NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 20/05/2013
Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.
Avião da Unasul ficará pronto em três anos
Leandra Felipe
O avião militar de treinamento básico e primário, que está sendo desenvolvido em conjunto pelos países que integram a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), ficará pronto até 2016, disse o vice-ministro argentino da Defesa, Alfredo Waldo Forti, durante a abertura da 8ª Reunião da Instância Executiva do Conselho de Defesa do grupo em Lima, no Peru.
“Avançamos no tema e um esquema de trabalho foi estabelecido e aprovado pelos ministros. Todos os países que têm recursos próprios estão se oferecendo para fabricar diferentes partes da aeronave. É um avião de uso futuro”, declarou Forti à Agência Andina.
O avião será batizado de Unasul 1 e, segundo o vice-ministro, estará disponível para venda aos países membros, em 2017. Os testes serão coordenados pela Argentina. O custo do avião ainda não foi anunciado. Segundo Forti, o principal modelo terá nove horas de autonomia de voo.
Em um primeiro momento, o avião deverá atender à demanda das Forças Armadas dos países da Unasul, mas depois poderá ser comercializado com outras nações.
O estatuto de criação do comitê consultivo que vai supervisionar a montagem do avião foi firmado em abril do ano passado, durante a Feira Internacional de Defesa e Segurança, no Rio de Janeiro.
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Comércio exterior pauta o sucesso
Os principais exemplos brasileiros de inovação industrial estão voltados para o mercado internacional. O incentivo do capital privado de fora é uma das principais motivações disso
Sílvia Ribas
Além de terem nascido como estatais da União, a Embraer, a Embrapa e a Petrobras, exemplos unânimes do sucesso da inovação industrial brasileira, têm um ponto em comum mais importante: o foco no comércio exterior. Com 60 anos de história, as três marcas também conseguiram apoio de capitais privados para estudar mercados e oferecer soluções competitivas, apesar do elevado custo para se produzir no Brasil e alguns episódios de ingerência política, concentrados na petroleira.
"As vitórias colecionadas por elas não garantem o sucesso futuro, só reforçam a importância de uma permanente cultura de inovação", diz Mariano Francisco Laplane, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). Ele lembra que, segundo a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), o número de pedidos de patentes vem crescendo em 1,5 milhão a cada ano, que resultam em mais de 500 mil patentes concedidas. "É o foco no exterior e em grandes projetos, como da exploração do pré-sal, que tornarão o nosso parque produtivo competitivo a longo prazo", completa.
Antônio Abrantes, examinador de patentes da área eletrônica do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e historiador da inovação, aponta as fabricantes de máquinas agrícolas — a exemplo da Semeato e da Jacto — como os melhores casos, hoje, do dinamismo brasileiro. "Com investimento correto em pesquisas aplicadas à produção, essas líderes de novas patentes no país ganharam notoriedade ao conquistar o mercado externo, tendo como diferencial justamente a sua competitividade em inovar", ressalta.
De acordo com ele, vários fatores são importantes para criar um ambiente de negócios favorável à inovação. O primeiro está na proteção à propriedade industrial: "Ela não é capaz de promover a inovação de nenhum país por si própria, mas torna-se um elemento importante num conjunto amplo de ações para estimular a criatividade das empresas", explica.
O analista do instituto é o criador de um portal na internet muito acessado pela comunidade acadêmica, a Galeria de Inventores Brasileiros, no qual cataloga criações desenvolvidas por brasileiros. Ele somou histórias de invenções famosas, que haviam sido analisadas no Inpi em décadas passadas, com os casos mais recentes. A iniciativa pessoal inaugurada no começo de 2002 reúne atualmente mais de 1,2 mil pesquisadores nas mais variadas áreas, tais como telecomunicações, medicina e aeronáutica. Desde 2009, o site passou a ser hospedado pela Rede de Tecnologia & Inovação (Redetec) do Rio de Janeiro, no www.redetec.org.br.
Mobilização
Adriana Machado, presidente e CEO da GE do Brasil, acredita que o país poderá colecionar ainda mais avanços significativos a partir de iniciativas como a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). "Com uma agenda robusta e uma discussão franca entre empresas e governo, mapeamos 10 frentes de trabalho a serem desenvolvidas, que vão desde melhorar o marco regulatório ao fomento de centros de pesquisa, passando por capacitação e proteção à propriedade intelectual", adianta ela.
Para Mauro Kern, vice-presidente de Engenharia e Tecnologia da Embraer, as conquistas recentes na valorização da capacidade de inovar das empresas precisam ser contínuas e atingir diferentes segmentos. "No caso da indústria aeronáutica, a inovação e o desenvolvimento tecnológico são fundamentais não apenas para assegurar diferenciais competitivos, como para a própria perenidade do negócio", explica.
» Mineradora high tech
Quando iniciou as suas atividades, nos anos 1940, em Minas Gerais, a Vale recorria a marretas e picaretas para explorar o minério de ferro, levado em carroças de burros. A realidade hoje, após décadas de investimento em inovação, é bem diferente, empregando os melhores recursos do mundo. Em 2012, a mineradora aplicou US$ 2,4 bilhões em pesquisa e desenvolvimento (P&D). A empresa tem, desde 2009, o seu próprio instituto tecnológico, com cerca de 100 convênios assinados e mais de 50 bolsas a pesquisadores, além de parcerias com 36 instituições nacionais e estrangeiras, como o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, e a École Polytechnique Fédérale de Lausanne, da Suíça. O centro tem laboratórios de última geração, com equipamentos similares aos usados pela agência espacial norte-americana (Nasa) na análise do solo de Marte
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Múltis lucram com invenção brasileira
Sílvio Ribas
Os constrangimentos enfrentados hoje pela indústria brasileira — consequência da crescente perda de mercados, aqui e lá fora —, em função de sua baixa competitividade, contrastam-se com histórias de dezenas de inventos brasileiros que rendem lucros expressivos a empresas com sede no exterior. Com a exceção de Alberto Santos Dumont, presente no imaginário popular como o inventor do avião e o herói maior da ciência nacional, há uma longa lista de desconhecidos cientistas do país que nada ganharam com as suas invenções "exportadas". Suas criações estão integradas ao cotidiano moderno e produziram verdadeiras revoluções de consumo e costumes.
Nesse grupo, está Hercules Florence, o pioneiro no uso da luz como forma de gravar imagens. As bases do papel fotográfico, sensibilizado com nitrato de prata, foram testadas por ele três anos antes de os franceses Louis Daguerre e Joseph Niépce serem aclamados como os pais da fotografia. Mais recentemente, o mundo vem assistindo à longa batalha judicial, que se arrasta por mais de 20 anos, entre o brasileiro Nélio José Nicolei e as empresas de telefonia pelo reconhecimento da paternidade do sistema identificador de chamadas, popularmente conhecido como bina.
Mas, talvez, o caso mais intrigante seja o do médico Sérgio Henrique Ferreira. Nos anos 1960, quando era um jovem pesquisador da área de farmacologia na Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, descobriu no veneno da jararaca o componente básico para o anti-hipertensivo mais vendido no mundo, um negócio anual de US$ 5 bilhões. O laboratório norte-americano Bristol-Meyers Squibb se antecipou à concorrência e patenteou a descoberta do doutor Ferreira.
Obstáculos
A ausência de um ambiente doméstico favorável aos negócios de alta tecnologia no Brasil, a inferioridade dos recursos em caixa das companhias nacionais em relação ao das concorrentes estrangeiras e a histórica burocracia para patentear acabaram levando à exportação, voluntária ou não, de invenções revolucionárias. "Para piorar esse quadro, multinacionais instaladas há mais de 100 anos aqui não se sentem estimuladas ou obrigadas a gerar inovação com pesquisadores brasileiros", observa Mariano Laplane, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).
O desdobramento dessa realidade está na importação crescente não apenas de produtos industrializados, mas também de componentes e soluções para fabricar aqui dentro. Estudo da consultoria alemã Roland Berger sublinha que há uma conexão direta entre baixa inovação e pouco valor agregado das mercadorias exportadas, indicando uma vulnerabilidade do Brasil. "O país precisa investir em inovação se quiser uma posição sustentável como uma das economias líderes", afirma o relatório divulgado recentemente.
Não por acaso, apenas uma brasileira figurou na relação das 50 empresas que mais inovaram no mundo em 2012, elaborada pela consultoria Fast Company e encabeçada pelas norte-americanas Nike e Amazon. A Enalta, de São Carlos (SP), atua em automação agrícola há apenas um ano e foi destaque graças aos seus equipamentos guiados por satélite e softwares aplicados ao plantio, à irrigação e à pulverização da lavoura de cana-de-açúcar.
Enquanto a criatividade e o jogo de cintura ajudam o cientista brasileiro a driblar os baixos salários e a infraestrutura limitada, na Suíça ou no Japão, eles fazem a diferença. "Nosso dilema se tornou uma encruzilhada. Estamos divididos entre tirar a água do barco (contornar perdas) e remar (buscar oportunidades)", desabafa um líder industrial.
Como se não bastassem os conhecidos obstáculos para empreender, o esforço nacional pela inovação sofre duros reveses em razão de falhas na segurança. Ainda não foram devidamente dimensionadas as perdas causadas pelas chamas que consumiram os acervos de importantes centros nacionais de pesquisa, como os da Antártida, do Instituto Butantã (SP), do Museu de Ciências Naturais da PUC de Minas Gerais e da base de lançamento de foguetes de Alcântara (MA).
Futuro
Mas, para especialistas, a saga brasileira no cenário global da inovação vai muito além dos aviões da Embraer, das plataformas da Petrobras e dos genomas da Embrapa, e está apenas engatinhando. "Estamos ainda longe de ser a máquina de empreender e inovar como são os Estados Unidos", lamenta o reitor do Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), Carlos Américo Pacheco.
Quando o escritor austríaco Stefan Zweig escreveu Brasil: o país do futuro, nos anos 1930, não imaginava que seu livro seria transformado em piada de salão, assim como também é o famoso "berço esplêndido". À medida que o país ganha mais importância, junto com os demais emergentes, cientistas e líderes empresariais fazem a justa cobrança para que a promessa seja cumprida.
» Debate sobre patentes
Será lançado na próxima sexta-feira o livro Propriedade industrial aplicada — reflexões para o magistrado, voltado, sobretudo, para membros do Judiciário que atuam no debate relacionado a patentes. A publicação é uma parceria da Confederação Nacional da Indústria, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, da Escola da Magistratura Regional Federal da 2ª Região e do Instituto Dannemann Siemsen. O evento está marcado para as 10h, no auditório Conselho da Justiça Federal. Além da versão impressa, o texto estará disponível para download gratuito no Portal da Indústria, pelo site www.portaldaindustria.com.br.
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Grupo faz balanço do que foi apurado
Balanço inédito do trabalho da Comissão Nacional da Verdade (CNV) será divulgado amanhã, em Brasília (DF), marcando um ano de atividades da comissão. Até agora, 268 pessoas foram ouvidas, sendo que 94 depuseram de forma reservada. Entidades de direitos humanos têm criticado a postura discreta dos sete membros efetivos, e uma das reivindicações das comissões estaduais de Memória, Verdade e Justiça, reunidas em São Paulo no fim de abril foi justamente para que se permitisse haver mais publicidade sobre as investigações. A primeira tomada pública de depoimentos de agentes da repressão aconteceu no dia 10, quando foram ouvidos Marival Chaves e Carlos Brilhante Ustra. A nova coordenadora da CNV, Rosa Maria Cardoso prometeu recentemente dar publicidade cada vez mais às investigações promovidas pela comissão.
Das pessoas ouvidas, 207 são vítimas e testemunhas de violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, 37 são pessoas envolvidas diretamente ou que conheceram as práticas usadas pelo regime militar para violar direitos humanos, 13 delas depuseram sob convocação. A CNV realizou 15 audiências públicas desde sua instalação e no dia 13 o último coordenador da comissão, Paulo Sérgio Pinheiro, fez um seminário com a participação de representante da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o que já foi investigado em um ano de funcionamento do órgão. A presidente Dilma Rousseff anunciou na terça-feira a prorrogação do prazo para a conclusão dos trabalhos da CNV para dezembro de 2014.
AUDIÊNCIA
A Comissão de Direitos Humanos do Senado vai realizar, na quarta-feira, uma audiência pública sobre o recém-descoberto Relatório Figueiredo e a situação atual dos indígenas no país. Documento importante produzido pelo Ministério do Interior sobre a violação de direitos humanos de índios nas décadas de 1940, 1950 e 1960, o relatório teve sua descoberta noticiada com exclusividade pelo Estado de Minas, em série de reportagens publicadas ente os dias 19 e 28 de abril. A Comissão da Verdade, que recebeu recentemente a íntegra das mais de 7 mil páginas encontradas, será representada pela psicanalista Maria Rita Kehl, membro responsável pelo núcleo de lutas pela terra da CNV. O pesquisador Marcelo Zelic, do Tortura Nunca Mais de São Paulo, o Conselho Missionário Indigenista (Cimi) e o Estado de Minas também foram convidados. A audiência foi convocada pelo senador Raldolfe Rodrigues (PSOL). |
Navios-patrulha
O presidente da Frente Parlamentar da Construção Naval da Câmara, Hugo Napoleão (PSD--PI ), observou que a Marinha do Brasil está pleiteando suporte financeiro para a construção de cinco navios-patrulha, cinco fragatas e um navio de apoio logístico dentro do Programa de Obtenção de Meios de Superfície, o Prosuper. Hugo Napoleão disse que, no fim de março, o governo federal regulamentou normas específicas para o apoio do BNDES ao Prosuper. O programa é parte da estratégia nacional de defesa, completou o deputado.
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Comandante militar é o único brasileiro em missão de paz no Congo
A partir desta semana, o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, de 60 anos, comandará a missão de paz das Nações Unidas no Congo, chamada de Monusco. Ele foi escolhido para a missão no mês passado. A designação oficial foi anunciada pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon. Santos Cruz sucede o general indiano Chander Prakash.
O brasileiro vai coordenar cerca de 20 mil militares, de 20 países. Ele será o único brasileiro das tropas. No mês passado, o ministro da Defesa, Celso Amorim, disse que a escolha de Santos Cruz é a demonstração do prestígio e respeito conquistados pelo Brasil no cenário internacional. Em entrevista à Agência Brasil, o general disse que considerava a missão “desafiadora”.
“Em 44 anos de Exército deu para aprender alguma coisa”, brincou o general durante a entrevista.“Mas, sem dúvida alguma, será uma missão desafiadora. É um desafio fantástico buscar a paz em um país que tem a dimensão da Europa Central e conflitos enraizados desde sua origem”, ressaltou.
Santos Cruz comandou a Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah) entre janeiro de 2007 e abril de 2009. Na ocasião, ele liderou 12 mil homens. Na reserva há cinco meses, o general estava na Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República.
A missão de paz no Congo foi aprovada pelos líderes de 11 países africanos e representantes de quatro organizações regionais e internacionais. A decisão de enviar uma missão ao país foi tomada há três meses.
O general enfrentará o desafio de tentar a paz em um país cujos conflitos têm cerca de dez anos. Desde a Segunda Guerra do Congo (1998-2003), que envolveu várias nações africanas, o país vive em clima de instabilidade. Durante a guerra, mais de 5 milhões de pessoas morreram.
Com 3,9 milhões de habitantes e um passado recente da colonização francesa, o Congo é cenário também de conflitos étnicos, políticos, econômicos e de disputas por recursos naturais. Os confrontos no país africano têm raízes em um genocídio em Ruanda, ocorrido em 1994. Rebeldes hutus, grupo étnico rival dos tutsis, agem nas florestas do Leste do Congo desde então, segundo a ONU.
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Objetivo deve ser promover a justiça, não só preservar memória
Há consenso no direito internacional sobre proibição de anistias para determinados crimes, diz representante da ONU
Jamil Ghade
A Comissão de Verdade deve ser um "mecanismo de Justiça" e não pode acabar apenas "em palavras". A avaliação é de Pablo de Greiff, relator da GNU para a promoção da Verdade e Justiça e encarregado dentro do sistema por acompanhar comissões da verdade estabelecidas em vários países.
Mais de 25 anos depois do fim da ditadura no Brasil, há quem diga que já seria tarde demais para lidar com o que ocorreu. Como o sr. avalia isso?
O tempo não apaga as violações de direitos humanos. Nem as vítimas nem setores da sociedade esquecem o que ocorreu. Essa situação precisa ser confrontada. Claro, o melhor seria que isso ocorresse logo depois do fim de um regime. Mas nunca é tarde demais.
Mas existem riscos em tratar do assunto após tantos anos?
Sim. Um perigo é de que possa haver interferências e que se avalie que a busca da verdade é um exercício apenas de memória histórica. As comissões da verdade são mecanismos para fortalecer os direitos das vítimas, e não para redimir processos políticos. Comissões são mecanismos de justiça. Quanto mais se atrasa o estabelecimento de uma comissão, mais se permite que haja a intromissão de fatos que não têm a ver com a justiça, como considerações políticas.
Um dos pontos da transição à democracia no Brasil foi o estabelecimento de uma lei de anistia, ainda durante o governo militar. Como o sr. considera esse elemento na lei?
Há um consenso no direito internacional proibindo anistias para certos crimes. É muito importante que comissões da verdade lidem justamente com a busca da verdade sobre o que ocorreu. Mas isso não é suficiente. Uma comissão não pode ser apenas um processo de aprendizagem do que ocorreu. Esse conhecimento precisa ser usado para fazer justiça.
Uma das decisões da Comissão no Brasil foi a de não investigar os crimes cometidos pelos dissidentes. Como foi a experiência de outras comissões pelo mundo sobre isso?
Cada contexto é diferente. Na Argentina, não se investigaram os crimes cometidos pelo Montoneros. No Chile, a decisão foi a de investigar a todos. Não há uma receita. É preciso olhar as assimetrias das violações cometidas pelos diferentes grupos. Se 98% delas vieram do Estado, não me parece que seja urgente investigar o outro lado. O segundo fato é que se precisa avaliar se a oposição já foi punida em sua época. De todas as formas, o Estado tem o dever de proteger seus cidadãos e violações cometidas por esse Estado devem ser a prioridade em uma investigação.
A Comissão da Verdade no Brasil se queixa de que há ainda forte resistência dos militares para cooperar com o processo.
Muitas comissões conseguiram resultados positivos, mesmo com a resistência de seus militares. Há casos ainda de militares que mudaram de comportamento durante o processo de busca da verdade. É o caso da Argentina. O Exército reconheceu seus erros e isso foi fundamental para o país e para a profissionalização dos próprios militares.
QUEM É
Colombiano, Pablo de Greiff é diretor da entidade Centro Internacional para a Justiça de Transição. Desde 2012, é primeiro relator da Organização das Nações Unidas para a promoção da Verdade, Justiça e Reparação. |
Comissão avalia pedir revisão da Anistia
Roldão Arruda
A Lei da Anistia causa preocupações e debates na Comissão da Verdade. Ganha corpo entre seus integrantes a ideia de que o relatório final da comissão, a ser divulgado no segundo semestre de 2014, deve recomendar a revisão da interpretação legal em vigor e a responsabilização penal de agentes de Estado que cometeram graves violações de direitos humanos no período da ditadura militar.
Atualmente, eles não podem ser responsabilizados pelos crimes que estão sendo apurados pela comissão. Integrantes que defendem a recomendação da mudança argumentam que a lei que criou o grupo, em 2011, incluiu entre suas tarefas sugerir ao Estado brasileiro medidas eficazes para que as violações não se repitam. Uma dessas medidas seria o julgamento de militares e policiais envolvidos em casos de seqüestro, tortura, ocultação de cadáveres e outros crimes na ditadura.
Para o sociólogo Paulo Sérgio Pinheiro, um dos integrantes do grupo, a Lei de Anistia não interfere no trabalho, uma vez que sua missão é averiguar, esclarecer e documentar as violações de direitos humanos, apontando autorias e responsabilidades. Mas o trabalho da comissão, diz, só vai até aí. "O Ministério Público é quem pode utilizar os documentos e as provas que apresentarmos para tentar responsabilizar penalmente os agentes apontados".
Indagado se a comissão vai recomendar que os responsáveis pelos crimes sejam julgados, ele diz que o assunto ainda está em análise. Pessoalmente, diz ser favorável a recomendar que o Brasil acate a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) sobre o tema.
Em novembro de 2010, o tribunal condenou o Brasil numa ação movida por familiares dos guerrilheiros mortos no Araguaia e impôs ao Estado a obrigação de esclarecer as mortes e localizar os corpos. Ainda considerou inaceitável a concessão de anistia aos perpetradores de crimes contra a humanidade.
Naquele mesmo ano, porém, o Supremo Tribunal Federal decidiu manter a Lei de Anistia.
Há uma forte pressão de familiares de mortos e desaparecidos para que a comissão siga o entendimento da CIDH. Algumas comissões estaduais dedicadas à investigação dos fatos sobre a ditadura também pressionam. A Comissão Rubens Paiva, do Legislativo paulista, começa a distribuir nesta semana o texto da sentença da CIDH para chamar a atenção de que o Brasil não cumpriu até agora as determinações.
Judicialização
Em Pernambuco, o cientista político Manoel Moraes, da Comissão da Memória e Verdade Dom Helder Câmara, observa que a responsabilização penal seria a terceira etapa da chamada justiça de transição: "Começamos com reparação, agora estamos resgatando a memória e esperamos chegar à judicialização dos casos".
Na avaliação dele, os agentes de Estado já estão conscientes desse processo. "Quando o coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra recorreu à Justiça, garantindo o direito de ficar calado em seu depoimento perante a Comissão da Verdade, ele mostrou que está preocupado com o que vem por aí. No fundo, queria ter garantias para não produzir provas contra ele, pois teme que sejam usadas em processos futuros", disse.
Ressalva
"O Ministério Público é quem pode utilizar os documentos e as provas para tentar responsabilizar penalmente os agentes"
Paulo Sérgio Pinheiro, Integrante da Comissão da Verdade
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Papa pediu 4 helicópteros militares, diz coordenador das Forças Armadas
Tahiane Stochero
Gaúcho e com o chimarrão sempre à mão, o general José Carlos de Nardi, coordenador das Forças Armadas brasileiras, afirmou que o Vaticano fez apenas dois pedidos para a visita do Papa Francisco ao Brasil em julho: que um avião fosse à Itália buscar dois papamóveis e que o governo disponibilizasse quatro helicópteros, que serão cedidos pelos militares, para uso da comitiva.
Na avaliação no chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, o maior risco para o pontífice seria a ação de um "lobo solitário", como classificou uma pessoa capaz de atentar contra o líder religioso de maneira isolada.
Em entrevista exclusiva ao G1 , concedida em seu gabinete no Ministério da Defesa, em Brasília, De Nardi detalhou pontos dos planos de segurança da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Ele também rebateu críticas de que os militares possuem intenção de assumir o controle da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos (Sesge), do Ministério da Justiça, mas garantiu que não abre mão de que a prevenção e repressão a ataques terroristas fiquem centralizados nas mãos de um general do Exército.
De acordo com o general, os helicópteros pedidos pelo Pontífice voarão sempre juntos, para que não seja possível saber em qual aeronave o Papa está. "Vão sempre os quatro juntos, sempre em esquadrilha", afirmou. Os helicópteros são do tipo Cougar. Dois são da Força Aérea Brasileira, um do Exército e outro da Marinha. A FAB vai usar o VH-34 Super-Puma, que possui configuração VIP e não tem blindagem. O modelo, que é usado pela presidente Dilma Rousseff, tem capacidade para seis passageiros e quatro tripulantes. Os outros dois aparelhos podem levar 12 pessoas, além dos tripulantes. Junto com Francisco haverá sempre um médico, alguns ajudantes e agentes da Polícia Federal. Um dos helicópteros terá como finalidade médica. Os demais servirão como escolta e transporte da comitiva.
"Para o Papa, o maior risco que avalio será o lobo solitário, como o que aconteceu na própria Itália. Isso das informações que nós temos. Eu não vejo risco na população, eu vejo risco mais nele", disse o general, em referência ao ataque sofrido pelo Papa João Paulo II, em 1981, quando ficou gravemente ferido depois de ser atingido por tiros disparados pelo turco Mehmet Ali Agca, na Praça de São Pedro, no Vaticano.
Em sua primeira viagem internacional após o conclave no qual foi eleito, em 13 de março , o Papa chega ao Brasil em 22 de julho. Ele participará de atividades da JMJ, no Rio, e visitará a cidade de Aparecida, no interior de SP. O retorno será no dia 28.
"O Papa é argentino, mas, como disse a nossa presidenta , Deus é brasileiro. Temos certeza de que vai dar tudo certo", afirmou o general. Natural de Farroupilha, na Serra Gaúcha, De Nardi é conselheiro do Internacional, clube cujo hino é toque do seu celular. Bandeiras do time e do estado em que nasceu estão expostas na sala que ocupa. No comando do combate ao terrorismo, De Nardi, de 69 anos, foi convidado em 2010, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a assumir a chefia do Estado-Maior Conjunto das Forças Armada, cargo que continua no governo de Dilma Rousseff. Conselheiro direto do ministro da Defesa, Celso Amorim, possui o mesmo status que os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, mas na prática é coordenador das três áreas, centralizando decisões no âmbito da Defesa, da compra de equipamentos e de operações conjuntas. Para evitar qualquer risco durante a visita de Francisco e durante a Copa das Confederações, que será realizada em junho em seis cidades, o general disse que os cuidados com terrorismo "foram redobrados", principalmente após os atentados na Maratona de Boston, em 15 de abril, quando dois jovens usaram bombas caseiras em panelas de pressão e provocaram a morte de três pessoas, deixando mais de 170 feridas."Eu diria que, para os dois eventos, aumentou o grau de preocupação. Nós dobramos a atenção, principalmente para inteligência", diz.
"O importante é que o terrorismo será centralizado. As demais ações podem ser separadas. Mas aqui, não. Aqui precisa de centralização. Por isso está na mão de um general tudo em relação a terrorismo e defesa química, bacteriológica, nuclear e radiológica", explicou. Para que isso fosse possível, o governo criou um Centro Integrado de Prevenção e Combate ao Terrorismo em que serão compartilhadas informações obtidas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e divididas ações de prevenção de ataques, a cargo da Polícia Federal. A unidade vai funcionar durante os dois eventos.
"Antiterrorismo é o que antecede toda a preocupação. E nesta parte Abin e PF são vocacionadas, já possuem contatos com a Interpol e com outros países. Mas, se acontecer um ataque terrorista, isto tem que ser coordenado pelo centro, para decidir qual equipe que vai fazer a atuação pontual. Pode ser a própria PF, pode ser um pelotão do Exército, um da Marinha, pode ser o Bope (da PM do Rio de janeiro), assim por diante", afirmou. "O combate ao terrorismo tem um comando único, não é isso que estão falando por aí, não. E o comando é de um general do Exército. Os eixos de guerra cibernética e terrorismo estão centralizados aqui no Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Isso eu acertei com o Ministério da Justiça. A Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos (Sesge) aceitou, e não tem quem mude. Eu não aceito", disse ele, batendo forte com uma caneta na mesa.
O oficial acredita que, na prática, não haverá disputa por informações entre os órgãos. "Eu acho muito difícil isso acontecer, porque o comando e a execução serão centralizadas. Se alguém quiser aparecer e esconder um conhecimento [de algum suspeito], ele está se autoprejudicando, porque não é necessariamente a equipe dele que vai atuar".
A Abin está fazendo avaliações de risco contínuas e, durante os eventos, os relatórios serão distribuídos diariamente. "Se alguma pessoa suspeita está vindo, a inteligência de outro país irá nos avisar anteriormente. Elas serão acompanhadas e, certamente, monitoradas", disse.
Não existe disputa
O general comentou a polêmica criada em torno da demissão do delegado da Polícia Federal Valdinho Caetano do comando da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos (Sesge), que, segundo notícias divulgadas por diversos veículos de imprensa, estaria insatisfeito com a "preferência" dada pela Presidência da República aos militares nos trabalhos de segurança de grandes eventos. O Ministério da Justiça, a qual a Sesge é subordinada, ainda não divulgou um novo nome para a chefia do órgão.
De Nardi nega qualquer intenção das Forças Armadas de assumirem a pasta. "Dai a César o que é de César. O que é da segurança pública, é da Sesge. O que é da Defesa, é do Estado-Maior Conjunto", afirmou. "Não teria cabimento, e nem a Fifa aceitaria, colocar gente fardada de fuzil na porta de estádio. Isso, quem faz, é quem é vocacionado para segurança pública. Nós só entraremos como força de contingência, se for pedido apoio. Não existe disputa nenhuma. Colocaram até que era uma briga por verba, não existe isso. Os recursos já foram definidos há um ano e meio", completou.
Divisão de tarefas
Tanto para a Jornada Mundial da Juventude quanto para a Copa das Confederações, houve uma divisão de tarefas. "Dentro dos estádios, a responsabilidade é da Fifa, com os stewards [agentes de segurança privada que trabalham nos grandes eventos]. Para entrar, todo mundo passará por raios-x, como o de aeroportos. E será um delegado da Fifa que irá determinar quando a polícia poderá atuar. Teremos equipes especializadas presentes, que estarão em contato com o centro de terrorismo em Brasília e com os centros de controle de cada sede", explicou o general.
Mais de 20,5 mil militares serão empregados nas seis cidades que sediarão a competição esportiva, sendo 600 homens especializados em terrorismo de prontidão. Já para a presença do Papa Francisco, a responsabilidade da segurança na cidade do Rio de Janeiro será da Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos (Sesge), do Ministério da Justiça, que coordena a ação das polícias estaduais e federais.
A exceção será em Guaratiba, onde cerca de 2 milhões de pessoas são esperadas para o pronunciamento do Papa. Em uma área de 12 quilômetros quadrados será decretado, pela presidente Dilma, a situação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), passando o controle da área para o Exército por tempo determinado. GLO é quando o governo autoriza o emprego militar para segurança pública em condições excepcionais, por tempo determinado, área determinada e com fins específicos.
O percurso de 8 km que os peregrinos farão até o ponto de encontro será cercado por militares – serão mais de 8,5 mil homens. Já ao redor do palco haverá uma divisão do público em grupos de cerca de 30 mil, que serão monitorados por torres de controle, onde serão posicionados atiradores de elite. Nas áreas segregadas também haverá postos de água, banheiros e um posto de saúde. Só haverá revista quando houver necessidade.
A Força Aérea irá fechar e controlar o espaço aéreo utilizando vários tipos de aeronaves, como veículos aéreos não tripulados (drones) , o avião radar E-99, que pode identificar explosivos, e caças.
"Dentro da área, o Ministério da Justiça já disponibilizou 1.200 homens da Força Nacional. Também vou conversar com o Beltrame (José Mariano Beltrame, secretário de Segurança do Estado do Rio), para pedir dois batalhões da PM para o policiamento interno. Mas eles estarão todos subordinados ao general", disse De Nardi.
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Veja fotos das aeronaves da operação Ágata 7
Operação Ágata 7 é realizada para reforçar a vigilância sobre o tráfico de armas e drogas, contrabando e outros delitos
As Forças Armadas desdobraram neste sábado 25 mil militares ao longo de toda a fronteira terrestre brasileira, em mobilização destinada a reforçar a vigilância sobre o tráfico de armas e drogas, contrabando e outros delitos, como imigração ilegal e mineração irregular. A-29 SuperTucano foi utilizado na operação A operação, denominada Ágata 7, também conta com o apoio das polícias federal, rodoviária federal e militar e de dez agências governamentais, que reforçaram a vigilância ao longo dos 16.886 quilômetros de fronteiras terrestres do País. A aeronave AH-2 Sabre participou da vigilância Outro modelo utilizado foi o C-95A Bandeirante. O Governo brasileiro manteve contatos com as autoridades dos dez países vizinhos antes de executar a operação, realizada às vésperas da Copa das Confederações C-98 Caravan participou da operação Ágata 7 As autoridades brasileiras realizaram outras seis operações deste tipo desde 2011, todas elas denominadas Ágata, mas esta é a primeira vez que as forças militares são desdobradas ao longo de toda a fronteira. Modelo C-105A Amazonas foi utilizado na sétima operação Aeronave E-992. O motivo da dimensão excepcional da operação é a realização da Copa das Confederações, que acontecerá em seis cidades brasileiras entre 15 e 30 de junho e é considerada um teste geral para a Copa do Mundo de 2014 O Exército usou aviões, carros blindados e veículos leves para o transporte de tropas, que se encarregarão principalmente de montar blitzes em pontos estratégicos das estradas fronteiriças. F-5 utilizado na operação Ágata Força Aérea utilizou também o H-60L Black Hawk na operação Ágata 7. A área vigiada na operação é uma faixa de 150 quilômetros a partir das fronteiras, o que representa 27% do território nacional Força Aérea utilizou também o H-60L Black Hawk na operação Ágata 7. A área vigiada na operação é uma faixa de 150 quilômetros a partir das fronteiras, o que representa 27% do território nacional Modelo R-35A utilizado na operação |
Brasil Confidencial
Paulo Moreira Leite
Efeito Battisti
Surgiram dificuldades nas compras de equipamento militar que o governo brasileiro pretendia fazer na Itália. Diplomatas dos dois países estão convencidos de que a nova situação é uma resposta ao asilo concedido a Cesare ¬Battisti, condenado por terrorismo na Itália. |
Os segredos no túmulo de Jango
A exumação de João Goulart, decidida pela Comissão da Verdade, pode dirimir de uma vez por todas, 36 anos depois, as dúvidas sobre a morte do ex-presidente deposto em 1964
Sérgio Pardellas
Dono de um coração reconhecidamente frágil, o ex-presidente da República João Goulart era o terror de qualquer cardiologista. Exilado na Argentina e no Uruguai, depois de deposto pelo golpe militar de 1964, Jango cultivava péssimos hábitos alimentares e teimava em contrariar todas aquelas recomendações médicas que prezam pelo bom funcionamento do sistema cardiovascular. Mesmo após se submeter a um cateterismo em 1969, razão pela qual passou a tomar diariamente um remédio sublingual – vasodilatadores que variavam entre Isordil e Carangor –¬,¬ Goulart comia toda manhã um bife com ovo frito, combinação considerada uma bomba calórica para quem já ultrapassara os limites aceitáveis de colesterol. Viciado em cigarros, de preferência os da marca uruguaia Nevada, o ex-presidente ainda fumava dois maços por dia, rotina altamente contraindicada para quem convive com problemas cardíacos. Por todos esses motivos, o infarto fatal sofrido por Jango, aos 57 anos, na madrugada abafada do dia 6 de dezembro de 1976, em Mercedes, na Argentina, não surpreendeu a belíssima esposa, Maria Tereza Goulart.
Jango dormia ao lado da mulher na estância La Villa, depois de comer churrasco de ovelha e beber uma xícara de chá, quando seu coração parou por volta das 2h45 e não voltou a funcionar mais. "Percebi que ele estava respirando de maneira esquisita. Gritei Jango, Jango, mas ele já não respondia", contou Tereza em recente entrevista. Na ocasião, a família descartou a necessidade de autópsia. O clínico-geral, buscado em Corrientes – município situado a 15 km de Mercedes –, examinou o corpo e assinou o atestado de óbito: "Causa mortis: enfermedad". Trinta e seis anos depois, porém, em uma decisão inédita na história do País, a Comissão Nacional da Verdade resolveu exumar, a pedido da família, o corpo do ex-presidente para elucidar as circunstâncias de sua morte. A exumação irá ocorrer no Cemitério Jardim da Paz, localizado no município gaúcho de São Borja, onde Jango está enterrado, e contará com a participação de peritos argentinos, uruguaios e russos, além de especialistas da Cruz Vermelha. A iniciativa foi motivada pelas suspeitas surgidas, desde a década de 1980, de que Jango teria sido envenenado em meio à Operação Condor – aliança entre órgãos de repressão política da Argentina, Bolívia, do Chile, Uruguai, Paraguai e Brasil destinada a espionar, prender e até eliminar inimigos do regime.
Uma farta documentação do antigo SNI e de ministérios do Interior, da Defesa e das Relações Exteriores do Uruguai intrigou a mulher, o filho, João Vicente, e o neto, Cristopher Goulart, inicialmente céticos quanto a um possível assassinato de Jango. Os documentos, anexados à petição com o pedido da família pela exumação dos restos mortais de João Goulart, mostram que o ex-presidente passou a ser vigiado permanentemente pelos serviços secretos dos EUA, do Brasil e Uruguai desde o momento em que deixou o Brasil. A papelada relata com minúcias a vida particular de Jango. A principal fonte das informações seria uma agente infiltrada pelos serviços de inteligência uruguaios dentro da casa do presidente, a empregada doméstica Margarita Suárez. A partir das detalhadas informações fornecidas por ela, os serviços secretos que vigiavam Jango sabiam, por exemplo, que remédios ele tomava. "Há elementos concludentes que Jango possa ter sido vítima da Operação Condor", diz Rosa Cardoso, integrante da Comissão da Verdade responsável pelo processo de exumação.
Além de espionado, Goulart sofria constantes ameaças. Em agosto de 1973, seu escritório em Buenos Aires foi invadido, mas o imóvel estava vazio. Em recente depoimento a jornalistas do PDT, Maria Tereza contou que a família recebia telefonemas anônimos. "Uma vez ouvi de um homem: "Sai daí porque daqui a pouco nós vamos chegar e levar você e seus filhos para o fim do mundo!""O cineasta Silvio Tendler, diretor do documentário Jango, de 1984, revela ter ouvido de funcionários do hotel Liberty, onde o ex-presidente se hospedava em Buenos Aires, que, quando Goulart ligava o carro, todos se afastavam. "Tinham medo de bomba", diz Tendler.
João Goulart temia por sua vida. Em 1973, três anos antes de morrer, em carta enviada aos filhos que moravam em Londres, o ex-presidente manifestou o desejo de se mudar para Paris. Mal sabia Jango que, enquanto escrevia a carta, ele era monitorado pelo agente uruguaio Mario Neira Barreiro. O uruguaio é o autor da principal denúncia sobre o assassinato do ex-presidente. Ele está detido desde 2003 na Penitenciária de Charqueadas, no Rio Grande do Sul, por assalto a banco e tráfico de armas. Sob o codinome Tenente Tamuz, pertenceu ao grupo Gama, do serviço de inteligência uruguaio. De acordo com Barreiro, ele espionou Jango de 1973 até o dia de sua morte. Segundo ele, João Goulart teria sido envenenado com um tipo de cloreto desidratado transformado em comprimido e colocado em meio aos medicamentos que ele tomava para o coração. O veneno seria capaz de acelerar o fluxo sanguíneo, provocando hipertensão. Horas depois da ingestão, leva a um derrame ou a um infarto. O responsável pela adulteração dos remédios de Jango, segundo Barreiro, teria sido Héctor Rodríguez, um agente argentino. Há, no entanto, contradições em seus depoimentos prestados desde 2002. A um colegiado da Câmara, afirmou que o frasco havia sido trocado. Em entrevista à imprensa, ele sustentou que vários comprimidos foram misturados a diversos frascos. Em conversa com o filho de Jango, João Vicente, disse que uma cápsula foi incluída. O embaixador e cientista político Moniz Bandeira, que esteve com Jango no Uruguai e na Argentina, classifica a versão de Barreiro de "charlatanice". "Podem até pesquisar. O que não é admissível é apresentar como verdade uma versão que não pode ser comprovada por documentos", questiona Moniz. A riqueza de detalhes sobre o cotidiano de Jango, apresentada no depoimento do uruguaio Mario Barreiro, porém, impressionou a família. "Sempre achei que meu marido morreu de forma natural, mas, depois de anos de falatório, nosso pensamento vai se transformando. Agora, já tenho dúvidas se Jango teria morrido mesmo de infarto", disse a viúva quando soube da exumação pela imprensa.
Em duas semanas, uma força-tarefa – formada pelos integrantes da Comissão da Verdade, da Polícia Federal, da Ordem dos Advogados do Brasil e do Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul – se reunirá com os peritos para definir a data exata da colheita dos restos mortais de João Goulart. Já está decidido que a exumação será administrativa. Ou seja, não haverá necessidade de uma medida judicial para consumá-la, bastando um pedido administrativo ao cemitério municipal para ter acesso ao corpo. Os custos serão bancados pela Secretaria de Direitos Humanos, órgão vinculado à Presidência da República. Em São Borja, a notícia provocou alvoroço. Na última terça-feira 14, a prefeitura do município gaúcho, na fronteira com a Argentina, reforçou a segurança no cemitério onde o ex-presidente está enterrado há 36 anos. Um vigia de uma empresa terceirizada prioriza a guarda junto ao túmulo.
A expectativa da Comissão da Verdade é que possíveis fibras capilares encontradas nos restos mortais do ex-presidente possam guardar vestígios de cafeína, atropina, escopolamina e digoxina. Os elementos podem ser letais, dependendo da dosagem e do perfil de quem ingeri-los. De acordo com a Polícia Federal, se for encontrado ao menos um grama de cabelo, a análise toxicológica poderá ter sucesso. Mesmo assim, ainda pairam dúvidas sobre se a exumação será conclusiva. Para o bioquímico Lenine Alves de Carvalho, toxicologista e consultor da Anvisa, não há 100% de certeza de êxito. "Por isso, está havendo todo o cuidado e estudo para um plano bem-feito", diz. O fato de o caixão não ter sido enterrado pode ajudar, segundo Lenine. "Está numa gaveta, no jazigo da família Goulart. É positivo para ter um laudo conclusivo, porque evita contaminações, cruzamento de componentes da terra com os restos mortais." O médico Odil Pereira, última pessoa a ter contato com o cadáver no velório, revela otimismo. "Minha esperança é de que as gazes e os algodões que coloquei nos orifícios contenham algum material para exame", afirmou. Independentemente do desenlace, o esforço para elucidar as razões da morte do ex-presidente deposto num dos períodos mais conturbados da política nacional é altamente louvável. Se forem dirimidas as dúvidas sobre a morte de Jango, estaremos, sem dúvida, preenchendo uma lacuna importante de nossa história.
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Guerra verde
Pode parecer paradoxal, mas a indústria bélica entrou numa corrida para proteger o meio ambiente, sem perder o objetivo de fabricar armas que matam pessoas
Juliana Tiraboschi
A dura realidade das guerras, que apenas no século XX mataram 200 milhões de pessoas, não impede que a indústria de armamentos busque tecnologias menos agressivas ao meio ambiente. As iniciativas mais recentes – que incluem bombas que produzem menos fumaça e minas terrestres biodegradáveis – podem soar paradoxais, mas mostram que nenhum setor da sociedade ou da economia pode ficar alheio à necessidade de preservação, mesmo que seu objetivo seja tirar vidas.
Entre as companhias que trabalham em projetos sustentáveis está a British Aerospace (BAE), responsável pela criação de um tanque de guerra híbrido, movido a diesel e eletricidade. Além de consumir até 50% menos combustível, o veículo, desenvolvido para o Exército dos Estados Unidos, pode gerar energia para carregar equipamentos eletrônicos e iluminar acampamentos.
Outro exemplo de guerra verde vem da empresa norueguesa Nammo, que criou balas sem chumbo. Pesquisas realizadas na Europa comprovaram que o metal tóxico vaza de projéteis em campos de tiro e pode contaminar águas subterrâneas. O Exército norueguês adotou a munição ecológica, e a companhia diz ter prevenido a liberação de 1.200 toneladas de chumbo no meio ambiente. "Já que armas e munição são necessárias, elas devem ser desenvolvidas da forma mais ambientalmente correta possível", diz Urban Oholm, diretor da Nammo.
O Exército brasileiro entrou na onda verde e estuda, em parceria com a Petrobras, o desenvolvimento de fibra de carbono a partir de resíduos do refino de petróleo. "A indústria aeroespacial depende desse material, pois ele é mais leve", diz o major Alexandre Taschetto, gerente do projeto carbono do Centro Tecnológico do Exército (CTEx). Isso se traduz imediatamente em menor consumo de combustível. Mas as aplicações da fibra vão além: cabos de ancoragem de plataformas de petróleo e até pás de torres de energia eólica podem ser feitos com o material. A guerra verde não é só ecologicamente correta, mas também pode ser lucrativa.
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A escalada internacional da Gol
Companhia aérea brasileira negocia venda de participação minoritária com a alemã Lufthansa e com a francesa Air France/KLM e estuda a criação de nova empresa na República Dominicana
Ralphe Manzoni Jr,
O executivo Paulo Kakinoff, presidente da companhia aérea Gol, teve uma das piores experiências de sua vida no começo deste ano. Ele estava a bordo de um voo que vinha da República Dominicana para o Brasil. Kakinoff queria conferir de perto o serviço do trajeto que estreara em dezembro de 2012 – desde que assumiu a empresa da família do empresário Constantino Oliveira Jr., em julho do ano passado, ele voa pelo menos uma vez por semana em linhas regulares da companhia para conversar com a tripulação e com os passageiros. "Tudo que tinha que dar errado, deu nessa viagem", afirma Kakinoff. A lista de problemas foi extensa. O voo saiu atrasado. O avião pegou ainda um vento de proa, que o obrigou a uma parada técnica em Brasília.
Os sistemas de entretenimento a bordo não funcionaram. Os passageiros, por uma falha no software, não tiveram também seus lugares marcados. O catering a bordo, por fim, era de quantidade insuficiente.
Uma fila extensa de clientes foi reclamar diretamente com Kakinoff, que se identificou no final da viagem. "Posso dizer também que foi a melhor que coisa que me aconteceu", diz Kakinoff. O executivo, na primeira oportunidade, reuniu todos os seus diretores e começou um amplo trabalho para melhorar os serviços dos voos da Gol. A julgar pelas novas pretensões da Gol, o atrapalhado voo da República Dominicana será de grande valia. É que a vice-líder da aviação comercial brasileira prepara uma escalada internacional. Várias frentes estão sendo negociadas neste momento.
Uma delas é a associação com uma companhia aérea europeia. As conversas começaram em 2011, mas evoluíram mesmo a partir deste ano. Duas empresas europeias aparecem no radar das negociações, a alemã Lufthansa e a francesa Air France/KLM. Procuradas, ambas não quiseram se pronunciar. A Gol também não confirma a informação. A ideia, segundo DINHEIRO apurou, é acertar um acordo nos moldes do que foi feito com a americana Delta, que comprou uma fatia de 2,9% do capital da Gol. Com isso, a Delta ganhou exclusividade para operar em codeshare com a companhia aérea brasileira. Em razão da proximidade com a Copa do Mundo, estima-se que um acordo seja fechado no segundo semestre deste ano. "A tendência é acertar algo o mais rápido possível", afirma uma fonte.
Simultaneamente, Kakinoff estuda a criação de uma companhia aérea na República Dominicana, que pode se transformar em um hub internacional da Gol. O país da América Central já funciona como uma base operacional para os voos até Miami e Orlando, nos Estados Unidos. No segundo semestre deste ano, a Gol ampliará ainda os voos internacionais. Acrescentará mais um para a América do Norte e outro para a América Central e o Caribe, partindo de São Domingo, a capital da República Dominicana. A ambição internacional da Gol pode ser entendida por duas razões. A primeira delas é aumentar a receita em dólar. Em cinco anos, o plano é dobrar essa fatia. Hoje, ela representa 8% do faturamento anual.
Dessa forma, Kakinoff minimizará os efeitos cambiais em seu resultado, pois tem custos de leasing de aeronaves e de combustível na moeda americana. O segundo motivo é que Kakinoff acredita que a fase de ajustes, que levou a Gol a uma dieta rigorosa, esteja encerrada. Desde que assumiu, Kakinoff cortou custos nos mínimos detalhes e adotou diversas medidas para economizar combustível, responsável por 46% das despesas da Gol. Os resultados começaram a aparecer. No primeiro trimestre deste ano, a companhia registrou um lucro operacional de R$ 101 milhões, o primeiro em dois anos. As despesas tiveram queda de 8,2%. O prejuízo líquido de R$ 75,3 milhões foi, no entanto, 81,8% maior. De qualquer forma, o consenso no mercado é que o pior já passou e que a Gol pode estar pronta para alçar novos voos.
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Embraer entrega primeiro jato feito na China este ano
O primeiro jato executivo Legacy montado pela Embraer na China será entregue em novembro ou dezembro. A partir daí, a cadência produtiva anual será de 2 a 3 jatos executivos na fábrica chinesa, talvez um pouco mais no ano que vem dependendo da demanda nesse mercado.
A informação foi dada pelo presidente da área de aviação executiva da Embraer, Ernest Edwards. Toda a produção na China será destinada para o mercado local. A companhia tem dez aeronaves em operação na China, sendo dois Lineage, os jatos da categoria ultra-large produzidos no Brasil.
Edwards mostrou-se otimista com as perspectivas de novos negócios globalmente este ano, em meio a comemorações com champagne e exibição de bandeira brasileira na pista do aeroporto de Genebra após a aterrissagem do Legacy 500.
Foi o primeiro voo experimental fora do Brasil desse aparelho pelo qual Embraer quer dar início a uma nova geração de jatos executivos. Pouco antes tinha aterrissado um Lineage 1000, o maior dos sete modelos de jatos executivos da companhia.
"Foi uma viagem fantástica", disse Edwards, cercado de jornalistas internacionais. O aparelho decolou em São Paulo, passou pelos EUA e Canadá, até chegar a Genebra. O Legacy 500 usa a tecnologia "fly-by-wire", sistema eletrônico que dispensa o uso de cabos e transmite digitalmente as ordens do piloto. "Ele melhora a segurança, manutenção, reduz custos de operação e há menos componentes para ser substituídos e inspecionados", explicou o executivo.
Com 17% do mercado global de jatos executivos e querendo alcançar entre 20% e 25%, a companhia brasileira participa, a partir de amanhã, do Salão de aviação Executiva Europeia (Ebace, na sigla em inglês).
A Europa está em crise, mas Edwards vê mercados "muito bons" para jatos executivos nos Estados Unidos, Rússia, Oriente Médio, Indonésia, India, Brasil e China. No Brasil, as vendas "estão muito boas". De nenhuma aeronave em 2005, a Embraer já vendeu 110 jatos executivos no país desde então. No total, para este ano, as projeções são de entrega de 80 a 90 jatos executivos da categoria light e de 20 a 30 dos outras categorias, pouco acima das cifras de 2012.
O tráfego de aviões executivos no céu europeu continuou a declinar 4% no ano passado. Os preços de revenda de aparelhos degringolaram. Mas quatro novos modelos serão lançados no Salão de Genebra: um bi reator Nextant chamado de jato da crise por custar menos de US$ 5 milhões, o novo Pilatus suíço PC24, além de novas versões do Gulfstream G450/550 e de um Bombardier Challenger.
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Ação nacional combate crimes na fronteira
Durante Operação Ágata 7, fiscalização em terra, água e ar é reforçada por 25 mil homens no país
As Forças Armadas do Brasil estão mobilizadas, até o começo de junho, para executar ações de vigilância e trabalhos sociais em toda a faixa de fronteira do Brasil na Operação Ágata 7. Desde sábado até o próximo mês, a fiscalização em terra, água e ar é reforçada por 25 mil homens para coibir crimes como tráfico de drogas e de armas. A ação militar inclui o Rio Grande do Sul e outros 10 Estados.
A sétima edição da operação é considerada pelo Ministério da Defesa a maior mobilização realizada pelo governo brasileiro no combate a ilicitudes entre o Oiapoque, no Amapá, e o Chuí, em solo gaúcho. Na região do Comando Militar do Sul – Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina –, estão atuando diretamente 6 mil homens, com apoio de outros 9 mil. Conforme informações da Agência Brasil, ela envolve ainda agentes das polícias Federal, Rodoviária Federal, Militar e de agências governamentais.
Segundo o Ministério da Defesa, durante a mobilização militares estão atentos aos principais crimes fronteiriços como narcotráfico, contrabando, tráfico de armas e munições, crimes ambientais, contrabando de veículos, imigração e garimpo ilegais. Para apoiar as tropas ao longo de toda a fronteira terrestre, foram montados três centros – um deles em Porto Alegre, outro em Manaus e o terceiro em Campo Grande.
Segundo a assessoria de imprensa do Comando Conjunto da Área Sul durante a Operação Ágata 7, no Rio Grande do Sul já tiveram início ações de fiscalização como a montagem de barreiras em rodovias e estradas consideradas pontos estratégicos para transporte de itens ilegais. Além disso, entre os dias 20 e 23 de maio será oferecido atendimento médico em municípios como Caçapava do Sul, Lavras do Sul e Santana da Boa Vista (os dias de atendimento e as especialistas variam conforme a cidade). Os Estados contemplados pela ação são Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A OPERAÇÃO EM NÚMEROS
Saiba mais sobre a ação iniciada no sábado - A faixa de fronteira guarnecida pelas operações compreende 27% do território nacional - A fronteira brasileira tem 16,8 mil quilômetros de extensão – 7,3 mil quilômetros de linha seca e 9,5 mil quilômetros de rios, lagos e canais - Nessa região estão 710 municípios – sendo 122 cidades limítrofes - São 23.415 quilômetros de rodovias federais - Em quase dois anos já foram realizadas seis edições da Operação Ágata |
Voz da Rússia
Em Taiwan caiu um caça MirageHoje, durante um voo de treinamento de rotina em Taiwan caiu um caça Mirage 2000-5. Ambos os membros da tripulação conseguiram se ejetar a tempo, não há qualquer ameaça a suas vidas. As causas do acidente estão sendo investigadas.Nos últimos dias, esta já é a segunda queda de um avião da Força Aérea de Taiwan. Na quarta-feira, 15 de maio, devido a uma falha técnica, caiu um caça taiwanês F-16. O piloto desse caça também conseguiu se catapultar com sucesso. |
Diário da Rússia
Rússia oferece ao Brasil aviões de caça Su-35
A Rosoboronexport (empresa estatal russa de exportação de armamento) ofereceu ao Brasil, fora do âmbito de concorrência internacional, caças Su-35 e sistemas de defesa antiaérea Pantsyr.
A informação foi dada neste domingo, 19, à agência de notícias RIA Novosti, citando Serguei Ladygin, chefe da delegação da Rosoboronexport à exposição de armas em Lima, no Peru. "Apesar do fato de a Rússia ter se retirado da licitação, fizemos paralelamente uma oferta à parte brasileira, de participarmos, fora do contexto da concorrência, com os sistemas Pantsyr e os jatos Su-35. Nossa oferta está sendo examinada", explicou Ladygin.
Serguei Ladygin observou que a Rússia está disposta a transferir toda a tecnologia de produção do caça. "Estamos prontos para transferir 100% de tecnologia do jato Su-35, com os elementos de tecnologia de aeronaves de quinta geração."
Em 2009, a Rússia saiu com seu avião Su-35 da lista da concorrência brasileira, em que permaneceram apenas a Suécia, com o Gripen, os Estados Unidos, com o F-16, e a França, com o Rafale.
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Swiss Info.ch
Oposição se organiza contra drones e robôs matadores
O uso intensivo de drones militares pelos Estados Unidos provoca uma onda de protestos e críticas que chega a Genebra na próxima semana. Em defesa do direito internacional humanitário, uma coalisão de ONG que conter a corrida tecnológica aos robôs matadores autônomos.
A robotização crescente da área militar abre uma perspectiva inédita e preocupante que os defensores dos direitos humanos e guardiões das Convenções de Genebra tentam conter, através de duas maneiras distintas.
A primeira diz respeito ao uso de drones ou veículos aéreos não tripulados (VANT, na sigla em português), na luta internacional contra o movimento Al Qaeda. Um programa lançado depois do 11 de setembro é intensamente utilizado pela administração Obama. O Bureau of Investigative Journalism, uma organização sem fins lucrativos baseada em Londres, calcula que os ataques de drones entre 2004 e 2013 provocaram, somente no Paquistão, entre 2.500 e 3.500 mortos (incluindo várias centenas de civis e quase 200 crianças) e mais de 1.000 feridos.
Pressões sobre Obama
A primeira diz respeito ao uso de drones ou veículos aéreos não tripulados (VANT, na sigla em português), na luta internacional contra o movimento Al Qaeda. Um programa lançado depois do 11 de setembro é intensamente utilizado pela administração Obama. O Bureau of Investigative Journalism, uma organização sem fins lucrativos baseada em Londres, calcula que os ataques de drones entre 2004 e 2013 provocaram, somente no Paquistão, entre 2.500 e 3.500 mortos (incluindo várias centenas de civis e quase 200 crianças) e mais de 1.000 feridos.
Pressões sobre Obama
Para determinar se as Convenções de Genebra foram violadas, o Conselho dos Direitos Humanos encarregou Bem Emmerson, relator especial da ONU em contra terrorismo e direitos humanos, de investigar o assunto. Segundo esse advogado britânico, o objetivo central dessa enquete é avaliar se os ataques de drones causaram um número desproporcional de vítimas civis, o que contraria o direito humanitário (DIH) existente.
Ben Emmerson deve apresentar os resultados de sua enquete em setembro, durante a 68ª Assembleia-Geral da ONU. Sob a pressão de sua opinião pública, a administração Obama parece consciente do problema, pensando em transferir toda a gestão desse programa de eliminação de grupos terroristas da opaca CIA ao um pouco mais transparente Pentágono (Ministério da Defesa), segundo o Daily Beast (site de informação associado à Newsweek). Mesmo assim, o governo americano deve regularmente prestar contas dessa política contra o terrorismo diante das comissões parlamentares.
“Essa transferência por enquanto é só rumor. Nada de oficial foi anunciado, mas essa mudança iria na boa direção do que pedimos”, precisa à swissinfo.ch Andrea Prasow, especialista da luta contra o terrorismo da ONG Human Rights Watch.
Em paralelo, Christof Heyns, outro especialista da ONU em execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias, vai apresentar em Genebra dia 29 de maio um novo relatório durante a 23ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos. Esse documento centrado nos “robôs letais autônomos”, pede uma moratória internacional no desenvolvimento desses engenhos de guerra.
Humano é descartado
Ben Emmerson deve apresentar os resultados de sua enquete em setembro, durante a 68ª Assembleia-Geral da ONU. Sob a pressão de sua opinião pública, a administração Obama parece consciente do problema, pensando em transferir toda a gestão desse programa de eliminação de grupos terroristas da opaca CIA ao um pouco mais transparente Pentágono (Ministério da Defesa), segundo o Daily Beast (site de informação associado à Newsweek). Mesmo assim, o governo americano deve regularmente prestar contas dessa política contra o terrorismo diante das comissões parlamentares.
“Essa transferência por enquanto é só rumor. Nada de oficial foi anunciado, mas essa mudança iria na boa direção do que pedimos”, precisa à swissinfo.ch Andrea Prasow, especialista da luta contra o terrorismo da ONG Human Rights Watch.
Em paralelo, Christof Heyns, outro especialista da ONU em execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias, vai apresentar em Genebra dia 29 de maio um novo relatório durante a 23ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos. Esse documento centrado nos “robôs letais autônomos”, pede uma moratória internacional no desenvolvimento desses engenhos de guerra.
Humano é descartado
Em eu relatório, Christof Heyns vai na mesma direção: “Com a aceleração do ritmo em que ocorrem as guerras, os homens se tornaram o elo fraco do arsenal militar e são paulatinamente retirados do processo de tomada de decisões.”
Especialista em segurança, Alexandre Vautravers estima que ainda estamos longe disso. “É preciso separar as coisas entre o sensacional e os sistemas assistidos ou que dispõem de uma cerca autonomia. Por exemplo, ceras munições procuram, através de diferentes captores e sem operador veículos blindados ou alvos graças a diferentes algoritmos; são armas “fire and forget” (atira e esquece). Se o míssil não acha o alvo, no caso veículos blindados ou radares, ele se autodestrói. É bom lembrar que esse tipo de programa informático existe há mais de 20 anos.”
Especialista em segurança, Alexandre Vautravers estima que ainda estamos longe disso. “É preciso separar as coisas entre o sensacional e os sistemas assistidos ou que dispõem de uma cerca autonomia. Por exemplo, ceras munições procuram, através de diferentes captores e sem operador veículos blindados ou alvos graças a diferentes algoritmos; são armas “fire and forget” (atira e esquece). Se o míssil não acha o alvo, no caso veículos blindados ou radares, ele se autodestrói. É bom lembrar que esse tipo de programa informático existe há mais de 20 anos.”
Vautravers acrescenta que “hoje temos sistemas que podem se organizar entre eles como roubar em grupo para dar uma cobertura radio através de relés ou um campo de visão completo de um espaço particular. A Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL) tem laboratórios que trabalham sobre esse tipo de sistema, mas Terminator ainda está longe de ser concluído, até porque os orçamentos militares nos países mais avançados, a começar pelos Estados Unidos, sofrem cortes.”
Em seu relatório, Christof Heyns diz que é urgente regulamentar. “A tecnologia evolui de maneira exponencial e ninguém pode prever o futuro exato; também é quase impossível determinar até que ponto vamos chegar para utilizar robôs totalmente autônomos (...) De acordo com alguns documentos militares, um certo número de Estados têm programas de desenvolvimento de armas robotizadas aéreas, terrestres e navais dotados de autonomia mais ou menos grande. Recursos importantes são destinados a esse fim.”
Guerra permanente
Em seu relatório, Christof Heyns diz que é urgente regulamentar. “A tecnologia evolui de maneira exponencial e ninguém pode prever o futuro exato; também é quase impossível determinar até que ponto vamos chegar para utilizar robôs totalmente autônomos (...) De acordo com alguns documentos militares, um certo número de Estados têm programas de desenvolvimento de armas robotizadas aéreas, terrestres e navais dotados de autonomia mais ou menos grande. Recursos importantes são destinados a esse fim.”
Guerra permanente
Uma coisa é certa. A guerra está mudando de natureza, depois que os drones entraram em cena nos anos 1990. “A experiência com esses veículos aéreos de combate sem piloto mostrou que esse tipo de tecnologia militar é facilmente utilizável fora dos campos de batalha reconhecidos.
O perigo nesse caso seria considera o mundo como um único e vasto campo de batalha permanente, se inquieta Christof Heyns. “O desenvolvimento da robótica, por sua própria natureza, é geralmente difícil a regulamentar, sobretudo no controle de armas. Além disso, existe uma continuidade entre as tecnologias militares e não militares. Uma mesma plataforma robótica pode ter aplicações civis como militares e pode ou não ser utilizada com capacidade letal.”
É por essa razão que Andrea Bianchi defende um debate aprofundado dessas questões. “Seria bom reunir os diferentes atores dessa questão – não somente a Cruz Vermelha, a ONU e os Estados, mas também cientistas especialistas em direitos humanos – para uma reflexão a mais honesta possível; o avanço tecnológico é tal que o direito humanitário internacional (DIH) não pode ficar para trás.”
Esse também é o efeito esperado da campanha Stop Killer Robots: a abertura de um debate público de um assunto até agora restrito aos meios militares.
O perigo nesse caso seria considera o mundo como um único e vasto campo de batalha permanente, se inquieta Christof Heyns. “O desenvolvimento da robótica, por sua própria natureza, é geralmente difícil a regulamentar, sobretudo no controle de armas. Além disso, existe uma continuidade entre as tecnologias militares e não militares. Uma mesma plataforma robótica pode ter aplicações civis como militares e pode ou não ser utilizada com capacidade letal.”
É por essa razão que Andrea Bianchi defende um debate aprofundado dessas questões. “Seria bom reunir os diferentes atores dessa questão – não somente a Cruz Vermelha, a ONU e os Estados, mas também cientistas especialistas em direitos humanos – para uma reflexão a mais honesta possível; o avanço tecnológico é tal que o direito humanitário internacional (DIH) não pode ficar para trás.”
Esse também é o efeito esperado da campanha Stop Killer Robots: a abertura de um debate público de um assunto até agora restrito aos meios militares.
A Suíça e os drones militares
O exército suíço pretende equipar-se com novos drones de observação não armados para substituir os que utiliza desde 2001, os drones ADS 95 Ranger.Segundo Armasuisse, centro de competência federal para aquisição de sistemas complexos de armamento, dois sistemas de drones dos fabricantes israelenses Israel Aerospace Industries Ltd (IAI) ee Elbit Systems (Elbit) estão em avaliação.
“A avaliação dever terminar em meados de 2014, o que permitirá escolher entre os dois sistemas; a Suíça não participa do desenvolvimento desses sistemas”, precisa à swissinfo.ch François Furer, porta-voz de Armassuisse.
Por sua vez, RUAG, empresa 100% estatal do setor de defesa e aeroespacial, participa do programa nEUROn conduzido pela francesa Dassault Aviation, de um protótipo de drone de combate semiautônomo.
“RUAG é responsável pelos testes em canal de vento a baixa velocidade e das interfaces entre a plataforma e os armamentos”, precisa a Dassault em seu site internet.