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NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 26/08/2013




Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.



Os assíduos usuários da "FAB Linhas Aéreas"

Karla Correia

Um relatório produzido pela Força Aérea Brasileira (FAB) joga luz sobre os hábitos de autoridades do governo federal no uso de aeronaves oficiais para deslocamentos a trabalho ou no trajeto entre Brasília e os estados de origem. Desde o início do governo Dilma Rousseff até o fim do primeiro semestre deste ano, a FAB operou voos em 7.244 trechos, o que dá uma média de quase oito decolagens por dia para atender a um grupo de autoridades que compreende o corpo ministerial do governo, além dos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o relatório, desde 2010 foram atendidos pedidos para 5.250 deslocamentos de autoridades - sendo que uma viagem pode englobar decolagens em várias localidades e em datas diferentes.
O campeão no “programa de milhagem” governamental é o Ministério da Saúde. Nesse período, a FAB fez 511 missões em atendimento à pasta. Só entre janeiro e junho deste ano, foram 110 trechos voados atendendo a demandas da pasta. O montante representa um crescimento de 48,6% em relação aos voos realizados nos 12 meses de 2010. No último ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foram 74 voos em atendimento ao ministério.
Na sequencia dos órgãos que mais viajam nas asas da FAB, aparecem, nessa ordem, os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da Justiça e da Defesa, a presidência da Câmara dos Deputados e o Ministério de Relações Institucionais. No relatório, obtido pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) em solicitação ao Ministério da Defesa, o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, explica que a relação não inclui os atendimentos ao vice-presidente, “em prol da segurança da referida autoridade”.
A utilização de aeronaves oficiais é regulamentada pelo Decreto n° 4.244 de 2002. A prerrogativa é concedida ao vice-presidente da República, aos presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do STF, a ministros de Estado e demais ocupantes de cargo público com prerrogativas de ministro de Estado, aos comandantes das Forças Armadas e ao chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. O ministro da Defesa e o Comandante da Aeronáutica podem autorizar o transporte aéreo de outras autoridades, nacionais e estrangeiras.
Os pedidos de transporte de autoridades devem atender aos critérios previstos no decreto: motivos de segurança e emergência médica, viagens a serviço e deslocamentos para local de residência permanente, seguindo essa mesma ordem de prioridade.
Viagens para o estado de origem, por exemplo, constituem a maioria dos deslocamentos autorizados para a pasta das Relações Institucionais, comandada pela ministra Ideli Salvatti. Desde 2011 até junho deste ano, foram 256 autorizações atendendo a solicitações da secretaria, que tem status de ministério. Cotada para disputar o governo de Santa Catarina em 2014, Ideli “tem residência permanente em Florianópolis”, segundo a assessoria de seu gabinete, o que enquadraria as viagens na regulamentação do uso dos aviões oficiais.
Casa Civil

A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, é outra usuária frequente das aeronaves da FAB para fazer o trajeto Brasília-Curitiba. A assessoria de imprensa de Gleisi explica que “a residência oficial da ministra se encontra em Curitiba, o que justifica a frequência dos voos”. Ainda assim, Gleisi ocupa, em Brasília, a residência oficial destinada aos ministros da Casa Civil, no Lago Sul. Gleisi deve se candidatar ao governo do Paraná no próximo ano e é dada como certa a sua saída da Casa Civil no início de 2014, para participar das eleições estaduais.
A presença do Ministério da Educação na lista dos maiores usuários da FAB se justifica pelo grande número de viagens durante a gestão de Fernando Haddad, hoje prefeito de São Paulo. Em 2011, último ano do petista à frente do ministério, a pasta foi atendida em 135 voos de aeronaves oficiais. No início de 2012, Haddad deixaria o cargo para disputar a prefeitura da capital paulista. Sob o comando do ministro Aloizio Mercadante, o número de voos despencou. Em 2012, foram 74. No primeiro semestre deste ano, apenas 36.


