NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 25/11/2013
Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.
Novo desafio para os aeroportos
Consultoria internacional vai ajudar a INFRAERO com os sócios privados e a melhorar a gestão dos demais terminais
Priscilla Arroyo
Após o sucesso do leilão dos aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro e Confins, em Minas Gerais, que resultou em um ágio de 251%, o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, considera terminada a primeira etapa das concessões aeroportuárias do país. O desafio do governo agora será avaliar o impacto da entrada da iniciativa privada no setor e também as mudanças que ainda precisam ser feitas para melhorar a qualidade do serviço prestado aos passageiros.
Para isso, o ministro acertou com a presidenta Dilma Rousseff a contratação de uma grande empresa estrangeira para auxiliar a INFRAERO a lidar com os novos sócios privados e melhorar a gestão dos demais aeroportos. A licitação para esse serviço será aberta no próximo ano. “Vamos fazer um processo licitatório entre as maiores operadoras do mundo para escolher uma que nos preste assessoria para transformar a INFRAERO em uma operadora à altura na nova estrutura aeroportuária brasileira”, disse Moreira Franco.
Hoje, a INFRAERO administra 66 aeroportos, sendo que cinco deles — Brasília (DF), Viracopos (SP), Guarulhos (SP), Galeão (RJ) e Confins (MG) — serão geridos em conjunto com os concessionários, assim como o terminal de São Gonçalo do Amarante (RN), que ainda está em fase de construção. “Por enquanto, nossa atuação tem sido de sócio das concessionárias (com participação de 49% do capital).
Não vamos interferir na administração dos aeroportos, pois temos muito a aprender”, ponderou o presidente da INFRAERO, Gustavo do Vale. A idéia é que, no futuro, o passageiro que utilizar os terminais da Bahia ou do Recife, por exemplo, tenha a mesma experiência daqueles que utilizam os serviços de Guarulhos ou Confins. “A entrada dessas empresas com expertise operando nossos terminais traz mudanças físicas. Mas queremos medir o resultado pela evolução da qualidade do serviço prestado aos passageiros”, afirmou o ministro.
Na sexta-feira, o terminal carioca do Galeão foi arrematado pelo consórcio Aeroportos do Futuro, formado pela construtora Odebretch e operado pela Changui, de Cingapura, por R$ 19,018 bilhões. O alto ágio, de 293%, foi justificado pelo presidente da Odebrecht Transport, Paulo Cesena, pela sua potencial capacidade de expansão.
Atualmente, o terminal recebe 17,5 milhões de passageiros por ano e a expectativa é que esse número ultrapasse os 60 milhões no final da concessão, em 2038. Já Confins, em Minas Gerais, foi arrematado pelo Consórcio Aero- Brasil — formado pela CCR e pela operadora suíça Flughafen Zurich AG—por R$ 1,82 bilhão. O diretor da CCR, Leonardo Viana, acredita que o grande trunfo será a atração de voos internacionais para o terminal. “Minas é o segundo estado mais populoso do país, por isso existe muito espaço para avançar nesta tarefa”, afirmou.
|
Ex-militar cria serviço para contratar quem passou pelas Forças Armadas
O tenente do Exército Cesar Galdino Filho, 26, afirma que contratar ex-militares tem vantagens: esses profissionais são mais disciplinados e pontuais, diz. Mas, por ficarem longe do mundo corporativo, sem construir uma rede de contatos, eles podem encarar dificuldades para conseguir um emprego.
Por isso, Galdino e Fábio Ferreira, 55, vice-diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Oeste, criaram o site Reserva Ativa. Nele, empresas podem buscar currículos de ex-militares -os que serviram como temporários, por até oito anos, ou os de carreira, que atuam por até 30 anos.
"Muitas vezes, os militares de carreira, que saem com menos de 50 anos, acabam se aposentando porque não têm contato com empresas", afirma Galdino.
