NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 19/05/2013
Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.
Operação Ágata intensifica fiscalização nas fronteiras da Amazônia Brasileira
A operação foi deflagrada na manhã deste sábado (18) em vários estados brasileiros. A intenção é dificultar o tráfico entre países Sul Americanos
As Forças Armadas Brasileiras instauraram na manhã deste sábado (18) a Operação Ágata 7, com o objetivo de intensificar as fiscalizações nas fronteiras com países vizinhos da América do Sul e diminuir as incidências de tráfico nessa região. A operação acontece em vários Estados Brasileiros, mas com esforço concentrado na Amazônia Brasileira.
Agentes da Marinha, Exército e Força Área Brasileira estarão nas próximas três semanas intensificando as fiscalizações em todos os Estados brasileiros que tem fronteiras com países como Guiana Francesa, Venezuela, Suriname, Colômbia e Argentina.
Mais de 16 mil quilômetros serão vigiados pelas forças armadas, onze mil quilômetros ficam apenas na Amazônia.
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Forças Armadas iniciam operação ao longo de toda fronteira brasileira
Da Agência Brasil
Brasília – O Ministério da Defesa informou hoje (18), em nota, que as Forças Armadas iniciaram nesta manhã a Operação Ágata 7 em toda extensão da fronteira brasileira com dez países sul-americanos. Ao todo 25 mil militares e agentes das polícias Federal, Rodoviária Federal, Militar e de agências governamentais participam desta edição, considerada pelo ministério, a maior mobilização realizada pelo governo brasileiro no combate aos ilícitos entre o Oiapoque (AP) e o Chuí (RS).
De acordo com o Ministério da Defesa, antes de a operação ser deflagrada, “o governo manteve contatos com os países vizinhos para o repasse de informações sobre o emprego do aparato militar”.
A Ágata integra o Plano Estratégico de Fronteiras (PEF) sob a coordenação do Ministério da Defesa e comando do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). A execução cabe à Marinha, ao Exército e à Força Aérea Brasileira (FAB).
Ainda segundo a Defesa, durante a mobilização militares estarão atentos aos principais crimes transfronteiriços como narcotráfico, contrabando e descaminho, tráfico de armas e munições, crimes ambientais, contrabando de veículos, imigração e garimpo ilegais.
Ao longo de toda a fronteira terrestre, as tropas contarão com os centros montados nos Comandos Militares da Amazônia (CMA), em Manaus; do Oeste (CMO), em Campo Grande; e do Sul (CMS), em Porto Alegre.
Em quase dois anos já foram realizadas seis edições da Operação Ágata em uma faixa de fronteira que compreende 27% do território nacional onde estão 710 municípios, sendo 122 cidades limítrofes e 588 não limítrofes.
A fronteira tem 16.886 quilômetros de extensão, sendo 7.363 quilômetros de linha seca e 9.523 quilômetros de rio, lagos e canais. São 23.415 quilômetros de rodovias federais. Os estados de fronteira são: Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os países vizinhos são: Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Paraguai, Argentina e Uruguai.
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Empresas teriam de investir o dobro
Sem olhar no rumo da inovação, o Brasil corre sério risco de ampliar o processo batizado de desindustrialização. Desde 2009, o país passou a exportar mais commodities (matérias-primas agrícolas e minerais) que manufaturados, tendência que o coloca em maior dependência das variações das cotações internacionais de produtos básicos, leia-se da demanda chinesa. Embora tenha agregado menos valor à sua pauta no mercado exterior, os preços elevados de minério e soja deixaram menos visível o problema.
Mas o aumento do consumo de itens industrializados e a rendição das fábricas nacionais à penetração de competidores externos, sobretudo asiáticos, evidenciaram a urgência da inovação. O governo até tentou reverter o quadro, mas o investimento privado continua tímido. Para economistas, se o quadro não mudar, restará como armas apenas a desvalorização do real e o protecionismo comercial.
A liderança da inovação brasileira em certos ramos — Petrobras (exploração de petróleo e gás em águas profundas), Embrapa (genética da agropecuária tropical) e Embraer (aeronaves da aviação regional) — só confirma a regra da desconexão entre ideias inovadoras e investimento industrial privado. Em seguida às três grandes e unânimes exceções, surge um segundo grupo, formado pela Marco Polo (ônibus), pela Natura (cosmésticos), pela WEG (motores elétricos) e por fabricantes de máquinas agrícolas, entre outros. Mas a realidade que incomoda é a de manufaturados de fora ocupando rápido as prateleiras e os componentes importados avançando nos produtos made in Brazil.
Luiz Ricardo Cavalcante, diretor do Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), do governo, descreve duas razões para que o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) não seja algo normal para o empresariado nacional. A primeira está baseada no fato de a maioria dos setores econômicos ter base tecnológica baixa ou média, como o têxtil. A outra é que as fábricas de multinacionais no país importam quase toda a sua inovação das matrizes. "A despeito dos obstáculos de nossa estrutura fabril, investir em P&D seria a maneira mais óbvia para melhorar nossa combalida produtividade", acrescenta.
O Brasil investe 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em inovação, metade da média global, sendo a maior parte dos recursos (55%) vindos do setor público. No resto do mundo, a situação é inversa, com predomínio do dinheiro privado. No Japão e nos Estados Unidos, essa proporção chega a 75%. A Coreia do Sul usa 3,4% do PIB em P&D, quase o triplo do Brasil. "As empresas deveriam reagir para elevar esse percentual para 2,5%", defende Cavalcante.
Carlos Américo Pacheco, reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), vê na cultura de baixa exposição ao risco o maior gargalo para as políticas de inovação. "As indústrias nacionais não fazem a sua parte e preferem importar tecnologia na forma de máquinas ou dos próprios produtos que vende", lamenta. Ele cita o caso de fabricantes locais de aparelhos eletrônicos que se valem apenas da marca, dos canais de distribuição e da rede de assistência técnica para ocupar uma parcela do mercado. "Não há soluções simples para esse quadro. A agenda é longa, indo desde a formação de recursos humanos, a laboratórios e subsídios", completa.
Plataforma local
Adriana Machado, presidente da GE do Brasil, acredita que uma multinacional pode, sim, investir no desenvolvimento regionalizado de tecnologias, com foco nas necessidades locais. Ela cita o primeiro Centro de Pesquisas Global de sua empresa na América Latina, o quinto no mundo, em construção no Rio de Janeiro, com investimentos de R$ 500 milhões e inauguração prevista para 2014. "O projeto já conta com 80 pesquisadores, focados em bioenergia e exploração de petróleo no mar, entre outras áreas."
Para Mauro Kern, vice-presidente da Embraer, houve avanços importantes no ambiente para a inovação no país. "Há um reconhecimento crescente dos diversos setores quanto à importância da adoção de políticas públicas, com destaque ao aumento da produção científica e do número de pesquisadores", diz. Mas ele ressalta que, para inovar, setores produtivos requerem menos burocracia, melhor infraestrutura, alívio da carga tributária, novas formas de fomento e, acima de tudo, investimento permanente na educação e na formação profissional. (Colaborou Juliana Borre)
» Exigência do consumidor
O ritmo de inovação tecnológica das empresas brasileiras diminuiu em relação aos últimos três anos. Sondagem da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) revela que 51,8% declararam ter inovado em algo no primeiro trimestre. Mas o percentual ficou 0,6% abaixo da média dos últimos seis trimestres. A tendência, contudo, pode mudar. A expectativa de inovação subiu de 60,3% para 61,2%, com aumento de 47,6% para 52,6% em produtos e de 43,4% para 43,9% em processos.
» Avanço dos importados
Um em cada cinco produtos industriais comprados no país em 2012 era importado — um recorde em cinco anos. A concorrência internacional abocanhou 21,6% do mercado interno, e a participação de componentes vindos de fora na produção nacional também foi histórica, com 23,2%, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Essa evolução acelerou no primeiro trimestre deste ano, chegando a 22% do consumo doméstico. Os números evidenciam perda de competitividade da maioria dos segmentos perante os rivais externos. "Se continuar neste ritmo, vai ser preciso ampliar a demanda para impulsionar a atividade fabril local", afirma Marcelo Azevedo, economista da CNI.
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Fronteiras vigiadas
Quase 25 mil militares estão mobilizados desde ontem para a maior ação militar de segurança pública realizada no governo Dilma Rousseff. A Operação Ágata 7 vai patrulhar, pela primeira vez e de forma simultânea, os 16,8 mil Km de fronteiras do Brasil com 11 países da América do Sul, por pelo menos 20 dias. Embora o objetivo mais visível seja o combate ao contrabando, ao tráfico de drogas e aos delitos ambientais, a operação também é valorizada pelo seu valor simbólico.
"O nosso maior objetivo é mostrar capacidade de mobilização militar, de segurança pública, além de marcar presença nas fronteiras. É uma operação real, mas é um grande exercício de mobilização nacional", explica o Chefe de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa, brigadeiro Ricardo Machado Vieira. O trabalho envolve Marinha, Exército, Força Aérea Brasileira (FAB), polícias Rodoviária e Federal, além de órgãos do governo, como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e a Fundação Nacional do Índio (Funai).
A primeira edição da Operação Ágata ocorreu em agosto de 2011 e empregou três mil militares na fiscalização da fronteira brasileira com a Colômbia. As cinco operações seguintes fiscalizaram outras regiões fronteiriças, mas nunca todas as fronteiras juntas. Ao todo, nas seis primeiras edições da Ágata, foram apreendidas 19,8 toneladas de explosivos, 11,9 toneladas de drogas, 498 embarcações e 106 armas, além de R$ 243 mil.
As primeiras operações detectaram áreas mais críticas quanto a crimes como contrabando e tráfico de drogas. "Temos um trabalho de inteligência e a experiência das últimas edições. Hoje sabemos onde são os pontos principais", explica o brigadeiro Machado, ao destacar que boa parte dos pontos críticos se situam em áreas de tríplices fronteiras.
O brigadeiro garante que a proximidade da operação com a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude não é casual. "Decidimos realizar a Ágata um pouco antes dessa Copa, pois calculamos o impacto ao aumentar a presença nas fronteiras antes. Em cada região, temos centros de controle da FAB, mas todo o comando e acompanhamento e coordenação da operação passarão a ser feitos em Brasília", explica Machado.
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Só inovação salva indústria
País precisa inovar para competir. A indústria brasileira precisa investir em inovação. Repetida há anos como mantra por empresários, cientistas e autoridades, essa falsa unanimidade já deixou de ser uma opção. Agora como carma, inovar se tornou questão de sobrevivência em meio à concorrência global e uma chance de recuperar a competitividade perdida nos últimos anos. Muito além das promessas vindas da exploração do pré-sal e do orgulho com a safra recorde de grãos, empregos melhores e estabilidade econômica duradoura vão depender, cada vez mais, da capacidade de o país transferir conhecimento próprio à produção.
O principal alerta para isso vem da balança comercial, que acumulou, de janeiro a abril deste ano, um deficit de US$ 6,2 bilhões, acenando o risco de fechar o ano no vermelho pela primeira vez desde 2000. Uma perspectiva de queda nos preços internacionais de alimentos e de minérios deixa o cenário ainda mais desafiador em favor da inovação. Apesar de figurar entre os 15 maiores polos geradores de novidades científicas, com cerca de 400 incubadoras, 5 mil empreendimentos parceiros e 20 parques tecnológicos, o país ocupa uma posição mediana no ranking da inventividade. O descompasso está no medo de inovar.
"A inovação deveria virar uma onda, alcançando todos os ramos empresariais. Há até recursos à disposição para essa generalização, mas a maioria das empresas pouco ou nada inova, preferindo proteção em vez de competir", avalia Mariano Francisco Laplane, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). Ele prevê uma "tragédia econômica" se o capital nacional não responder à demanda mundial, sobretudo onde já se destaca, como energias renováveis. "Os Estados Unidos conseguiram trilhar uma retomada industrial após encararem o desafio de explorar gás de xisto", ilustra.
Chance desperdiçada
O Brasil vem perdendo bilhetes de loteria ao longo da história ao desprezar a oportunidade de levar descobertas e inventos nacionais às linhas de montagem, conquistando assim mercados. A maior prova disso é o fato de os irmãos norte-americanos Orville e Wilbur Wright serem considerados pioneiros da aviação em seu país, apesar de terem voado em um planador, em 1903, enquanto Alberto Santos Dumont já tinha contornado a Torre Eiffel com um dirigível, em 1901 — e com o 14-Bis, em 1906. A diferença é que o brasileiro não patenteou o avião e outras tantas invenções, sem ainda encontrar na terra natal chance para produzi-las em escala.
