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NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 05/08/2013



Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.



Julho registrou o maior número de visitas guiadas da história do Congresso

Karine Melo

 Brasília - Por causa das férias e do horário de visitas ampliado (às 9h às 17h30), as visitas guiadas ao Congresso Nacional alcançaram em julho o recorde de 18.632 pessoas, o maior da história da Casa legislativa. Com isso, o número de passeios acompanhados de guias turísticos chegou a 90 mil no semestre.

Ávidos por fotografar tudo, os turistas muitas vezes deixam os guias constrangidos com suas perguntas. “A pergunta da vez é sobre os aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). Eles [os visitantes] perguntam se é daqui que os deputados e senadores requisitam os aviões. Outra pergunta comum é se os parlamentares trabalham, se são ladrões e quanto ganham”, contou à Agência Brasil um dos guias que preferiu não ser identificado.
Situações como essas, segundo o guia, são superadas com respostas protocolares. Ele disse que explica aos visitantes que informações sobre salários e uso de aviões devem ser feitas diretamente aos órgãos responsáveis da Câmara ou do Senado.
Quando a indagação versa sobre o trabalho e a conduta dos parlamentares, os guias aproveitam para falar da importância do voto consciente. “Sempre dizemos que eles [deputados e senadores] não estão aqui por indicação de parentes, e sim porque foram eleitos legitimamente para nos representar”, explicou.
Entre os parlamentares, o que desperta mais curiosidade é Tiririca (PR-SP). “Sempre perguntam por ele. Na semana passada ele estava na Casa e quando foi reconhecido pelos visitantes veio para tirar fotos”, disse o guia. Explicou que os monitores não apontam deputados ou senadores. Mas, quando os turistas os reconhecem, muitas vezes procuram o parlamentar para tirar uma foto.
Quando a visita é completa, o que só ocorre aos fins de semana e feriados, o percurso feito pelo turista nas dependências do Congresso pode durar uma hora e meia. Além fazer o trajeto de todos os dias, que inclui os salões e plenários das duas Casas, admirar obras de arte – entre elas algumas assinadas por Athos Bulcão e Francisco Ceschiatti – e ter informações sobre a importância do Parlamento na história do Brasil, o visitante tem a oportunidade, no fim de semana, de entrar no gabinete do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), e na sala de audiências do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
“Eu, meu marido e meu filho mais velho viemos [a Brasília] tirar o visto para os Estados Unidos e aproveitamos para conhecer a cidade. Por ser brasileira, a gente quer saber onde deputados e senadores trabalham. Minha maior curiosidade era ver essa rampa, que fica em frente ao prédio. Desde criancinha ela está na minha cabeça, eu via pela televisão e achava bonita”, disse a empresária Renata de Freitas, de São Luís (MA).
O eletricista Adelson dos Santos, de Rio Verde (GO), esperava encontrar a Casa cheia. “Eu não sabia que eles não estavam trabalhando essa semana. Se fossem trabalhadores, como eu, como seria faltar duas semanas de trabalho?”, perguntou. Como não votaram a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) até o dia 17 de julho, a Constituição determina que os parlamentares não podem tirar férias. No entanto, ausência dos parlamentares se deve ao chamado recesso branco, período em que não há sessões deliberativas nas duas Casas.
Franceses, alemães e norte-americanos são que mais visitam o Congresso brasileiro entre os estrangeiros. Para atender a esse público há opções de horários para visitas em inglês, francês e espanhol. Também é possível atendimento em Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), basta fazer o agendamento pelo site da visitação. As saídas ocorrem a cada 30 minutos, do Salão Negro. Grupos com mais de 15 pessoas devem agendar a visita. Visitantes avulsos não necessitam fazer agendamento.


Sem vestígio dos corpos

Pesquisas preliminares da Comissão Nacional da Verdade (CNV), que constarão no relatório final e às quais o Correio teve acesso, revelam que, devido às características das violações aos índios durante a ditadura, dificilmente o colegiado conseguirá dar a localização dos corpos de indígenas desaparecidos no período. Como muitos fugiram pela mata e morreram tentando escapar das mãos do homem branco, eles poderiam estar dispersos em uma área extensa e de difícil acesso. As pesquisas revelam a ação e a omissão do Estado contra indígenas no norte do Amazonas a partir da ótica deles próprios. Em uma das missões nas aldeias, por exemplo, a psiquiatra e integrante do colegiado, Maria Rita Khel, coletou os relatos dos sobreviventes de um ataque que resultou na morte de 2 mil índios na década de 1970. Eles falam sobre tiros, doenças e até sobre o uso de agentes químicos. E mandam um recado para a presidente Dilma Rousseff: "Pare com as hidrelétricas e os movimentos que ameaçam os indígenas".
As violações cometidas contra os índios na época eram diferentes das que aconteciam com os perseguidos políticos que ficavam na cidade. A luta deles não era contra o regime em si, mas pela posse das terras que ocupavam e das quais estavam sendo expulsos. "Muitos indígenas não sabiam que viviam dentro de um país, não sabiam que existia uma outra chefia além das deles, e dos grupos vizinhos. Eles viviam como habitantes brasileiros legítimos, mas desconectados da vida política do país", explica Maria Rita Khel. A expulsão dessas tribos foi patrocinada pelo Estado, principalmente nos governos dos ex-presidentes Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, que adotavam a política do "integrar para não entregar", como se as áreas não fossem habitadas.
Em uma expedição realizada em meados de julho, Maria Rita pode ouvir dos índios da etnia Waimiri-Atroari os relatos dos ataques dos brancos durante as obras de construção da BR-174, que liga Manaus a Boa Vista, construída pelo Exército Brasileiro. "O governo passou a estrada atropelando os direitos e as pessoas", contam os mais velhos. Foram dizimados cerca de 2 mil índios, segundo contam, o que praticamente devastou a população de 30 aldeias na região. Já em 1981, quando uma expedição foi mandada para a construção da hidrelétrica Balbina, o agente da Funai, Porfírio Carvalho encontrou apenas 17 crianças remanescentes dos ataques.
Os homens do Exército que foram abrindo caminho foram matando os índios um a um. Um dos sobreviventes conta que, em certa ocasião, eles montaram uma emboscada em um cerimônia tradicional dessas populações, na qual várias tribos se reuniam no mesmo local. "Eles iam voltando e morrendo no caminho. Não sobrou um", explica a psiquiatra Maria Rita.
Veneno
Na expedição, Maria Rita encontrou indícios de que o Exército usou até agentes químicos dizimar os indígenas da região. Outro sobrevivente relatou que, durante todo o período que durou o ataque, um avião circulava a área e, ocasionalmente, jogava um "veneno do céu". "Quando o avião passava, a temperatura subia muito e muita gente morria, mas não era bomba porque o mato não pegava fogo", detalhou um dos mais antigos da tribo.
Some-se a isso os diversos índios que adoeciam somente pelo contato com o homem branco. Fragilizados, por não terem os mesmos anticorpos, eles morriam de febres e doenças para os quais o homem branco era imunizado. Parte dessas mortes, diz Maria Rita, é responsabilidade de uma Funai "desestruturada, corrupta e desinteressada", que não se preparava para esse primeiro contato. "Os agentes da Funai da época que entrevistamos contam que era desesperador tentar se aproximar e ver os índios fugindo na mata. Eles não tinham remédio nem para eles mesmos — que precisavam se aproximar já vacinados —, nem para os índios que adoeciam com o contato", detalha Maria Rita.
Por conta da forma como foram feitos os ataques, a CNV sabe que não será possível dar a localização dos corpos dos índios mortos durante a ditadura — umas das principais reivindicações de familiares de vítimas. Muitos fugiam pela mata, se dispersavam, e nem os sobreviventes conseguem descrever onde poderiam estar", conta. Mas, para a pesquisadora, os trabalhos serão importantes para ajudar, por exemplo, a destravar processos de demarcação de terras judicializadas. Em muitos deles, os atuais ocupantes de territórios indígenas possuem até títulos de posse dados pelo Estado e alegam que lá nunca habitaram índios. "A comissão também pode ter trabalho de relatar como os índios foram expulsos de suas terras originais e isso ajudar a comprovar que as áreas eram ocupadas por eles, antes de serem invadidas pelo homem branco", diz.
Os Waimiri-Atroari, que na época foram quase extintos, conseguiram se recuperar. Hoje, eles já somam 1,5 mil pessoas. Segundo os relatos coletados por Maria Rita, entretanto, para eles "a ditadura não acabou". "Eles sabem da situação dos índios em outras regiões do país, como os guarani-kaiowá", explica a psiquiatra.
Memória
Relatório Figueiredo
No dia 19 de abril, o Estado de Minas e o Correio revelaram a descoberta do Relatório Figueiredo, documento produzido pelo próprio Estado que relata as torturas sofridas pelos índios durante a ditadura. As cerca de 7 mil páginas, organizadas em 30 volumes, passaram 45 anos desaparecidas e foram encontradas, no ano passado, no Museu do Índio do Rio de Janeiro. Até então, acreditava-se que o documento havia se perdido em um incêndio no Ministério do Interior em 1968, logo depois de ser publicado.
O relatório foi produzido em 1967 pelo procurador Jader Figueiredo, a pedido do então ministro do Interior, Albuquerque Lima. Figueiredo percorreu mais de 16 mil quilômetros e constatou diversos crimes contra os índios, patrocinados principalmente por latifundiários e por funcionários do extinto Serviço de Proteção ao Índio (SIP). Ele recomendou a demissão de 33 pessoas do órgão e a suspensão de 17, mas muitas foram inocentadas pela Justiça.
Em uma das passagens, Figueiredo relata uma das técnicas de tortura: o tronco. "Consistia na trituração dos tornozelos das vítimas, colocadas entre duas estacas enterradas juntas em um ângulo agudo. As extremidades, ligadas por roldanas, eram aproximadas lenta e continuamente", detalha.
Até ser encontrado, os únicos registros do documento eram matérias de jornais da época. As páginas também denunciam caçadas humanas promovidas com metralhadoras e dinamites atiradas de aviões, inoculações propositais de varíola em povoados isolados e doações de açúcar misturado a estricnina, um veneno. (JB)


Mirage da FAB para de voar em dezembro

Roberto Godoy

A Força Aérea vai desativar a sua frota de caças de interceptação, os Mirage-2000 C/B, à meia-noite de 31 de dezembro. O lote, que equipa o 1° Grupo de Defesa Aérea, da Base de Anápolis, a 140 km de Brasília, chegou ao fim de sua capacidade de operação. A vida útil do grupo, a rigor, foi alongada em dois anos por meio de um programa logístico que superou o limite previsto inicialmente até 2011 pelo fabricante, a Dassault Aviation.
O esgotamento é total. As aeronaves não apresentam condições sequer para serem negociadas no mercado internacional.
A FAB não tem um plano fechado para evitar que a unidade de defesa da capital federal e de mais 1,5 milhão de quilômetros quadrados do território nacional continue ativa. A solução mais viável é a de promover o deslocamento de 6 a 12 caças F-5M, rejuvenescidos pela Embraer, e que compõem a espinha dorsal da aviação de combate. A Força utiliza 46 deles e encomendou a revitalização de outros 11, adquiridos, usados, na Jordânia. Todos foram fabricados há 35 anos em média, da americana Northrop Corporation. Outra possibilidade que, todavia, não agrada o Alto Comando, é a incorporação de outros aviões de segunda mão, o caso do conjunto descontinuado.
Os Mirage foram comprados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2005 por US$ 80 milhões, na França. Usados, deveriam servir de recurso provisório, até a chegada das aeronaves avançadas previstas na escolha F-X2, destinada ao reequipamento da aviação de combate. Todavia, o processo, que dura 17 anos e está na segunda geração, ainda não foi resolvido.
O valor do contrato do F-X2, para a compra de 36 supersônicos, suprimentos, simuladores, e sobretudo de amplo pacote de transferência de tecnologia, deve ficar entre US$ 4,5 bilhões e U8$ 6,4 bilhões financiados. Há três finalistas: o Gripen NG, sueco, da Saab; o Rafale, francês, da Dassault; e o Super Hornet F-18, da americana Boeing.
A deliberação foi transferida, em 2002, de Fernando Henrique Cardoso para Lula que, em 2010, repassou a tarefa para Dilma Rousseff. A presidente adiou o anúncio por duas vezes. Celso Amorim, ministro da Defesa, tem dito que a opção será conhecida até dezembro. Em épocas diferentes, os três concorrentes foram cotados como eventuais favoritos.
Em Anápolis, a missão do seleto time de oficiais, cujo treinamento custa ao final cerca de US$ 3 milhões, exige pronta resposta. A sirene dispara e em cinco minutos um piloto acelera pela pista de 3 mil metros a bordo do caça cinzento. O caçador a bordo só recebe os dados da missão quando voando, com a turbina Snecma trovejando sobre o planalto goiano. Localizado e identificado o alvo, um avião desconhecido sem rota registrada, o militar volta à base em pouco mais de 20 minutos. O clima na reservada instalação é o de tempo de guerra. A missão é defender o centro do poder, Brasília. No abrigo do alerta, um ou dois Jaguares F-2000, o nome de código dos Mirage-2000, estão sempre armados e abastecidos. As construções ficam próximas da pista, para permitir decolagem rápida e o suficientemente espaçadas para escapar das bombas de um ataque.
Não há portas. O avião deve sair sem dificuldades. A missão é sempre de urgência. Com dois mísseis e os canhões Defa de 30mm, ele voa a 2,2 mil km por hora e cobre 1,4 mil quilômetros. São feitas até 8 decolagens por dia. Quase sempre operações dedicadas ao treinamento dos cerca dos 30 combatentes titulares dos quadros do GDA. Mas há lançamentos reais, de identificação de aeronave clandestina, sem plano de voo e em atitude hostil.


Mulher morta em queda de avião em Jundiaí era de Lavras, MG

Kênia Maria Tubertini dos Santos morreu em acidente neste sábado (3). Ela estava a bordo com o marido e os 2 filhos, que também morreram

Uma das vítimas que morreu em um acidente envolvendo um avião de pequeno porte que caiu ao lado da Rodovia Anhanguera, em Jundiaí (SP), era de Lavras (MG). Kênia Maria Tubertini dos Santos, de 49 anos, estava a bordo na aeronave com o marido, o empresário Arnaldo Soares dos Santos Neto, de 50 anos, e os filhos Ana Luisa Tubertini dos Santos, de 19 anos, e Arnaldo Soares dos Santos Junior, de 13 anos. Todos morreram no acidente.

Segundo parentes da vítima, Kênia trabalhava como bancária quando conheceu o empresário, que foi aluno da Universidade Federal de Lavras (Ufla). Eles se mudaram para São Paulo (SP), onde viviam atualmente com os filhos. A família seguia viagem para visitar as fazendas em Batayporã (MS).

O velório acontece neste domingo em São Paulo. O enterro das vítimas é nesta segunda-feira (5) também na capital paulista.

O acidente

Aaeronave prefixo LKG caiu no início da tarde deste sábado (3) ao lado da rodovia Anhanguera, em Jundiaí, na altura do km 61. De acordo com o Corpo de Bombeiros, dois homens - incluindo o piloto - e duas mulheres morreram carbonizados. Os nomes das vítimas foram divulgados pela polícia no fim da tarde de sábado.

Viaturas dos Bombeiros e da concessionária que administra a rodovia estiveram no local do acidente. A aeronave, que ficou totalmente destruída, não atingiu nenhum imóvel. O bimotor modelo Beech Baron decolou no fim da manhã do Aeroporto Estadual Comandante Rolim Adolfo Amaro, que fica no bairro Casa Branca, em Jundiaí.

Testemunhas disseram que viram fumaça saindo de um dos motores do avião. A aeronave teria decolado, feito um contorno e, em seguida, perdeu altitude e caiu bem próximo ao trevo da Anhanguera com a Dom Gabriel Paulino Bueno Couto. Técnicos da Aeronáutica também estiveram no local para perícia.


Desistência no curso de Engenharia coloca em risco desenvolvimento do País

Complexidade das matérias e falta de estímulo dificultam permanência de alunos nos cursos

Alexandre Saconi

A formação de engenheiros é vista como um ponto crítico para o desenvolvimento do País. O curso demora, em geral, cinco anos, e atualmente é mais procurado do que o direito nos vestibulares. Porém, a maioria dos alunos desiste antes de completar os estudos.
Levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) revela que 57,4% dos alunos abandonam a faculdade de engenharia no meio do curso. Entre os especialistas ouvidos pelo R7, os principais problemas que levam à evasão são a deficiência em matemática e física, o valor das mensalidades, a falta de experiências práticas durante o curso, além da escolha prematura do tipo de especialização.
Richard K. Miller, presidente da faculdade norte-americana de engenharia Franklin W. Olin, defende que o trabalho em equipe pode ajudar a superar os problemas com a formação básica dos alunos.
— Matemática pode ser frustrante. Você começa a trabalhar em um problema e para em uma dificuldade. Se você tem uma pequena equipe, quando encontrar uma dificuldade, você pode ultrapassá-la.
No Brasil, o Pró-Engenharias (Programa de Apoio ao Ensino e à Pesquisa Científica e Tecnológica em Engenharias) possui uma parte específica dedicada à tutoria, que se encontra em fase de implementação. O programa é uma iniciativa da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), e quer implantar um sistema de acompanhamento amplo dos alunos de engenharia.
Jorge Almeida Guimarães, presidente da Capes, defende a tutoria como uma ferramenta de motivação para o aluno sanar os problemas nas matérias com maior deficiência.
— A ideia é pegar alunos que têm deficiência em matemática, física e química e estudam engenharia para ganharem uma bolsa para não precisarem trabalhar e se dedicarem aos estudos. [...] Segundo, se há dificuldade [nestas matérias], nós vamos colocar um bom aluno na área, ganhando bolsa da Capes, para tutorar outros quatro ou cinco.
Guimarães destaca que a tutoria funcionaria como uma pirâmide. Um grupo de alunos atuaria junto a um tutor, e um grupo de tutores iria atuar junto a um professor. Todos seriam ligados à Capes e receberiam bolsas do órgão.
Demanda do mercado
Raros casos fogem a esta realidade da evasão. Este é o caso do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e do IME (Instituto Militar de Engenharia), onde a evasão é inferior a 5%.
Murilo Celso Pinheiro, presidente da FNE (Federação Nacional dos Engenheiros), alerta para a necessidade de se formar mão-de-obra qualificada no mercado.
— Ao longo de mais de duas décadas de estagnação, a engenharia perdeu relevância e os profissionais se viram sem espaço para atuar. Com isso, para os estudantes, a engenharia não era tão atraente. Porém, hoje, o cenário é outro. Por isso, precisamos fazer com que os jovens enxerguem a engenharia como a profissão do momento e do futuro.
Jorge Guimarães, da Capes, já destaca a importância da qualidade dos cursos, a que não seria necessário abrir mais vagas.
— Não precisaríamos abrir mais vagas de engenharia, mas trabalhar para ocupar as vagas ociosas, que ficam desocupadas devido à evasão dos alunos.


Infraero pelos ares

O presidente da Infraero, Gustavo do Vale, enviou a um governador um ofício com informações alarmantes. De janeiro a maio deste ano, a Infraero registrou um prejuízo de R$ 80,6 milhões. Deste total, R$ 50 milhões foram decorrentes de gastos com o plano de demissão voluntária. A situação da Infraero é pior do que a anunciada há dois meses. Em junho, Vale estimou que as privatizações dos aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, e de Confins, em Minas Gerais, resultariam em perdas de R$ 60 milhões.

Obama sabia o que eles pensavam?

Uma carta ultrassecreta, assinada pelo atual embaixador dos EUA no Brasil, mostra como o governo americano se beneficiou das ações da agência NSA na Cúpula das Américas de 2009

Glenn Greenwald, Raphael Gomide e Leonardo Souza

No último mês de junho, o mundo tomou conhecimento do maior programa de monitoramento em massa de comunicações de que se tem notícia até hoje, promovido pela Agência Nacional de Segurança, a NSA, do governo dos Estados Unidos. As revelações foram feitas pelo ex-consultor Edward Snowden, que trabalhou para a NSA e copiou milhares de documentos sigilosos. Vazados inicialmente para o jornal britânico The Guardian (publicados pelo colunista Greenwald, que também assina esta reportagem), os papéis revelam a escala global da ação da NSA. No mês passado, o jornal O Globo revelou que o Brasil era um dos alvos prioritários da ação da agência americana. Em Brasília, o porta-voz escalado pelo governo americano para tratar de um assunto tão delicado foi o embaixador Thomas Shannon Jr., no cargo desde fevereiro de 2010. Ele minimizou o conteúdo das reportagens. Afirmou que elas apresentaram "uma imagem que não é correta" do programa de inteligência da NSA. Oficialmente convocado, Shannon reuniu-se com os ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, das Comunicações, Paulo Bernardo, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), José Elito Carvalho Siqueira. Shannon anunciou a criação de um grupo de especialistas para investigar as denúncias e se comprometeu a colaborar com o Brasil. Para o governo brasileiro, suas explicações foram consideradas "insuficientes".
Um novo documento ultrassecreto da NSA, obtido por ÉPOCA com exclusividade, revela que o envolvimento de Shannon com a NSA é anterior a sua nomeação para o cargo de embaixador no Brasil. Shannon não apenas conhecia a ação de coleta de dados sobre representações diplomáticas de outros países da região, como se beneficiou dela. Fez isso no início da gestão do presidente Barack Obama quando, ao ocupar o cargo de secretário-assistente de Estado, respondia à secretária de Estado Hillary Clinton.
Em ofício de 19 de maio de 2009, cerca de sete meses antes de ser confirmado como embaixador do Brasil, Shannon agradece e parabeniza o diretor da NSA, general Keith Alexander, pelas "excepcionais" informações obtidas numa ação de vigilância de outros países do continente, antes e depois da 5a Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, em abril daquele ano. Ele assina o documento, "em nome do Departamento de Estado" - portanto, em nome da então secretária Hillary Clinton. Procurado por ÉPOCA, o governo dos Estados Unidos, por intermédio de sua embaixada em Brasília, informou que não comenta nenhum tipo de atividade secreta e que, portanto, não se pronunciaria.
Shannon celebra, no documento, como o trabalho da NSA permitiu que os EUA tivessem conhecimento do que fariam na reunião os representantes de outros países. Afirma que tal trabalho foi essencial para manter o governo americano informado em seu mais alto nível. "Os mais de 100 relatórios que recebemos da NSA nos deram uma compreensão profunda sobre os planos e intenções de outros participantes da Cúpula e garantiram que nossos diplomatas estivessem bem preparados para aconselhar o presidente Obama e a secretária Clinton sobre como lidar com questões controversas, tais como Cuba, e interagir com contrapartes difíceis, como o presidente venezuelano, Hugo Chávez", escreveu Shannon.
A Cúpula das Américas de 2009 era considerada estratégica pelo governo Barack Obama. Para entender as razões, é necessário conhecer um pouco da história do encontro. A Cúpula das Américas foi criada em 1994 pelo então presidente americano, Bill Clinton, com o objetivo de se aproximar política e economicamente das demais nações do continente. Nas três primeiras reuniões – em 1994, 1998 e 2001 -, o assunto mais discutido foi o projeto de integração comercial, na forma da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso não era simpático à ideia. Preferia fortalecer sua liderança regional no Mercosul. Fez várias exigências para que a Alca se concretizasse. Depois de anos de negociações, os Estados Unidos atenderam a essas exigências em 2001 e abriram caminho para um diálogo mais aprofundado. O assunto virou tema da campanha presidencial do ano seguinte, quando a Alca foi repudiada pelo Partido dos Trabalhadores. Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito e, por motivos políticos, deixou o assunto em segundo plano. Com o Brasil de fora, a Alca foi enterrada. E a Cúpula, esvaziada de seu principal objetivo, perdeu importância.
Sem objetivo concreto, os Estados Unidos, criadores da Cúpula, chegaram à quinta edição do encontro com um objetivo simbólico. Na reunião realizada em 2009, em Trinidad e Tobago, a intenção era apresentar o novo presidente dos EUA, Barack Obama, como um líder disposto ao diálogo com as demais nações americanas. Era também a primeira vez em que Obama se encontraria com dois desafetos declarados dos Estados Unidos: os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Mora- les (Bolívia). Em setembro de 2008, ainda no governo de George W. Bush, a Bolívia declarara persona non grata o embaixador dos EUA no país, Philip Goldberg, e o expulsara de La Paz, sob a acusação de conspirar e "fomentar separatistas" nas províncias opositoras ao governo. Seguindo o princípio da reciprocidade, Washington fez o mesmo com o representante boliviano em seu solo, Gustavo Guzmán. O venezuelano Chávez elevou ainda mais a tensão com o governo americano, ao ordenar a saída do país do embaixador americano em Caracas, "em solidariedade" à Bolívia. Em março de 2009, Morales expulsou mais um diplomata americano, Francisco Martínez.
Nesse período, cabia a Shannon a operação da diplomacia dos EUA na região, sempre sob as ordens de Hillary. Foi nesse contexto de adversidade e enfrentamento que ele enxergava Morales e Chávez como "rivais determinados a constranger" e a "desafiar os interesses" dos EUA, como se lê no documento obtido por ÉPOCA. Os dois tinham uma agenda para a cúpula: pregar contra o embargo americano a Cuba e tentar esvaziar o discurso de integração de Obama. Assim que tomou posse, em 2009, Obama demonstrou disposição em reconstruir laços no continente e a melhorar as relações com Cuba. Logo no começo do mandato, tornou mais flexíveis as limitações de viagens de americanos a Cuba, reduziu as restrições a remessas de dinheiro de cubanos residentes nos Estados Unidos e autorizou empresas de comunicações americanas a operar por lá. Acabar com o embargo, no entanto, não estava a seu alcance. Obama teria de contrariar vários interesses, firmemente estabelecidos no Congresso.
As intenções diplomáticas de Obama esbarraram no talento marqueteiro de Chávez, com suas conhecidas ambições regionais. A imagem que marcou a quinta Cúpula das Américas foi a fotografia de Chávez dando a Obama um exemplar do livro As veias abertas da América Latina, clássico da esquerda de autoria do uruguaio Eduardo Galeano (na página anterior). Num tom caro ao vitimismo político dos anos 1970, o livro mapeia a "exploração" dos países latino-americanos pelas "potências hegemônicas". "Chávez conseguiu mudar a agenda do encontro e obteve uma vitória do ponto de vista da propaganda", diz o professor José Augusto Guilhon Albuquerque, da Universidade de São Paulo. "A mensagem de Obama era a aproximação das demais nações do continente. O gesto de Chávez mudou o discurso para: "Todos contra os Estados Unidos". " Apesar disso, a avaliação de Shannon para o resultado da Cúpula foi positiva. "Nossa nova administração estava determinada a construir uma relação produtiva e positiva com nossos vizinhos, enquanto nossos rivais na região estavam igualmente determinados a nos constranger e desacreditar", afirma o embaixador no documento obtido por ÉPOCA. "Tivemos êxito e nossos rivais fracassaram, e nosso sucesso se deve, em boa medida, às informações abundantes, detalhadas e no tempo certo que vocês forneceram."
A história teve desdobramentos. No mesmo documento, Shannon diz: "Nosso trabalho está longe de terminar - a Assembleia-Geral da Organização dos Estados Americanos, no próximo mês, provavelmente trará discussões renovadas sobre Cuba, e países como Venezuela e Bolívia permanecem com a intenção de desafiar os nossos interesses no curto prazo -, mas estou confiante de que as informações da NSA continuarão a nos dar a vantagem de que nossa diplomacia necessita". Em 4 de junho, na Assembleia-Geral da OEA, em Honduras, foi anulado o ato que suspendia Cuba da organização. Foi uma derrota diplomática dos Estados Unidos. Houve tensão e discussões. Os países reunidos por Chávez em seu arremedo de pacto regional, a Aliança Bolivariana das Américas (Alba), defendiam, além da revogação, um pedido de desculpas a Cuba. Ao final, prevaleceu uma solução intermediária: foi anulada a suspensão a Cuba na OEA, mas Cuba ainda não pode integrá-la na prática.
O documento obtido por ÉPOCA não esclarece uma questão fundamental: a que tipo de dado Shannon e sua equipe tiveram acesso? Não informa se puderam ler e-mails de delegações de outros países. O governo americano nega que a NSA tenha acesso ao conteúdo de mensagens e ligações telefônicas. Afirma que o trabalho de inteligência eletrônica se limita à coleta de informações como dia e hora de uma ligação telefônica ou local de acesso a uma conta de e-mail. São informações conhecidas tecnicamente pelo termo "metadados".
As revelações de Snowden lançam dúvidas cada vez maiores sobre essa versão. Na semana passada, ÉPOCA revelou que, em 2010, a então embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Susan Rice, teve acesso a pelo menos 100 relatórios da NSA sobre pelo menos oito integrantes do Conselho de Segurança da ONU antes da aprovação de sanções econômicas contra o Irã por causa de seu programa nuclear. Nas próprias palavras dela, os relatórios ajudaram-na a saber "quando os outros membros permanentes estavam dizendo a verdade", revelaram "suas reais posições sobre as sanções" e deram a ela "uma posição de vantagem nas negociações". "Todas as evidências indicam que fizeram escuta mesmo das conversas", disse a ÉPOCA o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
Na semana passada, o The Guardian revelou detalhes do programa XKeyscore, que permite a analistas saber quase tudo o que alguém faz na internet. O material de treinamento da agência diz se tratar do "sistema de mais amplo alcance para desenvolver inteligência baseada em dados virtuais". Altamente sigiloso, o XKeyscore permite aos analistas fazer buscas sem autorização prévia em vastos bancos de dados, com acesso até mesmo ao conteúdo. De acordo com os documentos que Greenwald obteve com Snowden, o XKeyscore tem acesso a 700 servidores em 150 pontos do mundo, inclusive no Brasil. Ao longo dos últimos três anos, os Estados Unidos pagaram 100 milhões de libras (R$ 350 milhões) para ter acesso aos dados do Government Comunications Head- quarters (GCHQ), a versão britânica da NSA. Segundo o Guardian, além de ter acesso aos dados, a NSA influenciou e direcionou as investigações do GCHQ.
Todos esses fatos, somados aos que envolvem particularmente o Brasil, vêm preocupando as autoridades em Brasília. A ÉPOCA, o Itamaraty afirmou, em nota, que "o governo brasileiro tem mantido contatos diretos com o governo dos Estados Unidos e está preparando uma missão técnica para que as denúncias de espionagem, seja de órgãos do governo ou de cidadãos brasileiros, sejam esclarecidas". O ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o caso "exige grandes cuidados". "Essas suspeitas são, de fato, suspeitas recorrentes. Recordaria também que, quando houve a iniciativa da intervenção militar americana e britânica no Iraque, em 2003, surgiram várias notícias falando de espionagem na missão do México e do Chile, que eram membros não permanentes do Conselho de Segurança na época, e de outros países também, até alguns membros permanentes."
Em 2003, de acordo com documentos publicados pelo jornal britânico The Observer, a NSA instalou escutas telefônicas nas casas e nos escritórios de Nova York de delegados da ONU. Isso ocorreu às vésperas de o Conselho de Segurança votar uma resolução que autorizasse os Estados Unidos a invadir o Iraque. A vigilância da NSA visava especialmente às delegações dos seis países do Conselho de Segurança considerados "indecisos": Angola, Guiné, Camarões, México, Chile e Paquistão. A resolução nem chegou a ser votada, dada a ameaça de veto da França. No final, os Estados Unidos invadiram o Iraque sem aval da ONU.
A revelação de ÉPOCA na semana passada não foi isolada. As consequências dos arquivos de Snowden parecem longe de acabar. Depois de fazer as primeiras revelações sobre a atuação da NSA em junho, ele foi processado pelo governo dos Estados Unidos. Os americanos pediram sua extradição à China, pois ele estava em Hong Kong. Temendo ser preso, Snowden pegou um avião em 23 de junho e foi para Moscou, onde não desembarcou formalmente. Passou mais de cinco semanas na área de trânsito do aeroporto. Na quinta-feira passada, recebeu asilo por um ano do governo de Vladimir Putin. Pôde, finalmente, deixar a área de embarque e entrar em Moscou. O resultado foi uma tensão diplomática entre Estados Unidos e Rússia. O debate aberto pelos arquivos de Snowden - até que ponto organismos de segurança, mesmo com finalidades defensáveis, podem se apropriar de informações privadas de representantes diplomáticos e de cidadãos? - só deverá crescer à medida que novos casos apareçam.


COLUNA RICARDO BOECHAT

Estatais

Punição exemplar
O TCU segue com apreensão e vigília as obras no terminal de passageiros do Aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Dos 20% do projeto que deveriam estar prontos em fevereiro, só 9% foram concluídos, segundo inspeção de auditores da Corte. Por decisão unânime dos ministros, na quarta-feira 31, o tribunal mandou a Infraero multar a construtora. O prazo final da reforma é abril de 2014.

Governo

Olhar eletrônico
Pela primeira vez, um órgão civil da administração pública obteve autorização da Anac para voo de um Veículo aéreo Não Tripulado. Foi o Departamento Nacional de Produção Mineral, na segunda-feira 29. Até aqui, as certificações favoreciam a Polícia Federal e os VANTs de uso militar. O equipamento do DNPM desenvolvido com a Universidade de Brasília será usado nas atividades de fiscalização das reservas minerais brasileiras.

Aviação Civil

Livre uso
As empresas aéreas vão juntas reivindicar mudanças nos protocolos da Anatel. Muitos são inutilidades da burocracia estatal. Um dos pleitos será pela liberação do uso de celulares durante os voos. Comprovadamente, o conforto, que vigora em vários países, não oferece risco algum à navegação aérea – exceto nos momentos de pouso e decolagem.

TCU condena "caserna de luxo"

Tribunal de Contas cancelou financiamento de imóvel que privilegiava grupo seleto do Exército e pediu abertura de inquérito civil para apurar irregularidades apontadas por ISTOÉ

Claudio Dantas Sequeira

Em 2010, o Comando do Exército tentou subsidiar ilegalmente a construção de um condomínio de luxo num dos bairros mais exclusivos de Brasília. A operação beneficiaria um seleto grupo de 48 oficiais de alta patente. Para esses poucos privilegiados, a compra de apartamentos de alto padrão, com até 180 m2, no bairro Noroeste, sairia por cerca de R$ 750 mil, a metade do preço de mercado. O negócio de mais de R$ 36 milhões foi denunciado por ISTOÉ na reportagem intitulada "Caserna de Luxo". Com base na denúncia, de maio de 2010, o Ministério Público junto ao TCU solicitou diversas diligências e produziu um relatório contundente condenando o empreendimento. Em sessão reservada, no início de julho, os ministros determinaram o cancelamento da venda e abertura de inquérito civil.

Além de apurar as responsabilidades, o TCU quer impedir o uso indevido da Fundação Habitacional do Exército (FHE) para a promoção de interesses particulares de um grupo de oficiais do Alto Comando das Forças Armadas. Na lista dos que seriam privilegiados com o empreendimento, os auditores encontraram ao menos oito generais e dois coronéis ligados ao comandante do Exército, Enzo Peri, e que ocupam ou ocuparam cargos estratégicos na própria FHE. Estão lá, por exemplo, o atual secretário de Economia e Finanças do Exército, general Gilberto Arantes Barbosa, e seu número dois, Carlos Henrique Carvalho Primo. Também integram a lista o general João Roberto de Oliveira, assessor especial de Peri e responsável pelo projeto Sisfron para vigilância das fronteiras, assim como o general da reserva José Rosalvo Leitão de Almeida, que trabalha em contrato especial para cuidar do patrimônio imobiliário do Ministério da Defesa, e o general Joaquim Silva e Luna, chefe do Estado-Maior do Exército.

Para o TCU, ficou configurado "inequívoco conflito de interesses entre a Fundação Habitacional do Exército e os pretendentes da aquisição de imóveis". Os empreendimentos da FHE, uma fundação pública de direito privado, são financiados pela Poupex, poupança que gere recursos de mais de 1,4 milhão de associados, a maioria militares de média e baixa patente que contribuem mensalmente para ter acesso à casa própria. O negócio do Noroeste representaria mais de 20% de todos os recursos (R$ 170 milhões) comprometidos em mais de 4,5 mil financiamentos aprovados em 2010.

Unidas pelo biocombustível

A Boeing monta seu primeiro centro de pesquisas na América do Sul para, junto com a Embraer, criar um querosene renovável, principal aposta da indústria aeronáutica para deixar de ser líder em poluição

Ana Carolina Nunes

De um lado, a americana Boeing, uma das maiores produtoras de aeronaves do mundo. De outro, a brasileira Embraer, líder na fabricação de jatos regionais. Na frente, o desafio que a indústria aeronáutica se impôs de, até 2020, neutralizar o crescimento da emissão de dióxido de carbono. Entre as várias possibilidades de atingir essa meta, a aposta que tem se mostrado mais promissora é a do biocombustível, campo em que o Brasil tem tecnologia de ponta. E é isso que está unindo as indústrias.

PRONTOS

A empresa americana irá instalar um centro de pesquisa em São José dos Campos (SP), cidade onde fica a sede da Embraer. Ali, 12 profissionais, entre cientistas e pesquisadores, irão desenvolver combustíveis mais limpos e renováveis. Não vão começar o trabalho do zero. A Embraer e outra parceira, a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), já avançaram bem no estudo de formas de viabilizar a produção de biocombustível. A filial paulista será o sexto centro de pesquisa de combustíveis alternativos da Boeing. Os outros ficam em lugares como China, Alemanha e México. É uma estratégia pensada para ter como abastecer aviões em todos os cantos do mundo.

"O mais interessante é que podemos valorizar a economia local, priorizando as ofertas regionais. No Brasil, a fonte que dará origem ao bioquerosene pode não ser a mesma que a da China", diz o vice-presidente do centro de pesquisa da Boeing no Brasil, Al Bryant. Além de melhorar o ambiente, a empresa acredita que combustíveis sustentáveis podem ajudar a fechar a conta no fim do mês. O abastecimento das aeronaves responde por 40% dos custos das operações. Uma fonte alternativa pode reduzir esse gasto. Isso, claro, desde que ela seja economicamente viável. Essa viabilidade é o maior desafio que Boeing, Embraer e concorrentes têm pela frente.

EM BREVE

Até 2016 o Boeing 787 será abastecido com bioquerosene brasileiro.

O Brasil está um passo adiante devido à bem-sucedida experiência com o etanol dos carros e pela fartura de matéria-prima. Cana-de-açúcar , soja e eucalipto são os ingredientes mais comuns na receita nacional de biocombustível. Mas qualquer vegetal que contenha açúcar, amido e óleo é adequado para a produção de bioquerosene. Se tudo sair como o planejado, já em 2016 os tanques dos aviões da Boeing irão exalar aromas com um toque de cana.

Por que os ventos da austeridade não sopram por aqui?

No mundo inteiro, autoridades dão exemplos de comedimento com gastos e simplicidade nos costumes

Mário Simas Filho

Mais do que a exata tradução da opção franciscana, a imagem do papa Francisco carregando a própria mala remete a uma reflexão política, que nada tem a ver com a fé ou com as doutrinas da Igreja. Além de líder religioso, o papa é a autoridade máxima de um Estado que funciona amparado em mais de dois mil anos de história. Não seria de se estranhar, portanto, que pompas e regalias inimagináveis fizessem parte do dia a dia de quem ocupa tal posição. Mas, ao carregar a própria mala e ao transitar em automóveis comuns, o papa se coloca como um líder igual a seus liderados. Se contrapõe ao figurino político tradicional que afasta os comandantes dos comandados. E, assim, coloca-se em harmonia com os gritos que, de formas diferentes, ecoam nas ruas de todo o planeta. Quando os comandados ocupam as praças para pedir transparência e respeito com os recursos públicos, estão, na verdade, pedindo uma nova ordem. E quem carrega mais de dois mil anos de história mostrou ter compreendido isso. No Brasil, os eleitos, independentemente da coloração partidária, estão muito distantes dessa compreensão. Por aqui, ainda predomina a noção de que poder e mordomia caminham lado a lado. Quanto mais benesses, maior o poder. É essa a máxima que insiste, por exemplo, em manter no ar os jatinhos da FAB em missões privadas. Austeridade ainda é apenas um vocábulo usado em discurso. Está longe de ser uma ação concreta.
No poder desde 1707, quando os reinos da Inglaterra e da Escócia se uniram, até a realeza britânica vem há algum tempo demonstrando sintonia com essa nova ordem que os políticos brasileiros teimam em não enxergar. Na terça-feira 23, o príncipe William e a duquesa de Cambridge, Kate Middleton, deixaram o hospital St. Mary levando nos braços o recém-nascido George Alexander Louis. As ruas ao redor da maternidade estavam tomadas por uma multidão que passou dias e noites em vigília à espera para saudar o bebê real. Com um sorriso no rosto, o casal acenou para o povo. Em seguida, o príncipe abriu a porta traseira de sua Land Rover, acomodou o bebê em uma cadeirinha especial e ele mesmo sentou-se ao volante rumo ao Palácio de Kensington. Nada de carros oficiais, motoristas, batedores para evitar o trânsito londrino ou ostensiva segurança. Fora da realeza, o primeiro-ministro David Cameron protagoniza diariamente cenas que parecem obras de ficção aos olhos dos que se acostumaram aos hábitos das autoridades brasileiras. Apesar do poder que detém tanto na Inglaterra como em toda a Europa, Cameron vai trabalhar de metrô. E invariavelmente faz parte do percurso em pé, pois, quando entra no trem, o mesmo costuma estar com os assentos todos ocupados. Durante atividades de lazer, o primeiro-ministro também faz questão de se portar como um cidadão comum. Há cerca de 20 dias, retornava de férias com a mulher, filhos e uma babá de Ibiza para Londres. Viajava na classe econômica, como qualquer mortal inglês.
Também na Holanda a identificação com uma nova forma de exercer o poder se faz visível. Em abril, quando o príncipe herdeiro, Willen-Alexander, casado com a argentina Máxima Zorreguieta, foi entronizado, houve uma festa em Amsterdã que levou às ruas mais de um milhão de pessoas. Para o palácio real se locomoveram autoridades dos cinco continentes. Na ocasião, coube ao novo rei encaminhar uma mensagem a seus convidados pedindo para que não levassem nenhum tipo de presente, em respeito à austeridade que a crise econômica tem imposto aos vários governos europeus.
É verdade que o papa, o príncipe, o primeiro-ministro e o rei pertencem a uma espécie de políticos forjada ao longo de séculos, que vivenciaram guerras e revoluções. Isso os faz bem diferentes dos políticos brasileiros. No entanto, tal constatação não pode servir de justificativa para o que se observa por aqui. Nem mesmo o fato de estarmos em um continente historicamente novo serve de desculpa. E a prova disso está no vizinho Uruguai. Lá, o presidente José Mujica, casado com uma senadora, abriu mão de morar no palácio presidencial e vive em seu pequeno sítio nos arredores de Montevidéu. Vai trabalhar todos dias dirigindo o próprio carro, um Fusca 1987. Durante o dia, quando precisa se deslocar, usa o carro oficial: um Corsa. E o aparato de segurança que o cerca é formado por apenas duas pessoas. "Sou um uruguaio e tenho que viver como vive a maior parte dos uruguaios. Só assim poderei entender quais as reais necessidades do país e trabalhar por elas", diz o presidente de 77 anos. São ensinamentos que vêm de longe e de perto. Não aprende quem não quer.


Airbus turbina

A EADS, dona da fabricante de aviões, unifica operações civis e militares para fortalecer sua imagem e fazer suas vendas globais decolarem

Hugo Cilo

Em maio do ano passado, o executivo alemão Tom Enders, 55 anos, conhecido por seu estilo conservador de administração, avesso a mudanças bruscas, assumiu a presidência mundial da European Aeronautic Defence & Space (EADS), empresa franco-alemã dona da fabricante de aviões Airbus, com uma missão principal: desviar a companhia das turbulências que surgiam no horizonte. Os cortes nos gastos militares em todo o mundo e a retração das encomendas da aviação comercial, decorrente da crise europeia, moldaram um cenário tempestuoso para os negócios do grupo. Na quarta-feira 31, Enders contrariou seu estereótipo e pilotou uma ousada correção de rota nas operações da EADS. O executivo mudou o nome da companhia, que passou a se chamar Airbus Group, e colocou as divisões de defesa e aeroespaciais sob o mesmo teto.

“Chegamos à conclusão de que agora é o momento de criar uma nova marca para todo o grupo”, disse Enders, durante o anúncio na sede francesa da empresa, em Toulouse. Com a mudança, a Airbus Group passou a ser formada por três divisões: Airbus (operações comerciais), Airbus Defence & Space (unindo a divisão de defesa, que se chamava Cassidian, à unidade aeroespacial Astrium) e Airbus Helicopters, dona na Helibras, fabricante brasileira de helicópteros. Sob essa nova estrutura, a divisão Airbus Defence & Space mudará sua sede de Toulouse para Munique, na Alemanha. “Era uma decisão que estava sendo pensada há muito tempo”, afirmou Enders. A unificação dos nomes é vista como fundamental para garantir a lucratividade e fortalecer sua imagem no mercado mundial.

No segundo trimestre deste ano, as encomendas da EADS mais do que triplicaram na comparação com o mesmo período de 2012, para € 96,6 bilhões. A alta foi sustentada pela divisão de aviões comerciais, que neutralizou o desempenho das encomendas às divisões de defesa e aeroespacial, que caíram 12% em relação ao segundo trimestre de 2012. “Com um único nome teremos maior capacidade de investimento e mais força nas negociações”, disse à DINHEIRO o presidente da EADS Brasil, o francês Bruno Gallard. O Airbus Group, como passará a ser conhecido daqui para a frente, deverá promover a unificação de operações, criando uma sinergia maior entre as divisões. A reformulação poderá resultar em cortes de custos e demissão de funcionários. Sobre isso, no entanto, Enders não quer falar. Afinal, o executivo continua avesso a turbulências.


Holofote

Ameaça na fronteira

A Marinha detectou a entrada pelo Rio Solimões de um novo tipo de pasta de coca, com altíssima concentração do princípio ativo. A droga custa 3.500 dólares o quilo, o dobro da comum, e é produzida no Peru, por colombianos.


SITE A TARDE (SV)

Aeronáutica oferece 80 vagas para médicos

A Aeronáutica está com inscrições abertas para o exame de admissão ao Curso de Adaptação de Médicos. São 80 vagas para mais de 20 especialidades em 23 cidades, inclusive Salvador.

Para participar da seleção, os interessados devem ter curso superior na área médica para qual pretendem concorrer e realizar inscrição até o dia 13 no site www.fab.mil.br ou www.ciaar.com.br.

A taxa é de R$ 120 e o processo seletivo contará com prova escrita de língua portuguesa e conhecimentos especializados, análise da Secprom ou da SECPG, exames médicos e prova prático-oral. Os aprovados farão curso em o curso Belo Horizonte, em Minas Gerais.



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