No ar desde outubro deste ano, o site conta com vagas de 36 companhias e cerca de 300 currículos cadastrados.
O tenente Caio Pirutti Fraisoli, 26, era um deles. Formado em direito e recém-egresso da carreira militar, ele diz que é difícil entrar no mercado de trabalho por causa da falta de contatos.
"Nós ingressamos aos 18 anos na carreira militar, e a maioria não tem uma profissão antes disso. Ficamos um pouco perdidos, porque o mundo corporativo é diferente do militar", explica. Ele conseguiu um emprego de gerente de risco patrimonial.
O serviço é gratuito para os militares que se cadastram no site, assim como o anúncio de vagas pelas empresas. Mas, caso as companhias desejem buscar currículos específicos, precisam optar por planos de mensalidade.
O investimento para colocar a página no ar foi de cerca de R$ 30 mil.
|
As metas da Justiça
Sob coordenação da Comissão Permanente de Gestão Estratégica, Estatística e Orçamento, órgão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os presidentes dos 90 tribunais brasileiros estabeleceram seis metas de produtividade, para o próximo ano, dando prioridade às instâncias inferiores do Poder Judiciário.
A partir de 2014, esses tribunais terão de desenvolver programas para modernizar suas primeiras instâncias e para padronizar os critérios de aplicação de recursos orçamentários, patrimoniais e de tecnologia da informação. Também terão de estabelecer parâmetros objetivos de distribuição dos recursos humanos, com base nos porcentuais de aumento ou redução da demanda de processos. A primeira instância é a porta de entrada dos cidadãos na Justiça. Nela tramitam cerca de 80% dos processos do Poder Judiciário, segundo o último balanço do CNJ.
Reunidos em Belém, durante o VII Encontro Nacional do Poder Judiciário, os presidentes dessas cortes também se comprometeram a ampliar o combate à corrupção, agilizando o julgamento dos processos de improbidade administrativa e das ações penais relacionadas a crimes contra a administração pública. O objetivo é concluir, no decorrer de 2014, o julgamento de todas ações dessa natureza impetradas até o final de 2011. Eles assumiram, ainda, o compromisso de acelerar o julgamento das ações desse gênero impetradas no ano passado. A Justiça Federal e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) prometem concluir 50% dos processos distribuídos até dezembro de 2012. E as Justiças estaduais se propuseram a julgar em caráter definitivo todas as ações de improbidade impetradas no ano passado.
Para cada braço especializado do Judiciário foi estabelecida uma meta de produtividade para 2014. A Justiça do Trabalho se comprometeu a julgar 90% dos processos distribuídos até 2011, na primeira e na segunda instâncias; 80% das ações distribuídas até 2012, nessas instâncias; e 80% dos recursos distribuídos até 2011, no Tribunal Superior do Trabalho (TST). As Justiças Estaduais terão de julgar, na primeira instância, 80% dos processos distribuídos até 2010; 80% dos recursos distribuídos até 2011, na segunda instância. E 100% das ações impetradas até 2011 nos Juizados Especiais e Turmas Recursais. Já a Justiça Federal terá de julgar, na primeira e segunda instâncias, 100% das ações distribuídas até 2008; 80% das ações impetradas em 2009; e 100% das ações distribuídas até 2010 e 80% dos processos impetrados em 2011 nos Juizados Especiais e nas Turmas Recursais. As metas estabelecidas para a Justiça Eleitoral, a Justiça militar da União e a Justiça militar dos Estados não são muito diferentes das fixadas para os demais tribunais.
No encontro de Belém, os presidentes de todos os tribunais do País também aprovaram os "macro-desafios" que nortearão as atividades do Judiciário entre 2014 e 2020. Um dos desafios é acelerar as execuções fiscais, cíveis e trabalhistas nas Justiças Estaduais e Trabalhista. Outro desafio é modernizar a gestão das demandas repetitivas e dos grandes litigantes. As cortes também se propõem a ampliar as garantias dos direitos de cidadania e a introduzir novas técnicas de governança judicial, aperfeiçoando os mecanismos de tecnologia da informação e comunicação, adotando programas de capacitação e treinamento dos servidores judiciais e aplicando recursos orçamentários mais nas atividades-fim do que nas atividades-meio da Justiça.
