NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 27/07/2013
Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.
EUA têm domínio total da informação
entrevista com Silvio Meira, cientista-chefe do C.E.S.A.R.
Paulo Henrique de Noronha
Silvio Meira, cientista-chefe do C.E.S.A.R., alerta que o governo dos EUA tem acesso fácil aos dados do mundo na internet e com apoio
da lei do próprio país, já que os gigantes da web – Facebook, Google e Twitter – são empresas norte-americanas. “Eles dominam esse mercado de uma forma quase total, muito mais do qualquer outra categoria na história da economia mundial”
"Os EUA mantêm o domínio da informação de forma global"
A comunidade de informática desconfiava, mas agora sabemos: estamos nas mãos dos Estados Unidos. O alerta é do engenheiro eletrônico Silvio Meira, ao analisar a espionagem da agência de segurança norte-americana (NSA) sobre o Brasil. Cientista-chefe do C.E.S.A.R. (instituto de Recife duas vezes premiado pela Finep como instituição mais inovadora do Brasil), Meira conta que praticamente tudo que fazemos na internet — emails, conversas no Skype, vídeos, fotos, posts nas redes sociais — está armazenado nos Estados Unidos. E o governo de Washington tem acesso fácil a esses dados, a hora que quiser e com apoio da lei. A lei deles, é claro, pois Facebook, Google e Twitter são empresas norte-americanas. Nunca na história do mundo, ressalta Meira, os Estados Unidos tiveram tanto poder econômico, proveniente de seu monopólio sobre a informação global. Em entrevista ao Brasil Econômico, Meira, que é PhD em Computação pela universidade de Kent at Canterbury, na Inglaterra, diz que o Brasil tem conhecimento tecnológico de nível mundial, mas nos falta competitividade para transformar inovação em negócios. “O custo Brasil para competir em tecnologia é alto demais”, sentencia.
Paulo Henrique de Noronha
Como se diz nas redes sociais, quer dizer que Obama agora sabe tudo da sua vida?
Agora, não! Agora, a gente sabe que ele sabe... Acho que a comunidade de informática imaginava alguma coisa bem parecida com isso, a gente sabia que podia ser feito, que provavelmente estava sendo feito, mas não tinha ideia da extensão da coisa. Há uns dois anos falei numa palestra que a maior obra de construção civil dos Estados Unidos era um prédio sendo construído em Utah para abrigar o data center da NSA (Agência Nacional de Segurança), uma obra estimada em US$ 2 bilhões. Então, os caras não estão brincando...
No Brasil somos quase 200 milhões de habitantes. Qual a possibilidade de um brasileiro de baixa renda que usa seu email através de uma lanhouse ter sido investigado pela NSA?
É alta, desde que ele seja o que eles chamam de uma “pessoa de interesse”. Digamos que há uma pessoa que eles acham que conversa com outras pessoas que sejam perigosas. Aí, esse cara liga para mim, e em seguida você me entrevista pelo telefone. Pronto, você, jornalista, já está no registro deles, acabou de entrar na lista da NSA. É a propriedade da transitividade. Quem interessa é todo mundo por quem as pessoas nas quais eles estão interessados se interessam. Eles devem capturar inclusive os metadados, que não é a conversa telefônica em si, mas o número do telefone que ligou, o dia, a hora, o local que a ligação foi feita. Antigamente, não dava para ficar olhando todas as cartas de todas as pessoas do mundo, o trabalho era muito grande. Agora, a gente sabe que o governo norte-americano tem isso, os governos inglês e francês têm isso também, o chinês já tem há muito tempo. É um tipo de tentativa de controle do cidadão pelo Estado, de saber o que todo mundo está fazendo o tempo todo.
A gente está diante do maior Big Data do mundo?
Exatamente. Tem muita coisa que eu perdi e que preciso recuperar, números de telefones, e-mails deletados, que deve estar tudo lá com eles. Bem que eles podiam prestar esse serviço pra gente e nos dar acesso a esses dados (rsrs). Em verdade, não estamos falando de Big Data, a quantidade de dados desses bancos é mais para Huge Data, nem eles imaginavam há 10, 15 anos, que teriam acesso a tantas informações. O que cria um baita problema. Como é que eu vou usar isso? Numa operação de um supermercado é mais fácil, porque eu sei que tenho certo tipo de cliente que compra mais cerveja em certos dias, e aí eu sei como desenhar minha cadeia de suprimentos para que tenha mais cerveja nesses dias. O varejo, hoje, é guiado por dados. Mas o que vemos nessa operação norte-americana é que ela é extremamente eficiente na coleta de dados,mas não necessariamente eficaz, porque dependerá da capacidade de processar esses dados todos. E é óbvio que muito provavelmente nem a NSA tem capacidade de processar tantos dados. Os Estados Unidos não conseguiram evitar que dois moradores em seu próprio solo, irmãos, que falavam muito entre si pela Internet e por telefone, um dos quais tinha ido a uma ex-república soviética associada à violência terrorista,mesmo com esse Huge Data não foi possível evitar que eles colocassem bombas na Maratona de Boston. Ou seja, ainda tem um rombo monumental na eficácia do uso desses dados, não é uma coisa mágica.
Qual é a dificuldade?