"O país tem tradição empreendedora e inovadora pouco aproveitada", explica Nixon Diniz Pereira, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e biógrafo de Santos Dumont. Curiosamente, ele lembra que a preocupação do Estado em proteger direitos de criações industriais remonta ao tempo do Império, com a fundação de um órgão para essa finalidade na década de 1870. Naquela época, inúmeros produtos foram patenteados, muitos então considerados excêntricos, como um carro-casa, um chuveiro portátil e um traje flutuante para banhistas.
A iniciativa foi insuficiente para reter talentos como os do pai da aviação e do rádio, Roberto Landell de Moura, que tiveram de buscar reconhecimento no exterior. Outros que ficaram, como o médico Vital Brazil, criador de soros, mereciam mais. "Já pensou se multinacionais como Boeing (aeronáutica), Bayer (farmacêutica) e Nokia (telecomunicações) tivessem surgido no Brasil?", filosofa. Para o professor, o governo deveria incentivar o ensino voltado para a gestão de negócios, como fazem países asiáticos, onde alunos aprendem a conviver desde cedo com o mercado. "Precisamos de inventores empreendedores", resume.
O governo anunciou, em março, pacote de R$ 32,9 bilhões para a inovação, com duração de dois anos. Apesar do volume recorde de recursos, especialistas lamentam o fato de o Inova Empresa não ter sido acompanhado de uma ampla reforma do modelo brasileiro de incentivo à inovação. (Colaborou Juliana Borre)
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Brasília-DF :: Luiz Carlos Azedo
Memória
De acordo com dados revisados pela equipe da Comissão Nacional da Verdade, 268 depoimentos de vítimas, testemunhas e agentes da repressão do regime militar foram tomados neste primeiro ano de atividades. Desses depoimentos, 59 em entrevistas reservadas. Destaque para o número de audiências públicas: 148 audiências |
Brasil precisa planejar o futuro
Aos 82 anos, o engenheiro aeronáutico Ozires Silva afirma que não perdeu o entusiasmo da juventude com o futuro do Brasil graças à "enorme criatividade do brasileiro". Mas também confessa que nunca esteve tão preocupado com a falta de ousadia para promover a inserção competitiva do país no concorrido mercado global, com raras exceções, como as aeronaves de porte médio. "As contas externas não deixam mais dúvidas de que deixamos de ser a bola da vez, e o descaso com a inovação foi longe demais. Não podemos continuar pagando celulares com soja e milho", afirma, nesta entrevista ao Correio.
O ex-ministro da Infraestrutura do governo Collor reclama das armadilhas contra a competitividade, que começam na própria ineficiência do Estado. Depois de ter liderado empresas-símbolo, como Petrobras e Varig, além da Embraer, da qual foi fundador e é ainda inspirador, Ozires assumiu novo papel, como um dos principais defensores do investimento na qualidade do ensino. "Está evidente para o mundo todo que a educação virou a base da prosperidade", resumiu o reitor da Unimonte (SP).
O senhor ainda acredita que a inovação pode levar o Brasil a ser uma economia desenvolvida?
Sou muito otimista com o Brasil e acredito firmemente em seu grande potencial. Mas não estou gostando nada do que estão fazendo com o país. Receio que o nosso sistema político não nos levará ao êxito merecido. Se antes não conseguíamos planejar a longo prazo em razão de turbulências econômicas, atualmente abdicamos de fazer qualquer planejamento. E o que mais precisamos é de um plano de nação, porque o futuro precisa ser planejado. Nesse sentido, a inovação deveria estar no centro da estratégia nacional, simplesmente pelo fato de que tecnologia se populariza no consumo.
Como a aposta na tecnologia pode garantir a um país ou a uma empresa novos mercados?
Sempre lembro que acabou, faz muito tempo, aquela velha ideia de que a crescente demanda mundial por alimentos, puxada pelo aumento da população, só poderia ser atendida se houvesse uma correspondente ampliação das áreas cultivadas. As soluções inovadoras fazem a ruptura necessária, como fez a nossa Embrapa, em 40 anos de história. Mas também gosto de ressaltar que a escola é a base de todas essas mudanças radicais, derrubando fórmulas que não servem mais.
Além da falta de planejamento, o ambiente econômico não ajuda a inovar, certo?
O problema é que o país é muito caro. Não estamos sendo capazes de competir com o mundo, tendo uma carga tributária de 36%, sem deixar recurso nas empresas para investir em inovação. Nesse ambiente, há enorme acomodação dos empresários com as dificuldades e se acaba preferindo comprar a inovação de fora, apesar de essa prática causar danos colaterais. A tecnologia importada serve para ganhar fatias do mercado interno, mas não elimina a concorrência externa e ainda impede avanços no mercado global.
Os empresários estão conscientes da necessidade de inovar para competir globalmente?
Estão, mas são tantas as questões a serem solucionadas que a inovação acaba ficando em segundo plano. Precisamos melhorar a logística e a formação de recursos humanos, além de reduzir a burocracia. Mas, lamentavelmente, nenhuma das reformas econômicas necessárias ocorre. Essas falhas ficaram evidentes no desempenho das transações correntes. O capital estrangeiro não virá mais com tanta intensidade. Nossos dados concretos não mais empolgam gente lá fora. Estamos no baile mundial e temos de dançar a sua música. Não temos poder para trocar a partitura.
É possível acreditar que empreendimentos inovadores contribuiriam para virar esse jogo?
Claro. A primeira coisa é sintonizar nosso parque fabril com as necessidades globais. A Embraer é uma empresa privada cuja produção é voltada 95% para o comércio exterior. Ela só não tem mais mercado doméstico em razão de problemas estruturais, como juros e prazos de financiamento. A empresa investe pesadamente em tecnologia e se orienta pela demanda do mundo.
Com a piora nas relações de troca, é possível ver o país subindo para ser a quinta economia global?
A economia mundial é interdependente e estamos andamos para trás. Precisamos passar o país a limpo para não mais perder espaços no comércio mundial. Nossa fragilidade aparece nos detalhes, como os chicletes chineses e picolés coreanos vendidos no centro das capitais. Não é possível aceitar que um país desse tamanho tenha participação ridícula de 1,3% no comércio mundial. As contas externas mostram que deixamos de ser a bola da vez, e o descaso com a inovação foi longe demais. Não podemos continuar pagando celulares com soja e milho.
A julgar pela baixa qualidade da educação, podemos afirmar que inovar aqui está mais difícil?
O binômio educação e desenvolvimento desencadeia processos inovadores naturalmente. O que me anima é perceber que está sendo construído um amplo consenso nacional sobre o descompasso do Brasil em relação ao mundo. Os jovens estão entendendo isso. A prova é que engenharia passou a ser um dos vestibulares mais disputados, pois os estudantes estão enxergando na educação a forma de viabilizar sonhos.
Quer dizer que está claro hoje que conhecimento também é um fator de bem-estar social?
São muitas as situações nas quais o investimento em escolaridade se revelou um instrumento espetacular para melhorar drasticamente as condições de vida. Boa parte disso se deve também à revolução nas comunicações, que ganham novas dimensões no meio digital. Essa tecnologia tornou o Brasil bem diferente daquele de poucas décadas atrás. Os 260 milhões de celulares em uso integraram tecnologia à vida de pessoas de todas e classes sociais.
A Coreia é o melhor exemplo, a seu ver, do papel da educação como promotora do progresso?
Sim. Em termos mundiais, os melhores exemplos vêm da Ásia. Transformação é a melhor palavra para descrever a evolução da Coreia do Sul e da China, sem falar dos tradicionais casos de Europa, Estados Unidos e Canadá. Essa conexão entre salas de aula e prosperidade está sendo testada até nos Emirados Árabes, onde os xeques apostam na formação dos filhos e na educação do povo.
Se Santos Dumont tivesse patenteado suas invenções, o país poderia ter ganhado uma Boeing?
Prefiro olhar essa questão por outro ângulo em vez do "se". Vamos jogar luz sobre a influência do ensino de qualidade na inovação e no desenvolvimento de recursos humanos. Felizmente, temos empresas como Marco Polo, Randon, WEG e Fundição Tupy, cujo crescimento está calcado nos processos educacionais. É preciso um ambiente que suporte obras inovadoras. Sem o Vale do Silício não haveria o Steve Jobs e a Apple. Infelizmente, Santos Dumont precisou ir para a França, pois aqui não teria sucesso nas invenções.
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Giro pelo Brasil
COPA - Operação na fronteira
O Brasil iniciou ontem uma vasta operação militar, a pouco menos de um mês do início da Copa das Confederações, evento-teste para o Mundial do ano que vem. A operação Ágata 7 distribuiu 25 mil militares nos 16.886 quilômetros de fronteira que o Brasil compartilha com nove países sul-americanos, além da Guiana Francesa, informou o Ministério da Defesa.
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Homenagem em frente ao cárcere
Mortos pela ditadura militar serão lembrados em monumento que está sendo erguido próximo ao antigo Dops, na Afonso Pena
Daniel Camargos
O canteiro central da Avenida Afonso Pena, em frente ao Departamento de Investigação Antidrogas, que no passado abrigou a Delegacia de Segurança Pessoal e de Ordem Política e Social (Dops), local de prisão e tortura de presos políticos durante a Ditadura militar (1964-1985), está sendo preparado para receber um monumento que vai lembrar os que morreram combatendo o regime militar. A inauguração será no próximo sábado, quando os nomes de 58 militantes serão colocados na placa. De acordo com o autor do monumento, o gaúcho Tiago Balem, a capital mineira será a primeira cidade brasileira a ter a obra, que também será instalada em outras 10 capitais. "Faz referência à bandeira nacional sendo descoberta e revelando o nome das pessoas".
A presidente da Associação dos Amigos do Memorial da Anistia Política do Brasil, Cristina Rodrigues, afirma que o objetivo é transformar o antigo Dops em centro de cultura. "Estamos conversando com o governo do estado para isso", afirma Cristina. A associação também pretende instalar marcos em outros locais que foram trincheiras na luta contra a ditadura, como a escadaria da Igreja São José, a Praça Sete, as faculdades de Medicina e Direito e a igreja dos dominicanos.
As vítimas do regime ditatorial que serão homenageadas no monumento morreram durante tenebrosas sessões de tortura ou foram executadas antes de ser presas. Entre os homenageados estão nomes conhecidos como o da estilista Zuleika Angel Gomes, a Zuzu Angel, mãe do militante Stuart Angel, que foi morto durante sessões de tortura. Zuzu passou a buscar a verdade, mas também morreu em um acidente de carro que é atribuído aos militares.
Além da inauguração do marco, na sexta-feira, a caravana da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça fará o julgamento de dois militantes: Cecílio Emigdio Saturnino, que já morreu, e Wellington Moreira Diniz (leia mais nas páginas 10 e 11).
Atos O ex-vereador Betinho Duarte (PSB), que coordena ações em prol da anistia, explica que o julgamento pode levar a três atos. O primeiro é o pedido de perdão, que é feito por um representante do Estado Brasileiro, se desculpando pelas violências cometidas. O segundo é uma indenização monetária, que pode chegar no máximo a R$ 100 mil. Se for comprovado que o réu foi mandado embora do trabalho ele tem direito à contagem do tempo de serviço e até receber uma aposentadoria vitalícia.
Além do julgamento, também serão homenageados os anistiados políticos Angelina Dutra de Oliveira, Antônio Ribeiro Romanelli, Imaculada Conceição Lucas de Oliveira, Maria Geralda Gomes e Oroslinda Maria Taranto Goulart. As famílias de Therezinha Martins Rabelo e Carmela Pezzuti também receberão homenagens.
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O guerrilheiro rompe o silêncio
Na luta contra a ditadura, Wellington Diniz assaltou, foi acusado de assassinatos, preso, torturado, exilado, foi segurança de Lamarca e Fidel e fez cinema com Rosselini. Calado desde a abertura política, ele agora conta a sua história, às vésperas de ser julgado em BH pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça
Daniel Camargos
Quem observa o senhor franzino, de 66 anos, morador do Bairro Carmo, em Sete Lagoas, é incapaz de imaginar o peso da história que ele carrega. Wellington Moreira Diniz lutou contra a ditadura militar no Brasil, participou de ações armadas em bancos e quartéis para abastecer organizações como Colina, Var-Palmares e VPR com armas e dinheiro; foi responsável pela segurança do ícone da resistência, o capitão Carlos Lamarca, e presenciou a jovem Dilma Rousseff, então com 21 anos, discutir asperamente com Lamarca. Fez ainda parte do grupo que roubou US$ 2,598 milhões (R$ 15 milhões atualmente) do cofre da amante do político Adhemar de Barros; foi preso e cruelmente torturado, depois libertado em troca do embaixador suíço que havia sido sequestrado por seus companheiros. Exilado no Chile, foi segurança do então presidente cubano, Fidel Castro, quando este visitou o país governado por Salvador Allende, em 1971. Trabalhou ainda como assistente em produções do diretor de cinema chileno Miguel Littín e do italiano Roberto Rosselini e lutou pela independência de Angola, participando da tomada do aeroporto na capital.
» O INÍCIO
Wellington nasceu em Belo Horizonte, no Bairro Nova Suíça, filho de pai comerciante e mãe dona de casa. Começou a militância política na escola técnica industrial e logo depois integrou a Ação Popular (AP). Foi preso em 1968. "Foi um escândalo. Eu morava com meus pais e fui levado de cueca para o CPOR", lembra. Foi interrogado, mas como não entregava nada seguiu preso. "Nesse tempo a tortura não era institucionalizada. Era só pancadaria. Eles batiam muito com cacetete de borracha", detalha.
Recebia toda semana a visita dos pais e, para não assustá-los, dizia que estava bem e se sentia em uma colônia de férias. Certo dia, durante a visita, um coronel mandou que ele tirasse a camisa. Wellington resistiu, mas foi agarrado. "Meu pai viu como eu estava, porque o cacetete de borracha deixa lanhos na pessoa", lembra. O coronel levou o pai dele para outra sala e teve uma conversa reservada. No dia seguinte, o pai de Wellington, Nereu Diniz, então com 46 anos, foi internado em um hospital e morreu de problemas cardíacos. "Meu pai não tinha nenhuma militância, não era ligado a nenhum partido político. Ele era só meu pai", indigna-se.
» AO ATAQUE
Três dias após deixar a prisão, em Belo Horizonte, foi decretado o Ato Institucional número 5 (AI-5). Porém, Wellington não esperou pelo endurecimento do regime militar e já estava vivendo clandestinamente no Rio de Janeiro. Ingressou no Comando de Libertação Nacional (Colina). O contato dele era o também belo-horizontino Juarez Guimarães de Brito. "Juarez é na minha vida de 66 anos a pessoa mais honesta, mais parceira, mais companheira e que me ensinou muito na vida", afirma Wellington. O Colina fundiu com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), de Carlos Lamarca, e formou a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares).
Entre as ações empreendidas na resistência à ditadura, Wellington destaca o assalto à agência do banco Andrade Arnaud, que ficava próximo ao Ministério da Guerra e à delegacia de repressão de assalto a bancos, na capital fluminense. "Isso deixou os militares furiosos", recorda. Outro estratégia ousada foi o assalto à agência Urca da antiga União dos Bancos Brasileiros, que era onde os militares depositavam o dinheiro, pois era vizinho da Escola Superior da Guerra. Wellington também assaltou o carro do general Syzeno Sarmento, então ministro da Guerra. "Eu mesmo peguei o carro dele. Um carro bom, porque tinha placa fria e uma pistola .45 no porta-luvas", lembra.
O assalto ao quartel de Manguinhos, na Avenida Brasil, também marcou. "Éramos cinco pessoas. O Darcy Rodrigues chegou para o sentinela e gritou: qual é o f. que disparou a arma?", lembra Wellington. O guarda, assustado, não soube responder e atendeu a ordem de Darcy, que estava vestido como militar. Cerca de 40 militares foram reunidos em uma sala e colocados em posição de sentido. "Estava todo mundo com o fuzil na mão. O Darcy entrou e deu posição de sentido. Aí eu entrei. Com uma Thompson (metralhadora) na mão", recorda.
» O GRANDE ASSALTO
A maior ação e mais notória foi o roubo do cofre da amante de Adhemar de Barros, no Bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro. Adhemar morreu em março de 1969 e deixou grande parte do dinheiro com sua principal amante, Anna Gimel Benchimol Capriglione. No dia 18 de junho de 1969, 11 militantes da VAR-Palmares, Wellington entre os líderes, invadiram a mansão, renderam todos os funcionários e levaram o cofre, que em valores de hoje tinha o equivalente a R$ 15 milhões.
"Eu não podia trocar dinheiro. Nem eu e nem o pessoal mais militarizado. Isso ficava para os simpatizantes. A Dilma (a presidente Dilma Rousseff) estava começando e foi junto com a Iara (Iara Averbeck, militante e namorada de Carlos Lamarca) trocar parte do dinheiro em uma casa da câmbio no Copacabana Palace", lembra. A maior parte, entretanto, foi levada para o embaixador da Argélia por Wellington.
"Todo dinheiro era para a organização. Eu nunca coloquei a mão em um tostão de todas as operações que fiz. Eu inclusive apanhei porque não tinha uma nota de US$ 1", sustenta Wellington. Os militantes decidiram que cada um dos participantes poderia ficar com uma nota de US$ 1 como recordação do feito, mas Wellington recusou, o que fez ele apanhar ainda mais na prisão por não revelar onde estava a nota. A história do assalto é contada no livro O cofre do dr. Rui (Civilização Brasileira), escrito por Tom Cardoso. Até a quarta-feira da semana passada, Wellington nunca havia contado sua trajetória. Em um depoimento de quase três horas, ele revelou ao Estado de Minas detalhes da sua biografia. Acusado de 38 assaltos, entre bancos, quartéis e automóveis, e de ter matado 12 pessoas em ações de resistência à ditadura, ele será julgado na próxima sexta-feira pela Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça. O deputado federal e ex-ministro dos Direitos Humanos Nilmário Miranda (PT-MG) será o relator do processo de Wellington e destaca: "A anistia não discrimina luta armada e luta pacífica. Em uma situação de ditadura é considerado lícito que os militantes peguem em armas".
"Se eu era bravo? Bravo é boi. Eu seguia as necessidades do momento", entende Wellington. A ficha do Serviço Nacional de Informações (SNI) imputa 38 ações, mas ele garante ter participado de 45. Sobre as 12 mortes de que é acusado, garante não ser realidade. "Sempre atirei para cima. Se alguém trombou na bala não é problema meu", ironiza. Um dos apelidos que recebia dos companheiros e também dos militares era 90. Uma alusão às duas pistolas .45 que sempre carregava na cintura durante as ações. Outro apelido – que ele não gosta, aliás – era "John Wayne da guerrilha". "Isso é folclore", rebate.
Distante da época elétrica, quando vivia entre um aparelho e outro e chegou a assaltar três bancos no mesmo dia, sendo um no Rio de Janeiro e outros dois em São Paulo, Wellington recita sua vida como se estivesse contando para si próprio. Em quase três horas de depoimento, fumou 18 cigarros, bebeu mais de uma garrafa de café – sem açúcar – e fez longas pausas. "Existem as pessoas que passam pela história e as pessoas que fazem a história. Foi uma opção de vida fazer história", conclui, deixando o cigarro queimar até o filtro.
» LAMARCA
Após a fusão entre a Colina e a VPR que originou a VAR-Palmares, Wellington passou a comandar a terceira base operacional da organização. "O meu grupo propôs uma operação para matar o Lamarca (Carlos)", lembra. O motivo é que eles tinham visto uma notícia no jornal em que Lamarca, então capitão do Exército e um dos melhores atiradores do país, dava um curso de tiro para gerentes de banco reagirem aos assaltos. Wellington não sabia, entretanto, que no final de janeiro de 1969 Lamarca havia desertado e fugido do quartel de Quitaúna, em São Paulo, com uma Kombi carregada de fuzis, metralhadoras e munição e entrado para a VPR.
O plano não foi pra frente e meses depois Wellington foi deslocado para uma tarefa. Quando entra no aparelho se depara com Lamarca. "Ele morreu de rir. Disse que eu queria matá-lo, mas teria era que cuidar dele", afirma. Wellington se recorda de quando passou a ser segurança do principal nome da guerrilha armada. "Fui com ele quando foi fazer uma cirurgia plástica. As enfermeiras pensaram que éramos um casal. Me gozaram muito no hospital. Mas elas não sabiam que debaixo do capote que vestia havia duas pistolas .45, uma metralhadora Thompsom e algumas granadas", detalha.
» DILMA
Após o assalto ao cofre da amante do governador Adhemar de Barros houve um encontro da VAR-Palmares em Teresópolis, na região serrana fluminense. Um grupo, liderado por Lamarca, priorizava as ações armadas, e outro, do qual Dilma fazia parte, tinha o discurso da conscientização da massa de trabalhadores. Eram os "foquistas", que desejavam implantar focos de guerrilha ante os "massistas".
"Teve um embate e eu estava presente. A Dilma tinha a convicção dela, que era uma visão mais antimilitar. E nós tínhamos uma visão mais militar, que foi o grupo que formou a Vanguarda Popular Revolucionária. A Dilma acusou o Lamarca de não ter sustentação teórica. Houve tensão, as discussões foram sérias, mas nunca chegou às vias de fato", recorda Wellington.
» A QUEDA
Wellington viveu um tempo como camponês na região serrana do Rio de Janeiro preparando aquele que seria o cativeiro – caso o plano fosse efetivado – do então ministro da Marinha, Augusto Rademaker, e do militar Gary Prado, que estava no Brasil e foi um dos responsáveis pela caçada que matou Ernesto Che Guevara. "Fui ao Rio porque ia ter um encontro para fechar essa questão. Como eu era o segurança do Lamarca, sempre ia na frente para averiguar. Na hora em que abri a porta do apartamento tinha um Fal (fuzil) na minha cara", lembra.
Wellington diz que correu, mas se deparou com outros militares. Chegou a trocar tiros, mas foi atingido de raspão na cabeça e outro nas costas. Acabou preso. "Ai me meteram duas algemas. Um militar enfiou o fuzil na minha boca, quando eu estava caído. Fui levado para o DOI-Codi, na Barão de Mesquita. No elevado da Barão de Mesquita dei uma cabeçada no motorista do carro e ele esbarrou o carro na mureta", destaca a própria valentia. Preso, Wellington afirma ter conseguido segurar 72 horas sem abrir a boca. Ele sabia muito. Sabia onde estava Lamarca e também o destino do dinheiro do cofre da amante do Adhemar de Barros e, por isso, foi torturado intensamente.
» EXÍLIO E FIDEL
Com o sequestro do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, comandado por Lamarca, Wellington entrou na lista dos 70 nomes que seriam trocados pelo diplomata. Foram para o Chile, que era governado por Salvador Allende. Chegando ao país andino, ele trabalhou com o cineasta Miguel Littín, como assistente de câmera no filme A terra prometida. Porém, quando o general Augusto Pinochet tomou o poder, seu nome foi incluído na lista de procurados e teve que deixar o país.
Antes, em 1971, quando o então presidente cubano Fidel Castro visitou o Chile, Wellington foi destacado pelo Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR) para compor a equipe de segurança do líder cubano. "Precisavam de pessoa com certa experiência e desenvoltura para auxiliar nos trabalhos. Com gente disposta ao que desse e viesse. Fidel era um ídolo, assim como Che Guevara. E nos tratava de igual para igual, chamando-nos de companheiro e tomando um café igual nós estamos tomando aqui", relata.
» CINEMA E REVOLUÇÃO
No Chile, além de trabalhar na produção de filmes, Wellington conheceu Renzo Rosselini, filho do cineasta italiano Roberto Rosselini. Quando teve que deixar o país após a tomada do poder por Pinochet, Wellington chegou à Itália, passando por México e Bélgica antes. Lá, conta que foi assistente de direção de Roberto Rosselini em filmes feitos para a tevê italiana RAI. No Brasil, quando retornou, foi assistente de direção de Helvécio Ratton no filme A dança dos bonecos (1986). "Um cara extremamente corajoso. Não era de falar muito e nem de discutir, mas era um sujeito de muita ação", lembra Ratton.
Porém, antes de retornar ao Brasil, Wellington também esteve em Angola e participou da luta pela libertação do país, que culminou na independência, em 1975. No país africano nasceu um de seus seis filhos. Após retornar ao Brasil, estudou medicina oriental e, por muitos anos, teve um clínica de acupuntura no Bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, além de dar aulas e escrever livros sobre o assunto. Há três anos mora em Sete Lagoas. Mudou-se para a cidade para viver mais próximo de sua mãe, que morreu em março deste ano.
» IDEOLOGIA
Wellington afirma que na primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antigos companheiros o sondaram sobre a oportunidade de trabalhar em Brasília. Porém, ele permanece radical. "Eu não tenho estômago ainda. Eu ainda não tenho essa capacidade de exercer minha serenidade frente a pessoas que torturaram ou que financiaram a tortura. Eu não tenho o que fazer lá", afirma. Wellington não se arrepende de nada do seu passado. "Tenho muito orgulho de ter feito parte de uma situação que pode resultar hoje na nossa possibilidade de falar", garante. O ex-combatente faz questão de deixar um recado para os jovens: "Acredito profundamente no ser humano e acredito nessa juventude que está vindo aí. Que pode trazer novos valores saindo desse colonialismo mental que existe até hoje. Não somos nós, os dinossauros da história, quem vai promover essas mudanças. Essas mudanças estão na mão dos jovens que não recebem pressão ideológica do jeito que recebíamos e que tem a liberdade de poder criar algo novo. Tenho um orgulho muito grande de ter participado na construção deste espaço. Quando vejo meus filhos com valores novos, com propostas novas, a vida está feliz e eu estou realizado".
Glossário
AI-5 – O Ato Institucional número cinco foi decretado pelo presidente Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968. Fechou o Congresso e deu poderes absolutos para o regime ditatorial militar.
AP – A Ação Popular foi um movimento surgido da esquerda católica, em Belo Horizonte, que combateu o poder dos militares.
Adhemar de Barros – Político paulista, governou São Paulo, foi derrotado por Juscelino Kubitschek para a Presidência da República e cunhou a expressão "rouba, mas faz".
Augusto Pinochet – Governou o Chile entre 1973 e 1990, após tomar o poder com um golpe militar. Morreu em dezembro de 2006.
Carlos Lamarca – Capitão do Exército brasileiro, campeão de tiro, desertou e passou a combater a ditadura em organizações de esquerda. Morreu no sertão da Bahia, após intensa perseguição, em 17 de setembro de 1971.
Colina – Sigla de Comando de Libertação Nacional, grupo de extrema- esquerda iniciado em Minas Gerais. Em 1969, se fundiu com a VPR e formou a VAR-Palmares.
Fidel Castro – Liderou a Revolução Cubana, em 1959, e presidiu Cuba até 2006, quando passou o poder para seu irmão, Raul Castro
Miguel Littín – Um dos mais importantes cineastas chilenos. Diretor de obras como Ata geral do Chile (1986) e A terra prometida (1974)
Roberto Rosselini – Cineasta italiano, diretor de vários filmes célebres, como Roma, cidade aberta (1945). Morreu em 1977.
Salvador Allende – Primeiro presidente socialista eleito democraticamente. Governou o Chile entre 1970 e 1973, quando se matou, durante o golpe e bombardeio empreendido pelo sanguinário Augusto Pinochet.
VAR-Palmares – Sigla de Vanguarda Armada Revolucionária Palmares. Adotou a tática de guerrilha e surgiu da fusão do Colina e com a VPR.
VPR – Sigla de Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Foi a primeira organização de esquerda em que o capitão do Exército
Carlos Lamarca ingressou. |
Mudanças para reduzir os custos
A segunda geração de jatos comerciais, os E-Jets da Embraer, vai receber turbinas Pratt & Whitney e soluções aerodinâmicas que vão permitir grande redução de custos. A bordo, novos sistemas eletrônicos e capacidade expandida acima de 130 passageiros.
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SC quer criar polo de indústria aeronáutica
DE SÃO PAULO
A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), uma das principais apoiadores da Wega, do empreendedor Jocelito Wildner, está estimulando a criação de um polo da indústria aeronáutica no Estado.
O projeto começou em 2009, com o início de um programa de capacitação de mecânicos de aviação no Senai-SC.
A escola, localizada em São José, cidade vizinha a Florianópolis, já formou cerca de 600 técnicos na área. Também é oferecida, no local, a parte teórica da formação de pilotos de aviões ou helicópteros.
Segundo César Olsen, coordenador do Comitê da Indústria Aeronática da Fiesc, o objetivo é que parte dessa mão de obra seja disponibilizada para as companhias instaladas ou que venham a se instalar no Estado.
Para atrair novas empresas, o governo estadual concedeu, no início do mês, incentivos fiscais para o setor, com a isenção de alguns tributos.
O Estado também se tornou sócio, por meio de sua empresa de participações, a SCPar, de uma fabricante que promete se instalar na cidade de Lages.
A Novaer Craft, de São José de Campos (SP), produz aeronaves de pequeno porte e deve investir cerca de R$ 100 milhões em uma fábrica no município.
A expectativa é que a construção seja iniciada no próximo ano e que a produção mensal alcance quatro unidades entre 2015 e 2017, afirma Olsen.
"Queremos atrair empresas e investidores do exterior", diz ele.
O coordenador fará, no próximo mês, visitas a fábricas de componentes e indústrias aeronáuticas nos Estados Unidos.
Olsen, dono de uma indústria de equipamentos médicos, é um dos financiadores particulares do projeto de Jocelito Wilder. O empresário comprou três das oito aeronaves da companhia.
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Marcas de uma guerra
Obra no palácio presidencial do Paraguai revela relíquias como desenhos de soldados brasileiros e uma bala de canhão do século 19
ISABEL FLECK
ENVIADA ESPECIAL A ASSUNÇÃO
A grafia é cuidadosa e as duas palavras podem ser vistas com nitidez: João Pedro.
Na parede do palácio presidencial do Paraguai, em Assunção, o nome escrito em português, escondido por quase 150 anos sob várias camadas de tinta, guarda parte da história da maior guerra da América do Sul.
Historiadores acreditam que a "pichação" tenha sido feita por um soldado brasileiro, durante a ocupação do Palácio de López pelo Exército do Império, na Guerra do Paraguai (1864-1870).
Junto a rabiscos semelhantes feitos por militares brasileiros no século 19, a inscrição acaba de ser descoberta em meio a uma ampla reforma do prédio, iniciada em dezembro.
Numa mesma parede do corredor que leva ao atual gabinete do presidente, podem ser reconhecidas as imagens de dois navios e um pequeno soldado -um "boneco de palitinhos" com chapéu.
Uma das embarcações desenhadas traz as mesmas características de um dos navios brasileiros que conseguiram chegar à capital em 1868 e bombardearam o palácio: a disposição dos mastros, uma roda de pás para propulsão.
"Há fotos da época que mostram o barco que estava estacionado na baía de Assunção, e o desenho aparece com as mesmas características", afirma Carlos Cataldi, arquiteto responsável pela reforma e professor da Universidade Nacional de Assunção.
Do bombardeio ao palácio, a equipe de arquitetos e restauradores encontrou, inclusive, uma bala de canhão, que ficara incrustada por mais de cem anos na estrutura de madeira do prédio.
Para Cataldi, não há dúvidas de que os escritos tenham sido feitos por soldados brasileiros, já que estão sobre a pintura original do prédio, em tons de rosa.
O palácio, às margens do rio Paraguai, começou a ser construído em 1857 para se tornar a residência do então presidente Francisco Solano López. Nunca foi habitado por ele: a guerra começou em 1864, antes que o edifício ficasse totalmente pronto.
Seus primeiros "moradores" foram militares brasileiros, que retornaram à cidade em janeiro de 1869, após o bombardeio ao prédio um ano antes.
"Num primeiro momento, o palácio foi ocupado pelo próprio [duque de] Caxias, como quartel-general do comandante do Exército imperial", afirma o historiador Francisco Doratioto, autor do livro "Maldita Guerra", sobre a Guerra do Paraguai.
Não se sabe ao certo por quanto tempo os militares brasileiros ficaram alojados ali. Alguns historiadores paraguaios estimam em até dez anos o tempo de permanência. Doratioto, porém, calcula que tenha durado menos de um ano, já que, em junho de 1869, foi instalado um governo provisório paraguaio.
"O palácio foi devolvido a esse governo, mas uma divisão de ocupação permaneceu no país até 1876, quando foram assinados os acordos de paz do Paraguai com a Argentina", afirma.
Os paraguaios acusam os brasileiros de terem saqueado o prédio antes de sair, levando portas, janelas, lustres e até partes do piso de mármore.
MAQUIAGEM
A primeira restauração -para tentar consertar estruturas atingidas pelo bombardeio e finalizar áreas do palácio- ocorreu em 1890. Quatro anos depois, ele se tornaria a sede da Presidência.
"Desde então, ocorreram algumas reformas, mas que foram só uma "maquiagem" do edifício. Encontramos agora fissuras que foram abertas pelo impacto das balas de canhão", conta Cataldi.
Sem o devido cuidado, o prédio de 150 anos já dava sinais de desgaste -como rachaduras e queda de pedaços do teto. A obra atual começou em dezembro de 2012.
A ideia é que o palácio fique pronto para a posse do presidente eleito Horacio Cartes, em 15 de agosto. Contudo, tanto o prazo como os custos estimados já estouraram -o orçamento da reforma, por exemplo, era de 8 bilhões de guaranis (R$ 4,4 milhões), e já foram gastos 20 bilhões de guaranis (R$ 9,7 milhões).
"Não é como uma obra nova, que você estabelece um prazo e segue o plano. Aqui, cada nova descoberta nos obriga a reavaliar o projeto", explica o arquiteto.
Cataldi afirma que o prazo para finalizar a reforma não é a prioridade da equipe -que trabalha, lentamente, com bisturi cirúrgico em partes do palácio para remover as camadas de tinta.
"Estamos finalizando primeiro o gabinete presidencial, e isso é o mais importante. O restante será feito no seu tempo."
RESSENTIMENTO
A discussão sobre o que fazer com as descobertas no palácio passa, obrigatoriamente, por um dos temas mais delicados para o povo paraguaio: a devastação do país com a derrota na guerra.
O atual presidente, Federico Franco, chegou a sugerir que os desenhos e escritos encontrados fossem novamente cobertos com tinta.
Os restauradores, no entanto, defendem que eles sejam preservados, sob uma lâmina de vidro, e fiquem expostos.
"Alguns defendem que ali está a ferida causada pelo Império [do Brasil] ao Paraguai, que o palácio é o nosso Auschwitz. Mas, para nós, é importante deixar como testemunho da história pela qual passamos", diz Cataldi.
Estima-se que entre 200 mil e 300 mil paraguaios tenham morrido na guerra.
"Tudo isso é retrato da história do palácio e da história do Paraguai. Se causa ou não ressentimentos, isso é outra conversa", diz Doratioto, que defende que os desenhos sejam preservados.
"Não é apagando registros do passado que você faz com que ele desapareça."
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Minha história: Ex-mecânico da Varig cria fabricante de aviões experimentais
MARIANNA ARAGÃO
DE SÃO PAULO
Apaixonado por aviação, o gaúcho Jocelito Wildner, 48, já serviu à Força Aérea Brasileira, foi mecânico da Varig, piloto de ultraleve e construiu planadores.
Há cinco anos, com a ajuda financeira de amigos, deu início à Wega, fabricante de aviões experimentais (voltados ao lazer). Com oito modelos produzidos, a fábrica participou de uma feira internacional em abril e atrai o interesse de investidores.
Minha paixão por aviação vem desde criança. Cresci em uma fazenda em Ijuí (RS), neto de colonos alemães e italianos. Meu pai era projetista de máquinas agrícolas para indústrias da região.
Tivemos uma infância humilde. Sem dinheiro para comprar brinquedos caros, eu e meu irmão, Ênio, fabricávamos nossas próprias bicicletas, de madeira. Acho que parte desse interesse vem do sangue --dizem que os alemães são mecânicos natos.
Também construímos uma espécie de asa-delta de madeira para pular de cima de galpões. Na primeira tentativa, nos esborrachamos no chão. Tomamos a maior bronca de meu pai e desistimos.
Aos 18 anos, fui para Santa Maria (RS) prestar o serviço militar na Força Aérea Brasileira. Quando terminei, me mudei para Porto Alegre para fazer um curso de robótica. Já sabia que queria trabalhar com aviões.
Acabei passando em um concurso para entrar para a escola de mecânica da Varig em Porto Alegre, em 1986. Na época, a empresa era conhecida pela qualidade de seu serviço de manutenção.
Fiquei dois anos trabalhando como mecânico lá, até que amigos me chamaram para ajudar em uma indústria de equipamentos médicos que estavam montando.
Sabiam que gostava de projetar e me pediram para desenhar algumas máquinas de hemodiálise. Mas vivíamos o período da hiperinflação e o negócio não foi para a frente.
MUDANÇA
Foi quando resolvi ir morar em uma ilha. Me mudei para Florianópolis em 1993 e comecei a voar de ultraleve, após concluir um curso de piloto. Durante sete anos, vivi disso, levando turistas para voos panorâmicos sobre as praias da cidade.
Em um desses passeios, em 2000, conheci um francês louco por aviação como eu.
Ele queria construir um planador. Tinha um projeto e o dinheiro, mas precisava de alguém para construir. Topei a empreitada. Arrumamos um galpão, desenhei as formas das peças, treinei gente para trabalhar comigo.
Em cinco anos, conseguimos produzir 12 unidades e vender para o exterior.
Mas era muito difícil. Gastávamos US$ 70 mil para fazer e era uma briga para conseguir vender a US$ 30 mil.
Em 2005, fui à França fazer um serviço de manutenção de um desses planadores, que durou 45 dias.
Aluguei um motor-home em um camping e, à noite, comecei a desenhar meu avião. Decidi que era a hora de colocar esse sonho de pé.
De volta ao Brasil, me debrucei sobre os livros de construção aeronáutica. Tive sempre uma frase na cabeça, do projetista Joseph Kovacs, criador do Tucano, da Embraer: "Juntando as melhores partes de cada avião você vai construir um bom avião".
Por isso, busquei os melhores fornecedores para cada peça do aeronave. As hélices vêm da Alemanha, onde se fabricam as melhores hélices. Os motores, dos Estados Unidos, e assim por diante.
Contei com a ajuda de amigos e do meu irmão. Eles compraram os três primeiros aviões e pagaram antecipadamente, para que eu usasse o dinheiro na produção. Investimos R$ 1,5 milhão.
MÃO NA MASSA
Desde o início da empresa, em 2006, trabalhei todos os dias nesse projeto. Entrava às 8h e saía às 23h, 24h.
Hoje já reduzi o ritmo de trabalho, saio às 22h. Aos sábados, para descansar, vou para o aeroclube pilotar.
Coloco mesmo a mão na massa. A estrutura do avião sou eu que faço, a partir de insumos importados. Opero a máquina de solda e construo a parte elétrica. Apesar de a mão de obra ser treinada, estou de olho em tudo.
Levou um ano para o primeiro avião ficar pronto, em 2010. Hoje, já entregamos três e temos cinco em produção.
Há investidores interessados na empresa, batizada de Wega. Quero fabricar aeronaves SLA [leve esportiva], que podem ser usadas para algumas atividades comerciais.
Nos últimos anos, a Fiesc [federação das indústrias de Santa Catarina] se interessou pelo projeto. Com a ajuda deles, conseguimos voar com nossos aviões para uma feira do setor, na Flórida, em abril.
Foram mais de 50 mil quilômetros, entre ida e volta, com oito paradas por trecho. A aeronave voa a 350 km/h, uma velocidade acima da média para a categoria.
Foi um voo tranquilo. Vimos paisagens lindas, como o mar do Caribe e a floresta Amazônica. Senti que realizava um sonho.
Os negócios na feira também foram ótimos. Saímos de lá com duas encomendas engatilhadas. Agora, quero continuar melhorando o nosso produto para competir com os melhores do mundo.
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Mentira oficial para brecar investigação
COMISSÃO Governo militar mentiu à Corte Interamericana para impedir apuração do caso Fernando Santa Cruz e Eduardo Collier
Pressionado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) a investigar e esclarecer o paradeiro dos estudantes e militantes políticos Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, 25, e Eduardo Collier Filho, 26 - desaparecidos em 23 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro - o governo militar brasileiro, já no ocaso da ditadura, em 1980, não determinou qualquer investigação para apurar o episódio e punir os responsáveis. Em resposta, mentiu à Corte com a versão de que estavam foragidos e alegou que a Lei de Anistia, aprovada em 1979, impossibilitava qualquer investigação e apuração de responsabilidade de desaparecidos.
A conclusão faz parte do parecer do coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Claudio Fonteles, ex-procurador-geral da República e relator do Caso Fernando Santa Cruz-Eduardo Collier. O parecer baseia-se em relatório secreto dos representantes do Ministério da Justiça (MJ) no grupo de trabalho montado para atender à Corte e está no acervo do extinto Serviço Nacional de Informação (SNI), em meio a documentos produzidos pelos Ministérios Públicos Militar, da Justiça, das Relações Exteriores e da Aeronáutica, localizados no Arquivo Nacional, no Rio. "Com todas as letras, a representação do MJ deixou por bem registrado que não foi determinada qualquer investigação para apurar os fatos e punir os responsáveis", diz Fonteles.
Informe confidencial nº 088/80, da agência central do SNI, de 7 de abril de 1980, corrobora com a farsa, confirmando "não terem estado os mesmos sob custódia do governo sendo, em decorrência, desconhecido o paradeiro de ambos". Segundo os documentos, fato destacado por Fonteles, no grupo de trabalho chegou a haver um divergente, que entendeu que a Anistia "não abrange as infrações disciplinares que poderiam ter sido cometidas por agentes do governo", e que poderia haver uma investigação administrativa, que se concluísse pela existência dos fatos, "ensejaria punição disciplinar e possibilidade de familiares reclamarem indenização".
No grupo, também, alguns insinuaram ter havido práticas de torturas por agentes do governo, mas o tema foi abortado com a justificativa: "Tal fato, se abordado no texto do documento a ser enviado à CIDH poderá ensejar, no futuro, uma tentativa de intromissão nos assuntos internos do Brasil, com provável desgaste da imagem do governo, nos campos interno e externo", diz trecho do informe nº 088/80. A CIDH é um órgão judicial autônomo que interpreta e aplica a Convenção Americana de Direitos Humanos.
A CNV conseguiu esclarecer que o desaparecimento de Fernando Santa Cruz e Eduardo Collier Filho foi executado pelo Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (CISA) e não por agentes da Inteligência do Exército (DOI-Codi/RJ). Terça-feira (21), a Comissão Estadual da Verdade entrega às famílias de Fernando, à frente dona Elzita Santa Cruz, e de Eduardo Collier o dossiê e o parecer.
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Comissão listará centros de tortura
INVESTIGAÇÃO Nos anos de chumbo, a repressão usou casas e até propriedades rurais para praticar crimes. Colegiado identificou nomes de diversos militares e agentes
Agência O Globo
BRASÍLIA - Balanço que a Comissão Nacional da Verdade divulga nesta semana vai indicar os centros de tortura clandestinos utilizados pelos comandos dos órgãos de repressão durante a ditadura. Nesta relação constam casas e até propriedades rurais usadas para reprimir os opositores do regime militar.
São locais até agora desconhecidos onde os perseguidos políticos eram torturados e até mortos antes de serem entregues às unidades do regime, como o DOI-Codi. A comissão identificou também diversos nomes de militares e agentes da repressão que atuavam nesses locais.
"É um levantamento dos centros de tortura e um grande organograma no qual os espaços antes desconhecidos começam a ser preenchidos com nomes, cargos e instituições", disse Paulo Sérgio Pinheiro, que está deixando a coordenação da comissão.
A Comissão da Verdade completou um ano de existência no último dia 15. A presidente Dilma Rousseff, atendendo a pedidos de entidades e também da própria comissão, vai estender o trabalho por mais seis ou sete meses. Originalmente, o prazo de funcionamento é de dois anos, e se encerraria em maio de 2014. Pinheiro defendeu a ampliação do tempo de trabalho.
"Temos uma lista de 1.500 nomes de torturadores e agentes, de uma listagem básica. Temos que descobrir se estão vivos, o RG (identidade), o último endereço. Já levantamos 250 nomes e entrevistamos 61. E é uma entrevista que tem que ser bem preparada, para não fazermos papel de tontos. O sonho de toda comissão é ter mais tempo de trabalho", afirmou Pinheiro.
O balanço apresentará documentos inéditos produzidos pelos órgãos de repressão e os nomes dessas 61 pessoas já entrevistadas pela comissão, e que estiveram envolvidas ou conhecem as práticas de tortura, de desaparecimentos e ocultação de cadáveres.
Ao todo, a Comissão da Verdade já contabiliza 15 audiências públicas com familiares de mortos e desaparecidos, e depoimentos de 220 sobreviventes e testemunhas. Cerca de 16 milhões de páginas estão sendo digitalizadas.
A Comissão da Verdade também recomendará, no seu relatório final, que se faça uma "revisão drástica" do ensino de História nas academias militares. O grupo quer mudar a forma como o golpe de 1964 é ensinado e visto por essas instituições.
Outro ponto que constará no documento são as boas relações da Comissão da Verdade com o Ministério da Defesa e os três comandos militares. Pelo menos uma vez, conselheiros reuniram-se com os comandantes de Marinha, Exército e Aeronáutica, no Ministério da Defesa. O encontro foi mediado pelo ministro da Defesa, Celso Amorim.
"Pela primeira vez em 40 anos, estamos dialogando com os três comandos. Foi repassada documentação. Esses militares que estão aí não têm nada a ver com os crimes praticados (na repressão). Os crimes dos que os antecederam, nós estamos pesquisando. E tem aqueles que estiveram envolvidos, caso do Ustra. Há um diálogo com as Forças Armadas de hoje. ê um diálogo discreto, não dá para bater bumbo. Mas é um avanço", disse Pinheiro.
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Operação para a Copa das Confederações
SÃO PAULO - As Forças Armadas iniciaram ontem uma operação com 25 mil militares espalhados pelos 16.886 quilômetros de fronteiras brasileiras, visando a segurança nacional durante a Copa das Confederações. Chamada de Operação Ágata 7, a mobilização de agentes das polícias Federal, Rodoviária Federal, militar e de agências governamentais é considerada pelo Ministério da Defesa "a maior mobilização realizada pelo governo brasileiro no combate aos ilícitos entre Oiapoque (AP) e Chuí (RS)".A operação visa combater crimes como narcotráfico, contrabando e descaminho, tráfico de armas e munições, crimes ambientais, contrabando de veículos, imigração e garimpos ilegais. Ela acontece às vésperas do início da Copa das Confederações, que será realizada em junho em Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio e Salvador.
"Em função desse evento, o Ministério da Defesa optou por uma mobilização que envolvesse os 16.886 quilômetros de fronteira. Nas edições anteriores, as ações ocorreram em trechos da divisa do Brasil com os países sul-americanos", destacou a pasta em nota.
As Forças Armadas devem utilizar navios de patrulha fluvial, helicópteros UH-12, navios de assistência hospitalar, lanchas, aeronaves e blindados e veículos leves para o transporte das tropas. A força terrestre desenvolverá ações de bloqueios de rodovias montados em pontos estratégicos da fronteira brasileira.
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Procura por armas aumenta no País
VIOLÊNCIA Número de compradores de armas de fogo cresceu desde 2007. Estados que registram a maior procura são Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina
SÃO PAULO - Ao chegar em casa, num condomínio fechado no interior de Minas Gerais, em janeiro deste ano, F. e a mulher foram surpreendidos na porta por três assaltantes. Amordaçados, com armas apontadas para a cabeça e depois trancados no banheiro, eles viram a casa passar por um arrastão. Menos de dois meses depois, F. acorda durante a madrugada com o telefonema do irmão que está hospedado em sua casa na suíte ao lado da dele. Ladrões estavam tentando entrar na residência, desta vez pela janela do banheiro. Naquele dia, F. decidiu que teria uma arma dentro de casa.
Desde o mês passado, ele dorme com uma pistola no quarto comprada legalmente e registrada na Polícia Federal. A história do casal mineiro não é um caso isolado. Em 2012, o número de registro de armas de fogo concedido a cidadãos comuns foi o maior no país desde o Estatuto do Desarmamento.
Levantamento inédito da Polícia Federal feito a pedido da reportagem mostra que o Brasil vem registrando desde 2007 um crescimento na compra por civis de armas novas legalizadas - não entra nessa conta o comércio de armas usadas. Se logo depois da aprovação do estatuto o número de autorizações dadas pela PF para a compra de uma arma nova foi, em média, de 7 mil por ano, em 2012 isso mais que quadruplicou. Foram 31.500 registros expedidos, sendo a maioria deles, 18.627 (60%), destinados a cidadãos comuns. Os demais foram para empresas de segurança privada e órgãos governamentais, exceto Polícia militar e as Forças Armadas.
Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina aparecem, respectivamente, como os Estados com o maior volume de armas registradas por pessoas físicas nos últimos 11 anos (2002 a 2012), período do levantamento. Trata-se de um raio-x da entrada de armas legalizadas no País. Existem hoje cerca de 8 milhões de armas legais em circulação no Brasil. A estimativa é de que um outro arsenal de mesma proporção segue na clandestinidade, segundo o Movimento Viva Rio. Parte dele está nas mãos dos criminosos.
A escalada chama a atenção por ocorrer sob a vigência de uma legislação mais rigorosa para a concessão de posse de armas por qualquer cidadão. O Estatuto do Desarmamento, aprovado em dezembro de 2003, aumentou de 21 para 25 anos a idade mínima para se ter uma arma e passou a exigir laudo psicológico e realização de um teste prático de tiro. Antes as autorizações eram dadas pela Polícia Civil. Agora, é competência da Polícia Federal.
Na Bahia, o aumento foi de mais de 400% nesses cinco anos. Em 2008, foram 224 armas novas autorizadas para civis pela Polícia Federal e, no ano passado, 1.237. No Espírito Santo, o ritmo foi parecido: saltou de 237 em 2008 para 1.015 em 2012. No Mato Grosso, a diferença foi ainda maior: os registros para civis subiram de 30 para 1.403.
Não há um padrão nos índices de homicídio nesses Estados. Na Bahia e Espírito Santo, por exemplo, as taxas de morte violenta aumentaram na última década, segundo o Mapa da Violência 2013, enquanto no Mato Grosso, reduziram. No caso do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro, os dois primeiros tiveram aumento dos homicídios entre 2000 e 2010, enquanto no Rio, o índice caiu.
Ter uma arma legalizada custa caro. Não se gasta menos do que R$ 1 mil com todo o processo de registro na Polícia Federal, que exige certidões em cartório, declaração de necessidade do interessado, exames psicológico e prático e curso de tiro. Isso sem contar o gasto com a compra da arma. As regras mais rígidas buscam restringir o acesso. O Brasil é o país onde mais se mata com arma de fogo no mundo. Mas, como mostram os dados do Sistema Nacional de Registro de Armas (Sinarm) da Polícia Federal, apesar do rigor, tem crescido a procura por armas.
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Embraer vai renovar seus E-Jets até 2018
As entregas do primeiro avião da segunda geração, o Emb-175, começam em 2014
Roberto Godoy
A segunda geração de E-Jets da Embraer vai disputar um mercado estimado em US$ 315 bilhões, envolvendo cerca de 6,8 mil aeronaves ao longo de 20 anos. A nova família vai ser anunciada formalmente no dia 17 de junho no glamouroso Salão de Aeronáutica e Espaço de Paris, no aeroporto de Le Bourget.
A novidade é que os aviões regionais brasileiros serão, ainda, os mesmos que saem agora das linhas de produção - porém, absolutamente renovados. As alterações vão determinar consideráveis ganhos de eficiência, por exemplo, em itens sensíveis como o consumo de combustível. Nos modelos E-170 e E-175 haverá redução de 5% no consumo. Nas séries E-190 e E-195, a economia será de 4,4%.
Há mais. As winglets, aquelas pequenas extensões na extremidade dos dois lados da asa, ficaram maiores, viraram wingtips, mais longas e em ângulo crítico, uma sofisticação aerodinâmica usada para melhorar o desempenho. Só esse recurso é responsável por metade da vantagem adquiridanos gastos com o querosene de aviação.
Os aperfeiçoamentos chegarão primeiro no E-175, de até 86 passageiros. As encomendas entregues em 2014 incorporarão o pacote. A família toda estará no mercado a partir de 2018. Há estudos considerando a possibilidade de algum aumento na capacidade dos jatos maiores. O birreator E-195 receberia 118 passageiros no arranjo de baixa densidade - ou 136, na ocupação compacta para curtas distâncias.
Expectativa. A notícia era esperada há três, talvez quatro, anos. No período, a especulação correu à solta no mercado. Logo depois do lançamento dos novíssimos Sukhoi Super 100, da Rússia, e Mitsubishi RJet, do Japão, em 2008, ambos concorrentes diretos dos E-Jets da Embraer, o mercado dava como certo que o grupo do Brasil passaria a competir na faixa de cima, de aviões de 150 lugares e alcance de 5 mil quilômetros. A decisão de Frederico Curado, o presidente da Embraer, de acompanhar o movimento do setor, revelou-se adequada: pouco tempo depois, os gigantes da indústria, a americana Boeing e a europeia Airbus, apresentaram planos para produtos menores - e, claro, mais caros.
A geração avançada de aviões regionais da Embraer chega aos clientes apenas em 2018 - mas já está voando, há meses, na "caverna", a sala que abriga o Centro de Realidade Virtual, no setor de engenharia de projeto da empresa. Ali, engenheiros quase todos muito jovens circulam com o rosto coberto por imensos óculos com capacidade tridimensional. Os jatos que, por enquanto, só eles veem, serão motorizados com turbinas da Pratt & Whitney em vez de GE, fornecedora da linha atual.
Isso determinou uma espécie de elevação da asa - os motores têm diâmetro maior, precisam de espaço. A aviônica, o sistema de controle eletrônico de bordo, é da terceira geração da Honeywell, uma evolução das versões empregadas nos E-Jets desde a estreia da linha, em 2004.
O trabalho dos pilotos será facilitado também pela adoção de monitores digitais, de alta resolução gráfica. No total, cinco telas de emprego múltiplo.
A empresa contemplavendas de 800 aeronaves nos próximos seis anos, antes, portanto, dain-trodução dos modelos renovados. Segundo Paulo Cesar Silva, presidente e CEO da Embraer Aviação Comercial, "não há exagero em avaliar que até 2030 ou pouco mais, o mercado de jatos comerciais de 61 a 120 lugares, o segmento no qual a empresa é a líder, com mais de 40% de participação, demandará 6,4 mil aeronaves para atender o crescimento e proceder a substituição das frotas antigas".
A empresa está vivendo a retomada de grandes contratos, como o da Republic Airways. Uma operação em duas etapas, envolvendo a aquisição de 47 E-175 e em seguida de outro lote de mesmo tamanho, vai acrescentar ao faturamento não menos de US$ 4bilhões. A Republic é dona da maior frota de E-Jets do mundo, operando 73 unidades.
A Embraer credita à inovação o fator determinante no seu posicionamento competitivo. "Essas verdades ganham dimensões especiais na indústria aeronáutica, em que inovação e desenvolvimento tecnológico são as questões da sobrevivência, e não apenas de diferenciação competitiva", posição da companhia revelada em nota formal da diretoria.
A política de aplicação de novidades, definida pelo presidente, Frederico Curado, ocorre em quatro dimensões transversais à cadeia de valor: 1) inovações de produtos e serviços; 2) inovações dos processos; 3) inovação de marketing; e 4) inovações empresariais. A ousadia é evidente no ramo militar. Como reflexo do desenvolvimento do cargueiro e reabastecedor de combustível, o KC-390, a empresa criou uma coligada, a Embraer Defesa e Segurança (EDS), que nasceu rica, dona de uma fábrica em Gavião Peixoto, a 300 km de São Paulo, e da maior pista de decolagem e pouso da América Latina-5 mil metros de asfalto cercados de monitores e sensores eletrônicos.
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Pesquisa indica fragilidade da América Latina na proteção contra ciberataque
Roberto Simon
de O Estado de S. Paulo
Um estudo inédito sobre cibersegurança na América Latina, publicado este mês, concluiu que a região é uma das mais vulneráveis do mundo a crimes, atos de sabotagem e mesmo espionagem na rede. O pior, dizem especialistas, é que a maior parte dos governos e empresas latino-americanos não está preparada para lidar com essas ameaças.
A pedido da Organização dos Estados Americanos (OEA), a consultoria Trend Micro fez o primeiro levantamento extensivo sobre cibersegurança do México à Patagônia. A conclusão é que aumentaram tanto o número de ataques detectados quanto os tipos de ameaça.
Há desde esquemas de lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros, até ofensivas online com motivação política. Nesta segunda categoria, enquadram-se o chamado "hacktivismo" - protestos com ataques virtuais -, agressões a sistemas de infraestrutura, como de transportes e energia, ou roubo de dados sigilosos e informações estratégicas.
"Ataques cibernéticos são cada vez mais frequentes e ameaçadores nas Américas, principalmente em razão dos avanços da tecnologia", disse ao Estado Neil Klopfenstein, chefe do Secretariado de Segurança Multidimensional da OEA, escritório responsável pela pesquisa. Desde que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da entidade questionou a construção da Usina de Belo Monte, o Brasil vem mantendo relações frias com a OEA e não forneceu seus dados para a pesquisa.
Klopfenstein cita outras duas causas que explicam a escalada nos ciberataques. Primeiro, na última década o número de internautas subiu mais de 1.000%. Atualmente, analistas estimam que 43% da população latino-americana se conecte regularmente à rede (no Brasil, seria cerca de 45%). Segundo, aumentaram também as detecções de contravenções online, embora muitas ainda passem despercebidas.
Todos os 20 governos que participaram do estudo registraram o crescimento dos ciberataques entre 2011 e 2012. Os dados fornecidos à OEA são confidenciais e os países não podem ser identificados. Mas a pesquisa indica que o aumento dos ataques variou de 8% a 40%. Esses números podem ser bem maiores, conclui o estudo, pois muitas entidades privadas e públicas ainda hesitam admitir que foram alvo de invasões e roubo de dados.
Há relatos de casos graves. Um governo, por exemplo, admitiu à OEA ter sido alvo de um programa espião. O software que roubava informações secretas teria sido instalado em uma agência de segurança do Estado. Outro país afirmou que 80% dos crimes investigados tinham ligação com algum tipo de contravenção eletrônica.
Embora não tenha sido contemplado no estudo, o Brasil é um dos alvos mais frequentes de ciberataques. Em 2009, o programa 60 Minutes, citando fontes americanas, disse que um ataque de hackers teria causado um apagão no Espirito Santo dois anos antes, no que seria o primeiro "atentado online" da história - Brasília nega a informação.
Johanna Mendelson Forman, especialista do Center for Strategic and International Studies (CSIS), afirma que o Google brasileiro já foi derrubado pelo menos 190 vezes.
Ciberguerra. Um dos formuladores da estratégia de proteção eletrônica do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Paul Rosenzweig aponta que governos e empresas da América Latina ainda veem cibersegurança como um "custo desnecessário", principalmente por se tratar de uma região onde a possibilidade de uma guerra entre Estados, com o uso de ataques online, é remota. A ciberguerra foi empregada em conflitos na Líbia, Gaza e Geórgia.
"Essa ideia de imunidade é um erro", disse ao Estado o especialista. "Vemos que hackers chineses têm ido atrás de propriedade intelectual e dados. Houve casos desse tipo na África e mesmo no México".
A China é, de longe, a origem da maioria dos ataques (veja o quadro acima). Para Adam Segal, pesquisador do Council on Foreign Relations, todas as empresas que operam em setores estratégicos, como aviação e petróleo, "estão na mira dos chineses, e a América Latina não é exceção à essa regra". O pesquisador esteve na semana passada no Brasil a convite do governo federal para discutir cibersegurança com militares e autoridades da Anatel. "O governo brasileiro está empenhado, mas ainda é o começo de um longo caminho", concluiu Segal.
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De olho nos grandes eventos, Brasil investe na área
Tânia Monteiro
Às vésperas de dois grandes eventos internacionais - a Jornada Mundial da Juventude, que trará o papa Francisco ao Brasil, e a Copa das Confederações -, o governo brasileiro está se preparando para não ser surpreendido com ataques cibernéticos. Especialistas em segurança acreditam que há motivo para preocupação, mas destacam que o Brasil está se fortalecendo. O Exército, por exemplo, tem se empenhado para montar um sistema que, durante a RI0+20, no ano passado, mostrou-se eficiente.
"Foram 130 tentativas de ataques e nenhuma delas obteve sucesso", disse ao Estado o general José Carlos dos Santos, chefe da defesa cibernética do Exército. Ele comemora o fato de o portal disponível durante as duas semanas da conferência no Rio, com mais de 100 chefes de Estado e 180 países representados, ter saído ileso da ofensiva.
Os sistemas informáticos dos próximos grandes eventos no Brasil estarão sob a proteção do Centro de Defesa Cibernética do Exército, que atuará como coordenador e integrador do sistema. Segundo o general José Carlos, o Brasil "está preparado" para o desafio.
Segundo ele, o Brasil está tão pronto quanto a Grã-Bretanha esteve nas Olimpíadas de Londres, no ano passado. Para o general, o risco de o País ser atingido por um ciberataque "é considerado baixo", por se tratar de um evento esportivo. "Mas a possibilidade técnica de um ataque existe e temos de estar preparados", disse, completando que a maior ameaça vem dos hackers.
Joanisval Gonçalves, especialista em segurança e defesa, diz que o Brasil deu "um passo muito grande nesta área" desde a elaboração da Estratégia Nacional de Defesa. "Mas há ainda muito a ser feito e é praticamente impossível estar 100% protegido." O professor Marcus Reis, outro especialista na área ouvido pelo Estado, lembrou que o fato de os sistemas brasileiros serem interligados toma ainda mais importante manter a vigilância. "A proteção dessas redes é imperativa, pois falhas na segurança de computadores podem atingir a infraestrutura de todo País."
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Latino-americanos chegaram tarde à questão
Além do combate aos crimes violentos, a segurança dos cidadãos também está ligada à prevenção de ataques no ciberespaço
JOHANNA - MENDELSON FORMAN
ESPECIAL PARA O ESTADO
Numa região em que o tema da segurança cibernética domina as agendas de todos os países, pouca atenção tem sido dada a outro tipo de crime silencioso que está se tornando rapidamente uma das maiores ameaças para cidadãos, empresas e governos. E na América Latina, com 40% da população online, qualquer pessoa com um computador ou um smartphone é uma vítima em potencial.
Países como Brasil e Colômbia montaram operações de defesa cibernética em suas Forças Armadas. As unidades policiais estão mais atentas aos crimes da internet. Entretanto, ainda estão muito longe de poder contar com uma capacidade de defesa hemisférica nesse campo, que é tão importante quanto qualquer outro relativo à segurança dos indivíduos na preservação do crescimento econômico e da competitividade.
A América Latina e o Caribe são um rico terreno de caça para as gangues especializadas de criminosos extremamente habilidosos. Esses grupos aprenderam com a indústria do cibercrime da Europa Oriental como atacar os bancos e sabotar o comércio. As instituições financeiras são particularmente vulneráveis, porque qualquer pessoa pode adquirir um kit de cibercrime pela internet por apenas US$ 140, que facilita o roubo de senhas e de dados financeiros. Entretanto, essas instituições são frequentemente as menos acessíveis quando se trata de informar a ocorrência de ataques cibernéticos.
Por que a região está tão atrasada na prevenção desse tipo de ataque? Por que ainda não foram criados arcabouços legais que permitam processar os responsáveispor esses crimes? O motivo real é que a América Latina e o Caribe passaram a abordar um pouco tarde a questão da segurança.
Ao contrário dos crimes violentos contrapessoas, os crimes cibernéticos são sub-reptícios. No entanto, ninguém - nem governos, setor privado, nem a sociedade civil - pode ignorar as consequências do crime cibernético para a segurança dos cidadãos.
O que pode ser feito para fazer frente a essa nova onda de criminalidade oculta? Em primeiro lugar, será essencial empreender campanhas de educação do público. Considerando que 65% dos usuários da internet têm menos de 35 anos, serão imprescindíveis campanhas de informação para ensinar aos novos usuários como impedir que os computadores se tornem vulneráveis aos ataques.
Essencial é também uma maior difusão do uso de antivírus e de softwares antimalware. Pagar por esse software não é um luxo, mas uma necessidade. Em segundo lugar, cada país deve investir no treinamento de uma nova geração de combatentes em prol da segurança cibernética, capazes de defender o seu país contra as crescentes ameaças às redes nacionais computadorizadas.
Segurança. Um profundo compromisso com a educação tecnológicaper-mitirá aumentar a oferta de trabalhadores treinados. Finalmente, será preciso criar um arcabouço regulador regional para os crimes cibernéticos a ser usado em toda a região. A falta de leis comuns ou de definições dos crimes cibernéticos torna o trabalho das forças de segurança mais complicado, porque polícia e Exército não podem perseguiros criminosos pela inexistência de uma legislação clara para atacá-los judicialmente.
As invasões dos criminosos cibernéticos, como o phishing e o hacking, custam milhões de dólares não revelados aos governos e às empresas. Os crimes cibernéticos, como todas as outras formas de atividades ilícitas, não desaparecerão. Neste exato momento, estamos testemunhando o lado negro da globalização em muitos países.
Se os governos não agirem com rapidez para tratar das questões de segurança cibernética, veremos a América Latina tornar-se uma das plataformas preferidas para o malware, as fraudes eletrônicas e os spams.
A segurança dos cidadãos não diz respeito apenas àprevenção dos cri-mesviolentos,masdevetambémin-cluir a segurança do ciberespaço a fim de garantir que os ganhos econômicos das últimas décadas sejam preservados e não roubados secretamente por meio do toque de uma tecla.
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Operação Ágata 7 é deflagrada em regiões de fronteira de todo o Brasil
No Paraná, operação é realizada em Foz do Iguaçu, Toledo e Céu Azul. Ação visa combater crimes característicos de regiões de fronteira.
Do G1 PR
Equipes do Exército, Marinha e Aeronáutica realizam desde as 6h deste sábado (18) a sétima etapa da Operação Ágata nos 16,8 mil quilômetros de fronteira terrestre do Brasil com 10 países sul-americanos. A ação visa combater crimes como narcotráfico, contrabando e descaminho, tráfico de armas e munições, crimes ambientais, contrabando de veículos, imigração ilegal, problemas indígenas e garimpo.
Aproximadamente 25 mil oficiais contam com o apoio de agentes das polícias federal, rodoviária federal, militar e de agências governamentais em todo o Brasil. A operação ocorre às vésperas da Copa da Confederações, que começa em 15 de junho.
No Paraná, cerca de três mil oficiais atuam em bases de comando montadas na Ponte Internacional da Amizade, em Foz do Iguaçu, e em regiões de pedágio emToledo, Palotina e Céu Azul. Até as 9h, não havia um balanço de prisões e apreensões.
As principais ações referem-se a postos de bloqueio e controle de estradas, patrulhamentos, intensificação de fiscalização de produtos controlados, atividades de inteligência e realização de Ações Cívico-Sociais (ACISO), que consistem em levar o atendimento médico, odontológico e hospitalar aos locais onde concentram famílias carentes.
Em quase dois anos, o Ministério da Defesa, por meio do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), já realizou seis edições da Operação Ágata. No Paraná, a última etapa realizada foi em agosto de 2012.
Os outros estados de fronteira onde estão sendo realizadas as operações são Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os países vizinhos são Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Paraguai, Argentina e Uruguai.
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Cenipa muda normas e vai investigar casos de quase colisão entre aviões
Até agora, aproximação entre aeronaves era avaliada só por controle aéreo. Só acidente com morte, grave ou com drones terá investigação profunda.
Tahiane Stochero
Do G1, em São Paulo
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) mudou as regras para apuração de acidentes aéreos no país. A partir de agora, somente acidentes que resultem em mortes, que envolvam aeronaves de grande porte ou com aviões não tripulados (drones, conhecidos no Brasil como "vants"), é que terão uma investigação aprofundada com a produção de um relatório final.
Outra medida é que passará a ser de responsabilidade do Cenipa investigar casos de "quase colisão" entre helicópteros e/ou aviões, que serão considerados como “incidentes graves”. É considerada uma quase colisão quando a distância mínima entre uma aeronave e outra é inferior a 500 pés (152,4 metros). A situação é chamada de “bolha de risco crítico”.
Neste caso, o TCAS (equipamento do avião que alerta sobre aproximação de outro) aciona um alarme. O risco crítico também pode ser informado pelo piloto quando uma das aeronaves não tem o aparelho.
O alerta de risco de colisão (RA) é emitido pelo TCAS, quando as aeronaves se aproximam demais e o choque pode ocorrer em até 30 segundos (veja arte). Antes, outro alarme, o TA (alerta de tráfego), avisa os pilotos de que uma colisão pode ocorrer em até 45 segundos.
A mudança nos procedimentos de investigação do Cenipa, chamada de Norma do Sistema do Comando da Aeronáutica (NSCA 3-13), foi publicada por portaria da FAB no Diário Oficial da União de 6 de maio, mas será retroativa a 1º de janeiro de 2013.
Desde o choque no ar de um Boeing da Gol com um Legacy na Serra do Cachimbo (MT), em setembro de 2006, deixando 154 mortos, ocasiões em que aviões com risco são apuradas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), por se caracterizam como incidente de tráfego aéreo.
Segundo o brigadeiro Carlos Lourenço, chefe do Cenipa, agora, assim que o piloto comunicar à torre de controle um “resolution advisory (RA)”, como é chamado o procedimento de quase colisão, o Decea avisará o Cenipa, e os dois órgãos vão avaliar se se caracteriza como incidente grave com risco crítico. Antes, dizia ele, o Cenipa era informado e a apuração ficava com o Decea.
Agora, o Cenipa, e não mais o Decea, fará uma investigação sobre o caso, resultando em um relatório final de caráter público. O controle aéreo fornecerá as informações para que a apuração possa ser feita.
Para a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a mudança é vista como “positiva”. Quando há risco de quase colisão, a companhia precisa tirar pilotos e comissários do trabalho.
Isso porque uma norma da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) suspende os certificados de saúde. Para a Abear, agora, isso será feito em casos excepcionais.
“Com este novo procedimento, o número de tripulantes de aeronaves que vai ser encaminhado para exame médico vai diminuir drasticamente. Hoje, a maioria dos reportes de quase colisão não representa nenhum risco porque são feitas com base de projeções de trajetórias. É uma boa norma para todos”, diz o comandante Ronaldo Jenkins, diretor de operações e segurança de voo da Abear.
A FAB não adota oficialmente o termo "quase colisão" , mas, sim, "risco crítico de colisão".
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a suspensão dos certificados médicos ocorre após comunicação oficial de risco pelo Cenipa. Em 2012, 287 pilotos e comissários tiveram que refazer os exames de saúde por estarem envolvidos em acidentes ou incidentes graves. Em 2011, haviam sido 190.
Só casos graves terão relatório
Outra mudança importante é que, a partir de agora, o Cenipa só fará relatórios de investigação completos quando 1) tragédias resultarem em mortes ou ferimentos graves; 2) acidentes graves envolverem aeronaves que pesem mais de 2.250 quilos ao decolar e 3) incidentes considerados graves envolvam aeronaves que pesam mais de 5.700 quilos.
Até então, todos os casos de acidentes da aviação civil brasileira, que resultavam ou não em mortos e feridos, eram investigados profundamente pela Aeronáutica e era necessário a produção de um relatório final detalhado.
Em 2012, houve 184 acidentes (178 com aeronaves de bandeira nacional) e 73 incidentes aéreos graves, que deveriam resultar em um relatório do Cenipa. Destes, apenas um foi concluído até então e publicado no site do órgão.
Para o brigadeiro Luis Roberto do Carmo Lourenço, as mudanças irão acelerar o processo de trabalho e fazer com que recomendações de segurança sejam feitas de forma mais rápida. A estimativa é que, em relação aos 249 casos de 2012, haja uma redução de 56% no número de relatórios.
A demanda reprimida de relatórios em produção atualmente, segundo o oficial, “não chega a mil”. O Cenipa possui cerca de 200 servidores, contando a sede, em Brasília, e os sete serviços regionais de investigação e prevenção.
“No Brasil, tínhamos a cultura de investigar profundamente toda e qualquer ocorrência. Agora, separamos os protocolos sobre acidentes da aviação civil dos da militar e estabelecemos novas orientações em função da demanda de trabalho. O que faremos agora é dar prioridade e produzir relatórios para os que a ICAO (Organização Internacional da Aviação Civil) recomenda. Os demais, vão gerar sumários mais sintéticos”, disse o chefe do Cenipa ao G1.
“Temos expectativa de produzir as investigações com maior velocidade”, afirma o brigadeiro.
No Brasil, tínhamos a cultura de investigar profundamente toda e qualquer ocorrência. O que faremos agora é dar prioridade e produzir relatórios para os que a ICAO recomenda. Os demais, vão gerar sumários mais sintéticos" Brigadeiro Lourenço, Chefe do Cenipa
Nos casos de incidentes e acidentes com helicópteros e aviões de menor porte e que não forem considerados graves, o Cenipa produzirá uma análise sucinta, chamada de “suma de investigação”, de até três folhas.
Isso porque alguns casos são considerados com “elevado índice de repetitividade”, ao exemplo de colisões com pássaros ou balões, estouro de pneus, incidência de raio laser, dentre outros e “não trazem novos ensinamentos para a prevenção”, diz o documento.
“Nenhum acidente deixará de ser investigado. Mas, agora, nem todos terão um relatório. Alguns acidentes são repetitivos e nós já conhecemos o porquê deles ocorrerem. A mesma regra que passamos a adotar agora é usada pelos órgãos de investigação dos EUA, França, Austrália. É uma evolução do sistema”, diz o brigadeiro Lourenço.
Acidentes com drone
Outra novidade é que o Cenipa passará a investigar acidentes ou incidentes que envolvam drones civis, os veículos aéreos não tripulados (vants, na sigla em português). Segundo o documento, a investigação somente será realizada quando “o vant possuir uma aprovação de projeto e/ou operacional ou se houver o envolvimento em Incidente de Tráfego Aéreo de Risco Crítico com aeronave civil tripulada”.
Isso significa casos em que houver risco de colisão devido à proximidade de drones com aviões ou helicópteros. A Anac será comunicada das ocorrências com drones, independentemente de haver ou não investigação.
O que muda com as novas normas de investigação de acidente aéreo:
Quase colisão
O Cenipa passará a investigar casos graves de aproximação de aviões ou helicópteros. Antes, a apuração ficava só com o controle aéreo.
Relatório finais complexos só em casos excepcionais
- quando há morte ou ferido grave - em caso de acidente grave com aeronave que pese mais de 2.250 quilos - incidente grave com aeronave que pese mais de 5.700 quilos - casos em que outros países enviem um representante para participar
Drones
Acidentes ou casos de risco de colisão de aeronaves tripuladas com drones serão investigados Fonte: NSCA 3-13 e Cenipa
Ano Acidentes Incidentes graves
2012 184 73 2011 159 61 2010 113 60 2009 113 39 2008 110 29 Fonte: Cenipa |
Cerca de 1,5 mil militares fiscalizam as fronteiras de RO e AC em operação
Operação Ágata 7 foi deflagrada neste sábado nas regiões de fronteira. Crimes mais comuns em RO são contrabando e descaminho, diz 17ª Brigada.
Ivanete Damasceno
Do G1 RO
Cerca de 1,5 mil militares atuam nas rodovias federais de Rondônia e Acre com a deflagração da Operação Ágata 7 na manhã deste sábado (18). A operação ocorre nos 16,8 mil quilômetros de fronteira terrestre do Brasil com 10 países sul-americanos. De acordo com a 17ª Brigada de Infantaria e Selva os crimes mais comuns nessa região são contrabando e descaminho.
Nas rodovias BR-364 e BR-421 a fiscalização foi intensificada e não deve ser fixa para evitar que possíveis criminosos façam desvios e consigam fugir dos bloqueios montados. Em Rondônia, há presença de militares desde Vilhena (RO) até a saída de Abunã, distrito de Porto Velho.
Em Guajará-Mirim (RO), uma das principais rotas de crime de contrabando e descaminho no estado, a fiscalização é redobrada, segundo a 17ª Brigada, e os flagrantes registrados serão encaminhados para os órgãos responsáveis para as autuações. Em quase dois anos, o Ministério da Defesa, por meio do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), já realizou seis edições da Operação Ágata.
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Cuiabá, Rio, Manaus e Brasília têm piores aeroportos, diz pesquisa
Levantamento do governo avaliou 15 aeroportos que atendem sedes da Copa. Segundo ministro, objetivo é melhorar atendimento em todo o país.
Uma pesquisa realizada pela Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República e obtida com exclusividade pelo Jornal Nacional aponta os aeroportos de Brasília, de Manaus, do Galeão (Rio de Janeiro) e de Cuiabá com as piores avaliações entre os que atendem às 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014.
O levantamento foi realizado em 15 aeroportos, sendo 14 nas 12 sedes mais o de Campinas, que também atende à cidade de São Paulo. Juntos, os 15 aeroportos representam 81% da movimentação de passageiros no país.
Foram ouvidos 21 mil passageiros no primeiro trimestre deste ano que opinaram sobre 41 itens, como limpeza de banheiros, tempo de espera em filas, segurança, qualidade das informações repassadas, cortesia dos funcionários, valor de produtos de alimentação, custo de estacionamento e acesso à internet.
Os passageiros puderam dar nota entre 0 e 5 para cada item. Confira ao lado a média de cada aeroporto.
O aeroporto de Cuiabá ficou com as piores notas em disponibilidade do meio-fio (local de embarque e desembarque), conforto térmico, tempo de atendimento do check in, cortesia dos funcionários de segurança e dos funcionários do aeroporto.
Já o segundo pior avaliado, Galeão, teve notas mais baixas em limpeza de banheiro, distância de caminhada no terminal e facilidade em conexões.
A Infraero, que administra os aeroportos de Cuiabá, de Curitiba e do Galeão, no Rio, considerou a pesquisa importante para melhoria do atendimento. A Inframérica, responsável pelo Aeroporto de Brasília, disse que obras atualmente em andamento levarão a mudanças.
Os melhores avaliações foram dadas para os aeroportos de Curitiba, que fica na cidade de São José dos Pinhais, Recife, Fortaleza e Natal.
Itens como valor da alimentação e custo do estacionamento tiveram notas baixas mesmo nos melhores aeroportos. Por outro lado, o item cortesia dos funcionários teve nota elevada na maioria dos aeroportos.
A pesquisa revelou ainda o perfil dos passageiros desses 15 aeroportos: 76% embarcaram em voos para destinos dentro do próprio país, 60% viajavam a lazer e 52% utilizaram transporte privado para chegar ao aeroporto.
O objetivo do governo é monitorar os indicadores a cada trimestre, com o objetivo de melhorar os serviços prestados de olho na Copa do Mundo do ano que vem.
"O passageiro brasileiro nao é tratado ainda como cliente e ele precisa ser tratado como cliente", destacou o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco.
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25 mil militares estreiam manobra contra crimes em regiões fronteiriças do país
Operação abrange toda a fronteira brasileira com os dez países sul-americanos
As Forças Armadas iniciaram na manhã de sábado a Operação Ágata 7, que abrange toda a fronteira brasileira com os dez países sul-americanos. É a maior mobilização já realizada pelo governo brasileiro no combate aos ilícitos entre Oiapoque (AP) e Chuí (RS) e deve contar com 25 mil militares, além da participação de agentes das polícias federal, rodoviária federal, militar e de agências governamentais.
Antes de a operação ser desencadeada, o governo brasileiro contatou autoridades dos países vizinhos para o repasse de informações sobre o emprego do aparato militar. A Ágata integra o Plano Estratégico de Fronteiras (PEF), coordenado pelo Ministério da Defesa e o comando do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). A execução cabe à Marinha, ao Exército e à Força Aérea Brasileira (FAB).
A Ágata 7 acontece às vésperas da Copa das Confederações, competição esportiva que será realizada em seis cidades-sede — Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador. Em função desse evento, o Ministério da Defesa optou por uma mobilização que envolvesse os 16,8 mil quilômetros de fronteira. Nas edições anteriores, as ações ocorreram apenas em alguns trechos fronteiriços do Brasil com os países sul-americanos.
O Comando Militar do Sul (que abrange os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) responde pelo maior efetivo da operação. São cerca de 6 mil militares em emprego direto e mais de 9 mil no apoio às atividades realizadas. As principais ações referem-se a Postos de Bloqueio e Controle de Estradas (PBCE) na faixa de fronteira, patrulhamentos, realização de Ações Cívico-Sociais (ACISO) — ajuda às comunidades — e também fiscalização de produtos controlados e atividades de inteligência.
Durante a mobilização, militares estarão atentos aos principais crimes fronteiriços, como narcotráfico, contrabando e descaminho, tráfico de armas e munições, crimes ambientais, contrabando de veículos, imigração ilegal, problemas indígenas e garimpo. A Ágata conta com a participação de 12 ministérios e 20 agências governamentais, além de aglutinar instituições dos 11 estados da região de fronteira.
Em quase dois anos, o Ministério da Defesa, por meio do EMCFA, já realizou seis edições da Operação Ágata. A faixa de fronteira situa-se 150 quilômetros a partir da divisa. Esse território compreende 27% do território nacional onde estão 710 municípios, sendo 122 cidades limítrofes e 588 não limítrofes.
A fronteira tem 16.886 quilômetros de extensão, sendo 7.363 quilômetros de linha seca e 9.523 quilômetros de rio, lagos e canais. São 23.415 quilômetros de rodovias federais. Os estados de fronteira são: Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os países vizinhos são: Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Paraguai, Argentina e Uruguai.
Forças Armadas
Como a operação se desenvolve ao longo de toda a fronteira terrestre, as tropas contarão com os centros montados nos Comandos Militares da Amazônia (CMA), em Manaus (AM); do Oeste (CMO), em Campo Grande (MS); e do Sul (CMS), em Porto Alegre (RS). Nesses locais atuarão militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. No entanto, as três Forças utilizarão homens e equipamentos das Organizações Militares, além de poderem contar com reforço de outras regiões.
A Marinha fará uso de navios patrulha fluvial, helicópteros UH-12, navios de assistência hospitalar e lanchas. Participam da operação destacamentos operacionais dos fuzileiros navais do Batalhão de Operações ribeirinhas, capitanias, agências e destacamentos fluviais. Na Região Sul, a Marinha do Brasil, por meio da Força Naval Componente, integra a Operação com três Navios; a Corveta Imperial Marinheiro, o Navio-Patrulha Babitonga e o Rebocador de Alto Mar Tritão; três Helicópteros Esquilo HU-12, 23 embarcações, 18 viaturas administrativas, 6 caminhões operativos e 1.670 militares envolvidos.
O Exército fará o emprego de aeronaves, além de blindados e veículos leves para o transporte das tropas. A Força terrestre desenvolverá ações de bloqueios de rodovias montados em pontos estratégicos da fronteira brasileira e patrulhamento terrestre, com participação de órgãos e instituições federais, estaduais e municipais.
No caso específico da Força Aérea Brasileira (FAB), o centro de operação ficará no Comando Geral de Operações Aéreas (COMGAR), com sede em Brasília. A Aeronáutica tem à disposição os aviões Super Tucano (A-29), os caças F5EM, os aviões radares, os VANTs (aviões sem piloto) e os helicópteros.
Os agentes governamentais, como as Polícias Federal e Rodoviária Federal, Receita Federal, Anatel, Aneel, ANP, DNPM, ICMBio, Funai e Ibama, atuarão em conjunto em suas respectivas áreas. As seis edições da Ágata resultaram em 59.717 procedimentos de ajuda comunitária, sendo 18.304 atendimentos médicos e 29.482 odontológicos. Cerca de 9 mil pessoas foram vacinadas e distribuídos 195.241 medicamentos. Fotos: Divulgação / Vinicius Santos
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EMTEMPO.COM.BR (AM)
Operação Ágata é lançada pelo Comando Militar da Amazônia
Cerca de 15 mil militares das forças armadas atuarão nos 11 mil quilômetros de fronteira da Amazônia, durante a sétima edição da ‘Operação Ágata’, que iniciou na manhã deste sábado (18) e se estende até seis de junho. O lançamento foi feito na sede do Comando Militar da Amazônia (CMA), Zona Oeste de Manaus.
A operação está sendo desenvolvida de maneira simultânea em toda a extensão da fronteira brasileira com dez países sul-americanos. A ação busca combater o tráfico de armas e munições, contrabando, garimpo ilegal, crime contra o meio ambiente e narcotráfico.
“O efeito da operação é impedir que o crime aconteça. A nossa maior preocupação é com o narcotráfico, responsável por 80% dos crimes urbanos”, disse o comandante de operações, o general do exército Eduardo Dias Villas Boas.
Segundo o general, além dos militares brasileiros, as tropas dos países vizinhos - Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Paraguai, Argentina e Uruguai – também realizam inspeções, em seus territórios.
Em todo Brasil, 25 mil militares participam da ação em companhia com a polícia federal, rodoviária federal de 20 agencias civis. O montante de R$ 14 milhões proveniente da Marinha, Exército e Aeronáutica é empregado na logística da ação.
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MIDIANEWS.COM.BR (MT)
Aeroportos vão operar com grandes aeronaves
Rondonópolis, Sinop e Alta Floresta passam a ser nível-6
Os aeroportos de Rondonópolis, Sinop e Alta Floresta passarão a classificação Nível-6, com a chegada de mais um caminhão contraincêndio de aeródromos tipo AP-2 em cada um deles. Significa dizer que os três aeroportos matogrossenses serão adequados às normas de segurança expedidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operarem com aeronaves de grande porte com capacidade a partir de 150 passageiros. A vantagem para o usuário é a possibilidade do valor das passagens baratearem.
Até o final do mês de maio a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República (SAC/PR) conclui a assinatura da Ata de Registro de Preços de Caminhão Contraincêndio e o Governo de Mato Grosso pode aderir a Ata para contratar o fornecedor. Os três veículos custarão R$ 5,4 milhões. Os recursos são do Programa Federal de Auxílio a Aeroportos (Profaa) da SAC/PR e da Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana (Setpu/MT) que entrará com a contrapartida de R$ 270 milhões.
Atualmente os aeroportos de Rondonópolis, Sinop e Alta Floresta distantes, respectivamente, 212, 500 e 803 km da capital Cuiabá, operam com aeronaves de médio porte, a maior delas é a Embraer-175 que comporta 86 passageiros. O convênio para a aquisição dos veículos foi assinado entre o governador Silval Barbosa e o secretário de Aeroportos da SAC/PR, Juliano Alcântara Noman, em dezembro de 2012.