Quando o sistema de planejamento e a adoção de metas de produtividade foram impostos pelo Conselho Nacional de Justiça, após a aprovação da Emenda Constitucional n.° 45, em dezembro de 2004, muitos tribunais alegaram que essas inovações feriam sua autonomia e que as metas eram inexequíveis. Quase nove anos depois, parte das resistências - principalmente das Justiças estaduais - foi superada, o Poder Judiciário ficou mais transparente e a administração dos tribunais se tomou mais profissional.
|
Brasil não terá artilharia antiaérea de médio alcance na Copa, diz general
Segundo José Carlos de Nardi, sistema de defesa não é "exigência" da Fifa. País negocia com a Rússia compra de equipamento com alcance de 15 km.
O Brasil não terá um sistema de artilharia antiaérea de média altura – com alcance de 15 km de altitude – na Copa do Mundo de 2014. O general José Carlos de Nardi, coordenador das Forças Armadas, afirmou ao G1 que esse tipo de equipamento não é uma exigência da Fifa, contrariando o que afirmou em 2012 o general Marcio Roland Heise, comandante do setor de artilharia à época.
"Esta informação da média altura não procede, não teve nada da Fifa neste ponto específico", disse José Carlos de Nardi. "É uma necessidade nossa que foi percebida antes mesmo da Copa, está sendo tratada como uma demanda emergencial do governo. Claro que ajudaria na defesa do espaço aéreo se chegasse [até o Mundial]".
Procurado pelo G1, o general Marcio Roland Heise disse que, na época em que coordenava as tratativas para a compra do equipamento, tinha a informação de que o sistema de média altura era uma recomendação da entidade organizadora. Na série de reportagens que o G1 fez sobre a o sucateamento do Exército, em agosto do ano passado, Heise havia dito que o objetivo era "adquirir tudo o que precisamos até a Copa" e que a Força estava "conduzindo um projeto para reformular material e também conceitos de uso, buscando também a capacidade de alvo a média altura".
Na época, outros generais do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter) também ressaltaram que a artilharia de média altura era pré-requisito para o Mundial. Em entrevista concedida em 2012, questionado sobre a necessidade do sistema como exigência da Fifa, o general Mário Lucio Alves de Araújo, do Estado-Maior do Exército, salientou que o governo estava empenhado em "suprir os vácuos e equipar as tropas para atender às necessidades exigidas nos grandes eventos esportivos".
O Ministério da Defesa informou que a exigência da Fifa não se refere especificamente ao termo média altura, mas que a organização pede um sistema de controle e segurança do espaço aéreo. Ainda segundo a Defesa, esse sistema inclui, entre outras coisas, o controle do tráfego e a defesa aérea.
Procurados pela reportagem, a Fifa e o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo não dizem quais são as exigências em relação à defesa nem falam se há alguma exigência em relação ao sistema aéreo. Ambos disseram que o tema é tratado pelo governo federal e que a questão é individualizada com cada país hospedeiro do evento.
Possibilidade para a Olimpíada de 2016
Em fevereiro, quando a presidente Dilma Rousseff encontrou o premiê Dmitri Medvedev em Brasília, foi dado início à negociação da compra de três baterias russas Pantsir-S1, de médio alcance, avaliadas em cerca de US$ 1 bilhão (R$ 2,29 bilhões). O acordo, no entanto, ainda não foi fechado. Atualmente, o país possui apenas canhões e mísseis para baixa altura, com alcance de até 3 km.
De acordo com o general José Carlos de Nardi, "há uma possibilidade" de que alguns carros do modelo Pantsir cheguem ao Brasil até a Olimpíada. Em fevereiro de 2014, militares vão à Rússia verificar na prática o modelo, segundo o militar. Para se ter uma ideia da importância do sistema de média altura, todos os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contam com essa tecnologia.
O processo de compra dos equipamentos russos envolve três fases: na primeira, chamada de "exploratória", que é a atual, os militares desenvolvem requisitos técnicos conjuntos para Marinha, Aeronáutica e Exército para a compra e o uso do sistema. Depois disso, haverá a fase de negociação e, por fim, o fechamento do contrato.
"Estas negociações envolvem muitos interesses e setores. É importante ir com calma e tranquilidade", afirma o general Guido Amin Naves, comandante da Artilharia Antiaérea do Exército. Ele disse desconhecer o andamento das tratativas com a Rússia e também a exigência da Fifa porque o assunto é tratado pela Defesa. Procurado para comentar o atraso na chegada da artilharia, o general Marcio Roland Heise também disse que o processo agora está com o Ministério da Defesa.
Em setembro de 2013, uma portaria publicada no Diário Oficial da União pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, determinou que a aquisição dos equipamentos russos de médio alcance passasse a ser responsabilidade da Aéronáutica.
"País à mercê de ataques terroristas"
O general da reserva Nelson Santini Júnior, que comandou a brigada antiaérea e iniciou os trabalhos para renovação do equipamento para os grandes eventos esportivos que o Brasil vai receber em 2014 e 2016, afirmou ao G1 que o país ficará à mercê de ataques terroristas sem o Pantsir. Segundo ele, o sistema de média altura é exigência de países que participam da competição da Copa.
"Média altura é uma exigência de alguns países mais preocupados, como Estados Unidos, Israel, Inglaterra, que normalmente pedem recursos compatíveis com o risco", disse Santini. "Este atraso compromete a segurança dos estádios. Vamos ficar com uma defesa aérea bastante vulnerável, com pouca capacidade de reação. Sem média altura, não existe defesa aérea", completou.
Por e-mail, o Ministério da Defesa disse não ter informação, até o momento, sobre pedidos feitos por países que vão disputar o Mundial em relação à defesa aérea.
"Se um monomotor se aproximar do Maracanã durante um jogo com 10 quilos de explosivos a bordo, que são capazes de derrubar uma casa, você não terá como abatê-lo com o caça a média altura. Com um míssil, a baixa altura, causará um grande estrago, com muitas mortes. É como defender sua casa de um ladrão armado com pistola com seguranças usando apenas cassetete", comparou o general Santini.
O general Guido Amin Naves garante a proteção dos estádios. [O sistema de média altura] É uma capacidade que não temos e que estamos negociando há muito tempo. Tendo-a, seria muito bom, mas se não chegar a tempo, coordenamos com a Força Aérea os sistemas de radares e acionamento de aviões e caças para dar um jeito para isso. O importante é que o evento transcorra da melhor maneira possível."
Parceria com a Rússia
Segundo o general De Nardi, a proposta da Rússia para o Ministério da Defesa envolve uma "parceria". Informalmente, a Rússia corre por fora no projeto FX-2, que pretende adquirir um novo caça para o Brasil. Os russos ofereceram à FAB o modelo Sukhoi. O melhor avião de combate do país, o Mirage, será aposentado dia 31 de dezembro. Até agora não há decisão sobre o seu sucessor.
Além das três baterias Pantsir-S1, o governo quer comprar também duas baterias do modelo Igla, com mísseis portáteis, que podem ser lançadas por apenas um homem, sistema que o Exército já possui. Em fevereiro, oito oficiais brasileiros, especialistas na área, irão à Rússia "para verificar na prática" o funcionamento do Pantsir, segundo o Ministério da Defesa.
|
Drones viram tema de questão em prova de geografia da Fuvest
Exame discutiu justificativa do uso da tecnologia pelos Estados Unidos
Conforme previsto pelo professor Danilo César Defina, do Sistema COC de Ensino, na última terça-feira (19), a Fuvest utilizou como tema, na prova de Geografia, aplicada hoje na primeira fase do vestibular 2014, os drones, aviões não tripulados adotados pelos Estados Unidos no suposto combate ao terrorismo.