O negócio de intelligence consiste em você capturar a informação - de preferência sem que a pessoa saiba, para ela continuar agindo normalmente -,armazenar, processar e aí tem uma operação de sense making, de fazer aquela informação fazer sentido, ter uma utilidade. Eu olhar para trilhões de ligações telefônicas não adianta de nada, porque a maior parte das pessoas está falando coisas que não me interessam. Para criar sentido, você tem que procurar alguma coisa. Há amplas plataformas por trás desses processos de espionagem que sabem mais ou menos o que procurar, que tem teses e hipóteses a serem provadas. Tais como: “Será que na fronteira do Brasil com o Paraguai, que tem uma comunidade árabe relevante, a atividade de contrabando temo papel de financiar grupos terroristas?”. Tem que ter gente fazendo perguntas relevantes para tirar respostas úteis desse gigantesco banco de dados. Por outro lado, a tecnologia tornou isso mais fácil. Hoje, o cidadão normal olha para o Google apenas como uma caixinha para quem ele faz perguntas. Mas o programador olha para um negócio chamado API, Application Programing Interface. Nós deixamos de programar computadores isoladamente e passamos a programar a rede. O que a NSA faz? Ela começou a chupar informação diretamente das APIs do Google, do Microsoft Live, do Skype, da Apple...
Mas ela consegue fazer isso sem a colaboração dessas empresas?
Nem pensar! O NSA não consegue saber a pergunta que você está fazendo ao Google, mas o Google sabe. Ele guarda essa informação, porque usa para vender seus dados a terceiros, para esses terceiros botarem propaganda no Google. E o NSA usou um conjunto de termos legais associados à defesa e à segurança dos EUA para pedir ao Google e a outras empresas a informação que necessitam, sem precisar de autorização judicial.
Então o governo dos EUA tem base legal para fazer isso?
Tem, e essa base legal proíbe inclusive o Google e as demais empresas de revelarem publicamente que estão fazendo isso. Elas não podem nem falar sobre isso. A Microsoft e outras empresas agora estão pedindo autorização à Justiça para divulgar qual órgão pediu as informações. Essa legislação já existia antes do 11 de setembro e foi ampliada.
O Brasil tem tecnologia para construir algum firewall contra essa espionagem?
Em tese, sim. O conhecimento tecnológico que temos é pari passu como que se tem no resto do mundo. Mas há um problema: você, eu, todos temos um endereço de email do Gmail. E onde ele está armazenado? Fora do Brasil. E aí, não podemos fazer nada, porque está no território de um governo que tem suas próprias regras legais.
Então, não temos saída?
A única saída seria se houvesse serviços de classe mundial, como Gmail e Skype, feitos em países que não tivessem essa quase paranoia de capturar a informação que os EUA têm. E que esses serviços ficassem numa espécie de paraíso informacional global, similar aos paraísos fiscais do mercado financeiro, onde nossos dados estariam seguros e nenhum governo conseguisse capturá-los. De nada adianta qualquer sistema de defesa, porque todos os principais sistemas informacionais do mundo estão nos Estados Unidos. Eles dominam esse mercado de uma forma quase total, muito mais do que em cinema, TV, automóveis ou qualquer outra categoria na história da economia mundial. Muita gente defende que a gente fragmente a Internet, “vamos colocar uma barreira aqui e daí todos os dados brasileiros têm que ficar no Brasil”. Eu sou completamente contra isso, porque isso nos privaria de serviços de primeira classe da internet que só são fornecidos por outros países. Seria como proibir que os brasileiros fizessem comunicação por Skype.
Noticiou-se que a presidência da República estava usando o gmail e decidiu para de usar...
No caso do governo brasileiro, é até possível criar algum tipo de restrição. Definir-se, por exemplo, que a partir de um determinado escalão da hierarquia os servidores públicos não poderão usar Skype. Ou criar uma rede interna, no Serpro ou outro órgão, para circular documentos potencialmente sigilosos. Ou seja, é preciso fechar todas as fontes de informação do governo dentro do próprio governo, usando seus próprios serviços. Mas é preciso uma política estratégica de segurança. Há uma avaliação recente da Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação (Sefit) do Tribunal de Contas da União (TCU) que mostra que 60% de todos os órgãos da administração direta federal não têm uma política de segurança de dados. Então, você tira do Google e bota num site de governo que pode ser invadido a qualquer hora. E aí?
Empresas brasileiras também podem ter sido espionadas?
Eu não tenho a menor dúvida! Imagine quanto vale, no mercado internacional de commodities, uma informação, meses antes da colheita, da Embrapa ou dos esmagadores de soja, de que há uma praga nas plantações brasileiras. Ou que os Estados Unidos tivessem algum interesse nas empresas do grupo X, do Eike Batista. Obviamente que nos e-mails internos os dirigentes da EBX já conversavam sobre os problemas do grupo, muito antes de vir a público. Com certeza em algum lugar do grupo X tem a informação da produção de todos os poços, hora por hora. Quem soubesse antecipadamente que a produtividade desses poços era uma fração do que fora anunciada, certamente faria dinheiro com isso.
Mas alguma grande corporação internacional já poderia estar fazendo esse tipo de espionagem?
Em tese sim, mas para fazer na escala da NSA, você tem que ser a NSA. Se alguma corporação pedisse ao Google todos os e-mails da OGX, o Google não iria passar, porque eles não são loucos, há contratos legais de confidencialidade dos usuários.Recentemente a Abin (Agência Brasileira de Informação) passou a monitorar as redes sociais. Mas se dez caras criarem um grupo fechado no Facebook para planejar uma bomba na rua onde mora o governador, a Abin não consegue capturar a informação, a não ser que tenha a colaboração do Facebook. Você consegue muita informação que é pública, mas uma parte significativa, que é mais crítica, está fechada.
Então para o brasileiro, que não vive mais sem o Google e Facebook, nada pode ser feito...
Não tem jeito, mas também não precisa ficar apavorado. O que as pessoas precisam atentar é para o que dizem nos espaços públicos da internet. Eu vejo coisas absurdas sendo ditas no Twitter e no Facebook que depois essas pessoas se arrependerão profundamente. Eu escrevi no meu blog há algum tempo que as redes sociais são como uma grande mesa de bar. No bar, depois da terceira dose, você fala qualquer coisa e depois ninguém mais sabe quem disse o quê. Nas redes sociais, fica tudo escrito e guardado.
Uma das primeiras reações do governo brasileiro quando foi noticiada a espionagem da NSA foi tentar apressar a aprovação do marco civil da internet.
Isso não adianta absolutamente de nada contra a NSA... Tem um livro de um advogado norte-americano chamado Lawrence Lessig, chamado “Code is Law” (“O código é a lei”), que diz que, na prática, o que vale é o código que está rodando. Está escrito na legislação que é proibido coletar dados do cidadão,mas aí alguém escreve um código de programação que fica embutido no sistema, completamente invisível para qualquer pessoa normal e até mesmo para uma auditoria técnica específica, e passa a coletar os dados. O que a lei pode fazer em relação ao código? Posso até depois ir atrás de quem fez isso com as regras, mas aí o dano já estará feito. Milton Santos, grande geógrafo brasileiro já falecido, dizia o seguinte: “Quem detém a propriedade efetiva de um terreno é quem o opera, e não o seu dono legal”.
Mas o marco civil é importante?
É absolutamente essencial. Faz algum tempo que a gente começou a fazer leis de criminalização de condutas dentro da internet, como a Lei Carolina Dickman, sem antes ter tido uma legitimização do espaço da internet do ponto de vista do direito do cidadão. A Lei Carolina Dickman nunca deveria ter sido aprovada antes de a gente aprovar o marco civil. É o mesmo que aprovar uma lei definindo um crime antes de termos um Código Penal. Isso é o resultado de fazermos as coisas de forma atabalhoada no Brasil. Você não diz o que é o todo e começa a definir as partes, depois vira uma bagunça que ninguém vai entender.
Há algum país que seja referência em termos de marco civil?
Nenhum. A maioria dos legisladores que está tratando disso em qualquer país do mundo, hoje, não tem vivência suficiente de internet para discutir a validade de regras sobre ela. O espaço político não consegue entender em detalhes a internet. Além disso, a velocidade de evolução da web exige que você atualize as regras quase que constantemente. Mas em qualquer país é dificílimo mudar a legislação depois que ela está aprovada, principalmente se for uma legislação recente. Por isso, o marco civil tem que ser um conjunto de regras absolutamente gerais, que não atrapalhem a evolução da internet.
Já entramos na erado BigData?
Sim, o governo tem isso em grandecíssima escala, empresas, como grandes cadeias de varejo, de infraestrutura, de transportes, usam isso de forma intensa. O processo de tomada de decisões em cadeias líderes como Walmart e Zara já depende de dados há muito mais que uma década. A Zara não se tornou líder à toa, ela teve a competência no processamento de dados para desenhar sua cadeia de produção de forma distribuída, de maneira que, quando ela bota uma roupa na vitrine, se vender numa certa velocidade, ela ativa sua cadeia de produção para fabricar mais daquela roupa. E, se não vender, ela tira automaticamente aquela roupa da vitrine e faz outra completamente diferente. E isso com uma velocidade de lançar moda praticamente uma vez por semana. O varejo brasileiro também é muito competente em usar isso. Não pense que as liquidações semanais da Casas Bahia, às vezes diárias, são definidas pela cabeça de alguém, tem dados e tem uma base por trás disso, é um processo muito sofisticado. Mas, em verdade, esse negócio de Big Data mal começou ainda. Nós ainda estamos no que eu chamo de Little Big Data. O Big Data de verdade deve demorar para começar. Por exemplo, na hora que você conectar todos os carros na rede, através de um chip em cada motor, jogando dados 24 horas por dia no sistema da fábrica sobre o funcionamento daquele motor — e esses dados forem processados de tal forma que o fabricante mande a informação para o proprietário de que ele está esticando demais a terceira marcha, e que se continuar assim ele pode perder a garantia— aí você terá cem, mil vezes mais informações para processar do que tem hoje.
O Brasil tem profissionais suficientes para o Big Data?
Sempre vai faltar capital humano em informática. Porque é “muito fácil” todo mundo tomar a decisão de se fazer alguma coisa. Se você for construir uma fábrica de automóveis, leva um ano para planejar, mais dois para construir, mais um para obter as licenças ambientais, e aí você tem tempo para treinar os operários. Em informática é diferente: eu e você somos diretores de uma empresa e decidimos que a partir de amanhã queremos que todos os dados dos caixas de nossas mil filiais sejam processados para dar uma avaliação hora por hora do que está se vendendo. Sempre é fácil pedir e ninguém imagina que há processos tão complexos em informática quanto construir uma fábrica de automóveis. A estimativa atual no Brasil é de que faltam 100 mil profissionais de informática. E daqui até 2017 a previsão é de um aumento de 50% nessa demanda.
Já declaramos o Imposto de Renda pela Internet. Seria possível, e seguro, vota o plebiscito da reforma política via Internet?
A pré-condição para você fazer o plebiscito é cultural, você tem que estar num ponto onde todo mundo entenda o que está sendo perguntado. Por que a gente não usa as redes sociais para ajudar no processo de construção de consenso, para promover uma discussão ampla, multifacetada, que é impossível de se promover em debates na televisão? Podíamos usar as redes para fazer um processo combinado de construção coletiva de conhecimento, que desembocasse numa reforma política feita por profissionais, com base nas contribuições que viessem das redes, e que voltasse para as mesmas redes para um referendo. Simplesmente chegar e propor uma reforma é uma maneira atabalhoada de dizer “Estou dando alguma resposta ao que as ruas estão pedindo”. Mas isso não é resposta nenhuma.
Você sugere que a propaganda eleitoral de rádio e TV fosse para as redes sociais, permitindo interatividade como eleitor?
Sim, mas comas proposições da propaganda eleitoral não sendo impositivas,mas sim provocativas. Por exemplo, numa semana se passaria discutindo no Facebook e no Twitter uma determinada questão, com centenas de pessoas de todos os setores discutindo o tema. As discussões políticas no Brasil são que nem discussão de futebol, ninguém muda de time. No Brasil, nós temos 75% de analfabetos funcionais, ou seja, pessoas que não têm condições de ler um parágrafo com algum grau de complexidade e conscientemente ser contra ou a favor da ideia contida naquele parágrafo.
O Brasil tem um histórico de pouco investimento em tecnologia de ponta. O país evoluiu nisso?
Se você olha para conhecimento no estado bruto, a gente está pari passu com o mundo. Mas quando se olha para a capacidade de empreendimento do mercado, aí entramos na regra de exceções: tem a Embraer, tema Gerdau, tem a Ambev e... cadê o restante? Não temos aquelas centenas de empresas inovadoras capazes de estabelecer a presença brasileira no cenário internacional. E aí se pergunta: por que? Para começar, o processo de transformação de conhecimento em negócios, de sair do ambiente acadêmico para o mundo comercial — que acontece nos Estados Unidos em grande escala e em escala crescente na China, na Tailândia e no Vietnã — esse processo requer que o país esteja preparado para competir. O custo Brasil para competir em tecnologia é alto demais. Temos um exemplo que acho dramático: a gente internalizou a produção do iPhone no Brasil e o preço não caiu um real. O processo de transformação de conhecimento científico em negócios depende de capacidade empreendedora e investidora, depende da fluidez dos processos na alfândega, do tratamento que o país dá para investidor, depende de uma quantidade absurda de fatores. Há um indicador do Banco Mundial, Doing Business (Fazendo Negócios), que mostra a qualidade de empreendedorismo de um país. Nesse ranking, o Brasil vai de mal a pior. Em 2012 estávamos em126º lugar, logo abaixo da Bósnia-Herzegovina e logo acima da Tanzânia. Em 2011, estávamos no 120º e agora em 2013 caímos para o 130º posto, com Bangladesh em 129º e a Nigéria em 131º. Os primeiros em 2013 são Cingapura, Hong Kong, Nova Zelândia, EUA, Dinamarca, Noruega, Reino Unido, Coreia, Geórgia e Austrália.
Qual o diferencial deles?
Nesses países, você abre uma empresa e começa a funcionar em três dias. Eu já vi o pessoal abrir uma empresa nos EUA daqui de Recife, pela Internet, em três dias. O que acontece no Brasil? Como aqui se assume que qualquer facilidade que se der vai ser usada para o mal, como se todo brasileiro fosse ladrão, a gente vai complicando o sistema de regras, na contramão do mundo, que está evoluindo para fazer negócios de maneira mais célere. A Turquia, que tem essa série de manifestações agora lá, está em71º nesse ranking.
Mas como mudar isso?
Para termais empresas em inovação e parar de ficar citando sempre Embrapa, Embraer, Petrobras como as únicas, eu proporia que a meta fosse, em 2035, o Brasil subir para a posição nº 90 nesse ranking. É o possível. Você precisa mudar legislação trabalhista e fiscal, o tratamento ao investidor, a eficiência do Estado, dos aeroportos, a malha das estradas. Aqui nossos aeroportos fecham por causa de neblina porque não têm os instrumentos adequados. Em Moscou, onde neva seis meses por ano, o aeroporto nunca fecha. Aqui proliferam universidades corporativas nas empresas porque o cara se forma em escolas precárias e chega ao local de trabalho sem condições. Não vamos conseguir mudar o que o Brasil faz em tecnologia se não mudarmos o Brasil. As pessoas não foram para as ruas por outras razões: é porque o trânsito não funciona, porque o governo não funciona, porque eu pago uma fortuna de imposto e tenho que botar meu filho numa escola privada. E porque agora temos informação, sabemos que nos Estados Unidos o cidadão paga menos impostos e tem serviços públicos melhores.
Você está traçando um cenário muito pessimista...
Nossa problemática é realmente gigantesca. Mas eu sou otimista à beça, continuo trabalhando muito para mudar essa coisa toda para a gente chegar a algum lugar.
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Mudança do local de evento altera planejamento da segurança do papa
Alana Gandra
Rio de Janeiro
O Centro de Coordenação de Defesa de Área do Rio de Janeiro modificou o planejamento para a Jornada Mundial da Juventude, devido à transferência dos eventos programados para o final de semana, de Guaratiba para Copacabana, que terão a participação do papa Francisco. O centro passará a se dedicar exclusivamente, segundo informou a assessoria de imprensa, à coordenação das ações de defesa e segurança no local, tanto no sábado, como no domingo, em função da presença da presidenta da República, Dilma Rousseff.
Em nota divulgada no início da tarde de hoje (26), o Centro de Coordenação comunicou que “as Forças Armadas atuarão na situação de garantia da lei e da ordem, coordenando e complementando as ações planejadas pelos órgãos de segurança e ordem pública e, ainda, de outras instituições públicas não ligadas à área de segurança”. As Forças Armadas atuarão em Copacabana com um efetivo em torno de 7 mil militares.
Caberá à Marinha intensificar a segurança na orla da capital fluminense e na Baía de Guanabara, com destaque para o patrulhamento nas cabeceiras dos aeroportos Internacional do Rio de Janeiro/Galeão – Antonio Carlos Jobim e Santos Dumont. Dois grupamentos de Fuzileiros Navais serão utilizados na missão. Um deles reforçará as ações do Exército em Copacabana, enquanto o outro estará de sobreaviso para eventual necessidade de proteção de instalações militares.
O Exército cuidará das ações que envolvem os peregrinos da jornada, em área que se estenderá da Central do Brasil, passando pelas avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, pelo Aterro do Flamengo, até a Praia de Copacabana. O Exército vai coordenar também a segurança do altar, localizado na praia, onde estará o papa Francisco. Tropas de operações especiais do Exército farão as varreduras de defesa química, biológica, radiológica e nuclear, e ainda de prevenção, repressão e combate ao terrorismo. Outras tropas estão mobilizadas como forças de contingência.
A defesa aeroespacial e o controle do espaço aéreo serão exercidos pela Força Aérea. A Aeronáutica estará preparada para atuar como força de contingência na segurança dos aeroportos internacional e Santos Dumont.
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Hoje é dia de peregrinação para 1,5 milhão
São 9,5km, da Central do Brasil, na Avenida Presidente Vargas, até o palco principal, montado na Praia de Copacabana. A vigília começa às 19h30
Juliana Braga
Após o cancelamento das atividades em Guaratiba, na Zona Oeste, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou ontem o novo percurso da peregrinação de hoje, da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), antes da missa campal em Copacabana. Serão 9,5km, da Central do Brasil, na Avenida Presidente Vargas, até o palco central, montado na praia. O caminho será menor do que o original, que era de 13km. O público estimado é de 1,5 milhão de pessoas.
Para evitar transtornos, será aberta uma rota para a passagem dos peregrinos. O trânsito será interrompido a partir das 7h de hoje até as 19h de domingo. No bairro de Copacabana, a interrupção do tráfego ocorrerá apenas a partir do meio-dia. Às 19h30, começará a vigília, que deve durar duas horas, no palco central. A Missa de Envio, com a presença do papa, será amanhã, às 10h.
Os peregrinos poderão dormir na praia, mas não contarão com o conforto que teriam no Campus Fidei. “Em Guaratiba, há um terreno, com tantos banheiros por lote, água, tudo milimetricamente calculado. Não vamos ter essa infraestrutura em Copacabana e, por isso, em termos de conforto há essa diferença”, lamentou Paes.
Para reforçar a segurança, foram convocados 7 mil homens das três Forças Armadas. O Exército ficará responsável pela coordenação da segurança nas ruas por onde os peregrinos passarão, e por vigiar o altar, na praia. A Aeronáutica cuidará do espaço aéreo e a Marinha reforçará a vigilância da Baía de Guanabara, particularmente, a da cabeceira dos aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim.
O novo trajeto foi montado depois de os organizadores do evento decidirem que não seria viável fazer os eventos programados no Campus Fidei, uma área de 1,362 milhão de metros quadrados montada especialmente para a JMJ. O local começou a ser preparado ainda em 2011, quando a cidade do Rio foi confirmada como sede da Jornada, e conta com banheiros, lanchonetes, torres de vigilância e bebedouros. As chuvas que caíram na cidade, nos últimos dias, deixaram toda a área coberta de lama.
Compreensão
Ontem, o prefeito Eduardo Paes tentou minimizar os prejuízos causados pela troca do local das atividades. “Quero destacar, mais uma vez, que não houve nenhum investimento de recursos públicos para o evento de Guaratiba. Só entramos com os serviços. Todo o investimento foi da Igreja Católica, com o aporte de financiamentos privados, doações e arrecadação da venda dos kits peregrinos”, ressaltou. Ele pediu ainda a compreensão dos moradores de Copacabana. “Não podemos encarar essa decisão de transferir o local do Campo da Fé com um enorme problema.”
Paes também solicita a compreensão da população com relação ao tempo de deslocamento e à possível dificuldade em deixar o local onde acontecem os eventos. “Não há infraestrutura no mundo que receba 1,5 milhão de pessoas, de onde elas saem juntas, que não vai ter fila. É inviável, impossível”, destaca. “É diferente do réveillon, que alguns saem depois dos shows, dos fogos.” No domingo, o papa Francisco se despede do Brasil. Haverá uma cerimônia, cujo anfitrião será o vice-presidente Michel Temer, na Base Aérea do Rio.
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Com mudanças na programação, FAB altera operação para a JMJ
Força aérea não vai mais utilizar veículos aéreos não tripulados; equipamento seria utilizado pela primeira vez no evento
Marcelo Gomes
Rio de Janeiro
Em virtude da mudança do local da vigília e da missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude de Guaratiba (zona oeste) para Copacabana (zona sul), a Força Aérea Brasileira (FAB) não vai mais utilizar veículos aéreos não tripulados (VANTs, também conhecidos como drones) no Rio. As aeronaves seriam pilotadas da Base Aérea de Santa Cruz, na zona oeste, e sobrevoariam o Campus Fidei no sábado (27) e no domingo (28). Seria a primeira vez que a FAB empregaria os equipamentos nos céus do Rio. A Força Aérea utilizou um VANT para sobrevoar o estádio Mané Garrincha no jogo de abertura da Copa das Confederações, em junho.
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Polícia investiga avião achado sem piloto
Cidade de Andradina abriu inquérito para apurar o acidente que aconteceu em Nova Independência
Natália Bueno
A Polícia Civil de Andradina investiga o caso de um avião que foi encontrado incendiado e sem piloto ou passageiros, na tarde desta quinta-feira (25), em Nova Independência, a 289 km de Rio Preto. Este é o quarto acidente envolvendo aeronaves na região este ano (leia mais ao lado).
O avião foi encontrado por funcionários de uma usina, na pista de pouso que existe no local. Os bombeiros foram chamados e quando controlaram as chamas tiveram uma surpresa. Nenhuma vítima ou mercadoria foi encontrada. Segundo o delegado da Polícia Civil, Marcelo da Silva Zompero, não foi possível identificar a aeronave, que estava sem prefixo.
Zompero disse que os indícios levam a um incêndio criminoso. “Há a suspeita de que a aeronave transportava alguma carga ilícita. O piloto pode ter retirado a carga, posto fogo no avião e fugido em seguida, já que no local havia rastros de pneus”, disse ele. Apesar desta hipótese ser a mais provável, a polícia não descarta a possibilidade de um acidente ou queda da aeronave durante o pouso.
Um inquérito foi instaurado para apurar as causas do acidente e o desaparecimento do piloto. Uma equipe da Perícia Criminalística da polícia esteve nesta sexta-feira (26) no local. Segundo Zompero, o resultado deve sair em dez dias. Peritos do Seripa (Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), ligado ao Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), estiveram nesta sexta-feira à tarde no local. A assessoria de imprensa do órgão informou que ainda não sabe se investigarão o caso.
Quatro acidentes com aeronaves na região
Este foi o quarto acidente na região noroeste paulista envolvendo aeronaves. Em fevereiro deste ano, um monomotor, usado na pulverização agrícola, fez um pouso de emergência em uma fazenda, em Guapiaçu. O piloto da aeronave também não foi encontrado pelos bombeiros no local.
Dois aconteceram em julho deste ano
Em julho deste ano ocorreram dois acidentes. No primeiro, um homem morreu e outro ficou ferido na queda de um ultraleve, que pegou fogo ao cair em um canavial. O segundo envolveu um helicóptero, que teve de fazer um pouso de emergência em uma fazenda, em Icém. O piloto e os passageiros tiveram ferimentos leves.
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Falta de transparência reforça críticas a exportações de armas do Brasil
Deutsche Welle
País é quarto maior exportador de armamento leve do mundo e, apesar de defensor dos direitos humanos, tem entre clientes Estados contestados pelo autoritarismo
Durante os recentes protestos na Turquia, uma imagem não passou despercebida. Em meio às centenas de bombas de gás lacrimogêneo utilizadas pela polícia, algumas traziam o selo "made in Brazil". Dois anos antes, quando a Primavera Árabe chegou ao Bahrein, a bandeira brasileira também estava estampada em artefatos similares. Um deles, segundo ativistas, teria feito até vítimas – denúncia, no entanto, jamais confirmada.
Com vendas anuais superiores a meio bilhão de reais, o Brasil é hoje o quarto maior exportador de armas leves do mundo. E é, ao mesmo tempo, um dos que tratam com maior secretismo suas vendas. Não se sabe com precisão se o armamento vendido está nas mãos de países que respeitam os direitos humanos – valor tão defendido pela diplomacia brasileira – ou de regimes contestados pelo autoritarismo, como Turquia ou Bahrein.
"Essas informações são muito importantes, já que a venda triangulada acontece de forma frequente no mercado internacional de armas. Quer dizer, uma nação vende para um país que tem uma boa reputação no comércio internacional que, depois, funciona como intermediário e repassa as armas para outro que viola os direitos humanos", diz Bruno Langeani, do Instituto Sou da Paz.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as vendas de armas leves – como fuzis, espingardas, revólveres e pistolas – subiram 36 por cento em cinco anos, passando de 201 milhões de dólares em 2007 (440 milhões de reais) para mais de 315 milhões de dólares (700 milhões de reais) em 2012. Entre os dez maiores compradores de armas leves brasileiras estão países como EUA, Estônia, Paquistão e Emirados Árabes.
Já as vendas de bombas em geral, como gás lacrimogêneo e de fragmentação, tiveram um aumento exponencial na última meia década. Em 2007, as exportações foram de 460 mil dólares (um milhão de reais). Em 2011 passaram a 5,7 milhões de dólares (12 milhões de reais) e, em 2012, atingiram 17,8 milhões de dólares (40 milhões de reais).
Apesar de divulgar o total das exportações, o Brasil não informa quais tipos de armas foram comercializadas e em que ano ocorreram as transações. Além da preocupação com os países que violam os direitos humanos, há também dúvidas se os compradores têm condições de controlar seus arsenais.
"Se não existe esse controle, as armas podem ser desviadas para grupos terroristas, criminosos e dissidentes, que vão encabeçar um processo de guerra civil. Então esse tipo de transação tem que levar em conta a capacidade de controle que esses países têm", opina Langeani.
Procurada pela DW Brasil, a Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam) não quis se manifestar sobre o assunto.
Tratado de armas
Para muitos analistas, o Tratado sobre o Comércio de Armas da ONU, assinado no início de junho pelo Brasil, pode trazer mais transparência às vendas. O tratado regulamentou, entre outros pontos, a proibição da venda de armas convencionais a países sob embargo ou onde elas possam ser usadas para crimes contra a Humanidade, crimes de guerra e terrorismo.
"Alguns países estão em condições financeiras difíceis e é bem questionável se eles deveriam estar priorizando esse tipo de aplicação de seus recursos. Ter uma maior transparência por parte do Brasil auxilia também na mobilização da população em outros países, que não sabe o que seus governantes estão comprando e de quem estão comprando", diz Maurício Santoro, da Anistia Internacional no Brasil.
Mas para entrar em vigor, o Congresso Nacional precisa, ainda, avaliar e ratificar o tratado, o que pode acontecer neste ou no próximo semestre. "Nós propomos que o acordo seja tratado no Brasil como piso e não como teto, quer dizer, o país pode fazer mais do que isso", sugere Langeani.
De acordo com uma análise da organização suíça Small Arms Survey, baseada nos dados de 2010 – os mais recentes – da divisão de estatísticas da ONU (UN Comtrade, em inglês), o Brasil só fica atrás de Estados Unidos, Alemanha e Itália na exportação de armas leves.
A organização ainda faz a estimativa de que as transferências internacionais anuais de armas leves movimentam ao menos 8,5 bilhões de dólares (19 bilhões de reais). Seu relatório ressalta, no entanto, que avaliações precisas são difíceis devido à "relutância" de muitos países, como o Brasil, de divulgar publicamente a sua produção legal e dados sobre exportação e importação.
Incentivos do governo
O Brasil se tornou um dos maiores exportadores de armas leves do mundo por causa, em parte, de uma série de decisões políticas tomadas durante a ditatura militar. Segundo especialistas, tanto no país como no exterior, a indústria de armamentos depende da participação do Estado, seja diretamente, como acionista de empresas estatais, seja por meio de grandes encomendas.
Em 2008, por exemplo, o ex-presidente Lula lançou a Estratégia Nacional de Defesa. Entre os três principais objetivos do programa estava a reestruturação da indústria brasileira de material de defesa, que contou com isenção de impostos e uma série de ações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no financiamento de projetos.
A maior parte do mercado brasileiro de armas está nos EUA e nos países da União Europeia, mas tem havido um esforço do governo para ampliar esses mercados para África e Oriente Médio – onde há países em que as necessidades de equipamentos de defesa são mais modestas.
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Visita garantida
Denize Bacoccina
França
Com ou sem contrato para a compra de caças pela Força Aérea Brasileira, o presidente francês François Hollande confirmou sua vinda ao Brasil em dezembro. Ele vai se encontrar com a presidenta Dilma Rousseff na fronteira do Amapá com a Guiana Francesa, território do país europeu. Eles vão inaugurar uma ponte sobre o rio Oiapoque, financiada pelos dois países e pronta desde 2011 à espera de acordos de fronteira entre Brasil e França.
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A corte de porta aberta
Por Juliano Basile
De Brasília
A popularidade do ministro Joaquim Barbosa reflete, em boa medida, o prestígio do STF
Até nos casos em que populares insultam ministros, o STF responde educadamente, encaminhando cópia do voto e explicando as razões que levaram o magistrado a tomar determinada decisão.
No julgamento do mensalão, houve muitas manifestações de apoio aos ministros que votavam pela condenação dos réus, particularmente a Barbosa, relator do processo. E surgiram críticas severas àqueles que votavam pela absolvição, como o revisor, ministro Ricardo Lewandowski. Algumas queixas foram encaminhadas ao tribunal ainda no transcurso das sessões de julgamento, como, por exemplo, a reclamação contra dois "capinhas", assistentes de ministros, que trocavam risadas atrás de Barbosa no momento em que ele apresentava seu voto. "Corremos para o plenário para avisá-los e eles pararam de rir", contou Marisa.
O STF recebeu várias receitas de remédios para as dores nas costas de Barbosa. Entre elas, uma "garrafada" de ervas medicinais para a coluna. "O Supremo passou a ocupar no imaginário popular a figura do último guardião de Justiça. Com o ministro Barbosa na presidência e o julgamento da Ação Penal 470, esse sentimento se acentuou", diz Marcos Alegre Silva, assessor-chefe adjunto da Central.
Barbosa não pode aparecer em público sem ser abordado por pessoas que querem cumprimentá-lo. Numa viagem, ao fazer uma escala de poucos minutos na Base Aérea de Manaus, o ministro se viu subitamente cercado por mais de dez pessoas quando foi tomar um suco numa lanchonete. Militares, aposentados e até o atendente que o serviu tiraram fotos a seu lado. Se Barbosa vai ao shopping, a fila de cumprimentos se torna quase tão grande quanto a de entrada no cinema. "Atendo um por um", disse o ministro ao Valor.
Desde o julgamento do mensalão, o presidente do STF passa por uma espécie de beatificação junto à população. Sem ser candidato à Presidência, subiu de 9% para 15% nas pesquisas, entre dezembro e junho, período que coincide com a conclusão do processo e o início dos protestos nas ruas do país.
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Prejuízo da Embraer
A Embraer encerrou o segundo trimestre com prejuízo de R$ 9,9 milhões, revertendo o lucro de R$ 124 milhões registrado um ano antes. O resultado foi afetado principalmente pelo Imposto de Renda diferido de R$ 201,9 milhões com a apreciação do dólar. Sem esse efeito, o lucro da empresa teria ficado em R$ 192 milhões, informou a companhia. Além do efeito tributário, houve piora no resultado operacional. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recuou 18,6%, para R$ 427,1 milhões. Entre abril e junho, as receitas caíram 4,2%, para R$ 3,23 bilhões, como reflexo do menor número de entregas. No período, a Embraer entregou 22 aviões comerciais, abaixo dos 35 jatos faturados no mesmo período de 2012. Na aviação executiva, que engloba jatos de menor valor, as entregas subiram de 20 para 29.
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O DIÁRIO DE MARINGÁ
Agência Estadual de Notícias
MONITORAMENTO DE FRONTEIRAS NO SUL DEVE COMEÇAR PELO PARANÁ, PEDE BETO RICHA
O governador Beto Richa encaminhou nesta semana um ofício ao Ministério da Defesa solicitando que a segunda fase do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) seja implantada na região de fronteira do Paraná com o Paraguai e Argentina. "Por sua posição estratégica, entendemos que o Paraná tem que receber esse projeto que será fundamental para o combate da criminalidade no Brasil", disse o governador.
O programa, que terá investimento de R$ 11,9 bilhões em dez anos, irá fortalecer a atuação do Exército garantindo mais infraestrutura no controle e combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas e armas na faixa de fronteira do Brasil. Ele prevê investimentos de R$ 5,9 bilhões em infraestrutura tecnológica, R$ 3 bilhões em infraestrutura de obras civis e R$ 3 bilhões para infraestrutura de apoio à atuação operacional em toda a fronteira terrestre nas regiões Norte, Centro Oeste e Sul.
A primeira fase está sendo implantada neste ano no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, na fronteira terrestre com Paraguai e Bolívia. "Daremos todas as condições às Forças Armadas, principalmente ao Exército, para que executem as ações já em 2014, pois o Paraná pode contribuir com os objetivos do Sisfron. Esse é um projeto de Estado e não de governo", afirmou Richa.
O Paraná tem 19 municípios que fazem fronteira direta com o Paraguai e a Argentina, numa extensão territorial de 1,4 mil quilômetros, e outros 120 municípios na área de influência da fronteira. Os principais crimes cometidos na região são tráfico de drogas, tráfico de armas, explosivos e munições, contrabando e exportação ilegal, roubo e furto de veículos, imigração ilegal de pessoas, bem como a atuação do crime organizado internacional.
"Essa segunda etapa poderá contar com o total apoio do governo do Paraná, já que identificamos toda uma oferta de infraestrutura ao projeto", esclareceu o governador no ofício enviado ao ministro Celso Amorim. O Sisfron é um projeto integrado entre as forças policiais e que prevê aumento de efetivo, construção de novas bases e investimentos em tecnologia para o monitoramento dos 16 mil quilômetros da faixa de fronteira terrestre brasileira.
Os secretários da Segurança, Cid Vasques, e de Representação do Paraná em Brasília, Amauri Escudero, participaram de encontros com os responsáveis pelo Exército na execução do programa, principalmente os generais Antonino dos Santos Guerra Neto e João Roberto de Oliveira. "A implantação desse investimento trará enormes ganhos ao Paraná. Confiamos que o Ministério da Defesa atenderá o pedido do governador Beto Richa para esta segunda fase, estendendo a estrutura de monitoramento que está sendo montada na fronteira com o Paraguai", disse Amauri Escudero.
Ele destacou que ainda que o projeto trará novas oportunidades de negócios para as empresas de tecnologia paranaenses para as inovações com conteúdo nacional exigidos para os novos radares, sistemas de comunicação e veículos aéreos não tripulados ao Exército.
PARCERIAS
"O Paraná desenvolve também programas específicos na área de Segurança Pública, que podem ser perfeitamente integrados ao Sisfron", disse o governador, ao citar como exemplo o Batalhão de Fronteira da Polícia Militar, sediado em Marechal Cândido Rondon.
Richa citou alguns fatores que são decisivos para a escolha do Paraná, como as unidades do Exército, Aeronáutica e Marinha próximas à fronteira internacional, rodovias asfaltadas, rede de comunicação de dados e telefonia celular e fixa, aeroportos estaduais asfaltados à disposição para sediar as aeronaves remotamente pilotadas, desde o início de nossa fronteira com o Paraguai (Guaíra) até a Argentina (Barracão), passando pela tríplice fronteira em Foz do Iguaçu.
O governador sugeriu ainda que a Celepar atue junto ao governo federal no desenvolvimento de produtos nacionais de Defesa Cibernética, bem como compartilhar os dados obtidos no monitoramento para uso civil, como controle de cargas, combate a sonegação fiscal, defesa agropecuária entre outros programas que podem ser integrados.
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PORTAL DE NOTÍCIAS DO VALE DO CAÍ
Renato Klein
O CAIENSE QUE PROTEGE O PAPA
O Brigadeiro Carlos José Alencastro é responsável pelo transporte aéreo de presidentes e até dos papas
Carlos José Rodrigues de Alencastro é Brigadeiro-do-ar. Com apenas 53 anos ele já atingiu um dos mais altos postos existentes na hierarquia da Força Aérea Brasileira. Deverá, portanto, chegar ao máximo escalão da corporação.
Ele há muito tempo se destaca. Primeiro como piloto das aeronaves em que viajam o presidente da república e outras autoridades federais. Mais recentemente, ao invés de pilotar, ele comanda a unidade da aeronáutica que transporta as maiores autorridades do país e até mundiais, quando visitam o Brasil.
Carlos José Alencastro é caiense, filho de Octaviano e Therezinha Alencastro. Seu pai já é falecido e a mãe continua morando no Caí.
Quando da visita do papa João Paulo II, em 2001, o oficial caiense pilotou o avião em que ele se deslocou pelo país. Agora não coube a ele pilotar o helicóptero que conduziu o Papa na sua ida do Rio a Nossa Senhora Aparecida. Mas é ele que comanda a divisão da aeronáutica encarregada desse trabalho.
Por isso, quando o Papa chegou ao santuário, descendo do helicóptero, o comandante Alencastro estava ao seu lado, supervisionando o serviço e recepcionando o líder mundial do catolicismo.
Como comandante da 2ª Força Aérea (2ª FAE), com sede no Rio de Janeiro, ele é responsável por todas as unidades de helicópteros, aviação de patrulha e aviação de busca e resgate da FAB, encarregada também de dar apoio às operações da Marinha.
Carlos José nasceu e morou no Caí até os 17 anos. Seu pai, trabalhou no DAER e na Corsan e já é falecido. Sua mãe ainda reside no Caí. Ele tem duas irmãs, Gilda, residente em Novo Hamburgo, e Isabel Cristina, em Lajeado.
Carlos José estudou na escola Felipe Camarão, onde concluiu o ensino fundamental. Era um garoto muito inteligente e esforçado. Por isso passou num concurso e ingressou na Escola Preparatória de Cadetes da Aeronáutica, em Barbacena, no estado de Minas Gerais, iniciando sua carreira vitoriosa.Leia também: