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NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 28/08/2013




Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.



ITA é ‘celeiro’ de empreendedores de projetos educacionais

Uma geração de alunos que saem da universidade compartilha conhecimento aliando responsabilidade social a negócios

Bárbara Ferreira Santos

Uma nova safra de empreendedores em educação vem crescendo rapidamente no Brasil. Eles desenvolvem atividades de alto impacto social, mas o que fazem não é voluntariado. Aprenderam a lucrar com a educação e criaram empresas comercialmente competitivas. Ao mesmo tempo, estão democratizando o conhecimento em todo o País e têm alcançado bons resultados. 
O que há em comum? Estudaram Engenharia no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), instituição de ensino superior com um dos vestibulares mais concorridos do País. Com seus currículos, poderiam ter escolhido trabalhar em qualquer área - de bancos a grandes multinacionais. Mas abriram mão de parte da lucratividade para desenvolver atividades que promovam responsabilidade social.
A preocupação com uma educação de qualidade, no entanto, não é uma exclusividade dessa nova geração. O próprio ITA foi fundado com o propósito de "formar técnicos competentes e cidadãos conscientes", como dizia seu criador, o tenente-coronel Casimiro Montenegro Filho. Desde então, diversas gerações de alunos compartilharam o aprendizado que adquiriram para entrar na universidade com milhares de outros jovens - por meio de aulas particulares e em cursinhos de baixa renda ou fundando suas próprias empresas.
Muitos desses empreendedores começaram a dar aulas no CasdVest e no Casdinho, cursinhos gratuitos e sem fins lucrativos criados por alunos do ITA e voltados a jovens de baixa renda. O primeiro ajuda os interessados a entrar nas melhores universidades e o segundo, no colégio da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer).
É o caso de Thiago Feijão, que está no último ano de Engenharia Mecânica. Ele é ex-presidente do CasdVest, ajudou a fundar o Casdinho e o Instituto Semear, que ajuda a população de baixa renda a se manter na faculdade. Na graduação, também fundou uma startup de educação, o Quadrado Mágico.
Incentivados pelos exemplos, alunos mais novos também pretendem seguir esses passos, como a atual presidente do Casdinho, Isabella Amorim Gonçalez, de 21 anos. "Antes, ou era ganhar dinheiro ou mudar o mundo. Hoje, brinco que podemos fazer os dois."
A seguir, conheça outras três empresas que já alcançaram resultados relevantes em pouco tempo.
Site abrigou os primeiros Moocs da América Latina
Quando criou o Portal Veduca, em março de 2012, o engenheiro Carlos Souza não imaginava que, quase um ano e meio depois, o site atingiria mais de 2,5 milhões de visitantes e hospedaria 277 cursos de mais de 17 universidades, entre elas Harvard, Massachusetts Institute of Technology (MIT), Stanford e Universidade de São Paulo (USP). "Não sabia que ia chegar tão longe em pouco tempo, mas tinha certeza de que não ia desistir enquanto não conseguisse."
Pioneiro no País, o portal lançou com professores universitários os primeiros Moocs (cursos gratuitos, online e oferecidos a milhares de alunos) da América Latina, com a USP, de Física Básica e Probabilidade e Estatística, e depois com a Universidade de Brasília (UnB), de Bioenergética.
A vontade de distribuir, em língua portuguesa e para o maior número possível de pessoas, as aulas das melhores universidades do mundo teve motivação pessoal. Em sua trajetória, Souza teve a vida mudada pela educação. Aos 14 anos, dava aulas particulares. Tanto estudou que conseguiu passar no vestibular de Engenharia Aeronáutica no ITA. "Todo mundo no ITA teve a sua vida mudada pela educação. Como o vestibular é muito puxado, a gente tem de se preparar bastante. Uma das grandes motivações acho que é exatamente a vontade de abrir para os outros as portas que um dia a educação de qualidade me abriu."
Em 2011, quando foi estudar novos modelos de negócios nos EUA, teve a ideia de fundar uma startup que investisse em tecnologias para a educação. Acionou possíveis sócios que também apostassem na proposta e montou uma equipe com profissionais de várias áreas.
Apesar de encarar o Veduca como um empreendimento, ele ressalta que a preocupação nunca foi a lucratividade, mas a resolução de um problema real: o acesso à educação de qualidade no Brasil. "Estou mais realizado do que se trabalhasse em uma multinacional. Quando você busca essa satisfação pessoal, sente que está contribuindo para melhorar a vida das pessoas."
Escola teve melhor nota da redação do Enem na 1ª turma
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) já recebeu diversas gerações de uma mesma família, mas a primeira vez em que três irmãos estudaram ao mesmo tempo na instituição foi com os mineiros Átila Silva Zanone, de 31 anos, Jean Silva Zanone, de 29, e Pablo Silva Zanone, de 27. Para ingressar na universidade, eles se prepararam arduamente por anos.
Depois, durante toda a faculdade, fizeram monitorias em cursinhos da região e deram aulas particulares. Pablo foi até professor no CasdVest, iniciativa dos próprios alunos do ITA para preparar estudantes para o vestibular. "Era o que a gente podia fazer em paralelo à graduação. Nós sempre fomos bons alunos, e o que a gente tinha em casa era esse comprometimento com a escola", diz Átila.
Em um dos períodos de férias, ainda no meio da graduação, voltaram para a cidade natal, Ipatinga, a 217 km de Belo Horizonte. Em uma reunião de família, o projeto de abrir um negócio comum veio à tona. O pai foi quem mais incentivou. A principal motivação era impedir que cada um dos irmãos acabasse trabalhando longe dos demais. "Nossa perspectiva, depois de formados, era cada um ir parar em uma cidade totalmente diferente. As famílias do interior estão fadadas a se separar, porque as oportunidades locais são escassas", diz Átila.
Nasceu então a ideia de investir em educação e montar em Ipatinga uma escola de qualidade para que os alunos da região pudessem ter acesso a um ensino de qualidade próximo da família. "Tive de sair para Belo Horizonte para fazer cursinho, aprender a cozinhar, viver sozinho. Essa é uma experiência que queremos que nossos alunos tenham na faculdade, não antes dela", diz. Ainda antes de se formar, eles procuraram os fundadores do sistema de ensino pelo qual estudaram para ingressar no ITA, o sistema Elite, e conheceram diversas unidades pelo Brasil para aprender a montar o próprio negócio. "O objetivo em qualquer empreendimento é fornecer um serviço de alta qualidade. Buscamos um exemplo concreto que sabíamos que dava certo."
O cursinho Elite Vale do Aço surgiu em 2009. Dois anos mais tarde, foi criado o colégio de mesmo nome, com a proposta de ter apenas uma turma de cada série do ensino médio.
Já na primeira turma de 3º ano, eles conseguiram um resultado surpreendente no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011, bem acima do que esperavam: a melhor nota de redação do País.
Na parte objetiva da avaliação, eles só estiveram atrás do Colégio Objetivo Integrado, de São Paulo.
Crianças e jovens com câncer têm aulas online
A história do site Aprendizado Coletivo se confunde com a de seus fundadores, Diego Silva Dias, de 30 anos, e Bruno Werneck, de 32. Os dois estudaram em escolas públicas e conseguiram se formar em Engenharia pelo ITA. Dias saiu de Belém, no Pará, para vir a São Paulo fazer faculdade. Werneck já deu aulas de Matemática e de Física.
Juntos, os dois fundaram uma rede social em que alunos podem conversar, assistir a videoaulas e até tirar dúvidas sobre exercícios difíceis. Mais de 1.100 videoaulas estão disponíveis gratuitamente. Exercícios permitem ainda que o aluno faça simulados online.
Para Dias, o motivo de deixar o corpo executivo da startup GetNinjas, da qual era sócio, para escolher a educação foi para "empreender com impacto social". "Eu acho que a educação mudou minha vida, então eu queria empreender em algo que possibilitasse mudar a vida de vários jovens também", afirma Dias.
E hoje ele se considera mais realizado do que se estivesse trabalhando como funcionário de uma grande empresa. "No ITA, dos 120 alunos que se formam por ano, a maioria nem sequer trabalha como engenheiro. Eles são cobiçados pelas empresas e muitos vão para o mercado financeiro, por exemplo, por razões financeiras. Mas eu consegui realizar dois grandes sonhos e uni-los: trabalhar em educação e ter a minha própria empresa."
Entre os depoimentos que ele recebeu de pessoas que tiveram suas vidas mudadas por seu trabalho está o de uma professora de uma escola hospitalar do Hospital A.C. Camargo, onde crianças e adolescentes que têm de se submeter a tratamentos extensivos não podem frequentar a escola e passam a assistir a aulas no próprio hospital. Para ensinar os pacientes, essa professora passou a usar o material do Aprendizado Coletivo. "Eu queria inicialmente chegar aos alunos pobres, que não conseguem ter uma educação de qualidade, mas nunca pensei que o meu trabalho poderia chegar tão longe", comemora Dias.
FRASES: 
"Há dez anos, quando levantávamos questões de responsabilidade social, os alunos eram reticentes. Hoje, são mais engajados" - Silvia Damião, chefe da Divisão de Alunos do ITA
"Minha vida foi transformada pela educação que tive. Sei do valor que ela tem na vida de alguém e quero trabalhar com isso mais tarde" - Isabella Amorim Gonçalez, 21 anos, aluna do 3º ano do ITA


Rolls-Royce e Turbomeca investem R$ 232 milhões em suas unidades fluminenses

A britânica Rolls-Royce está no Brasil há 50 anos e inaugurou em abril uma nova planta em Santa Cruz, na zona Oeste do Rio. A unidade será responsável pela montagem e teste das turbinas industriais a gás RB211. O investimento foi de R$ 200 milhões e, segundo a companhia, pode dobrar caso seja aprovado o projeto de instalação de um centro de treinamento, que seria o quarto no mundo, além de uma unidade anexa. Além da capital fluminense, o grupo tem unidades em Niterói e Macaé (RJ) e em São Bernardo do Campo (SP). 
Segundo a Rolls- Royce, o primeiro lote de equipamentos produzido em Santa Cruz, que soma 32 turbogeradores, foi pedido pela Petrobras em um contrato de R$ 1,3 bilhão, assinado em2011. Com investimento de R$ 32 milhões, a Turbomeca, considerada uma das maiores fabricantes de turbinas de helicópteros do mundo, inaugurou no final do ano passado, a ampliação de suas instalações que abrigam a linha de montagem e banco de provas de turbinas, em Xerém, na Baixada Fluminense.
A produção da fábrica equipará helicópteros de clientes civis e das Forças Armadas Nacionais. A empresa, do grupo francês Safran, emprega 240 funcionários, que são responsáveis por apoiar a operação das 1.400 turbinas Turbomeca atualmente em uso na América Latina, incluindo o México, e a revisão e reparo de turbinas que voam nas Américas, Europa, Ásia e Oceania. A partir da sua base em Xerém, a empresa também fornece motores, acessórios e peças de reposição, dando suporte técnico e treinamentos.

Aeroportos disputam voos

O consórcio que administra Viracopos, em Campinas (SP), oferece isenção temporária de tarifas para Gol e TAM. Com um novo terminal em 2014, local quer atrair também os voos internacionais mais procurados no país
O Consórcio Viracopos, que administra o aeroporto de Campinas (SP) após sua concessão para a iniciativa privada,negocia incentivos como a redução ou a isenção temporária de tarifas com as empresas Gol e TAM para atrair mais vôos domésticos, segundo seu diretor comercial, Aluizio Margarido. As negociações com as companhias ocorrem em meio aos pedidos do setor de redução das tarifas aeroportuárias e outros incentivos, como a unificação do ICMS, junto ao governo federal. Atualmente, a Azul é a principal empresa aérea que opera voos de passageiros no aeroporto.
Margarido também não descartou dar incentivos a empresas estrangeiras para elevar o número de voos internacionais ali. Tanto é que a concessionária já negocia com duas empresas da América Latina. A inauguração de um novo terminal previsto para 2014 deverá auxiliar na atração das aéreas estrangeiras. Entre os incentivos considerados estão a isenção ou redução temporária de taxa de pouso, entre outros. “Estamos negociando com duas empresas que querem fazer voos já com as instalações existentes, mas grande volume mesmo a gente só vai conseguir como novo terminal, por causa da infraestrutura”, afirmou.
Os destinos mais procurados pelos brasileiros, como Buenos Aires, Nova York e Miami estão no radar do consórcio. Atualmente, Viracopos conta apenas com um voo internacional, ligando Campinas a Lisboa. Segundo Margarido, as aéreas estrangeiras trazem passageiros que movimentam a parte comercial e tem a possibilidade de atrair cargas de alto valor nos aviões, o que elevam as receitas”. O executivo estima que, com três voos internacionais por semana, é possível elevar em1%a2% a receita anual do aeroporto.
No curto prazo, a intenção da concessionária é atrair voos fretados durante a Copa do Mundo de 2014. “Para a Copa existem muitos voos charters. Só a Aeroméxico vai fazer 120 voos desse tipo para diversas capitais brasileiras e nós queremos capturar parte disso”. O Consórcio Viracopos é formado por Triunfo Participações, UTC Participações e pela francesa Egis Airport Operational. Reuters

Demissão voluntária da TAM tem 50% de adesão
Além disso, aérea reduziu, desde 2011, 12% de sua oferta de voos domésticos
A TAM, empresa aérea do grupo Latam Airlines, disse que seu programa de reestruturação de adesão voluntária teve adesão de mais de 50% dos tripulantes envolvidos. A empresa havia adotado o programa formado por licença não-remunerada e desligamento voluntário de funcionários para cortar 811 postos de trabalho em meio à redução da oferta de voos no Brasil, para fazer frente ao aumento de custos. O programa de adesão voluntária foi acordado entre a empresa e o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) em primeiro de agosto.
Em nota enviada à imprensa, a TAM considerou o índice de adesão alto e ressaltou que isso lhe permite reduzir os desligamentos compulsórios. “Com o ajuste, a companhia vai adequar o quadro de comandantes, co-pilotos e comissários à realidade operacional em vigor na empresa —funcionários de outras áreas não foram afetados. A companhia convive com alta significativa dos custos, o que a levou a reduzir a oferta, no acumulado de 2011 até agora, em 12% no mercado doméstico”, afirmou a TAM no comunicado.


PF poderá intimar convocados para depor na Comissão da Verdade, diz novo presidente

Jorge Wamburg

Brasília – A Comissão Nacional da Verdade quer ouvir 400 pessoas sobre casos de tortura ocorridos durante a ditadura militar e a Polícia Federal irá ajudar a intimar quem não atender à convocação, informou hoje (27) o novo presidente da comissão, o advogado José Carlos Dias. Segundo ele, caso o depoente se recuse a comparecer, poderá responder pelo crime de desobediência.
O advogado disse que ontem (26) ele e sua antecessora na presidência, Rosa Cardoso, se reuniram com a direção da Polícia Federal “para tratar da convocação de pessoas que vão ser ouvidas como responsáveis pela prática de graves violações dos direitos humanos”. De acordo com Dias, a comissão tem poder legal para convocar os depoentes, e não apenas para convidar. “Não queremos cair no mesmo erro praticado pela ditadura, e quem vier depor terá todas as garantias constitucionais, inclusive com a presença de seus advogados”, disse, lembrando o caso do coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra, que foi ouvido pela comissão depois de conseguir um mandado de segurança que lhe permitia ficar em silêncio.
Diante do grande volume de trabalho, Dias informou que a Presidência da República avalia o pedido de prorrogação por seis meses o funcionamento da comissão, que tem até maio de 2014 para entregar relatório final.
Entre os depoimentos que a comissão pretende ouvir estão de vítimas de torturas e de empresários que teriam financiado ações do regime. “Hoje, há uma convicção cada vez mais firme de que o golpe de 1964 foi cívico-militar. Houve muitos civis envolvidos no patrocínio à repressão”.
O novo presidente informou que as Forças Armadas têm colaborado e prestado informações à comissão. “Existe diálogo permanente com as Forças Armadas e há boa vontade para nos atender”. O contato, segundo Dias, tem sido feito pela cientista política Glenda Mezarobba, consultora da comissão, “que realiza um trabalho muito importante para vencer resistências nas Forças Armadas.
Colabora ainda com a comissão o professor do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da Universidade de São Paulo, Roberto Marcondes Cesar Junior, que desenvolveu um programa capaz de pesquisar em poucos segundos 20 mil arquivos sobre a ditadura militar.


Combustível caro em aeroportos

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), que representa companhias de aviação, alertou o governo sobre a possibilidade de alta dos combustíveis comercializados nos aeroportos concedidos à iniciativa privada. Segundo o diretor da entidade no Brasil, Carlos Ebner, o aumento pode ocorrer em consequência da falta de controle sobre o valor de arrendamento das áreas de abastecimento dos aviões. “Em um dos três aeroportos já privatizados, o preço (dos arrendamentos) aumentou 27%” disse ele. Já foram concedidos os aeroportos de Guarulhos (SP), Viracopos (SP) e Brasília. O executivo disse que o problema foi levado à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que poderá exigir maior controle nas próximas licitações — Confins (MG) e Galeão (RJ). O combustível responde por 40% a 45% dos custos das empresas aéreas.