A questão levantou o debate sobre o uso da tecnologia e a justificativa, por parte dos Estados Unidos, para a sua aplicação em países do Oriente Médio.
Um relatório do Departamento de Justiça dos EUA revelou, em setembro deste ano, que o FBI vem usando os drones para rastrear suspeitos e examinar cenas de crime desde 2006. Ainda de acordo com o documento, o país teria gasto US$ 3,7 milhões em drones desde 2004 até maio passado, com mais de 80% das compras destinadas ao FBI.
Para a equipe de professores do Sistema COC de Ensino, o exame de geografia foi abrangente e manteve o nível de excelência do vestibular.
|
Brasil Confidencial
Por Paulo Moreira Leite
Charge
O marido de Ideli
A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, vive seu inferno astral. Além de ter que se explicar sobre a utilização de helicóptero do Samu em agendas políticas, o Ministério da Defesa se vê às voltas com pedido de informação sobre as licenças concedidas a seu marido, Jefferson Figueiredo, que é subtenente do Exército. Colegas de Figueiredo alegam que ele é privilegiado nas folgas |
Avi Hasson
Cientista-chefe do Minist.da Economia "O Brasil pode tornar-se um grande exportador de tecnologia" Pesquisador da área de telecomunicações e empresário, Avi Hasson ocupa uma posição incomum para um servidor público de alto escalão
Por Cláudio GRADILONE
Pesquisador da área de telecomunicações e empresário, Avi Hasson ocupa uma posição incomum para um servidor público de alto escalão. Ele é cientista-chefe do Ministério da Economia de Israel, com status de ministro. Seu trabalho é promover parcerias entre o florescente setor tecnológico israelense, que responde por 50% das exportações do País, e empresas, governos e universidades ao redor do mundo. Em uma visita-relâmpago ao Brasil, na qual veio captar recursos de investidores brasileiros para startups de Israel, Hasson conversou com a DINHEIRO sobre o que o mundo deve fazer para incrementar as exportações desse produto intangível, mas de alto valor agregado, que é a tecnologia. A seguir, os principais trechos da entrevista:
DINHEIRO – Por que um cientista no Ministério da Economia?
AVI HASSON – Isso vem das características específicas da economia israelense. Israel é um país com território pequeno, sem recursos naturais e com uma população de menos de oito milhões de pessoas. Não há muito espaço para expansão dos nossos mercados e não temos produtos primários para exportar. Assim, nos últimos 40 anos, tem sido uma política de Estado fomentar as exportações de produtos com alto valor agregado, e o que mais agrega valor é conhecimento, pesquisa, tecnologia. Daí a importância da pesquisa científica em nossa economia.
DINHEIRO – Qual é o seu trabalho?
HASSON – Procurar parcerias internacionais em diversos níveis, tanto empresariais quanto com governos e universidades. Nossa política de Estado tem sido procurar conectar o que chamamos de ecossistema econômico israelense – que inclui investidores, empresas e a universidade – ao mercado global. Esse trabalho tem de ser profundo e contínuo. Exportar tecnologia é muito mais difícil do que exportar matérias-primas ou mesmo produtos acabados.
DINHEIRO – Por quê?
HASSON – Quando você exporta minério de ferro, madeira, calçados ou vinho, o consumidor sabe exatamente o que está comprando e o produto se encerra nele mesmo. Só isso já é uma enorme barreira aos negócios tradicionais, imagine, então, quando se negocia alguma coisa tão intangível quanto a tecnologia. Por isso, há cerca de dois anos, percebemos que nossa política de exportações de tecnologia tinha de avançar em diversos as¬¬pectos se quiséssemos vender nosso conhecimento.
DINHEIRO – O sr. poderia citar alguns exemplos?
HASSON – Há muito tempo procuramos fechar parcerias. O que mudou de dois anos para cá é que, agora, nós temos um marco legal que sustenta os acordos fechados com entidades estrangeiras. Isso facilita enormemente o processo. Muitas vezes você se reúne com uma empresa e oferece uma parceria que interessa ao empresário. Ele descobre que Israel é um bom lugar para fazer negócio, mas, sem regras claras que definam o uso e os limites da propriedade intelectual, é difícil colocar isso em prática. Os países são muito distantes, as culturas são diferentes, a legislação é diferente; então, fica mais complicado colocar os acordos para funcionar. Se vou fazer negócio com quem não conheço, quero ter certeza de que as regras são claras.
DINHEIRO – As mudanças recentes referem-se apenas ao estabelecimento de um marco legal?
HASSON – Não. Isso faz parte de uma política de Estado para promover a exportação de tecnologia. Israel não é uma escolha óbvia, há países maiores e com mais vantagens competitivas. Por isso, temos de compensar nossa falta de recursos com uma grande abertura e uma grande proatividade na promoção comercial. Estamos abertos para negócios e, para reduzir os riscos dos nossos parceiros, estabelecemos esses marcos regulatórios. A regulamentação é importante, mas não é o único fator. Também é necessário garantir aos empresários que é seguro fazer negócios conosco. E, é claro, fazer promoção. Nós temos de, literalmente, sair de casa para vender. Judeus orando junto ao Muro das Lamentações, em Jerusalém
DINHEIRO – Como isso funciona na prática?
HASSON – Agora, há um orçamento estatal e recursos estatais para a promoção das exportações de tecnologia. Por exemplo, nós realizamos eventos sistematicamente. Promovemos feiras, rodadas de negócio, visitas de delegações de empresários estrangeiros a Israel e também vamos visitar outros países. Outro ponto muito importante, e percebemos que ele faz uma enorme diferença, é que o governo disponibiliza bases de dados sobre as empresas israelenses para os interessados. Parece óbvio, mas, com mais informações disponíveis, atraímos mais pessoas que querem fazer negócios. A colaboração e a difusão de informações reduzem o risco de parte a parte. Nós também estabelecemos missões conjuntas de empresários, acadêmicos e autoridades, que viajam frequentemente. Não há alternativa, temos de ser ativos e dedicados na divulgação do que podemos oferecer. Esse é o único jeito de garantirmos nosso lugar no mundo para as próximas gerações. Estamos fazendo isso há 40 anos e vamos continuar. É a única maneira de garantirmos nossa importância econômica.
DINHEIRO – Como isso se aplica ao Brasil?
HASSON – O Brasil está na pequena lista de países que definimos como estratégicos, ao lado da Índia, da China e do Canadá. O País nos interessa muito por vários motivos. A economia brasileira pode oferecer algo que Israel nunca terá: escala. Além de o mercado no Brasil ser muito grande, o País é uma excelente porta de entrada para a América Latina, que é uma região que nos interessa muito. Depois, as duas economias são muito complementares, e não apenas devido aos produtos básicos brasileiros. A tecnologia brasileira também nos interessa.
DINHEIRO – É quase um consenso no País que um dos problemas da economia brasileira é que as empresas e o governo investem pouco em pesquisa e desenvolvimento. No que a tecnologia brasileira interessa a Israel?
HASSON – Há vários exemplos, mas vou citar apenas dois. A Petrobras é líder mundial em tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas e na exploração de gás. Não temos petróleo em nosso território, mas precisamos nos integrar a essa cadeia produtiva, e a experiência em petróleo da Petrobras nos interessa bastante. Outro exemplo é o da mineradora Vale, que é extremamente eficiente e que pode ser um parceiro muito interessante. Sem falar na Embraer, é claro, e nas inúmeras oportunidades do agronegócio. Evidentemente, fechar parcerias sempre é difícil. Não há muitas pessoas que conheçam os dois países e que possam servir de intermediários. Sem isso, como as companhias brasileiras podem descobrir oportunidades interessantes em Israel? Por isso, falamos com todo mundo. Em dois dias, tivemos encontros na Federação das Indústrias de São Paulo, na Universidade de São Paulo, na Fapesp e no Ministério do Desenvolvimento. É uma agenda corrida, mas vale a pena. Plataforma de exploração de petróleo da Petrobras
DINHEIRO – O seu trabalho é divulgar a tecnologia israelense. Se o sr. fosse assessorar o governo brasileiro para fazer esse serviço, qual seria sua estratégia?
HASSON – Não tenho a pretensão de querer ensinar o Brasil a desenvolver sua tecnologia, mas posso falar um pouco de promoção. Vender tecnologia é muito mais complicado do que vender minério de ferro ou soja, porque comprador e vendedor precisam trabalhar juntos para colocar o que foi vendido para funcionar. Um processo como esse enfrenta barreiras de todos os tipos. As pessoas são diferentes, têm culturas diferentes, falam línguas diferentes, moram em países com fusos horários diferentes. O Brasil pode ser um grande exportador de tecnologia, se quiser. Como já citei, temos os exemplos da Petrobras, da Vale, da Embraer, do agronegócio. Se o Brasil definir que é importante vender a tecnologia brasileira para outros países, é preciso que ele transforme a divulgação internacional dessa tecnologia em uma política de estado, como é feito em Israel. Os governos mudam, mas as diretrizes de exportação de tecnologia continuam as mesmas. Há mudanças, claro. A aprovação desse novo marco legal, há dois anos, foi um grande avanço. Mas o espírito da nossa política de divulgação não muda.
DINHEIRO – O sr. veio anunciar um fundo de investimentos para start-ups israelenses. Qual é a meta de captação?
HASSON – A meta desse fundo é captar US$ 400 milhões de investidores institucionais brasileiros interessados na tecnologia israelense. Temos alguns bons exemplos de empresas incentivadas que nasceram em incubadoras e que, atualmente, não apenas são listadas nas bolsas internacionais como também fazem negócios com o Brasil. Posso citar dois exemplos. Um deles é uma empresa chamada El-Bit, que produz equipamentos de segurança e de vigilância, e outra é uma companhia farmacêutica chamada Protalix, que desenvolve medicamentos para uma doença genética, a síndrome de Gaucher. A Protalix foi autorizada pela Anvisa a vender seus produtos no Brasil em junho deste ano. Há algumas dezenas de empresas israelenses que podem seguir caminhos semelhantes, e queremos que os investidores brasileiros participem desse desenvolvimento. |
Dinheiro na Semana
Pesquisa
Empresas brasileiras inovam pouco
Apenas oito empresas brasileiras, entre duas mil, aparecem no ranking das companhias que mais investem em pesquisa no mundo, segundo a União Europeia. A mais bem colocada foi a Vale (98ª posição), que destinou € 1,1 bilhão à inovação. Fazem parte do ranking Petrobras, Embraer, Totvs, CPFL, Weg, Braskem e Itautec. |
Um tiro no bolso
Para equilibrar a balança comercial entre Brasil e Rússia, exigência de Putin, o Brasil vai comprar um sistema antiaéreo caro e que desagrada aos militares brasileiros.
