NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 24/07/2013
Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.
Novos aeroportos em SP
Focado na aviação executiva, empreendimento da Hárpia Logística, em Embu-Guaçu, deve ser o primeiro construído pela iniciativa privada. Dois outros empreendimentos,em São Roque e Caçapava, seguem a trilha
Erica Ribeiro e Daniel Carmona
Às margens do trecho sul do Rodoanel Mário Covas e próximo da divisa com o município de Embu- Guaçu. Este é o local escolhido para a construção do novo aeroporto de São Paulo, batizado de Aeródromo Harpia, um inédito empreendimento costurado pelos empresários André Skaf e Fernando Botelho Filho a partir de uma sociedade na área de logística estabelecida em 2012.
O projeto, que terá sua execução autorizada amanhã no escritório da Presidência da República na capital paulista, vai contemplar a aviação executiva, que hoje lida com custos elevados e gargalos operacionais nas tradicionais praças de Congonhas, Cumbica e Campo de Marte. Ligado à Camargo Corrêa, da família de Fernando, a construtora que será responsável pelo empreendimento, a Andrade Gutierrez, também deve entrar como parceira. Botelho e André, este filho de Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), apresentaram à Secretaria da Aviação Civil (SAC), entre os meses de março e abril, os respectivos pedidos de autorização para a construção do aeroporto e de exploração do espaço em conformidade com o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).
A informação foi antecipada com exclusividade pelo Brasil Econômico em entrevista como ministro Moreira Franco (Aviação Civil). Também chamado de Aeródromo Privado Rodoanel, o Harpia será o primeiro empreendimento privado do gênero no país autorizado a operar vôos de aviação executiva e a cobrar tarifas aeroportuárias. De acordo com o projeto apresentado ao governo, ele terá uma pista de 1.830metros de extensão e será capaz de operar até 240 mil pousos e decolagens por ano.
O aeródromo deverá atender a atividades de aviação geral (executiva), serviços de táxi aéreo, operação de helicópteros, movimento de cargas e armazenagem de peças de aeronaves privadas. Existem dois tipos de aeroporto no país: os aeródromos civis públicos, abertos ao tráfego aéreo de qualquer aeronave, e os privados, nos quais só os proprietários e pessoas autorizadas por eles podem fazer pousos e decolagens. A exploração comercial de aeródromos de uso privado é proibida. Todavia, o Decreto Nº 7.871, de 21 de dezembro do ano passado, estabeleceu a chamada autorização como modalidade de outorga.
Por ela, empreendedores privados poderão abrir aeroportos de uso público e cobrar tarifa, desde que toda a execução da obra, a manutenção e a segurança - inclusive contra incêndios - sejam de responsabilidade exclusiva das empresas. As regras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do Comando da Aeronáutica também deverão ser observadas, e os empreendimentos estão sujeitos a fiscalização.
O regime tarifário previsto pela Anac deve ser respeitado, com recolhimento de um adicional de tarifa aérea (chamado Ataero), que equivale a 35,9% da tarifa original e é destinado ao Fundo Nacional da Aviação Civil (Fnac). Por ora, a administração do espaço ficará a cargo da própria Harpia Logística, empresa aberta no último mês de agosto com o capital de R$ 1,7 milhão. No entanto, aéreas como TAM e Gol já demonstraram interesse em um futura aproximação. O aeródromo funcionará numa área de quase 3,5 milhões de metros quadrados, um dos últimos terrenos aptos a receber um empreendimento desse tipo na capital paulista.
O investimento estimado é de R$ 500 milhões para uma obra com três anos de duração. A efeito de comparação, a distância para Congonhas, em linha reta, será de 20 km. No espaço ainda estão previstos módulos comerciais, um hotel de médio porte e postos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Receita Federal.
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“Eles vão ajudar a desafogar a demanda reprimida", diz diretor da Abag
Empreendimentos vão impulsionar o setor e também a economia de cidades no interior
O aeroporto que será inaugurado na região do Rodoanel vai ajudar a desenvolver a aviação geral em São Paulo e, consequentemente, em todo o país. E não será o único - outros dois projetos devem sair em breve do papel. O diretor da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), Ricardo Nogueira aplaude os investimentos da iniciativa privada, que sofre pela demanda reprimida.Nogueira sugere que, além de São Paulo, outros estados, como o Rio de Janeiro, também possam ser contemplados com mais e melhores espaços para um mercado que só tende a crescer nos próximos anos, principalmente com a movimentação prevista para eventos como a Copa e Olimpíadas. “As pistas que temos são praticamente as mesmas há 50 anos.
Enquanto isso, a demanda cresceu e esse descasamento reduziu o desenvolvimento da aviação geral. Há um projeto do governo federal para melhorar as condições de 270 aeroportos regionais. Mas novos projetos e novos aeroportos em andamento no momento são os da iniciativa privada. A Abag só pode aplaudir esse movimento", diz Nogueira. “Temos que ter espaço porque a previsão é de crescimento de 5% na frota nacional, hoje com 14 mil aviões e helicópteros", ressalta. Para o diretor da Abag, os novos projetos ajudam também a melhorar o tráfego em áreas como o Campo de Marte, também em São Paulo, onde a capacidade já está no limite.
Sem falar em Congonhas e Guarulhos, também saturados e com restrições para o movimento de jatos executivos e helicópteros em suas pistas. Para o consultor técnico da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Adalberto Febeliano, estes e outros projetos que virão vão permitir a retomada do crescimento da aviação executiva, sobretudo em São Paulo. “Hoje, não existem mais locais disponíveis para, digamos, ‘estacionar’ aeronaves. O táxi aéreo continua em Congonhas e a aviação geral no Campo de Marte.
Novos empreendimentos, sem dúvida, vão expandir o mercado em todo o país", acrescenta Febeliano. Outros dois projetos estão em andamento no interior de São Paulo. São complexos que incluem escritórios, hangares, condomínios residenciais e hotéis. Empreendimentos que vão ajudar a movimentar também a economia das cidades onde serão instalados. Segundo o diretor da Abag, estes novos aeroportos ficam prontos em três anos. A JHSF, conhecida pelo empreendimento Cidade Jardim, em São Paulo, fechou uma parceria com a consultoria C-Fly para o projeto Catarina, na cidade de Araçariguama, próximo a São Roque.
O empreendimento terá hotel, centro de convenções, campo de golfe, hangares e escritórios e está estimado em R$ 1 bilhão até o momento. Nogueira diz que o foco da empresa como complexo é atender também o mercado internacional. O outro projeto, que se chama Aerovale, fica em Caçapava, perto da rodovia Carvalho Pinto e há cinco quilômetros de São José dos Campos. O responsável pela obra é a Penido Construtora, empresa local, que atua em empreendimentos empresariais e residenciais. Serão hangares, escritórios e espaço para expansão, com previsão de um empreendimento hoteleiro, lojas, restaurantes e bancos .
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O que diz a lei
O Código Brasileiro de Aeronáutica (previsto na Lei nº 7.565/1986) proíbe a exploração comercial dos aeródromos particulares no país. Ou seja, os donos não podem cobrar tarifas. Pela legislação, essas áreas não têm zona de proteção garantida e estão sujeitas a restrições operacionais motivadas por novas instalações ou construções no seu entorno. São abertas ao tráfego por meio de processo de registro e podem ser fechadas a qualquer tempo pelo proprietário ou pela Agência Nacional de Aviação Civil. Já os aeroportos são os aeródromos públicos dotados de instalações e facilidades para apoio de operações de aeronaves e de embarque e desembarque de pessoas e cargas.
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Djalma Santos, bi mundial
Campeão das Copas de 1958 e 1962, ex-lateral-direito não resiste a complicações de uma pneumonia
Felipe Seffrin
Uma única frase resume a vida de Djalma Santos: ele foi o melhor lateral-direito de todos os tempos. Campeão mundial com a Seleção Brasileira em 1958 e 1962, o atleta paulistano participou ainda das Copas de 1954 e 1966. Foi ídolo na Portuguesa, no Palmeiras e no Atlético-PR, os três clubes que defendeu em mais de duas décadas de carreira. Internado desde o início de julho no Hospital Dr. Hélio Angotti, em Uberaba (MG), cidade onde morou nos últimos 30 anos, Djalma Santos não resistiu às complicações de uma pneumonia e faleceu às 19h30 de ontem, aos 84 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória. O coração e os pulmões do “Homem de Aço" perderam o jogo para o tempo.
Característica
O lateral-direito foi um dos primeiros defensores a ir ao ataque com voracidade em uma época em que os alas mal passavam do meio de campo. Com fôlego invejável, ele aparecia ora como ponta-direita ora como marcador implacável — o que lhe rendeu outro apelido, o de “Muralha Brasileira".
Apelidos
Homem de Aço, Cristo Negro, Muralha Brasileira ou simplesmente Djalma Santos, ele foi registrado, na verdade, como Dejalma dos Santos. Ao longo da juventude sofrida, superou inúmeras adversidades para tornar-se uma lenda.
Infância
Djalma Santos nasceu em 27 de janeiro de 1929, no Bom Retiro, bairro no Centro de São Paulo. Único filho homem de Sebastião e Laura, tinha três anos quando o pai foi lutar na Revolução Constitucionalista de 1932 e não voltou. A morte do chefe da família obrigou dona Laura a penar para alimentar Djalma e suas três irmãs. Ainda criança, escapou de uma pneumonia que quase o matou. A vida só melhorou quando a mãe conheceu Seu Vitor e levou todos para o bairro Parada Inglesa, Zona Norte de São Paulo. Aos 12 anos, Djalma sofreu outro baque com o falecimento da mãe, vítima de câncer. Restou morar com a irmã Anésia e trabalhar desde cedo para ajudar a sustentar a casa.
Dupla jornada
Djalma Santos conseguiu emprego em uma fábrica de calçados. Nas horas vagas, jogava futebol nos campinhos da região e mostrava intimidade com a bola. Chegou a fazer testes no Ypiranga e no Corinthians e atuou no América (SP) e no Inter (SP). A carreira só não decolava, porque Djalma não conciliava trabalho e futebol.
De piloto a lateral
Apesar da habilidade no futebol, o sonho de Djalma Santos era ser piloto de avião da Força Aérea Brasileira (FAB). O destino do rapaz, no entanto, era mesmo os gramados. Um acidente com uma máquina de costura de sapatos quebrou ossos da mão direita dele, impossibilitando o sonho de pilotar caças. Em 1948, ele foi aprovado nos profissionais da Portuguesa, onde usou o arremesso forte para a área já que não conseguia dobrar a mão direita. Djalma jogava na Lusa de dia e trabalhava como sapateiro à noite.
O início
Djalma Santos começou na Portuguesa como volante. Em 1949, a contratação do meia Brandãozinho obrigou o técnico Oswaldo Brandão a deslocá-lo para a lateral direita. Ao todo, ele defendeu a Portuguesa por 10 anos e 496 jogos. As ótimas atuações renderam uma vaga na Seleção Brasileira. A primeira convocação veio em 1952, no Pan do Chile. Em 1954, na Suíça, participou da Copa do Mundo. Apesar do fracasso, foi eleito o melhor lateral-direito.
A consagração
Em 1958, Djalma Santos encontrou o ápice. O titular da lateral-direita durante toda a Copa da Suécia foi o são-paulino De Sordi, preferido do técnico Vicente Feola. Mas, na véspera da final contra os donos da casa, De Sordi foi vetado pelo departamento médico. Djalma entrou e foi fundamental para dar à Seleção o primeiro título mundial. Ele alimentou Pelé e Garrincha no ataque e ainda conteve o sueco Skolund, destaque dos anfitriões. Ao voltar para o Brasil, mudou de clube pela primeira vez. Em 1959, aceitou o convite de Oswaldo Brandão, que havia assumido o comando do Palmeiras. Virou ídolo alviverde e foi um dos destaques da primeira Academia de Futebol, onde vestiu a camisa 2 por 498 vezes.
Bicampeão mundial
Em 1962, Djalma Santos foi chamado para a terceira Copa do Mundo, desta vez sob o comando do técnico Aymoré Moreira. Agora como titular absoluto, o lateral foi fundamental para o bicampeonato mundial. O título pessoal fez Djalma ser o primeiro brasileiro a defender a Seleção da Fifa. Em 1966, Djalma tinha 37 anos e com fôlego para defender a Seleção. Porém, a organização do Brasil para a disputa do Mundial na Inglaterra foi um fracasso. O Brasil foi eliminado na primeira fase, com Djalma atuando em apenas duas partidas. Era o fim da passagem mítica dele pela lateral-direita da Seleção.
Aos 39 anos, ele decidiu adiar a aposentadoria para cumprir a palavra para Jofre Cabral e Silva, presidente do Atlético Paranaense, que o havia convidado a encerrar carreira no Paraná. O que deveria ser uma passagem de apenas três meses virou três anos. Ele atuou no rubro-negro de Curitiba até os 42 anos.
Aposentadoria
Após pendurar as chuteiras, Djalma Santos tentou a vida como técnico de futebol, mas não teve sucesso. Dizia que era muito sincero para dar certo como treinador. O eterno lateral apostou então em trabalhos sociais. Mudou-se para Minas Gerais, onde trabalhou em escolinhas de futebol nos últimos 30 anos. Chegou a ser funcionário da Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo de Uberaba-MG, onde lutou para ajudar crianças carentes a realizarem os sonhos no esporte. Até o fim da vida, não abandonou o futebol nem a camisa azul com que conquistou o primeiro mundial pela Seleção Brasileira.
Carreira
Clubes
Portuguesa (1948-1959), Palmeiras (1959-1968) e Atlético-PR (1968-1972)
Títulos
Seleção Brasileira: Copa do Mundo 1958 e 1962
Portuguesa: Torneio Rio-São Paulo 1952 e 1955 Palmeiras: Campeonatos Paulistas 1959, 1963 e 1966; Taça Brasil de 1960 e 1967; Torneio Roberto Gomes Pedrosa 1967; e Torneio Rio-São Paulo 1965. Atlético-PR: Campeonato Paranaense 1970 Recordes
Disputou quatro Copas do Mundo pela Seleção Brasileira, feito só repetido por Nilton Santos, Castilho, Djalma Santos, Pelé, Émerson Leão, Cafú e Ronaldo Fenômeno.
Único jogador, ao lado de Franz Beckenbauer, eleito três vezes o melhor de sua posição em Copas do Mundo. Primeiro atleta a superar a marca de 100 jogos pela Seleção Brasileira. Primeiro brasileiro a defender a Seleção da Fifa, em 1963. Segundo atleta com mais jogos pela Portuguesa (434), só atrás de Capitão (496). Oitavo atleta com mais jogos pelo Palmeiras (498). Jamais foi expulso de campo em 22 anos de carreira. Números na Seleção
111 jogos
79 vitórias 16 empates 16 derrotas 76% de aproveitamento 3 gols Estatísticas e curiosidades Entre as lendas Em 1994, a FIFA divulgou a seleção de todas as Copas. Djalma Santos aparece absoluto na lateral-direita. No 4-3-3: Lev Yashin (União Soviética, 1958-70); Djalma Santos (1952-68), Franz Beckenbauer (Alemanha Ocidental, 1966-74), Bobby Moore (Inglaterra, 1962-70) e Paul Breitner (Alemanha Ocidental 74-82); Johan Cruyff (Holanda, 1974), Michel Platini (França, 1978-86) e Bobby Charlton (Inglaterra, 1958-70); Garrincha (1958-66), Ferenc Puskás (Hungria, 1954-62) e Pelé (1958-70).
"Djalma Santos põe, no seu arremesso lateral, toda a paixão de um Cristo Negro" Nelson Rodrigues
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Aeródromo de olho no lucro
Donos do aeroporto particular erguido irregularmente em terras públicas rurais de São Sebastião venceram licitação da Funai, em 2010, para faturar R$ 300 mil. Eles garantem, porém, que não exploram a área comercialmente
Helena Mader
Os proprietários do Aeródromo Botelho, construído em terras públicas rurais de São Sebastião, participaram até de licitação do governo federal para lucrar com a infraestrutura erguida irregularmente no local. O Correio teve acesso aos documentos da concorrência pública aberta pela Fundação Nacional do Índio (Funai) em 2010, da qual o aeroporto particular saiu vencedor. O contrato, de R$ 300 mil, só não foi assinado porque o processo acabou questionado na Justiça. Os donos do empreendimento negam que haja uma exploração comercial da área e garantem que participaram da concorrência apenas para terceirizar os serviços.
A Funai abriu o pregão eletrônico nº 016/2010, em 19 de novembro de 2010, para contratar uma empresa que ficaria responsável por abrigar sete aviões do órgão. Várias pessoas jurídicas participaram do certame, mas duas foram classificadas: a Voetur Táxi Aéreo e a Agroturismo e Aeródromo Botelho Ltda. Os donos do terminal de Sebastião ganharam com uma proposta de R$ 300 mil, enquanto a Voetur havia oferecido R$ 306 mil pelos serviços.
A pregoeira declarou o Aeródromo Botelho como vencedor da licitação. Mas a concorrente entrou na Justiça, com a alegação de que a pista do Aeródromo Botelho não é homologada para uso de aeronaves com peso máximo de decolagem acima de 2,5 toneladas e que, entre a frota da Funai, havia aviões com até 5,7 toneladas. A Justiça estava analisando a reclamação da Voetur contra a contratação do Aeródromo Botelho quando a Funai decidiu suspender a concorrência pública. Dessa forma, o processo também foi arquivado.
A assessoria de imprensa da Funai informou que o contrato com a empresa Aeródromo Botelho não foi efetivado, “pois a pista de pouso não comportava as aeronaves da fundação". Ainda segundo a Funai, foi firmado um termo de cooperação técnica no ano passado para que a fundação fosse incluída no programa Espaço Livre - Aeroportos, da Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ). Esse projeto permite a integração entre órgãos da administração pública para o compartilhamento de aeronaves, para que os aviões sejam usados de forma mais eficiente pelo poder público.
Ainda de acordo com a Funai, em vez de guardar em Brasília, como inicialmente previsto, as aeronaves foram colocadas em hangares em Belém (PA), Macapá (AP), Rio Branco (AC), Cuiabá (MT) e Boa Vista (RR), graças a convênios com órgãos como os tribunais de Justiça desses estados. As aeronaves são usadas no atendimento médico à população indígena e também em ações de fiscalização.
Terceirização
O advogado do Aeródromo Botelho, Clínio Bento, garante que a empresa não participou do pregão para explorar comercialmente a área, mas para terceirizar os serviços demandados pela Fundação Nacional do Índio. “Apesar de a nossa pista ter hoje 1.750 metros, na época, eram apenas 600 metros. Nossa ideia era terceirizar os serviços, levando as aeronaves para Formosa, por exemplo", explica o advogado. “Ganhamos a licitação e a segunda colocada, a Voetur, entrou com pedido de suspensão do leilão. O juiz da 9ª Vara Federal acatou o pedido e ficou aguardando o julgamento de mérito. Mas a Funai cancelou o pregão", acrescenta o representante do aeródromo.
O especialista Adyr da Silva, do Centro de Formação em Transportes e Recursos Humanos da Universidade de Brasília, lembra que a exploração comercial de operações em aeródromos é proibida pela legislação (confira O que diz a lei). “Se a cobrança é para pousos e decolagens ou para embarque de passageiros, por exemplo, isso é irregular. É preciso ver a natureza do serviço. Se o pagamento é por serviços de manutenção ou para a guarda de aviões, é permitida a cobrança. Eles podem estar recebendo por algo que não tenha nada a ver com operação aérea", explica o especialista.
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Lula eleva o tom e vai ao ataque
Em clima de campanha, o ex-presidente discursou para 500 pessoas em Brasília e defendeu o programa Mais Médicos e a contratação de profissionais estrangeiros. Ele também condenou os críticos de Dilma e a proposta de redução de Ministérios
Juliana Braga
Sob aplausos de uma plateia com 500 pessoas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou em Defesa do programa Mais Médicos, lançado pela presidente Dilma Rousseff, há duas semanas. “Se os médicos brasileiros não querem trabalhar no sertão, que a gente traga médicos do exterior", disparou ele, em palestra no Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, no Museu Nacional de Brasília. Lula também responsabilizou a “elite" pelo fim da CPMF e a consequente redução dos recursos destinados à saúde.
O ex-presidente tentou afastar a tese de que o programa diminuirá as chances para médicos brasileiros, em um tom de quem ainda está à frente do governo: “Ninguém quer tirar o emprego de ninguém. Longe de mim tirar emprego de brasileiro. O que eu quero é levar médico para quem não tem médico. Isso é o que a gente tem que fazer", afirmou Lula. Ele afirma que a importação de profissionais é “importante", enquanto o país não formar os profissionais necessários para preencher as vagas. “Qual é o problema? Qual é o preconceito com a gente de fora?", provocou.
Sobre a CPMF, ele afirmou que, desde que o imposto foi revogado, a área da saúde perdeu R$ 350 bilhões. “Nós sabemos que é preciso melhorar muito a saúde no Brasil. Todo mundo aqui sabe, a Dilma sabe, eu sei, você sabe. Entretanto, é importante que este país não esqueça que eles, a elite brasileira, a pretexto de diminuir imposto neste país, tirou no primeiro ano do meu segundo mandato a CPMF". Lula disse ainda que a “elite" tem acesso aos planos de saúde, e que o objetivo seria prejudicá-lo. “A mim não, eu tenho acesso a esses planos (de saúde)", completou.
Em um contexto de queda acentuada da popularidade de Dilma Rousseff e dos rumores de rusgas na relação entre os dois, Lula foi enfático na Defesa da presidente. “Estão com um preconceito contra ela, maior do que o que tinham contra mim", acredita ele, sem fazer referência a quem seriam as pessoas contrárias aos governos petistas. “A maior falta de respeito, e a uma mulher da qualidade da Dilma. Será que é só porque ela é mulher? Será que eles têm falta de respeito com a mãe deles, como têm com a Dilma Rousseff?", insinuou.
O ex-presidente também comentou sobre a redução de Ministérios. Lula acha que os defensores da diminuição das pastas querem a exclusão daquelas ligadas à área social. “Fique esperto, porque ninguém vai querer acabar com o Ministério da Fazenda, ninguém vai querer acabar com o Ministério da Defesa. Eles vão tentar mexer no Ministério da Igualdade Racial, no dos Direitos Humanos", afirmou.
No fim, ele ainda brincou com o episódio da espionagem norte-americana no país. Ao falar sobre o Brasil como uma nação importante, e dos grupos de países em desenvolvimento que começam a se reunir - como os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e o ASA (Cúpula América do Sul e África) -, o ex-presidente disse que agora os países desenvolvidos até “escutam" os telefonemas dos mais pobres. “Eu acho que o (presidente dos Estados Unidos, Barack) Obama está nos ouvindo aqui. Abraço, irmão!"
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Papa blindado em Aparecida
Segurança impedirá que protestos se aproximem do pontífice enquanto estiver no santuário, onde fará primeira homilia no País
Na tentativa de evitar que protestos contra a Igreja ou políticos cheguem às vistas do papa Francisco, a Polícia Militar de São Paulo vai barrar na entrada do Santuário Nacional de Aparecida cartazes, bandeiras e faixas com onfensas. A informação foi dada ontem pelo tenente-coronel Marcos Vieira, que coordena a ação do órgão na proteção do líder da Igreja em São Paulo. Segundo ele, manifestações próximas a Francisco serão sufocadas de imediato.Três grupos ligados a movimentos de moradia prometem um ato a partir das 9h30. Os protestos que tomaram o Rio, onde o papa está hospedado, serviram de alerta aos órgãos responsáveis por sua segurança em São Paulo e fizeram corporações ampliarem seus efetivos em Aparecida. A Polícia Federal aumentou de 300 para 400 o total de profissionais. No total, 5 mil homens farão a segurança do pontífice - 2.200 só do Exército.
Houve ainda um pedido de reforço no policiamento tático pela mudança no itinerário que o papa terá que cumprir para chegar a Aparecida. O plano inicial era que o pontífice pegasse um helicóptero no Rio e pousasse já no estacionamento do santuário. Mas o tempo fechado e a possibilidade de chuva fizeram a Aeronáutica rever os procedimentos.
Até a noite de ontem, a Força Aérea Brasileira confirmava que Francisco viajaria de avião até São José dos Campos e, de lá, usaria um helicóptero para ir ao santuário. A possibilidade de o papa ter de se deslocar de carro de São José até Aparecida, porém, não era descartada. A previsão é que o papa chegue a Aparecida às 10h.
As portas da basílica seriam fechadas ontem às 22h para que a PF fizesse varredura no local. Peritos também fecharam o Seminário Bom Jesus, onde ele almoçará e repousará antes de voltar ao Rio, no fim da tarde. Todos os funcionários do seminário foram cadastrados pela polícia e terão fichas criminais levantadas.
CERIMÔNIA
A primeira homilia de Francisco no Brasil será sobre o primeiro milagre atribuído a Cristo, que teria transformado água em vinho no episódio das bodas de Caná. O evangelho compõe a liturgia especial escolhida para a missa de hoje, no santuário. Na prática, serão os mesmo textos da festa da padroeira do Brasil, em 12 de outubro. "Por se tratar de ocasião especial, foi dada a liberdade de escolha e optamos por seguir o rito mariano", diz o prefeito da basílica, padre Valdivino Guimarães. A expectativa é de que o pontífice discorra sobre o tema por dez minutos, com direito a sermão em português.
Quando chegar ao santuário, na manhã de hoje, o papa terá um encontro intimista com a imagem original da santa, encontrada no Rio Paraíba, em 1717. Exposta aos fiéis em uma caixa de vidro blindado numa das torres da basílica, a "santa será virada na direção do pontíficie", que estará em uma capela reservada a ele e a outros 60 sacerdotes.
Entre as surpresas programadas para a missa estão a participação de 27 fiéis, representando os 27 Estados brasileiros durante a procissão do ofertório, e de um garoto de 8 anos que levará flores ao pontífice. Na saída da celebração, o papa ainda vai abençoar dez cadeirantes e cinco representantes de outras religiões.
O papamóvel circulará entre os fiéis na chegada e na saída de Francisco. Mas o principal contato com o público na basílica está marcado para após a missa, quando o papa fará a consagração de Nossa Senhora de Aparecida na tribuna.
As portas do santuário serão abertas aos fiéis às 5h, quando serão distribuídas pulseiras de acesso. Já na noite de ontem, milhares de romeiros acampavam ao redor da basílica. José Carlos Costa, 65 anos, primeiro da fila, chegou a Aparecida às 17h30 da última segunda-feira e disse não ter tido companhia até a manhã seguinte. "Ficamos só eu e Deus, que é o mais importante".
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Chegada confusa gera repercussão
A chegada do papa Francisco ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude teve repercussão, ontem, em veículos da imprensa internacional, que destacaram a confusão ocorrida na retenção do comboio que levava o pontífice da Base aérea do Galeão ao centro do Rio de Janeiro, em um engarrafamento na Avenida Presidente Vargas.O site do jornal espanhol El País destacou na capa que a chegada do papa foi marcada por confusão e problemas de segurança. De acordo com o jornal, o papa não apenas recusou o papamóvel blindado, como também escolheu um dos menores carros do mercado (um Fiat Idea) e uma escolta reduzida ao mínimo para fazer o trajeto até o Palácio do Governo. O jornal informou que o motorista do papa errou o caminho e provocou momentos alarmantes por causa de uma multidão que cercou o veículo.
No site do jornal New York Times, a reportagem informa que, em sua primeira viagem internacional, o papa não comentou os protestos que vêm acontecendo no Brasil e enfatizou a importância da evangelização dos jovens. O jornal destacou o fato de o carro que transportou o pontífice estar com a janela aberta. "As pessoas se reuniram em volta do veículo, estendendo os braços na direção do papa, escreveu o correspondente Simon Romero.
A emissora americana CNN também enfatizou a preocupação com a segurança do papa em decorrência da bomba caseira encontrada no domingo no Santuário Nacional de Aparecida, onde o pontífice celebrará missa hoje.
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Aparecida tem bloqueios e revistas
Diogo Zanchetta e Edison Veiga
Por causa do mau tempo, o papa seguirá do Rio até São José dos Campos em um VC-2 Emb-190 - a previsão inicial era de que ele fizesse todo o percurso de helicóptero. De lá, a comitiva, de 30 a 40 pessoas, deve seguir em quatro helicópteros militares até Aparecida, trajeto de 70 km. A mudança pode atrasar a chegada de Francisco à cidade. A Polícia Rodoviária não descartava ontem fechar a Via Dutra, caso o papa precisasse usar a estrada.
Soldados e policiais militares bloquearam ontem as entradas de Aparecida e revistaram motoristas e cada canto do Santuário Nacional, onde fica a Basílica Nacional. Por todos os cantos soldados revistaram mochilas e exigiram a identificação de quem se aproximava da basílica. Até bairros afastados foram : ocupados pelo Exército.
Soldados. Na entrada da cidade, motoristas eram parados e soldados revistavam, com a ajuda de espelhos, até a parte .de baixo dos veículos. Todos eram obrigados a informar para onde iam. "Não podemos fazer feio com o papa, é justo que se faça isso", respondeu o aposentado Jaime Rizzo, de 65 anos, padeiro de Aparecida, que teve sua Kombi revistada ao voltar para casa.
No ar, três helicópteros da PM e dois da Aeronáutica vão ajudar a monitorar o fluxo de trânsito e a vigilância no entorno da Basílica. No mirante do Santuário, a mais de 30 metros de altura, cerca de 40 agentes da PF e integrantes da inteligência das Forças Armadas monitoram as ruas por meio de 100 câmeras. "Aqui é o nosso mirante, chamamos esse local de "olho da águia". Conseguimos daqui uma visão panorâmica de toda a cidade e da basílica", afirma o general William Abraão, comandante da 12ª Brigada de Infantaria Leve Aeromóvel e da operação de segurança.
Protestos. As chances são grandes de a visita papal ser alvo de manifestações. Isso porque, na madrugada de ontem, pelo menos oito ônibus lotados devem sair de São Paulo rumo a Aparecida - não para rezar, mas para protestar. "Será uma manifestação pacífica, cobrando coerência do discurso do papa em relação aos ataques que os pobres brasileiros vêm recebendo dos políticos e da polícia", afirmou Guilherme Boulos, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
O MTST vem articulando a - manifestação em parceria com o Movimento Periferia Ativa e a Resistência Urbana - Frente Nacional de Movimentos. Em manifesto divulgado na internet, os grupos dizem que os discursos de Francisco são "um avanço", mas enfatizam que se faz necessária "coerência prática".
O arcebispo emérito de São Paulo, d. Cláudio Hummes, defendeu o direito do povo de ir às ruas e afirmou que o papa "saberá dar respostas concretas ao povo". O cardeal de Aparecida e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Raymundo Damasceno, afirmou que o papa "não está preocupado com protestos".
Cobrança
"Não é uma manifestação contra a Igreja, mas contra os governos. Vamos denunciar a atual situação do País e cobrar o papa"
Guilherme Boulos - Integrante do MST
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Metrô falha e Rio vive dia de tumulto no 1ª teste da Jornada Mundial
No dia da abertura da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), um rompimento de cabo deixou o Rio ontem com todas as estações de metrô fechadas. Muitos peregrinos desistiram de acompanhar a missa inaugural que, mesmo assim, reuniu 400 mil pessoas em Copacabana e foi celebrada por d. Orani Tempesta.
Isso ocorre justamente quando se critica a falta de opções até para a segurança do papa - a prefeitura do Rio sabia do caminho que seria percorrido pela comitiva, na segunda, e, mesmo assim, o pontífice ficou retido no trânsito.
Outra preocupação, que ganhou manchetes internacionais, refere-se aos protestos no Rio. Ontem, formalizou-se denúncia contra dois responsáveis por manifestações em junho, mas passou-se a questionar a legalidade do decreto assinado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), que cria uma comissão para investigar protestos e quebra sigilos.
No primeiro dia da JMJ, a infraestrutura preocupa. Com as chuvas de ontem - que devem durar até quinta -, o Campus Fidei, em Guaratiba, local onde Francisco celebrará missa, virou um lamaçal e pode ter partes interditadas.
Ontem, o pontífice passou o dia descansando no Sumaré. Hoje, por causa do mau tempo no Sudeste, deve seguir em um avião da Força Aérea Brasileira até São José dos Campos. Lá, Francisco embarcará em um helicóptero H-34 Super Puma até a Basílica Nacional de Aparecida, com chegada prevista para as 10h.
No local, após cerimônia intimista com a imagem de Nossa Senhora, celebra missa solene. A cidade espera 200 mil peregrinos e reforça a revista de carros e veículos.
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FAB usará dois veículos aéreos não tripulados na missa do papa
Aeronaves vão sobrevoar o Campus Fidei, em Guaratiba, na zona oeste do Rio, no sábado e no domingo
A Força Aérea Brasileira (FAB) vai utilizar dois veículos aéreos não tripulados (Vants, também conhecidos como drones) na Jornada Mundial da Juventude, em Guaratiba, na zona oeste do Rio. As aeronaves, modelo RQ-450, serão empregadas no Campus Fidei (Campo da Fé, em latim) nos dias 27 e 28 (sábado e domingo), quando serão realizadas respectivamente a vigília e a missa de encerramento da jornada.
Os Vants vão operar a partir da base aérea de Santa Cruz, também na zona oeste. Voarão em uma altitude de 2 a 3 quilômetros. Os RQ-450, fabricados pela Israelense Elbit Systems, são equipados com uma câmera colorida de alta resolução que envia os dados ao vivo por meio de um sistema de transmissão de dados. Também é possível obter imagens em preto e branco com o uso de um modo infravermelho, que permite identificar pessoas à noite ou sob copas de árvores, por exemplo.
Com 10,5 metros de distância entre as pontas das asas e 6,1m de comprimento, os Vants são pintados em cores claras e podem atingir até 5.500 metros de altitude. A autonomia de voo é de 16 horas. Com um motor pequeno, emitem pouco ruído. Isso dificulta que a presença das aeronaves seja percebida por quem está no solo.
O RQ-450 é comandado por uma dupla de pilotos que permanecem em uma cabine de controle no solo. Um mouse substitui o manche. A FAB possui atualmente quatro aeronaves deste tipo - as duas últimas foram incorporadas à frota da Aeronáutica no início deste ano. Os veículos são operados pelo Esquadrão Hórus, localizado em Santa Maria (RS). Militares do esquadrão treinados para operar os Vants já estão no Rio desde a semana passada.
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Sai o primeiro grande aeroporto privado para a aviação executiva
O primeiro grande aeroporto privado para a aviação executiva está prestes a, finalmente, sair do papel. O ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wellington Moreira Franco, assinará amanhã portaria que autoriza a construção de um projeto da Harpia Logística, controlada pelos empresários Fernando Botelho e André Skaf, no extremo sul de São Paulo. O investimento, no bairro de Parelheiros, chega a R$ 1 bilhão.
A pista do novo aeroporto terá 1.830 metros - extensão superior à do Santos Dumont e quase do tamanho da pista de Congonhas - e capacidade para até 240 mil pousos e decolagens por ano - são 657 movimentos por dia ou 27 por hora. O empreendimento, a ser construído em uma área total de 3,4 milhões de metros quadrados, terá ainda uma ligação viária com o trecho sul do Rodoanel bancada pela própria Harpia.
De acordo com o projeto enviado ao governo, serão criados 33 lotes destinados à implantação de hangares, com 491 mil metros quadrados de área. Haverá uma ampla infraestrutura no complexo: heliponto, torre de controle, terminal de passageiros, hotel e centro comercial.
A ideia é tornar-se um dos principais pontos da região metropolitana para a aviação geral, que inclui jatinhos, helicópteros e aeronaves menores. Os empresários também pretendem trabalhar com importação, exportação e armazenagem de peças de manutenção. Para isso, querem implantar áreas destinadas a órgãos públicos, como Receita Federal, Polícia Federal e Anvisa.
Em dezembro de 2012, um decreto da presidente Dilma Rousseff autorizou a exploração comercial de aeroportos privados voltados à aviação geral. Até então, nada impedia que eles fossem construídos, mas sem a cobrança de nenhum tipo de tarifa para os voos. Na prática, as operações ficavam limitadas a seus próprios donos. Só quem podia explorar comercialmente aeroportos para a aviação geral era a Infraero, com terminais como o Campo de Marte (São Paulo) e Jacarepaguá (Rio de Janeiro).
Os dois responsáveis pelo empreendimento têm laços familiares de respeito. André Skaf é filho do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, possível candidato do PMDB ao governo de São Paulo em 2014. O sócio dele no projeto é homônimo de Fernando Botelho, ex-vice-presidente do grupo Camargo Corrêa que morreu em um acidente de avião no interior paulista no ano passado. Ele era genro de Sebastião Camargo, fundador do grupo.
O projeto da Harpia é apenas um dos quatro apresentados ao governo depois do decreto presidencial. Outros dois, ambos na região metropolitana de São Paulo, devem ser autorizados ainda neste ano: o Helicidade (no bairro paulistano do Jaguaré) e o Naesp (localizado no município de São Roque). O Naesp é da incorporadora JHSF. Um quarto empreendimento, na Paraíba, está menos adiantado. A Andrade Gutierrez e a Incorpora, uma empresa de Brasília, também pretendem apresentar oficialmente um projeto no Distrito Federal.
Nenhum deles - nem mesmo o da Harpia - ficará pronto antes da Copa do Mundo de 2014. No ano passado, a expectativa do governo era desafogar os grandes aeroportos comerciais, deslocando a demanda dos jatinhos para esses novos empreendimentos, mas o atraso na publicação do decreto complicou os planos.
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Ministro descarta novas regras para Confins e Galeão
O ministro da Secretaria de aviação Civil, Wellington Moreira Franco, praticamente descartou mudanças nas regras para o leilão dos aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG). Uma reunião está marcada para hoje, na Casa Civil, para avaliar contribuições feitas durante o período de audiência pública dos editais e fechar as regras definitivas.
A última palavra obviamente cabe à presidente Dilma Rousseff, conforme lembra o ministro, mas ele não trabalha com a perspectiva de mudanças nos dois pontos mais polêmicos dos editais: a proibição à participação dos atuais controladores de aeroportos privatizados e a movimentação mínima de 35 milhões de passageiros por ano.
Os acionistas dos grupos que venceram o primeiro leilão de aeroportos - Guarulhos, Viracopos e Brasília - ficaram impedidos de participar da próxima rodada, marcada para outubro.
Nos bastidores, é forte a pressão de acionistas de Guarulhos e de Viracopos para entrar na nova disputa. Eles argumentam que não há concorrência direta com os próximos aeroportos que serão concedidos. Moreira Franco, no entanto, rejeita a tese. "É fundamental preservar a concorrência. A experiência do monopólio, público ou privado, é ruim para o cidadão."
O ministro também diz que não há intenção de baixar a exigência de que os consórcios tenham um operador com experiência na movimentação de um aeroporto com pelo menos 35 milhões de passageiros por ano.
No primeiro leilão, a exigência era de 5 milhões. "Quando se estabeleceu o novo critério, de 35 milhões de passageiros, a ideia era ter uma regra que permitisse objetivamente medir o desempenho dos operadores. Esse número é suficiente para assegurar um ambiente competitivo", defende.
Moreira Franco lembra que as projeções apontam que o Galeão terá, no médio prazo, 60 milhões de passageiros por ano. "Queremos atrair o que há de melhor no mundo. O passageiro, como cliente, tem direito a esse tratamento. Nós e o TCU trabalhamos com critérios muito objetivos."
Durante a fase de audiência pública das minutas dos editais, que terminou no dia 30 de junho, a Agência Nacional de aviação Civil (Anac) recebeu cerca de 780 contribuições. Um dos pontos que deverão ser alvo de discussões, na reunião de hoje, são as obrigações em torno da terceira pista do Galeão. O valor mínimo de outorga do aeroporto carioca foi fixado em R$ 4,65 bilhões; em Confins, o lance inicial é de R$ 1,56 bilhão.
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