"É difícil" solucionar desaparecimentos, diz novo coordenador da Comissão da Verdade

Rubens Valente

O novo coordenador da CNV (Comissão Nacional da Verdade), advogado e ex-ministro da Justiça José Carlos Dias reconheceu na tarde desta terça-feira (27), em entrevista coletiva à imprensa em Brasília, que é "muito difícil" para o grupo encerrar seus trabalhos até o ano que vem com as respostas sobre as principais violações dos direitos humanos na época da ditadura militar (1964-1985), como identificar os autores dos assassinatos e localizar os restos mortais dos desaparecidos políticos no período. 
Dias foi escolhido na segunda (26) pelos outros quatro conselheiros na CNV como o novo coordenador, cargo que vem sendo ocupado em forma de rodízio entre os conselheiros. A lei que criou a comissão, em novembro de 2011, diz que ela tem "a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período fixado".
O prazo previsto para a CNV concluir seus trabalhos é maio de 2014, mas deverá ser dilatado para novembro do mesmo ano.
Indagado sobre as chances de a CNV apontar, por exemplo, o destino das ossadas dos guerrilheiros do Araguaia e das dezenas de desaparecidos durante a ditadura, além de elucidar casos como o atentado no Riocentro, em 1981, o coordenador admitiu: "É muito difícil. Muito difícil porque se passaram 40 anos. Um número muito grande de agentes da repressão está morrendo. Ainda hoje nós falávamos de uma pessoa que estamos querendo ouvir e está com 90 anos. Isso tudo dificulta". 
Dias afirmou, porém, que "muita coisa já foi levantada" por outros grupos de recuperação da história. "O trabalho que a comissão de mortos e desaparecidos realizou é extraordinário e se encontra num livro importantíssimo que é o nosso breviário. Todos os nossos trabalhos nós tomamos como referência esse livro. E o livro feito pelas famílias de mortos e desaparecidos. São dois volumes importantes. A Comissão de Anistia também realizou um trabalho extraordinário. Nós estamos trabalhando em cima disso, não estamos criando uma novidade".
Por outro lado, Dias afirmou que a CNV tem se empenhado em "desenvolver novos campos e estamos conseguindo novas conquistas".
Uma das apostas da comissão é um banco de dados formado até aqui por cópias de 584,549 mil documentos produzidos no período e arquivados em diferentes órgãos do Estado, como o Arquivo Nacional de Brasília.
O trabalho é coordenado pela consultora da CNV e cientista política Glenda Mezarobba, em parceria com o professor do IME (Instituto de Matemática e Estatística) da USP (Universidade de São Paulo) Roberto Marcondes Cesar Junior.
A esperança da CNV é que o sistema ajude a identificar, na própria massa de documentos que vêm sendo coletados desde o início da comissão, indícios sobre o paradeiro de desaparecidos e principais agentes envolvidos no crime.
José Carlos Dias afirmou que a CNV pretende ouvir nos próximos meses um total de 348 agentes da repressão ou pessoas que de alguma forma colaboraram com a repressão. Alguns deverão ser convidados, outros poderão ser convocados, e sua presença na CNV garantida com apoio de agentes da Polícia Federal. Os membros da CNV mantiveram reunião com a direção-geral da Polícia Federal para pedir apoio nesse sentido.
Indagado sobre o grau de colaborações dos comandos das Forças (Exército, Marinha e Aeronáutica) na localização e identificação dos agentes militares da repressão, Dias afirmou que o apoio "varia" de caso a caso.
"Às vezes sim, às vezes não. Nós estamos mantendo o diálogo. E esse diálogo alcança qual objetivo? Demonstrar que o golpe de 1964 não foi o golpe militar, mas civil e militar, e que portanto a responsabilidade pela ditadura não é só dos militares, mas também da sociedade, dos civis que sustentaram a luta para a derrubada do governo, da democracia. E aí houve participação sim dos civis, de empresários, de várias forças sociais, indiscutivelmente. Portanto o que queremos mostrar e sensibilizar é que os militares de hoje não podem ser responsabilizados por aquilo que foi feito pelos seus antecessores e portanto eles devem colaborar e eu acho que isso vai se conseguindo conquistar a crença de que é a hora de passar a história a limpo. E que portanto não cabe o espírito de corporação de defender aqueles que praticaram as violações dos direitos humanos daquela época", disse Dias.
A Folha indagou quando os comandos das Forças colaboram e quando não colaboram, mas o coordenador desconversou: "Caso a caso, é difícil, eu não seria honesto de dizer que há uma colaboração total e eu também não seria honesto de dizer que não há colaboração. Está havendo o diálogo, estão colaborando em muitos casos para a elucidação de fatos e temos aqui assessores que estão mantendo esse tipo de trabalho, em contato com altas esferas militares".
O novo coordenador também comentou recentes rusgas entre membros da CNV. Ele disse que não há desavenças, mas "temperamentos diferentes".
Sobre eventual revisão da Lei de Anistia, o que é defendido por parte dos conselheiros, Dias disse que é contrário, mas que a comissão tomará uma decisão única, "no momento oportuno".
"Não temos que entrar nesse debate, nessa discussão. Temos, isso sim, que reescrever a história e dizer "olha, fatos ocorreram dessa forma". Não temos que ter como bandeira revogação ou reinterpretação da lei da anistia. Não, é dar um basta para o que aconteceu, reescrever a história e daqui para frente podermos garantir que nós nunca mais teremos necessidade de anistia porque não teremos mais ditadura, é o que se espera".


Comissão da Verdade espera Dilma Rousseff

Pedro Simon

O Brasil foi um dos últimos países da América Latina a criar a sua Comissão da Verdade, órgão destinado a investigar e esclarecer crimes cometidos por agentes do estado durante a ditadura militar. Somente 27 anos após o fim do regime autoritário inaugurado em 1964, um golpe que derrubou o presidente da República João Goulart, foram reunidas as condições políticas capazes de permitir a instalação da comissão. Mesmo assim, seu funcionamento não tem sido fácil.
Enquanto em outros países que também vivenciaram ditaduras semelhantes comissões avançaram ao ponto de discutir até mesmo a revisão de suas leis de anistia, a situação no Brasil é diferente. Há fortes divergências internas e, se não há, praticamente, impedimento à atuação da comissão, a demora do governo na indicação dos substitutos de integrantes que pediram demissão ameaça criar um impasse
É um chavão, mas vale lembrar diante desse cenário: em política, não há espaço vazio. A lentidão do governo em decidir a indicação dos novos membros, além de prejudicar o trabalho da comissão, cria ambiente propício à distorções indesejadas na sua finalidade.
A presidenta da República Dilma Rousseff demonstrou coragem e competência ao instalar a Comissão da Verdade e escolher nomes de respeito que encontraram ótima receptividade na opinião pública. Porém, se até o último minuto soube enfrentar e superar obstáculos e descontentamentos localizados, a hesitação presente compromete a iniciativa e lança dúvidas sobre o futuro da Comissão da Verdade.

Brasil e Bolívia: um histórico de polêmicas e constrangimentos

Desgaste na diplomacia passa por prisões de brasileiros a nacionalização de petróleo

Apesar de todos os esforços, as relações diplomáticas entre o Brasil e a Bolívia não são tão tranquilas como parece. Exemplo disso é que, de tempos em tempos, surge alguma polêmica para abalar a diplomacia entre os dois países. O último deles foi o polêmico caso envolvendo o senador boliviano Roger Pinto Molina, que fugiu para terras brasileiras com a ajuda de diplomatas. A fuga custou o cargo do agora ex-ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, demitido nesta última segunda-feira (26) após reunião com a presidente Dilma Rousseff.
O senador boliviano Roger Pinto Molina, pivô da atual rixa entre Brasil e Bolívia, estava asilado na embaixada brasileira em La Paz há mais de um ano. Ele é perseguido pelo governo por estar sendo acusado de corrupção. Na última madrugada de sábado (24) para domingo (25), Molina fugiu ao Brasil em um carro oficial do governo brasileiro. A Bolívia pede explicações.
O mesmo senador também estava indiretamente envolvido em outro episódio que gerou atrito entre os governos de Brasil e Bolívia. Em novembro do ano passado, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que trazia o ministro da Defesa, Celso Amorim, de volta de Santa Cruz de La Sierra, foi revistado. Policiais bolivianos entraram na aeronave com cães farejadores e fizeram uma revista em busca de Roger Pinto Molina, asilado na embaixada brasileira daquele país. Este caso ficou em segredo durante nove meses e só veio à tona quando o presidente boliviano, Evo Morales, teve seu avião revistado na Europa, por suspeitarem que ele trazia a bordo o ex-agente da Cia Edward Snowden, responsável por revelar o esquema de espionagem norte-americano.
Outro caso envolvendo as relações diplomáticas entre os dois países foi o dos 12 torcedores do Corinthians detidos na cidade boliviana de Oruro. O grupo foi acusado pela morte do garoto Kevin Spada, atingido por um sinalizador durante a partida entre o clube paulista e o San José, válida pela Taça Libertadores, em fevereiro deste ano. Sem provas concretas da participação dos suspeitos na morte do menino, a polícia da Bolívia deteve os torcedores em uma prisão com condições precárias. O episódio estremeceu a relação entre os países. Todos os 12 detidos já foram libertados pela justiça boliviana e estão no Brasil, mas a libertação só ocorreu depois de muita negociação e desgaste diplomático.
Já no ano de 2006, quando o presidente do Brasil ainda era Luiz Inácio Lula da Silva, a nacionalização do petróleo e gás das estações da Petrobras na Bolívia também gerou desgaste. Na ocasião, o presidente boliviano, Evo Morales, ordenou a ocupação pelo Exército dos campos de produção das empresas estrangeiras no país, entre elas a estatal brasileira.


TAM demite pelo menos 400 pilotos, copilotos e comissários

Meta é de 811 cortes, que inclui quem aderiu a programa de demissão voluntária; Segundo a TAM, as demissões são necessárias por causa da queda na oferta de voos e ao aumento de custos

Lino Rodrigues

A TAM, empresa aérea do grupo chileno Latam Airlines, demitiu ontem pelo menos 400 funcionários, entre comandantes (pilotos), copilotos e comissários de bordo. No início da noite, a TAM confirmou, por meio de comunicado, as demissões, mas alegou que "os números finais (dos cortes) serão divulgados quando do encerramento do processo", o que deve ocorrer ainda esta semana. Segundo a empresa, o ajuste no quadro de pessoal está sendo realizado para atingir a meta de 811 cortes, medida que permitiria à companhia se ajustar à queda de 12% na oferta de voos no país e fazer frente ao aumento de custos. O alto índice de adesões ao programa de demissão voluntária (PDV) e de licença não remunerada, segundo a TAM, ajudaram a reduzir o número de dispensas.
"Com o ajuste, a companhia vai adequar o quadro de comandantes, copilotos e comissários à realidade operacional em vigor na empresa", diz o comunicado da TAM.
Barrados no prédio
Pela manhã, enquanto os demitidos esperavam embaixo da marquise na entrada do prédio da companhia para serem comunicados da dispensa e prestarem o exame médico demissional, a TAM divulgou nota afirmando que seu PDV havia atingido 50% dos 811 postos de trabalho previstos para serem extintos. O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), que tinha acordado com a TAM o corte dos trabalhadores, informou que não foi comunicado e que seus diretores estavam em uma audiência pública em Brasília. Mas, também em nota, garantiu que vai fiscalizar o cumprimento da Convenção Coletiva e do acordo firmado junto com o Ministério Público do Trabalho (MPT).
A companhia aérea montou uma estrutura com recepcionistas e seguranças, na Acadêmia de Serviços Rolim Amaro, na zona Sul paulistana, para evitar manifestações dos aeronautas que foram ao local sem saber que estavam na lista de dispensados. Na convocação da empresa, todos participariam de uma reunião de trabalho. Muitos foram surpreendidos com a demissão.
Em clima de revolta e tristeza, vários aeronautas demitidos reclamaram da forma "arbitrária" como foram dispensados e o tratamento dado pela empresa aos funcionários.
- Fomos convocados para uma reunião de trabalho. A gente desconfiava que seria demitido, porque desde o dia 26 estávamos de sobreaviso. Acho que faltou transparência, e a empresa foi arbitrária ao impedir que entrássemos livremente no prédio - disse um dos demitidos, o comandante Almir Fernandes, com cinco anos de TAM e 36 anos de aviação.
- Nós dirigimos um avião de US$ 100 milhões, e a empresa desconfia que vamos fazer alguma coisa contra ela - lamentou Hamilton Muller, piloto com 32 anos de carreira e cinco anos e meio de TAM.
- É esse o padrão Latam de demissão? Não sei como ainda não aconteceu um acidente devido a tensão vivida pelos tripulantes dos voos - questionou uma comissária de bordo com mais de oito anos de empresa, que pediu para não ser identificada, salientado o alto grau de tensão vivido pelos funcionários por causa da ameaça de demissão em massa.

Defesa diz que seus adidos militares na Bolívia desconheciam operação para a fuga de Molina

Fuzileiros navais atuaram unicamente para dar proteção a Eduardo Saboia

Chico de Gois

O Ministério da Defesa divulgou nota ontem garantindo que em nenhum momento tomou conhecimento da ação de retirada do senador boliviano Roger Molina de La Paz. A viagem, de 22 horas, foi feita em dois carros diplomáticos com o auxílio de dois fuzileiros navais, que ficaram responsáveis pela segurança de Molina e do encarregado de negócios da embaixada, Eduardo Saboia.
Ontem à tarde, a presidente Dilma Rousseff anunciara, em entrevista, que o ministro da Defesa, Celso Amorim, iria dar explicações sobre a ação que resultou no traslado do senador boliviano para o Brasil, provocando uma crise diplomática com o país vizinho e a demissão do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.
A nota do Ministério da Defesa informa que os dois militares que participaram da ação integram o destacamento de fuzileiros navais cuja função é dar segurança ao chefe do posto diplomático, à embaixada e aos demais integrantes do corpo diplomático brasileiro na Bolívia.
Segundo o documento, os militares participaram da viagem depois de serem convocados pelo encarregado de negócios da embaixada em La Paz. A Marinha, a quem os militares são vinculados, informou que os fuzileiros atuaram no caso unicamente para dar segurança ao diplomata.
Os fuzileiros respondem diretamente aos adidos militares, que, na ocasião, segundo a nota do Ministério da Defesa, estavam participando de uma solenidade do Exército boliviano na cidade de Cochabamba. "Os dois militares que acompanharam, de carro, o trajeto até a fronteira do Brasil com a Bolívia integram o destacamento de fuzileiros navais, cuja atribuição é prover a segurança da embaixada, do chefe do posto e dos demais integrantes do corpo diplomático brasileiro na Bolívia", diz a nota. "Os adidos afirmaram que, em momento algum, foram informados da ação de deslocamento do senador boliviano para o Brasil. Dessa forma, nenhuma autoridade brasileira, no âmbito do Ministério da Defesa, foi consultada ou tomou conhecimento da viagem antes de o senhor Roger Pinto ter ingressado em território brasileiro", diz a nota.
A Polícia Federal não se manifestou sobre a atuação de seus agentes na operação que trouxe o senador boliviano para o Brasil. Ao chegar a Corumbá, o encarregado de negócios Eduardo Saboia e o político boliviano entraram em contato com a PF. Ali mesmo em Corumbá, segundo os advogados de Molina, ele teria formalizado pedido de refúgio político.
Hoje, o novo ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, indicado anteontem por Dilma, tomará posse no Palácio do Planalto. Em seguida, haverá a solenidade de transmissão de cargo no Itamaraty.

Comissão da Verdade: Para ministro, grupo chega ‘ao fundo do poço’

O ministro Gilson Dipp, do STJ, disse à presidente Dilma que a Comissão da Verdade chegou "ao fundo do poço" por causa de crises internas e avisou que só voltará se houver mudanças na estrutura. Para José Carlos Dias, novo coordenador do grupo, os trabalhos devem ir até o fim de 2014

Chico Otavio

Afastado da Comissão Nacional da Verdade desde setembro do ano passado, quando sofreu uma pneumonia, o ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça, só voltará ao órgão se o governo fizer mudanças em sua estrutura. Em conversa com a presidente Dilma Rousseff, há um mês, Dipp disse que as crises internas levaram a comissão "ao fundo do poço". Com a saúde ainda fragilizada, após superar sete meses de tratamento intensivo, o ministro não se sente em condições físicas de assumir para apagar incêndios.
Os desentendimentos na comissão, criada em maio do ano passado para apurar as graves violações dos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, começaram após o afastamento de Dipp. Desde setembro, enquanto o ministro lutava contra uma pneumonia seguida de perfuração de intestino, quatro dos principais assessores, entre os quais o desembargador aposentado Manoel Lauro Volkmer de Castilho, abandonaram a entidade.
Há dois meses, foi a vez do ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles, um dos sete integrantes da comissão, que demitiu-se por discordar dos critérios de contratação de pesquisadores. Ele teria entrado em atrido com o grupo liderado pelos conselheiros Paulo Sérgio Pinheiro e Maria Rita Kehl.
Vice-presidente do STJ e do Conselho de Justiça Federal, Dipp tem dito a amigos que não está fazendo exigências para voltar. Porém, para convencer a família de que pode assumir mais uma responsabilidade, quando ainda se recupera da enfermidade, precisa encontrar um ambiente favorável, sem riscos à sua saúde. Conhecido pela franqueza, ele fez, durante uma hora e quinze minutos, tempo que durou a audiência presidencial, um diagnóstico repleto de problemas sobre a atualidade da comissão.
Uma das críticas do ministro foi a convocação do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do Destacamento de Operações de Informações (DOI) do 2º Exército, para uma audiência pública no dia 10 de maio. O militar, já reconhecido pela Justiça como torturador, teria aproveitado-se do momento para justificar o combate ao terrorismo, sem nada a acrescentar às investigações. Diante de uma presidente silenciosa, Dipp disse que a comissão acabou dando um palanque a Ustra.
José Carlos Dias, atual coordenador da comissão, também entendeu que houve uma falha neste depoimento. Para ele, os integrantes deveriam, antes, ter ouvido as vítimas do ex-chefe do DOI.
- A partir de agora, vamos mudar esse modelo. Infelizmente, temos muitos outros Ustras para ouvir - disse Dias.
Além de Ustra, Gilson Dipp lamentou que a comissão tenha insistido na convocação de militares supostamente envolvidos em tortura, ainda que eles tivessem obtido liminares na Justiça que os desobrigavam a depor. Os critérios usados na contratação de pesquisadores foram outro alvo do ministro. Ele se incomoda com o excesso de poder dado à professora Heloísa Starling, assessora da comissão, que teria autonomia para decidir como gastar os R$ 3,5 milhões repassados à entidade pelo Ministério da Educação. Para Dipp, Heloísa desenvolve um trabalho audiovisual interessante, mas não prioritário.
A contratação de dois jornalistas por Starling, a pretexto de produzirem dossiês sobre o período militar, também foi criticada por Fonteles. Antes de sair, ele deixou um parecer contrário ao pagamento do serviço, mas sua posição só foi acompanhada pela advogada Rosa Cardoso.
Dipp, procurado pelo GLOBO, não quis confirmar os detalhes da conversa com a presidente. Aos amigos, disse que não fechou as portas para a comissão, mas entende que ela deve funcionar como "um órgão de estado e não de governo". Para voltar aos trilhos, cumprindo o trabalho dentro do prazo de dois anos (maio de 2014), a comissão teria de sofrer uma reformulação que incluiria até a substituição de alguns de seus integrantes - duas vagas continuam em aberto com as saídas de Dipp e Fonteles.
A professora Heloísa Starling disse ontem desconhecer os problemas internos que envolvem o seu nome na comissão. Ela garante que não tomou conhecimento do parecer de Fonteles com críticas à contratação de dois jornalistas:
- Se o meu nome foi mencionado, é preciso perguntar a quem o mencionou. Sou assessora da comissão. Montei um grupo de trabalho voltado para a pesquisa sobre camponeses. Cláudio Fonteles nunca me procurou para saber sobre o trabalho. Nunca me perguntou nada.
Rosa Cardoso, que ontem participou, no Rio, de ato alusivo aos 33 anos da explosão da bomba que matou Lyda Monteiro, então secretária do Conselho Federal da OAB, disse que a crise interna da comissão já está superada. Para ela, só a imprensa ainda não percebeu a mudança.


Planalto blinda Amorim para conter danos

Tânia Monteiro

Para impedir que a crise se alastrasse do campo da dlplomacia para o da Defesa, a presidente Dilma Rousseff comandou uma operação de blindagem do ministro Celso Amorim. Os escalões superiores das Forças Armadas sabiam informalmente da fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina, que teve escolta de militares, e Dilma ordenou que Amorim explicasse o ocorrido.
Amorim preferiu fazer a declaração por meio de nota. Ele justificou que, no dia da viagem de Pinto Molina, os três adidos militares da embaixada, em La Paz estavam fora da capital. em Cochabamba. "Em momento algum, eles foram informados da ação de deslocamento do senador boliviano para o Brasil", disse Amorim.
Apesar da negativa oficial, informações sobre a transferência do senador foram repassadas à cadeia de comando, segundo disseram ao Estado fontes graduadas das três Forças. Os comandantes evitam fazer comentários sobre o caso ou negam que tenham sido informados porque os avisos dos adidos vieram por canais informais. A cúpula militar prefere não se envolver no episódio por não se tratar de um tipo de operação militar.
Ontem, em palestra na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, Amorim disse que "é um absurdo completo" afirmar que ele sabia da operação para retirar o senador boliviano e trazê-lo ao Brasil.
Segundo fontes militares, as comunicações sobre o que ocorria em La Paz foram feitas informalmente pelos adidos. Se um adido não repassar esse tipo de informação para Brasília, ele simplesmente não serve para ser adido e deve perder o cargo", avisou um oficial-general do Alto-Cornando das Forças Armadas, ao falar sobre o que chamou de "natural" e correta" atitude dos militares . que trabalham em La Paz.
Contenção. A própria presidente Dilma, que na manhã de ontem chegou a tratar do tema com Amorim, pedindo a ele explicações, não quer abrir uma nova frente de problemas. Segundo interlocutores diretos da presidente, ela considera que todo o erro no processo de fuga do senador boliviano foi de ordem diplomática, sem relação com a área militar.
No Palácio do Planalto, há entendimento até que, se realmente houve repasse de informação extraoficial dos adidos aos seus superiores, isso não pode ser colocado como quebra de hierarquia em relação a Amorim, porque os militares não tinham conhecimento da operação e não foram convocados para ela.
O Planalto dá o benefício da dúvida aos escalões superiores, porque os comandos poderiam achar, de fato, que se tratava de uma operação sigilosa oficial, em que não deveriam se envolver. Assim, o governo brasileiro considera que a situação de Amorim nada tem a ver com a Patriota.

Militares sabiam da fuga de senador boliviano

A operação teria sido infomada aos escalões superiores das Forças Armadas do Brasil e do Ministério da Defesa do País

Tânia Monteiro

A operação de fuga da Bolívia do senador de oposição Roger Pinto foi informada aos escalões superiores das Forças Armadas do Brasil e do Ministério da Defesa do País. O ministro Celso Amorim, porém, comunicou ao Palácio do Planalto que também foi surpreendido pela ação, a exemplo do ex-ministro das Relações Exteriores brasileiro Antonio Patriota, demitido nessa segunda-feira, 26. 
Apesar de o ministro da Defesa ter dito que ignorava o que estava ocorrendo - e, por tradição, os integrantes das Forças Armadas nas embaixadas serem subordinados aos diplomatas -, por doutrina, os militares costumam sempre informar aos seus superiores hierárquicos da cadeia de comando a respeito do que sabem e do que veem nas missões onde atuam. E transmitem as informações quando entendem que devam ser relatadas. Assim ocorreu no caso do senador fugitivo.
Os dois fuzileiros navais que foram destacados para a operação de transporte de Pinto para a fronteira, assim como os adidos militares que trabalham na Embaixada do Brasil em La Paz, informaram aos seus superiores hierárquicos no País sobre a movimentação em andamento. A informação chegou ao comando das Forças Armadas, segundo apurou o Estado. Os adidos, porém, foram orientados a não tomar nenhuma iniciativa.
Questionado pela reportagem, o Comando da Marinha não respondeu se foi informado sobre a operação. Limitou-se a "esclarecer" que "os referidos militares integram o Destacamento de Segurança da Embaixada (DstSEB) do Brasil em La Paz." Explicou ainda que os destacamentos têm "a finalidade de prover a segurança pessoal dos chefes de missões, dos funcionários diplomáticos e administrativos, da residência oficial e da chancelaria das embaixadas brasileiras".
Por fim, acrescentou que, "nesse contexto, cabe ressaltar que a participação dos militares da MB limitou-se, exclusivamente, ao provimento da segurança individual de um diplomata brasileiro durante o seu deslocamento rodoviário".
O chefe do Estado-Maior da Defesa, general José Carlos de Nardi, por sua vez, disse que não foi informado pelo adido de Defesa da embaixada na Bolívia, hierarquicamente a ele subordinado, de que seria realizada a operação de transferência do senador. Mesmo com a negativa do Ministério da Defesa, a notícia de que havia uma preparação chegou aos respectivos comandos militares.
Comissão quer rever caso de bomba na OAB

Letícia Nunes Leal

Em audiência pública para lembrar os 33 anos do atentado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que matou a secretária Lyda Monteiro, o presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous, disse ontem que está reunindo elementos para comprovar que o inquérito da Polícia Federal na época "foi uma farsa" e pedir ao Ministério Público a reabertura da investigação.
Damous informou que a comissão ouviu ex-agentes da Polícia Federal que participaram da apuração do caso e relatos sobre a participação de oficiais do Exército e do SNI nas investigações. Ele acredita ser possível comprovar a ligação entre os atentados da OAB e do Riocentro ocorrido em 1981, durante show em comemoração do 1° de Maio. Uma bomba explodiu no estacionamento do centro de convenções e deixou um militar morto e outro ferido.
O advogado Luiz Felippe Monteiro, filho de d. Lyda, que morreu ao abrir uma carta-bomba endereçada ao então presidente da OAB, Eduardo Seabra Fagundes, disse que houve um acerto político para não avançar nas investigaçoes. Um acordo entre oposição e govemo pelo silêncio em relação aos atentados em troca das eleições de 1982"", afirmou. "Precisamos saber quem financiou, planejou e executou o atentado.
Para Rosa Cardoso, da Comissão Nacional da Verdade, os possíveis responsáveis não são beneficiados pela Anistia, pois o crime aconteceu em 1980 e a lei é de 1979.


Sargento do Exército que desceu a Ponte de rapel queria 'salário melhor'

Vinícius Feliciano, de 29 anos, foi detido na manhã desta terça-feira (27). Ele chegou a descer cerca de 40 metros antes de ser resgatado.

Renata Soares - Do G1 Rio

O sargento do Exército Vinícius Feliciano, de 29 anos, detido na manhã desta terça-feira (27) por praticar rapel na Ponte Rio-Niterói, disse que queria protestar contra o soldo que recebe. Ele chegou a descer uma altura de 40 metros, na altura do vão central, e a via ficou fechada por cerca de 20 minutos.
"Pretendia ser filmado porque gostaria de receber um salário melhor", relatou o sargento, que estava com uma cruz e uma faixa, na 76ª DP (Niterói). Antes do protesto, o sargento chegou a publicar um vídeo na internet em que, vestido com camisa camuflada e com seu nome, relata sua insatisfação com os ganhos mensais.
Vinícius foi resgatado pela Polícia Rodoviária Federal em 25 minutos. "Nós monitoramos todos os dias a ponte como de praxe e hoje vimos quando um Honda City parou na altura do vão e nós achamos que o veículo havia enguiçado. Mas chegamos depois e ele já havia descido 40 metros dos 75 da ponte", explicou o policial Gabriel Pereira, que fez junto com outros quatro policiais o resgate do sargento.
"A corda em que ele estava tinha 45 metros e ele queria descer uma altura de 75 metros. Então, jogamos uma corda maior pra ele, como se fosse um cabo de guerra e conseguimos retirá-lo", completou Pereira.
Vinicius estava acompanhado do amigo Leonardo Costa de Lacerda Azevedo. Os dois foram levados para a 76ª DP (Niterói) e devem ser autuados por exposição de perigo ao outrem.
Segundo a assessoria do Comando Militar do Leste (CML), será instaurada uma sindicância para averiguação do fato, que deverá levar a conclusões sobre a conduta disciplinar do militar.