Leonardo Coutinho
A carne atormenta as relações comerciais entre Brasil e Rússia. Volta e meia, esse país, que é o segundo maior comprador de carne bovina, suína e de frango do Brasil, impõe limites à importação desses produtos por meio do embargo a frigoríficos que não estariam dentro dos padrões sanitários. Pode-se até criticar o excesso de zelo com a carne brasileira, mas não dá para negar a eficiência do governo russo em defender os interesses de seu país, ainda que os argumentos técnicos sirvam apenas como forma de pressão comercial. O mesmo não se pode dizer do governo brasileiro. No mês passado, o ministro da Defesa, Celso Amorim, assinou, com o seu equivalente russo, um compromisso para uma compra de armas que, em pelo menos dois aspectos, é um péssimo negócio. Pelo acordo, a Rússia vai vender ao Brasil três sistemas de defesa antiaérea do modelo Pantsir-Sl, cada um com quatro ou seis veículos lançadores de mísseis terra-ar, ao custo de 1 bilhão de dólares. O Ministério da Defesa garante que o preço ainda pode ser reduzido, mas a negociação já começou mal: no mês passado, o Iraque comprou o mesmo tipo de equipamento por um quarto do valor unitário que o Brasil está disposto a pagar.
Além de desperdiçar o dinheiro do contribuinte, o governo brasileiro conseguiu desagradar até a caserna com a escolha dos Pantsir-S1. Há pelo menos cinco anos as Forças Armadas pleiteiam um bom conjunto de baterias antiaéreas. Depois de muito estudo, em 2012 os militares distribuíram a trinta fabricantes estrangeiros um relatório com as especificações desejadas para o equipamento. Entre outras exigências, as baterias deveriam ser compatíveis com os radares usados no país, caber nos aviões de carga da Força Aérea Brasileira (FAB) e ser equipadas de mísseis com alcance de 30 quilômetros. Pois o Pantsir-S1 não atende a esses requisitos. "Pagaremos um preço aviltante por um equipamento que nem sequer poderá ser integrado ao nosso sistema de comunicação militar", diz um oficial do Exército que participou das discussões sobre as necessidades da artilharia antiaérea. Não faltam modelos da concorrência que, além de mais baratos, cumprem com as exigências.
A escolha do Pantsir-S1 foi feita depois de um encontro entre Putin e Dilma Rousseff em Moscou, em dezembro de 2012. Na ocasião, o presidente russo reclamou que a balança comercial entre os dois países era muito favorável ao Brasil — com um superávit de 1,3 bilhão de dólares em 2011. Comprar armas russas seria uma maneira rápida de equilibrar a balança. Duas semanas depois da reunião, o embaixador da Rússia em Brasília, Sergey Akopov, recebeu do comando logístico do Ministério da Defesa um pedido de informações sobre a representação comercial no Brasil da fabricante do Pantsir-S1. No mês seguinte, os generais brasileiros foram informados de que a concorrência internacional havia sido sustada e que o Planalto tinha combinado diretamente com os russos a compra das baterias. O governo brasileiro também fez chegar aos concorrentes o recado de que a presidente já havia tomado uma decisão política e que não se dessem ao trabalho de apresentar suas propostas. Em julho deste ano, o governo publicou no Diário Oficial os novos requisitos do sistema, revogando o parecer técnico anterior das Forças Armadas. O alcance dos mísseis foi reduzido para 20 quilômetros e a compatibilidade com os aviões da FAB foi suprimida. Tudo sob medida para comprar o Pantsir-S1. O governo alega que os russos prometeram "transferência irrestrita de tecnologia", mas a verdade é que nem sequer foi dada a chance aos concorrentes de oferecer o mesmo. Além disso, a promessa é pouco verossímil, a julgar pela má fama do serviço de pós-venda dos fabricantes de armas russos. "Os governos que recorrem à indústria bélica russa são geralmente aqueles que não podem comprar armas de democracias ocidentais, como a Síria, ou cujos integrantes querem embolsar uma comissão sem ser incomodados", diz Ilan Berman, especialista em Rússia do American Foreign Policy Council, com sede em Washington. Em tempo: nas últimas semanas, a Rússia revogou o embargo a uma dúzia de frigoríficos brasileiros.
Leia também: