo F-18, enquanto a francesa Dassault tentava negociar a venda dos caças Rafale. No entanto, os aviões suecos Gripen, da empresa Saab, foram escolhidos. Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, a escolha levou em conta, basicamente, três critérios: a performance das aeronaves, o custo tanto da aquisição, quanto da manutenção, e a transferência de tecnologia para que o Brasil passe a construir esses aviões em casa.
A transferência de tecnologia, é, inclusive, uma reivindicação que o Governo brasileiro vinha fazendo há muito tempo. “E nessa questão, os americanos são muito mais restritivos, pois, obviamente, eles querem manter os seus segredos”, explica o professor da Fundação Getúlio Vargas, Salem Nasser.
Outra questão importante apontada por Nasser é a dependência que o Brasil teria em relação ao país com quem fechasse negócio. “Com relação à proposta americana, acho que havia um temor brasileiro de estabelecer uma dependência tecnológica e estratégica dos EUA, que é um país com que o Brasil deve ser sempre precavido”, diz.
O professor de Segurança Internacional da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Bernardo Wahl, acrescenta que essa decisão reflete uma estratégia muito característica das relações exteriores do Brasil que é a diversificação de fornecedores. “A compra do caça sueco é um reflexo da política externa brasileira, que busca autonomia”, diz. “É a chamada autonomia pela diversificação”.
A pressão dos países em negociação com o Brasil era grande. Durante a visita de Hollande ao Brasil, Rousseff chegou a dizer que não trataria do assunto com o mandatário francês, já que estaria insatisfeita com a parceria francesa nos submarinos vendidos para a Marinha, o que pode ser um dos motivos pelos quais a companhia francesa foi preterida.
Já com os Estados Unidos, o país mais cotado para a compra, a relação com o Brasil ficou manchada após a descoberta, em agosto deste ano, que o país de Barack Obama estava espionando o Governo brasileiro. “O Brasil quis mostrar aos EUA que esse tipo de comportamento tem custos. Foi isso que Dilma quis mostrar cancelando a visita de Estado dela aos EUA e também na escolha do caça sueco”, diz Wahl.
O projeto de modernizar e reequipar a FAB é antigo. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso começou a tratar do assunto no início do seu mandato, em 1995, e em 2001 lançou o projeto batizado F-X, mas não conseguiu levar adiante. No governo do ex-presidente Lula, o projeto foi rebatizado de F-X2 e, em 2009, Lula chegou a anunciar que havia fechado acordo com o então presidente da França Nicolas Sarkozy, mas acabou recuando, após a insatisfação da FAB, por não ter sido consultada sobre a decisão. “Havia razões fortes para fechar negócio com a França por causa do preço atraente, mas quando uma coisa dessas é quase anunciada e acaba recuando, a negociação acaba enfraquecida e para voltar a fechar com os franceses seria muito mais difícil”, explica Nasser.
O epílogo dessa longa novela já é considerado uma boa notícia pelos especialistas. “Não se esperava isso no governo Dilma. O (ministro da Fazenda) Guido Mantega havia dito que a economia no Brasil está manca, e como a defesa é um assunto a longo prazo, só o fato da decisão ter acontecido, já é uma grande vitória para a área de defesa no Brasil”, diz Wahl.
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LE MONDE (FR)
Le Rafale perd l`appel d`offres brésilien pour l`achat d`avions de combat
La visite de François Hollande, jeudi 12 décembre, n`aura pas suffi à convaincre Brasilia. Le Rafale, qui était en lice avec le Gripen NG, du suédois SAAB (Svenska Aeroplan Aktiebolaget), et le F/A-18 Super Hornet, de Boeing, a perdu l`appel d`offres brésilien portant sur l`achat de trente-six avions de chasse, a annoncé mercredi 18 septembre le ministre de la défense brésilien, Celso Amorim.
C`est finalement l`appareil suédois qui a remporté l`appel d`offres, estimé à plus de 5 milliards de dollars, soit 3,6 milliards d`euros. M. Amorin a ajouté que la négociation du contrat avec l`avionneur SAAB prendrait encore du temps.
Le ministre a précisé que le « choix était fondé sur l`équilibre entre trois points : le transfert de technologie, le prix de l`avion et le coût de son entretien ». Le choix du Gripen NG a toutefois créé la surprise, car les analystes tablaient plutôt sur un duel entre Dassault et Boeing.
L`une des principales exigences du contrat était un transfert de technologie total afin de pouvoir, à terme, fabriquer ces avions au Brésil et y développer l`industrie de la défense. Ce point semblait favoriser le Rafale, mais l`avion français « était le plus cher des trois », a concédé une source proche de Dassault aviation.
La présidente brésilienne, Dilma Rousseff, a ainsi opté pour l`avion considéré par les experts comme le moins cher. Selon la presse locale, il avait également la préférence des militaires brésiliens.
« UN RATIO COÛT/EFFICACITÉ FAVORABLE AU RAFALE »
« Nous regrettons que le choix se porte sur le Gripen, doté de nombreux équipements d`origine tierce, notamment américaine, qui n`appartient pas à la même catégorie que le Rafale : monomoteur et plus léger, le Gripen n`est pas équivalent en termes de performances et donc de prix », a réagi Dassault Aviation mercredi soir.
« Cette logique financière ne prend en compte ni le ratio coût/efficacité favorable au Rafale ni le niveau de la technologie offerte », ajoute-t-il. Dassault Aviation a aussi rappelé qu`avec ses partenaires Snecma (Groupe Safran) et Thales, regroupés dans le GIE Rafale International, il avait fait la promotion depuis quinze ans du Mirage 2000, puis du Rafale, avec « la volonté de coopérer sur le long terme avec l`industrie brésilienne, en particulier avec Embraer ».
« Les transferts de technologies sans restriction et les partenariats scientifiques, techniques et industriels demandés par le Brésil comptaient parmi les points forts de l`offre du GIE Rafale International, avec le soutien des autorités françaises », a-t-il ajouté.
ESPOIR EN INDE
Le constructeur du Rafale peut toutefois encore espérer s`exporter en Inde. Il a engagé avec New Delhi, en janvier 2012, des négociations exclusives en vue de remporter un contrat géant, estimé à 11 milliards d`euros, pour cent vingt-six avions de combat. Mais, près de deux ans plus tard, aucun contrat ferme n`a été signé, alors que le PDG du constructeur français, Eric Trappier, espérait encore en février finaliser la vente en 2013.
« Nous avons de bonnes raisons de croire que sur l`Inde et sur le Golfe, il y aura bientôt des résultats », a ainsi tenu à assurer M. Le Drian sur Europe 1 jeudi matin. Le Brésil, qui vient de dire non à l`avion de Dassault « n`était pas la cible prioritaire », « nous avons d`autres prospects plus importants », a-t-il affirmé.
En octobre, un haut responsable du ministère de la défense indien particulièrement impliqué dans la négociation du contrat d`achat des chasseurs de Dassault est mort d`une crise cardiaque, ce qui pourrait ralentir les discussions en vue de la signature d`un contrat, s`inquiétaient alors des sources du ministère.
Le temps presse. L`Etat a garanti à Dassault aviation le maintien du rythme de livraison de ses Rafale à l`armée française à onze par an pendant trois ans (de 2014 à 2016). Mais, au-delà, l`Etat souhaite pouvoir étaler les achats par l`armée française, en misant sur un relais pris par la fourniture d`avions à l`exportation. Encore faut-il que le Rafale se vende.
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