Novo coordenador diz que Comissão da Verdade deve ser prorrogada

Grupo deverá ter seis meses a mais; presidente ainda não oficializou. De acordo com José Carlos Dias, de 300 a 400 testemunhas serão ouvidas.

O novo coordenador da Comissão Nacional da Verdade, José Carlos Dias, afirmou nesta terça-feira (27) que o trabalho do grupo deverá ser prorrogado por seis meses além do prazo de dois anos estabelecido por lei.
Segundo Dias, de 300 a 400 testemunhas ainda deverão ser ouvidas até maio do próximo ano pela comissão, que investiga violações aos direitos humanos cometidas no país entre 1946 e 1988.
A prorrogação dos trabalhos da Comissão da Verdade, de acordo com Dias, foi acertado durante reunião com a presidente Dilma Rousseff– que foi quem criou o grupo e designou seus membros em 2011.
“O tempo é muito apertado, muito exíguo para a apresentação do relatório”, afirmou Dias em entrevista nesta terça-feira (27). “A presidente Dilma já falou em prorrogação por mais seis meses", declarou Dias, que assumiu a coordenação do grupo nesta segunda-feira (26).
A comissão deveria ser encerrada em maio de 2014, segundo determina a lei da criação do grupo. A prorrogação ainda não foi oficializada pela Presidência da República. Depois de ouvir as testemunhas que faltam, o grupo pretende, de maio a novembro, finalizar o relatório e elaborar as recomendações que serão feitas ao governo.
A lei determina que a comissão tem dois anos para apresentar um “relatório circunstanciado contendo as atividades realizadas, os fatos examinados, as conclusões e recomendações”, conforme texto da lei.
Desde maio de 2012, 348 pessoas foram ouvidas, de acordo com o coordenador, das quais 308 vítimas ou testemunhas e 40 agentes da repressão.
José Carlos Dias afirmou ainda que a presidente Dilma Rousseff poderá indicar “nos próximos dias” os dois novos nomes para a comissão que irão substituir Gilson Dipp, afastado por motivo de saúde, e Cláudio Fonteles, que pediu demissão em junho. A assessoria do Planalto disse não ter informação a respeito do assunto.

ITA suspende temporariamente as inscrições para o vestibular

Mudança de banco que recebia taxas gerou falha na emissão de boletos. Sistema deve ser normalizado a partir da próxima segunda-feira (2/9).

O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos (SP), informou nesta terça-feira (27) que as inscrições para o vestibular estão suspensas desde o último dia 22 de agosto. De acordo com a coordenação do vestibular, a medida foi tomada devido a uma mudança do banco que vinha recebendo as taxas, o que ocasionou um problema na emissão dos boletos no site. O prazo de inscrições, que foi aberto no dia 10 de agosto, deve se retomado na próxima segunda-feira, dia 2 de setembro.
O professor Luiz Carlos Rossato, chefe do setor do vestibular do ITA, assegura que as pessoas que já efetuaram o pagamento da taxa de R$ 120 não vão precisar fazer uma nova inscrição. "Quem já se inscreveu e pagou, está tudo certo. Agora o candidato que se inscreveu, mas ainda não pagou o boleto, pedimos para ele aguardar até o reinício da inscrição", afirmou ao G1. Uma mensagem que explica o procedimento está disponível no site oficial da instituição.
Rossato garante que o cronograma do vestibular não deve sofrer alterações com a suspensão das inscrições. "Não sabemos se vai atrapalhar o cronograma, mas acreditamos que não. O que não pode alterar é a data da prova, que será nos dias 10, 11 e 12 de dezembro deste ano", afirmou. Ainda não há um balanço de quantos candidatos já se inscreveram para o processo seletivo até o momento.
Prova
Com a sede em São José dos Campos (SP), o ITA anunciou o aumento de 50 vagas no vestibular 2014 nos seis cursos de graduação existentes, no vestibular deste ano.
Pela primeira vez, serão oferecidas 170 vagas para civis e 10 para militares. Em anos anteriores, eram oferecidas 120 vagas para civis e 10 para militares.
As provas serão aplicadas entre os dias 10 e 13 de dezembro em 23 cidades - Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Juiz de Fora, Londrina, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Salvador, São José dos Campos, São José do Rio Preto, São Paulo, Terezina e Vitória.
Considerada uma das melhores universidades do país, o ITA disponibiliza vagas para os cursos de graduação em engenharia nas seis especialidades - aeronáutica, eletrônica, mecânica-aeronáutica, civil-aeronáutica, da computação e aeroespacial. O resultado do vestibular será divulgado no dia 28 de dezembro.


Base Aérea de Parnamirim será sede de combate entre países

A Base Aérea de Parnamirim será mais uma vez será palco do Exercício Cruzeiro do Sul – Cruzex 2013, com participação de delegações do Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Uruguai e Venezuela, entre os dias 4 e 15 de novembro, com expectativa de reunir mais de 90 aeronaves.
Com estreia dos helicópteros AH-2 Sabre, da Força Aérea Brasileira.
De aviões de caças, segundo a FAB: modelos F-5M, A-1, F-2000, F-16 (EUA, Chile e Venezuela), A-4 (Argentina), A-29 (Brasil e Equador), IA-58 (Uruguai) e A-37 (Colômbia e Uruguai). E o Canadá deve participar com um avião CC-130J.
As aeronaves de combate vão operar a partir da Base Aérea de Parnamirim (Natal), enquanto Recife (PE) receberá os modelos de transporte e reabastecimento em voo.
A Força da Colômbia já anunciou participação.


Cade julga hoje caso do cartel em carga aérea

Ao julgar o processo de cartel no setor de transporte de cargas aéreas, hoje, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve impor condenações, mas também vai absolver algumas empresas. A expectativa é a de que os conselheiros imponham multas que variam entre 0,1% e 20% do faturamento de várias empresas no setor de cargas.
Por outro lado, a Lufthansa Cargo, que delatou o esquema às autoridades antitruste deve ser beneficiada com isenção de pena. Os integrantes do Cade não confirmam, mas a Lufthansa é apontada como a empresa que assinou acordo de leniência: entregou provas às autoridades e, em troca, recebeu a promessa de não ser punida.
A Lufthansa não figurou no rol das companhias que a antiga Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça pediu a condenação, em janeiro de 2010, quando concluiu parecer sobre o assunto. Esse é outro forte indicativo de que ela teria colaborado com as investigações. O mesmo aconteceu com a Swiss International Airlines, empresa que também pode ser beneficiada no julgamento, dependendo da análise que os cinco conselheiros fizerem a respeito de sua conduta ao longo do processo.
Air France e KLM concordaram em pagar R$ 14 milhões ao Cade para encerrar as investigações contra elas no processo. O acordo foi assinado em fevereiro deste ano e, com ele, as empresas, atualmente fusionadas, devem ser beneficiadas no julgamento, já que confessaram o crime e pagaram por isso.
Por fim, os conselheiros devem analisar com cautela o caso da United Airlines, companhia que está no rol das acusadas, mas teria menos provas contra si nos autos. Segundo pessoas que tiveram acesso ao processo, as provas contra a United não seriam contundentes, razão pela qual os conselheiros podem realizar um debate pela absolvição.
A United seria a empresa em melhor situação entre as acusadas. No caso das demais - American Airlines, ABSA Aerolíneas Brasileiras, Varig Log e Alitalia -, as expectativas iniciais no julgamento não são muito positivas. De acordo com as investigações, as empresas trocaram informações entre si para definir aumentos a partir de repasses de adicional de combustível autorizados pelo Departamento de Aviação Civil (DAC).
Houve uma operação de busca e apreensão de documentos na sede das companhias que revelou uma série de e-mails entre funcionários das empresas com o objetivo de chegar a preços comuns, além de datas para a implementação dos aumentos.
Num dos e-mails, um gerente pede "o apoio de todos" para a fixação do ajuste na cota máxima fixada pelo DAC. "A briga para a aprovação da tabela foi longa", afirma o gerente. "Esperamos que a Lufthansa Cargo possa acompanhar a ABSA na implementação dessas medidas de estabelecimento de preço", diz outro e-mail.
O cartel das companhias de transporte de cargas também foi investigado pelas autoridades antitruste dos Estados Unidos, do Canadá, da Austrália, da África do Sul e da União Europeia. Nos Estados Unidos, a KLM e a Air France pagaram US$ 350 milhões para encerrar o processo.