Um centro para turbinas a gás

Pedro Rocha Franco

Em busca de suprir possível demanda gerada pelas empresas integradas ao Complexo Aeroespacial de Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior vai montar um centro de desenvolvimento de turbinas a gás, em Uberaba, no Triângulo Mineiro. A intenção é que seja desenvolvido produto para abastecer a produção de helicópteros e aviões executivos, das empresas Helibras e Axis Aeroespacial, ambas instaladas em Minas. No caso de sucesso dos estudos, pode ser instalada em território mineiro a primeira planta de turbinas a gás da América do Sul. A área onde a unidade será instalada já está definida, tendo sido cedida pela prefeitura e pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
O projeto fazia parte dos planos da mineradora Vale. A empresa, no entanto, engavetou o projeto. Com isso, o governo mineiro contratou um dos principais envolvidos no estudo para dar sequência ao projeto: o professor do Instituto de Estudos Avançados da Aeronáutica (IEAv) coronel Marco Antônio Sala Minucci. O especialista deve ficar responsável por coordenar o projeto em parceria com professores e alunos da UFTM, tendo como objetivo desenvolver um produto capaz de suprir a demanda gerada por outros dois players do chamado Complexo Aeroespacial e outros segmentos que necessitam do produto.
"A Boeing é o que é porque desenvolve suas próprias turbinas", afirma o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Nárcio Rodrigues, ressaltando que o produto pode ser útil para a fabricação de helicópteros, mas também para a construção de termelétricas, o que garante ao projeto simpatia tanto da Companhia Energética do Estado de Minas Gerais (Cemig) quanto das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobras).
ALÉM DE UM EMBRIÃO - O projeto em Uberaba, apesar de classificado como "embrionário", é tido como o quarto eixo do Complexo Aeroespacial, somando-se aos polos de asas fixas e rotativas, em Tupaciguara (Triângulo Mineiro) e Itajubá (Sul de Minas), respectivamente, e ao centro de capacitação e formação de mão de obra, em Lagoa Santa (Região Central do estado). Nos dois primeiros serão produzidos aviões executivos e helicópteros civis e militares. Outros produtos também estão na pauta. No terceiro, o objetivo é o desenvolvimento de profissionais capazes de dar sustentação ao projeto.
A intenção do governo mineiro é formar um centro para que todas as empresas e instituições de ensino envolvidas possam sentar à mesa para debater possíveis formas de avanços no segmento aeroespacial. Segundo Nárcio Rodrigues, a intenção é haver troca de conhecimento. "Teremos um condomínio temático de instituições de ensino superior voltado para o segmento aeroespacial ainda este ano", afirma o secretário, reforçando que a intenção do governo é desenvolver um centro essencialmente mercadológico, no qual a geração de empregos de qualidade e recursos seja capaz de sustentar os investimentos necessários em aprendizado. "O grande lance é a academia se envolver com os negócios para usar toda a inteligência a favor da difusão do conhecimento", afirma.


Ajuda em fuga de rival de Evo irrita Bolívia e Itamaraty

Político boliviano não tinha autorização para deixar missão brasileira e foi retirado do país em ação secreta

Lissandra Paraguassu

O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, e o governo boliviano mostraram-se irritados com a ação que retirou da Embaixada do Brasil em La Paz o senador Roger Pinto, que acusa o presidente Evo Morales de assédio judicial. Pinto estava na missão do Brasil, que lhe concedeu asilo, desde maio de 2012, mas a Bolívia se recusava a autorizá-lo a viajar. Na sexta-feira, ele foi retirado da embaixada num veículo diplomático, escoltado por militares brasileiros. Após 22 horas de viagem, ele chegou ao Brasil no sábado. O Itamaraty emitiu nota anunciando que investigará a ação e convocou o encarregado de negócios da embaixada para esclarecimentos. Patriota uma viagem à Finlândia. A Bolívia anunciou que pedirá a extradição do senador.
Fuga de opositor de Evo com ajuda brasileira irrita Itamaraty e Bolívia
A fuga do senador boliviano Roger Pinto da Embaixada do Brasil em La Paz para Brasília, na noite de sábado, irritou ontem o Itamaraty e o governo da Bolívia. O Ministério das Relações Exteriores afirmou, em nota, que abrirá um inquérito para apurar as circunstâncias nas quais o opositor do presidente Evo Morales chegou ao País, A chancelaria boliviana declarou o político fugitivo da Justiça e acionou a Interpol.
O senador foi trazido ao Brasil pelo encarregado de negócios da embaixada em La Paz, Eduardo Sabóia, que estava no comando da embaixada desde o início de julho. O diplomata foi chamado ontem de volta a Brasília pelo Itamaraty, que, aparentemente, não tinha conhecimento da operação.
De acordo com o relato do presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Pinto viajou em uma comitiva de dois carros da embaixada, com. placas consulares, e acompanhado de Sabóia e de dois fuzileiros navais que fazem a segurança da embaixada. Nas missões no exterior, os militares respondem não ao Ministério da Defesa, mas ao chefe da representação consular - no caso, Sabóia.
Ao fim de uma viagem de 22 horas de carro, onde passaram por cinco controles militares, incluindo os da fronteira, o diplomata teria ligado para Ferraço. "Ele me ligou e disse que estava com o senador em Corumbá, mas não tinha como, levá-lo até Brasília. Eu tentei falar com o presidente do Senado (Renan Calheiros) e outras autoridade, sem sucesso. Então, consegui um avião. Fui buscá-lo para levá-lo para Brasília", contou Ferraço.
Pinto está desde a madrugada de sábado na casado senador bra sileiro e dará uma entrevista na CRE amanhã. Ferraço afirma que Sabóia contou a ele que vinha conversando havia algum tempo com o Itamaraty sobre a situação do senador boliviano. "Ele me disse que a situação estava se tornando inadministrável. O senador estava com depressão, que sua saúde estava se deteriorando", disse. "Ele se sentia frustrado com a falta de uma solução e disse que, se tivesse uma oportunidade, resolveria. Nao sei se o governo acreditou. Conforme o relato de Ferraço, a iniciativa do diplomata foi "ousada e corajosa".
Na quinta-feira, em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, o ministro Antonio Patriota - que cancelou ontem uma viagem para a Finlândia em razão da fuga do boliviano - afirmou que a libertação do senador estava sendo "negociada no mais alto nível", mas que o governo brasileiro se recusava a tirá-lo da embaixada sem garantir sua segurança. No início de junho, o Itamaraty informava nos bastidores que negociava uma "saída discreta" para o caso.
Surpresa. Na Bolívia, a chancelaria do país acionou a Interpol, mas ministros de Evo disseram que o caso não afeta a relação bilateral. "A fuga converte o senhor Pinto em fugitivo da Justiça boliviana. Por isso, serão ativadas todas as ações legais correspondentes ao caso, tanto no direito internacional quanto em convênios bilaterais", afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia.
Segundo o ministro de Interior, Carlos Romero, o status de fugitivo da Justiça foi dado porque o senador saiu do país sem passar por um posto de controle migratório. "Por meio da polícia boliviana, o governo acionou a Interpol, não só porque há um pedido de prisão contra ele, mas porque nao há registro de saída da Bolívia."
O senador, de 53 anos, refugiou-se em maio do ano passado na representação diplomática, Ele alega ser vítima de perseguição política por parte do governo, que o acusa de corrupção. Ele recebeu asilo diplomático do governo brasileiro, mas, sem um salvo-conduto do governo de seu país, não podia deixar a missão brasileira em La Paz.


Cuiabá registra 223 focos de incêndio e aeronaves devem atuar no combate

Cerca de 40 brigadistas atuam na capital para controlar as queimadas. Aeronaves foram cedidas pelo governo estadual à prefeitura municipal.

Kelly Martins

No período de estiagem, Cuiabá registrou aumento das queimadas urbanas e os brigadistas intensificam os trabalhos para combater as chamas. Segundo relatório da Defesa Civil, 223 focos de incêndios foram registrados na capital, somente no mês de agosto deste ano. O número é superior se comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram identificados 192 focos de calor no perímetro urbano.
Para controlar o fogo, duas aeronaves devem começar a atuar a partir desta segunda-feira (26), nas regiões de área rural e de difícil acesso de Cuiabá. De acordo com a Defesa Civil, as aeronaves juntas possuem capacidade de quase cinco mil litros de água e foram disponibilizadas para o combate pelo governo estadual.
Dados do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil apontam maior índice de queimadas em terrenos baldios, na capital. Na tentativa de evitar as ocorrências nesses locais, uma operação de combate às queimadas foi deflagrada neste fim de semana, com o objetivo de flagrar e prender quem estiver ateando fogo em áreas.
A fiscalização em terrenos baldios é feita também por fiscais da Secretaria de Meio Ambiente do município, que notificam e multam os proprietários. O valor da multa varia de R$ 400 a R$ 3 mil. Além disso, a Secretaria de Serviços Urbanos do município promove a limpeza de terrenos e locais públicos, eliminando bolsões de lixo, que são responsáveis por grande parte dos focos de incêndio em Cuiabá.
A Prefeitura Municipal havia anunciado que dobraria o investimento para o combate às queimadas em 2013 e que gastaria o valor de R$ 596 mil, na contratação de 40 brigadistas, aluguel de 5 caminhonetes, quatro caminhões-pipa e quatro motocicletas, além de equipamentos como abafadores e tanques costais para água.


Campo da desesperança

Há anos em um verdadeiro purgatório, seis aeronaves de empresas aéreas já falecidas - três da Vasp e outras três da Transbrasil - pagam seus pecados expostas ao sol e à chuva no cemitério de aviões do Aeroporto Internacional de Brasília. Mas o imbróglio parece estar próximo do fim.
No dia 2 de setembro haverá uma reunião entre a Inframerica, atual administradora do aeroporto, a Infraero e a Corregedoria Nacional da Justiça, coordenadora do projeto Espaço Limpo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para decidir seu destino. Espera-se que até o fim do ano as 53 aeronaves sem condições de voo estacionadas em onze aeroportos do Brasil sejam retiradas.
O Projeto 767, brasiliense, é um dos interessados em adquirir um desses aviões para transformá-lo numa empresa startup com foco em empreendedorismo social. No resto do país, já houve procura para que as carcaças servissem como restaurante, motel, trio elétrico e até suvenir de luxo.

Expectativas com a ida de Dilma aos EUA

Sergio Leo

A espionagem dos Estados Unidos sobre as comunicações via Internet incomoda, claro, o governo brasileiro; mas, se um tema realmente azedou o encontro entre a presidente Dilma Rousseff e o secretário de Estado americano, John Kerry, neste mês, em Brasília, não foi a bisbilhotagem denunciada mundialmente pelo ex-espião Edward Snowden. O que mais irrita autoridades, no Planalto, às vésperas da viagem de Dilma aos EUA, são helicópteros das Forças Armadas Brasileiras, modelo Black Hawk, comprados dos americanos e fora de operação por dificuldades em obter autorização de Washington para "transferência de tecnologia".
O tema dos helicópteros foi mencionado por Dilma na conversa que ela teve com o vice-presidente Joe Biden, também em Brasília, em maio, antes de estourar o escândalo da espionagem americana. Havia expectativa de que o governo americano aproveitasse a visita de Estado de Dilma, em outubro, para remover obstáculos que mantém no solo aeronaves compradas aos EUA - afinal, os americanos prometem facilidades em transferência de tecnologia caso a Boeing seja a escolhida para fornecer os novos caças da Força Aérea Brasileira.
Os sinais de Biden e Kerry não encorajam a esperança de maior flexibilidade, no caso dos helicópteros. Argumenta-se nos EUA que o Brasil recebe a mesma atenção (e restrições) que recebem parceiros fiéis dos americanos, como o Canadá. Não é conversa que agrade à presidente. Ela, no entanto, também se empenha pelo sucesso da viagem aos EUA, espiões à parte.
Helicópteros incomodam mais do que a espionagem
Sem ser caloroso, o encontro entre Dilma e Kerry foi mais cordial do que se imagina, apesar do descontentamento brasileiro com as revelações de espionagem da National Security Agency (NSA). A decisão, em si, de receber o secretário de Estado americano, em uma audiência longa, contrasta com as repetidas recusas de Dilma em ter mais que encontros breves, em locais públicos, com a antecessora, Hillary Clinton.
"Ele o tratou bem?", perguntou a presidente, ao receber Kerry, referindo-se ao ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, que o acompanhava. Tratou, sim, reconheceu o enviado de Barack Obama. No encontro reservado, Patriota cobrou de Kerry explicações sobre as atividades de espionagem, e já disse explicitamente que são insatisfatórias as justificativas apresentadas até agora. Mas, foi um tema entre muitos outros.
Das 803 palavras que proferiu ao abrir a entrevista à imprensa ao lado do americano, apenas 119 trataram do caso. Em toda a entrevista, Patriota usou cerca de 1.380 palavras para falar das relações Brasil-EUA; em somente 266 delas abordou cautelosamente a questão da vigilância da NSA sobre a Internet.
Há temor, especialmente, no Planalto, de que o governo americano não encontre recheio saboroso o suficiente para preencher a visita de Estado que Dilma fará em outubro, ainda que a visita, em si, já seja considerada importante por simbolizar uma reaproximação entre Brasília e Washington.
A visita de Kerry foi considerada por alguns interlocutores da presidente uma perda de tempo, já que não houve avanços em relação ao encontro, anterior, esse sim, comemorado, com Joe Biden.
Do Itamaraty e do próprio governo americano, porém, saem garantias de que o esforço será grande para sair da retórica. Um dos pontos altos da visita, espera-se, será um acordo de transferência de tecnologia e experiências dos EUA para exploração, no Brasil, do gás de xisto. O Brasil, significativamente, recebeu três secretários de Estado americanos em agosto, e um deles, o de Energia, Ernest Moniz, aprofundou a discussão sobre a cooperação em energia, que foi um dos principais pontos da conversa de Kerry em Brasília.
Os americanos disseram às autoridades Brasileiras ter muito interesse também em cooperação em energia nuclear (detalhe interessante, quando se recorda que foi a intervenção Brasileira nas negociações com o Irã em torno do programa nuclear iraniano a causa do esfriamento das relações bilaterais, em 2010). Energias renováveis são outro tema que pode gerar acordos durante a visita.
Os próprios diplomatas americanos veem a viagem de Dilma como uma chance de apressar decisões em Washington, o que costuma acontecer nas visitas de Estado, por sua importância diplomática. O problema é o risco de que a chegada de Dilma coincida com um momento ruim na polarização entre governo e oposição em torno dos cortes no orçamento americano - uma sombra mais ameaçadora sobre a visita que o incômodo com espiões virtuais dos EUA.
Os dois países tentam concluir nos próximos dias as preliminares para um acordo de criação do "laboratório binacional de inovação", que poderá dar aos brasileiros acesso a grandes centros de pesquisa e inovação nos Estados Unidos. Em setembro, grandes empresas americanas e Brasileiras participarão em Brasília de uma conferência dedicada ao tema, que, espera-se, poderá gerar resultados concretos para anúncio durante a visita de Dilma.
A movimentação recente do governo brasileiro, para atrair investimentos, com desburocratização, maior abertura ao capital externo e desburocratização deve facilitar a reaproximação com os Estados Unidos, como acredita o diretor do Brazil Institute do Woodrow Wilson Center, Paulo Sotero, jornalista veterano com trânsito privilegiado nos dois governos. "O episódio da NSA ilustrou a importância de os governos investirem em confiança mútua", comenta Sotero. "Sem isso, várias iniciativas que podem dar substância à relação dificilmente prosperarão".
No Palácio do Planalto, afirma-se que a bola está no campo americano. E o jogo pode ter lances decisivos ainda em setembro.

Consórcios ainda querem mudanças nas regras dos leilões de aeroportos

Daniel Rittner

O governo tem recebido pressões de todos os lados por mudanças de última hora nas regras do próximo leilão de aeroportos, marcado para o dia 31 de outubro, que repassará para a iniciativa privada o Galeão (RJ) e Confins (MG). De um lado, consórcios já montados para a disputa argumentam que o volume de passageiros foi superestimado nos estudos do governo, sem ter levado em conta a crise instalada no setor aéreo. De outro, os atuais controladores dos primeiros aeroportos privatizados insistem na revisão das regras que restringem sua presença no leilão, percorrendo gabinetes de Brasília em busca de apoio à mudança.
Até agora, o governo e o mercado trabalham com a perspectiva de disputa entre pelo menos seis consórcios no leilão. Dois são novos: o grupo CCR, que tem Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa no bloco de controle, praticamente selou parceria com as operadoras dos aeroportos de Munique e Zurique. Estão avançadas também as negociações para o fechamento de uma aliança entre a operadora americana ADC Houston e três empresas brasileiras: Galvão Engenharia, o grupo Libra e a construtora mineira Fidens.
Os outros quatro consórcios repetem as formações do leilão realizado no ano passado: Odebrecht e Changi (Cingapura); Ecorodovias e Fraport (Frankfurt); Queiroz Galvão e Ferrovial (Heathrow); Carioca Engenharia e GP Investimentos junto com ADP (Paris) e Schiphol (Amsterdã). Fontes do mercado apontam o interesse de mais três operadoras estrangeiras em entrar na corrida pelo Galeão e por Confins. Todas administram aeroportos com mais de 35 milhões de passageiros por ano, conforme a exigência do governo, nos editais de licitação. São a espanhola Aena, a italiana Atlantia e a indiana GMR. Poucos, no entanto, acreditam que elas terão fôlego para concorrer sem parceiros nacionais.
Quem pode aumentar a concorrência, aliando-se a essas operadoras, são os atuais controladores dos três aeroportos concedidos no ano passado. Eles foram proibidos pelo governo, em um primeiro momento, de participar da segunda rodada de privatizações. Os grupos brasileiros Invepar (concessionária de Guarulhos), UTC (Viracopos) e Engevix (Brasília) estão fortemente interessados em engrossar a disputa pelo Galeão e por Confins.
No mês passado, o governo finalmente aceitou flexibilizar a proibição inicial à presença dos atuais controladores no leilão de outubro, depois de ter negado a possibilidade durante meses. Foi fixado, porém, um limite de 15% à participação desses grupos nos consórcios privados. O argumento oficial é que uma participação superior a esse limite pode comprometer a futura competição entre os aeroportos privatizados. A fatia de 15% cai à metade depois da associação obrigatória com a Infraero pelo vencedor do leilão.
O problema é que essa limitação desagradou à Invepar, à UTC e à Engevix. O Valor apurou que nenhum dos grupos têm a intenção de participar de consórcios com fatia tão minoritária.
Sem terem desistido de uma participação maior, esses grupos ainda buscam uma mudança das regras, a fim de encabeçar consórcios. Os alvos são a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que conduz o processo de licitação a partir de agora, e o Tribunal de Contas da União (TCU), que ainda analisa os estudos de viabilidade das concessões e os editais.
Por enquanto, os grupos não pretendem entrar na Justiça contra as regras impostas pelo governo e preferem apostar nas conversas, mas não descartam de antemão ir aos tribunais, caso fracassem nas tentativas. Para reforçar seus argumentos e superar as restrições, algumas propostas já foram levadas às autoridades.
O governo vê ameaças à competição caso mais de um dos aeroportos leiloados à iniciativa privada caia nas mãos do mesmo controlador. Um grupo nacional apresentou à Anac a ideia de "alternativas societárias" contra esse temor. Pela proposta, o acordo de acionistas pode incluir cláusulas exigindo "anuência prévia" da agência reguladora em decisões que envolvam "conflito de interesses" entre dois aeroportos operados pelo mesmo grupo.
Essa não é a única pressão enfrentada pelo governo. Os consórcios que já estão consolidados se queixam dos estudos de viabilidade econômica das novas concessões. Tais estudos preveem crescimento médio de 4,7% ano após ano, ao longo das próximas três décadas, no movimento de passageiros no Galeão e em Confins. Para os investidores, esse cenário pode ser demasiadamente otimista, em meio à crise vivida pelas companhias aéreas e à ameaça de aumento das tarifas, diante da tendência de desvalorização do real.
De fato, no primeiro semestre deste ano, o movimento ficou muito aquém dos números projetados pelo governo: houve recuo de 0,2% e de 4,5% no volume de passageiros, respectivamente, do Galeão e de Confins. "Os estudos do governo ficaram defasados", diz um representante de um dos consórcios, que pede para não ser identificado. "Se somarmos o fato de que as empresas aéreas estão reduzindo capacidade e adiando o recebimento de novos aviões, temos cenário de crescimento quase nulo da oferta, nos próximos anos", diz.
A eventual revisão das estimativas de crescimento da demanda nos dois aeroportos, conforme pedem os investidores, pode dar mais flexibilidade ao cronograma de investimentos exigidos nos contratos de concessão. Até abril de 2016, por exemplo, o Galeão deverá ter mais 26 pontes de embarque e desembarque (fingers) e Confins precisará de um novo terminal de passageiros. Para os grupos interessados no leilão, obras como a ampliação de pátios de aeronaves e novas pistas poderiam ser feitas com mais tempo, caso o crescimento "real" da demanda fosse considerado.

Ceu de brigadeiro para túneis virtuais

Sistema já opera na Austrália e no Peru e começa a ser testado no Brasil

O programa de navegação da GE Aviation Systems opera com sucesso na Austrália e no Peru. No BrasiL ainda está em fase de testes. A primeira companhia certificada para operar o sistema foi a Gol Linhas Aéreas. A Azul está a caminho, na ponta das empresas aéreas. Do lado dos aeroportos, Santos Dumont, no Rio de ]aneiro, já está habilitado. Como se trata de projeto pioneiro no País, outros canais e parcerias estão sendo integrados ao processo, caso da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). “A avíação é extremamente complexa para se regulamentar e defmir as rotas aéreas para o tráfego de aviões, o que leva a um lento avanço na introdução de novos procedimentos", esclarece Sergio Zuquim, da GE Aviatíon Systems. 
Saída para rotas congestionadas está na tecnologia
É fato que o segmento da aviação registra aumento de usuários também no Brasil, em especial graças à crescente ascensão de novas classes de consumo e contando ainda com a proximidade de megaeventos como a Copa do Mundo (2014) e os Iogos Olímpícos (2016). Diante desse cenário, a tendência é de aumento do já presente congestionamento nos aeroportos. Portanto, a GE acredita que deve se acelerar o interesse das autoridades pela implantação de inovações que melhorem o desempenho da aviação no País.
Foi na terceira maior cidade da Austrália, Brisbane, capital do Estado de Queensland, que a GE Aviation Systems realizou em larga escala a primeira implementação do programa RNP-AR em 2006. O processo envolveu as pontas abrangidas na utilização do espaço aéreo com a adesão da companhia aérea Qantas e ddas autoridades responsáveis pelo setor por Iá, a Airsevices Australia (ASA) e a Civil Aviation Safety Authority (Casa).
Após 18 meses de operação os primeiros resultados quantificados já indicavam o acerto da escolha: economia de 400 mil quilos de combustível e de 1,1 milhão de quilos de CO2, além da redução das distâncias de voos em 17.800 milhas náuticas e da diminuição de 4200 mil minutos de voo.
A precisão da tecnologia RNP torna possível o pouso em condições meteorológicas que, normalmente, poderiam obrigar aeronaves a desviar para outros aeroportos e, até mesmo, o cancelamento de voos antes da partida. A exatidão e confiabilidade da RNP ajudam, também, os controladores de tráfego aéreo a diminuir os atrasos dos voos e aliviar os congestionamentos. “Com o procedimento RNP-AR-Approach, o comandante realiza uma trajetória de aproximação mais precisa e constante, diminuindo os mínímos operacionais (teto) de 1.500 para 300 pés. Isso proporciona melhor condição para a visualização da pista, o que garante um pouso ainda mais seguro e confortável", explica Adalberto Bogsan, vice-presidente técnico da Gol.
No Peru, a GE Aviation Systems inaugurou o procedimento no Aeroporto Internacional Jorge Chaves conectando a RNP ao Sistema de Aterrissagem por Instrumento (ILS) com pouso automatizado. O projeto denominado Céu Verde do Peru, envolveu a Direção Geral de Aviação Civil (DGAC) do Peru e a companhia aérea LAN Arlines.
Em Lima, no ano da implantação, os voos com a nova tecnologia proporcionaram às companhias aéreas economia média de 32 quilômetros por trecho, 6,3 minutos e 200 quilos de combustível. As aeronaves deixaram de emitir 640 quilos de CO2 por voo, considerando a rota Lima-Cusco.
Todo esse processo no Peru teve origem em 2009, quando a GE Aviation Systems, em parceria com a International Air Transport Assossiotion (Iata), projetou e implantou procedimentos de aproximação controlada para LAN, em Cusco, com a finalidade de melhorar o acesso ao aeroporto, que é ladeado pela Cordilheira dos Andes. Antes da adoção das rotas operadas pelo auxilio da RNP, frequentemente um ou mais dos 15 a 21 voos diários da LAN para Cusco sofriam atrasos ou eram desviados devido ao mau tempo ou baixa visibilidade. Desde a inclusão do programa em Cusco, a LAN reduziu atrasos nos voos em 45% e estabilizou as aterrissagens na média de 94% ao mês. Durante o primeiro ano de uso da RNR mais de 30 mil passageiros não sofreram com cancelamentos ou atrasos de voo da LAN. Com o sucesso das rotas em Cusco, em 2010, a LAN ampliou a parceria com a GE Aviation Systems para desenvolver o programa em cinco aeroportos em que a companhia opera.
No Brasil, a Gol selecionou a GE Aviation Systems para o projeto devido à sua trajetória de sucesso no desenvolvimento e implantação de programas de otimização de performance em todo o mundo, segundo Bogsan . “Com soluções da GE Aviation Systems, a Gol poderá ampliar suas operações de forma rápida, reduzindo as emissões e o consumo de combustível."

Já a parceria da GE Aviation Systems com a Azul Linhas Aéreas, ainda em fase de testes, resultará na homologação jatos da Embraer com o sistema de navegação avançada. O tempo corre e a modemização da operação de transporte pelos céus começa a requerer a mesma rapidez e agilidade do escoamento reivindicado em terra. E a saída, dizem os especialistas, está na inovação tecnológica.

Soluções simples podem tornar voos mais baratos

Tecnologia para obter rotas mais eficazes e econômicas pode reduzir em 10% o consumo de combustível por voo

O que faz alguém feliz dentro de um avião a caminho de qualquer lugar, sem sombra de dúvida, é a soma de ausência de turbulência e uma aterrissagem rápida e eficiente. O sistema de aviação global se esforça para antever e evitar o mau humor de São Pedro, já que as nuvens de chuva estão entre as causas mais comuns de uma turbulência, e prepara pilotos com recursos que se adaptam às mudanças bruscas de temperatura, velocidade e pressão do ar. 
Porém, no âmbito dos pousos e decolagens, ainda é possível melhorar o desempenho. E muito. De imediato, a aplicação em pauta recorre à tecnologia disponível há algum tempo para obter rotas mais eficazes e econômicas. Sua simples adoção pode representar redução de 10% do consumo de combustível por voo.

Essa mágica é produto de tecnologia de alta precisão que torna os sistemas de navegação aéreos inteligentes. Impulsionada pelos famosos algorítmos, que ficaram populares com o avanço da programação computadorizada, a tecnologia Performance de Navegação Requerida (RNP-AR) é capaz de, constantemente, calcular e prever o melhor caminho para aviões em pleno ar.
Com isso, o setor aéreo reduz drasticamente as ineficiências decorrentes da utilização do atual sistema de ondas de rádio para navegação. A tecnologia RNP –AR é uma forma avançada de atuar no sistema operacional no meio aeroviário, o Performance Based Navigation (PBN). Um programa que a GE Aviation Systems, divisão da GE Aviation, começa a difundir e comercializar no Brasil. Como essa tecnologia permite às aeronaves voarem rotas definidas com precisão (por meio de túneis virtuais), os caminhos são projetados para encurtar a distância em rota, o que leva à redução da queima de combustível e, por conseqüência, a menor emissão de poluentes e de ruídos nas comunidades ao redor de aeroportos. “Imagine só que um avião em rota sobre um hospital pode, por exemplo, desligar as turbinas e planar por um período e, com isso, evitar ruídos da aeronave naquela região”, diz Sergio Zuquim, da GE Aviation Systems, simplificando uma das possibilidades a partir da implantação do programa.
Um estudo de 2010, encomendado pela International Air Transport Association dos EUA, estimou que US$ 33 bilhões são perdidos a cada ano como resultado das ineficiências no tráfego aéreo. Por isso, a introdução de sistemas de navegação de última geração promove substancial impacto no negócio. Projeções sobre a adoção global dessa tecnologia de ponta gerariam redução na emissão de 13 milhões de toneladas de CO2 por ano, ou cerca de 3% das emissões de CO2 da aviação internacional no ano de 2010. Só nos EUA, a GE Aviation Systems estima que a navegação baseada no sistema de precisão dos vôos poderia economizar até 747 dias de tempo em viagens por ano, aumentando a capacidade efetiva de atendimento nos aeroportos entre 3% e 10% em relação aos padrões atuais.
Ao aperfeiçoar o aproveitamento das rotas de tráfego aéreo, o programa moderniza a infraestrutura do transporte no setor e promove ganhos tantos na rentabilidade das companhias quanto no conforto dos usuários. A divisão da aviação da GE, que detém, desde 2009, a tecnologia desse programa, vem trabalhando para expandir sua utilização no Brasil. “O trabalho da GE Aviation Systems proporciona impacto positivo entre os envolvidos com a aviação civil, desde os passageiros, passando pelas cidades, comunidades ao redor dos aeroportos, gerenciador do espaço aéreo, até chegar à própria empresa aérea”, enfatiza Zuquim.
Os benefícios dessa tecnologia aérea têm trazidos resultados concretos em países como Austrália, Canadá, Chile, EUA e Peru. De acordo com a Internacional Civil Aviation Organization, o número de passageiros do transporte aéreo deve dobrar até 2030, chegando a 6 bilhões por ano. A maior parte desse crescimento virá de mercados emergentes. Em 2012, o Oriente Médio cresceu a uma taxa de mais de 17%, enquanto a Europa cresceu 5%, e a América do Norte, 1%. Mas a região da Ásia e Pacífico ficou com a maior quota de aumento de mercado, com 30% da procura do transporte aéreo global. Esse crescimento da demanda acontece em um contexto de preços elevados dos combustíveis e aumento das emissões de carbono. Desafios que as companhias precisam fazer esforços para enfrentar.


Carolina Bahia

Check-in
Os escândalos envolvendo voos da FAB levaram os deputados da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional a repensar a visita às obras de Belo Monte, no Pará, prevista para o próximo dia 5. Segundo o presidente da comissão, Jerônimo Goergen (PP), os recursos sairão das cotas para viagens dos gabinetes ou da própria comissão.



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