Competição entre aeroportos

Cristiano Romero

Insatisfeito com o resultado dos leilões de privatização dos aeroportos de Brasília, Guarulhos (SP) e Campinas (SP), o governo decidiu restringir a concorrência, fixando regras para que, na prática, apenas grandes operadores participem das próximas disputas. A promessa é levar a leilão Galeão (RJ) e Confins (MG) em 31 de outubro. Há, porém, falhas preocupantes nos argumentos usados para defender o novo modelo de disputa.
Nos próximos leilões, o governo exigirá que a operadora tenha experiência prévia de gestão de aeroportos com movimento anual de pelo menos 35 milhões de passageiros. Nos leilões realizados no início de 2012, a exigência se limitava a cinco milhões. Ao fixar a nova capacidade mínima, Brasília se mostrou preocupada com a qualidade dos serviços futuros.
Nada sugere, entretanto, que um aeroporto que administre bem um movimento anual de cinco, dez ou 15 milhões de passageiros não possa fazê-lo com 35 ou 50 milhões. A boa regulação, e no caso brasileiro isso é bastante evidente, é que dará os parâmetros dos serviços.
Modelo australiano não resultou em ganhos para usuários
De acordo com o Airports Council Internacional (ACI), organização sem fins lucrativos com sede em Montreal e que representa os aeroportos, só há 30 aeroportos no mundo atendendo a mais de 35 milhões de passageiros por ano. Como se sabe, uma boa parte desses aeroportos é estatal, portanto, possui pouco ou nenhum interesse em administrar unidades em outros países. Alguns simplesmente não podem fazer isso, o que diminui ainda mais o número de operadores aptos a participar da privatização brasileira.
Na verdade, a regra dos novos leilões impede a vinda de alguns dos mais premiados operadores de aeroportos do mundo, como os de Ottawa e Winnipeg, que administram unidades com capacidade anual de até cinco milhões de passageiros, e os de Nagoia (de cinco a 15 milhões), Tampa (15 a 25 milhões) e Zurique (10 milhões).
O governo decidiu, também, limitar a participação societária cruzada entre os cinco aeroportos - os três leiloados, além de Galeão e Confins. O modelo a ser evitado é o da Inglaterra, onde os três aeroportos de Londres foram vendidos nos anos 80 a uma única empresa - a BAA (British Airports Limited). As três unidades respondem por 60% do movimento de passageiros da Inglaterra, o que acabou levando o governo a obrigar a BAA (hoje, Heathrow Airport Holdings Limited) a se desfazer, em 2005, de Gatwick e Stansted.
No ano passado, o mercado brasileiro de aviação civil movimentou 193 milhões de passageiros. Do total, o Galeão respondeu por 9% (17,5 milhões), enquanto Guarulhos ficou com 16% (31 milhões). Juntos, portanto, os dois aeroportos atenderam a 25% do mercado. Estudos indicam que a participação relativa desses aeroportos, embora deva crescer nos primeiros anos da privatização, tenderá a diminuir ao longo do tempo, graças ao crescimento de outras unidades, como Viracopos, projetado para ser o maior do país em 30 anos.
O governo limitou a 15% a fatia do capital que os atuais concessionários podem ter nas empresas que vencerem os leilões de Galeão e Confins. Na prática, a participação máxima será de 7,5% do total, uma vez que a estatal Infraero tem direito a 49% de cada consórcio - uma jabuticaba bem brasileira no processo de privatização dos aeroportos. Dessa regra resulta o absoluto desinteresse dos grupos que administram Brasília, Guarulhos e Campinas a entrar em Galeão e Confins.
A fatia obrigatória da Infraero nas concessionárias de aeroportos já é uma participação cruzada, esta sim, preocupante, do ponto de vista da concorrência. Com 49% do capital das empresas, a estatal tem poder de veto sobre suas decisões estratégicas, muitas delas relacionadas à competição com outros aeroportos.
O modelo "bem-sucedido" de privatização com competição mencionado por autoridades é o da Austrália, que, entre 1997 e 2002, entregou à iniciativa privada seus principais aeroportos. Cerca de 80% do tráfego de passageiros do país ficou nas mãos de quatro unidades (Sidney, Melbourne, Brisbane e Perth). Não se permitiu participação cruzada. Os aeroportos ampliaram fortemente os investimentos e possuem hoje custos de operação bem menores que o da média das outras unidades da Austrália. Na comparação internacional, os quatro se mostram competitivos.
O problema é que os baixos custos operacionais não resultaram em benefícios para os usuários. Pequisa da Skytrax, entidade que pequisa a qualidade dos serviços de empresas aéreas e aeroportos, mostra que os quatro australianos são muito mal avaliados - respectivamente, 121º, 127º, 110º e 171º lugares entre 199. A comparação das tarifas quando excluídos os europeus, que cobram os preços mais altos do planeta, também é desfavorável aos australianos.
Parece ser falsa a ideia de que Galeão concorre com Guarulhos ou Confins. Estudos internacionais sugerem que há dois critérios para definir possível competição entre aeroportos: o da substitutibilidade (tempo de deslocamento para acessar o terminal) e o de deslocamento do consumidor final (até uma hora nos voos de curta distância e até duas horas nos de longa distância ou internacionais).
Galeão e Confins não se enquadram nessas categorias. O tempo de viagem terrestre entre Galeão e Guarulhos é de aproximadamente quatro horas e 30 minutos e entre Confins e o aeroporto paulista, de seis horas e 40 minutos.
Por fim, é preciso lembrar que o marco regulatório que o governo fixou para os leilões de aeroportos é bastante rígido. As tarifas são controladas pelo Estado. Há critérios e parâmetros para tudo, desde o nível de qualidade dos banheiros, até a definição dos investimentos nos vários segmentos de infraestrutura, passando pela exigência de "gentileza dos funcionários" nos aeroportos. Além disso, a capacidade de tráfego aéreo é definida pelo Decea (um órgão militar), a de pista é validada pela Anac, bem como a concessão de slots.
É merecedora de crédito a intenção do governo de assegurar a competição, mas é preciso ter cautela para não desestimular investimentos privados e, pior, não resistir a lobbies cujo propósito é apenas diminuir a disputa (e os valores a serem pagos ao Estado pela outorga) nas novas concessões.

Novo ministro tem sinal verde para "chacoalhar" o Itamaraty

Raymundo Costa

O novo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, recebeu o sinal verde da presidente Dilma Rousseff para dar uma "chacoalhada" no Itamaraty, segundo fontes autorizadas. Isso inclui trocas nos principais postos da diplomacia, se o embaixador julgar necessário, e o exercício de um comando mais firme na pasta que o exercido por Antonio Patriota, o ministro forçado a se demitir em virtude da crise provocada pela fuga para o Brasil do senador boliviano Roger Pinto Molina, asilado na embaixada brasileira em La Paz havia mais de 15 meses.
O próprio desfecho e a duração da crise, entre a entrada do senador na embaixada, em maio do ano passado, e sua fuga para o Brasil, no último fim de semana, sem autorização oficial das autoridades bolivianas nem brasileiras, é apontada no Palácio do Planalto como um exemplo da falta de comando de Patriota no exercício da função. Mas a simples demissão do agora ex-ministro e o convite não encerram a crise provocada com a viagem de Pinto Molina para o Brasil, organizada pelo encarregado de negócio da embaixada, Eduardo Saboia.
O primeiro desafio do novo ministro será mediar o conflito existente dentro do governo sobre o episódio em si e a situação do senador, cujo pedido de asilo está sendo examinado pela Advocacia-Geral da União. De um lado está o Itamaraty, cuja tradição é no sentido da concessão do asilo. A própria Dilma concedeu o asilo a Pinto Molina, na embaixada em La Paz, em 11 dias, um tempo considerado curto para os padrões da diplomacia. Mas setores do PT, o Fórum de São Paulo - criado no início dos anos 1990, era a primeira reação da esquerda latino-americana à queda do muro de Berlim - e auxiliares da própria presidente pressionam pela extradição do senador.
Na prática, a diplomacia brasileira continua tendo duas cabeças: o Itamaraty e a Assessoria Especial para Assuntos Internacionais, que funciona ao lado do gabinete presidencial sob o comando do professor Marco Aurélio Garcia desde o tempo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Garcia é quem dava e dá as cartas, em política externa, quando o assunto é América Latina. Na crise atual, o assessor atuou na mediação com o governo Evo Morales, cuja reação à saída do senador foi avaliada como moderada entre diplomatas. A saída do senador por terra, numa viagem de mais de 1.600 quilômetros, não chegou a ser inconveniente para o governo boliviano, que pode assumir o discurso da "fuga do corrupto" para consumo interno.
Cobrado por Dilma no último fim de semana, Patriota disse à presidente que nem ele nem o chefe de departamento encarregado da América do Sul foram informados da decisão do encarregado de negócios da embaixada em La Paz, Eduardo Saboia, de trazer o senador para o Brasil. Em princípio, Patriota não pediu demissão. O ex-ministro só foi convencido a escrever a carta, no fim da segunda-feira, por seu antecessor no cargo Celso Amorim, atual ministro da Defesa. Àquela altura configurava-se um conflito entre a Presidência da República e o Itamaraty. Patriota acabou cedendo.
A presidente Dilma "marcou" o embaixador Luiz Alberto Figueiredo durante as negociações da Rio + 20, a conferência sobre o clima da ONU, realizada em junho passado. À época, tudo caminhava para um fim de conferência sem um documento final. Figueiredo, que também esteve à frente das negociações na conferência de Copenhague, chefiada por Dilma três anos antes, negociou madrugada adentro e conseguiu evitar que o encontro acabasse sem uma declaração final. Desde então a presidente se refere ao novo ministro das Relações Exteriores como palavras elogiosas, como uma pessoa "extremamente bem preparada", com "habilidade de negociador".
Quando assumiu o governo no lugar de Lula, a presidente tinha a opção de manter o embaixador Amorim no cargo de chanceler. Segundo fontes credenciadas ouvidas pelo Valor, Dilma dizia à época que pretendia imprimir uma marca pessoal em duas áreas: no Banco Central e na política externa. No BC, avalia-se que Dilma obteve êxito, porque o presidente escolhido para o BC, Alexandre Tombini logo entendeu que, ao levar um problema para a presidente, precisava chegar também com uma solução. Ela diverge, discute mas também é convencida pelo economista.
Já Patriota compõe mais o estilo clássico do Itamaraty, bem diferente do perfil da presidente, que também andou reclamando da organização de algumas viagens internacionais. Mas Dilma não pensava em trocar agora de chanceler: iria esperar para imprimir sua marca, na política externa, no segundo mandato.
A história do asilo do senador Pinto Molina, desde a entrada na embaixada até o "traslado" para o Brasil compõe um enredo desencontrado e interesses nem sempre muito claros. Dilma concedeu o asilo em 11 dias por entender que o senador entrou na embaixada com a polícia nos calcanhares. Numa reunião de chefes de Estado sul-americanos ficou sabendo, mais tarde, que ele foi à embaixada com um grupo de senadores bolivianos para discutir questões da relação Brasil-Bolívia, como gás, narcotráfico, a construção de uma estrada em área indígena e Petrobras. Ao final da conversa pediu asilo e ficou no prédio.
Apesar de Brasília ter concedido o asilo, o governo boliviano não deu o salvo-conduto necessário para que ele deixasse a embaixada e viajasse para o Brasil. Além dos interlocutores formais, estiveram em La Paz conversando sobre o impasse os ministros Celso Amorim (Defesa) e Fernando Pimentel (Indústria e Comércio). Nessa viagem é que Amorim teve o avião inspecionado pelos bolivianos.


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Os cinco piores aeroportos do Brasil

De Acordo Com Uma Pesquisa De Satisfação Dos Passageiros, Encomendada Pela Secretária De Aviação Civil, Foram Constatados Os Cinco Piores Aeroportos Brasileiros. Vejam Quais São E O Porquê Desta Classificação
Thiago Magalhães 
Todos que já tiveram a oportunidade de estar em alguns dos aeroportos brasileiros sabem das dificuldades enfrentadas com infraestrutura, serviços, funcionários, informações, e assim por diante. Como só havia o senso comum, a Secretária de Aviação Civil, com a Copa do Mundo iminente, também por ocasião da Copa das Confederações realizada em Junho de 2013, realizou uma pesquisa de opinião inédita no Brasil para averiguar a qualidade dos aeroportos brasileiros, assim como dos serviços oferecidos em seu interior.
A pesquisa foi realizada por uma empresa de consultoria, contratada por meio de licitação pública, em 15 aeroportos de cidades-sede da Copa do Mundo e em localizações diversas que tenham ligações diretas com as cidades-sede.
Os quesitos avaliados na pesquisa foram: acesso ao aeroporto; check-in; emigração; inspeção de segurança; imigração; aduana; instalação aeroportuária; e ambiente do aeroporto. Os dados coletados referem-se ao primeiro trimestre de 2013, com um total de 21.216 entrevistas realizadas. Vejam a relação dos cinco que pior se saíram nas pesquisas.
1- Aeroporto Internacional Marechal Rondon (Cuiabá/MT)
Ano da inauguração: 1956
Passageiros por ano: 2.761.588 milhões (2012)
Pontos fortes: O Aeroporto Internacional Marechal Rondon é o principal aeroporto do estado do Mato Grosso É o segundo aeroporto mais movimentando do Centro-Oeste do Brasil, segundo dados da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária. Indicadores que estão na média ou acima dela: Custo do estacionamento; valor das instalações de alimentos; valor dos estabelecimentos comerciais; e internet/wi-fi.
2- Aeroporto Internacional Tom Jobim [Galeão] (RJ)
Ano da inauguração: 1977
Passageiros por ano: 17.491.744 milhões (2012)
Pontos fortes: O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro / Galeão - Antônio Carlos Jobim é o segundo maior aeroporto internacional do Brasil, estando localizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ), mais especificamente na Ilha do Governador. Este aeroporto possui o maior sítio aeroportuário e a segunda maior pista de pouso e decolagem do Brasil, sendo a mais importante porta de entrada aérea para todo o estado do RJ. Indicadores que estão na média ou acima dela: Tempo de fila no guichê de check-in; e tempo na fila da emigração.
3 - Aeroporto Internacional Eduardo Gomes (Manaus/AM)
Ano da inauguração: 1976
Passageiros por ano: 3.131.150 milhões (2012)
Pontos fortes: O Aeroporto Internacional de Manaus - Eduardo Gomes é o segundo aeroporto mais movimentado da região norte, além de ser o 16º mais movimentado de todo o país, e o 3º do Brasil em movimentação de cargas em 2012 só atrás de Cumbica e Viracopos em São Paulo. Indicadores que estão na média ou acima dela: Custo do estacionamento; instalações de alimentos; valor das instalações de alimentos; estabelecimentos comercias; internet/wi-fi; e tempo na fila da imigração.
4 - Aeroporto Internacional Juscelino Kubitscheck (Brasília/DF)
Ano da inauguração: 1957
Passageiros por ano: 15.665.045 milhões (2012)
Pontos fortes: O Aeroporto Internacional de Brasília - Presidente Juscelino Kubitschek tem seu nome em homenagem ao ex-presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek. É o quarto aeroporto mais movimentado do país (atrás apenas de Guarulhos, Galeão e Congonhas). É o mais movimentado da Região Centro-Oeste. Indicadores que estão na média ou acima dela: Atendimento/cortesia dos funcionários no check-in; tempo na fila da emigração; eficiência dos funcionários do check-in; atendimento/cortesia dos funcionários da emigração; internet/wi-fi; atendimento/cordialidade funcionário aduana; e atendimento funcionário da imigração.
5 - Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins/MG)
Ano de inauguração: 1984
Passageiros por ano: 10.398.296 milhões (2012)
Pontos fortes: O Aeroporto Internacional Tancredo Neves, mais conhecido como Aeroporto de Confins, (1985) é o principal aeroporto do estado de Minas Gerais. Este aeroporto podendo receber aviões de grande porte, como o Boeing 747 e o Antonov An-124. Indicadores que estão na média ou acima dela: Transporte público; sensação protegido e seguro; rigor na inspeção de segurança; disponibilidade de bancos/caixas eletrônicos/câmbio; estabelecimentos comerciais; valor do estabelecimento comercial; conforto acústico; e conforto térmico. Porém é o que mais proporciona conforto em uma análise geral dos aeroportos citados.
Os demais aeroportos analisados são: Campinas, Guarulhos, Santos Dumont, Congonhas, Salvador, Porto Alegre, Natal, Fortaleza, Recife e Curitiba.

BLOG FORÇA MILITAR (RJ)

Depois de protesto, militar do rapel promete greve de fome

Sargento queria chamar atenção da presidente para situação dos militares no Brasil
O objetivo era protestar contra a situação dos militares no Brasil, estendendo uma faixa na Ponte Rio-Niterói com os seguintes dizeres: Dilma; de torturada a torturadora. Mas a iniciativa do sargento do Exército, Vinicius Feliciano Machado, 29, o levou para a prisão.
O fato ocorreu por volta de 6 horas da manhã desta terça-feira. Apesar de indefinida a situação dele, dificilmente conseguirá galgar novos postos na carreira. O protesto frustrado vai ficar gravado em seu histórico como uma ferida que não cicatriza.
Para resgatar o manifestante, uma mega operação teve de ser montada. Agentes do Grupamento Marítimo, um helicóptero da Polícia Militar e uma equipe da Polícia Rodoviária Federal e da CCR foram acionados para a ocorrência. Vinicius foi levado ao local por um amigo, que ficou dentro do carro, no acostamento. O trabalho de retirada durou 20 minutos.
Ele disse que planejava o manifesto há dois anos. “Quando se vai protestar, tem que ser feito algo que cause impacto. Avaliei o risco, fiz alguns ensaios. Nunca tive tanto medo na vida”, afirmou, acrescentando que não se arrepende do ato.
“Vou responder pelo que fiz, causei risco de acidentes, mas espero o apoio das pessoas, que se sensibilizem com a situação de todos os profissionais de segurança do Brasil”, afirmou. Agora, ele promete fazer greve de fome até ouvir pronunciamento da presidente Dilma Rousseff sobre o caso.



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