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NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 07/04/2013


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Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.


Desencantada, elite militar aposenta a farda

Baixa remuneração e demora de ascensão na carreira estão entre os motivos para a fuga de oficiais formados em escolas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. O setor privado e até o serviço público estão mais atraentes. A debandada de especialistas preocupa as Forças Armadas.

Fuga de talentos na elite militar

Enquanto o governo brasileiro centra as atenções da Estratégia Nacional de Defesa no reaparelhamento do Sistema de Defesa Nacional, as Forças Armadas se deparam com uma evasão sem precedentes em seus quadros técnicos. A elite dos oficiais formados nas escolas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica está optando cada vez mais por deixar a vida militar em busca de melhores salários e oportunidades de crescimento profissional na iniciativa privada e no funcionalismo público civil. Só em 2012, 245 oficiais militares deixaram as instituições. É como se um oficial deixasse o contingente militar brasileiro a cada dia útil do ano. Foi o maior volume de pedidos de demissão registrados entre militares do círculo de oficiais desde 2006. Só nos primeiros três meses deste ano, o Diário Oficial da União registrou a saída de outros 54 oficiais.

A fuga de cérebros das Forças Armadas cresce no momento em que o país vê com preocupação crescente a questão da defesa de fronteiras e de seus recursos naturais, sobretudo em função da descoberta de jazidas de petróleo na camada pré-sal. A perda de capital humano com a migração de militares para a iniciativa privada se soma ao prejuízo financeiro para o Estado. Cálculos extraoficiais estimam que a formação de um piloto da Aeronáutica custe em torno de R$ 1,2 milhão aos cofres públicos, incluindo não só o preço das horas-aula, mas também o internato do aluno, as horas de voo e o combustível das aeronaves utilizadas no treinamento.

Por conta disso, o oficial que pendura a farda é obrigado a pagar à União uma indenização inversamente proporcional ao seu tempo de permanência na Força. O interesse nesses especialistas é tão grande que, não raro, a empresa que contrata o ex-militar assume o valor da multa. Não repõe, contudo, a perda de um profissional intensamente treinado, com conhecimento profundo de questões estratégicas para o país.

Fontes ouvidas pelo Correio na ativa e na reserva atestam a preocupação existente no comando das três Forças, que têm investido em estudos para detectar o motivo de profissionais altamente qualificados abandonarem a estabilidade de uma carreira militar, mesmo com o clima de incerteza na economia. Falham em perceber que a defasagem dos salários em relação à iniciativa privada é o principal motivo para o abandono da farda.

Essa discrepância salarial é bem ilustrada na carreira de piloto, um dos alvos principais dos caça-talentos que miram nas turmas que se formam todos os anos em escolas militares de alto nível, como a Academia da Força Aérea (AFA). Um coronel da Aeronáutica, topo da hierarquia do círculo de oficiais superiores da Força, se aposenta com vencimentos líquidos da ordem de R$ 9,3 mil, aí incluídos o soldo e os adicionais relativos à habilitação do militar e, nos casos pertinentes, à permanência de três anos além dos 30 anos mínimos para o encerramento do ciclo de sua patente. Um piloto de helicóptero trabalhando para empresas de voo offshore — segmento em franca expansão por conta da exploração de bacias do pré-sal — ganha um salário médio de R$ 25 mil, mais uma série de benefícios.

Desmotivação

A lentidão com que se galga postos na carreira militar é outro fator que tem contribuído para desmotivar as gerações mais jovens de militares. Depois de passar pela academia e receber a patente de segundo-tenente, um militar do Exército, por exemplo, leva em média dois anos para chegar a primeiro-tenente. Seu vencimento líquido sobe, em valores atuais, de R$ 5.348,28 para R$ 5.509,07. Serão mais três anos para ascender ao posto de capitão, ganhando R$ 5.943,02 por mês. Ou seja, em cinco anos de carreira com dedicação exclusiva, podendo ser deslocado periodicamente de cidade com toda a família, um oficial do ciclo subalterno vê o salário aumentar apenas R$ 594 ,74.

A dificuldade de um militar das áreas-meio — como engenheiros, pilotos e médicos — aos postos do círculo de oficiais-generais é outro ponto citado com frequência como um desestímulo para esses profissionais permanecerem nos quadros das Forças Armadas. "Ninguém assume isso lá dentro, mas o fato real é que, além do mérito, a questão política é um fator fortíssimo para um coronel ascender a general. E essa regra não é válida só no Exército. É o mesmo na Marinha e na Aeronáutica", diz um oficial da reserva que pediu anonimato.

Falta de valorização é a principal reclamação

Formado em engenharia da computação pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) em 1995, André Gustavo de Albuquerque não pestanejou em largar o posto de primeiro-tenente do Exército e buscar melhores oportunidades na iniciativa privada assim que recebeu o diploma do centro de excelência do Exército. "As Forças Armadas não valorizam o engenheiro militar, mesmo que tenha investido em sua formação. Qualquer um da minha turma teria mais chances de conquistar boas posições na profissão fora do Exército", diz André, que hoje é engenheiro de sistemas sênior na multinacional de tecnologia Cisco Systems.

Na época, o engenheiro prestou concurso público para evitar pagar a indenização à União por deixar as Forças Armadas antes de cumprir o período de cinco anos equivalente à média do círculo de oficiais subalternos do Exército (segundo-tenente e primeiro-tenente). "Seria perda de tempo esperar", argumenta Albuquerque, hoje com 39 anos. "Além de enfrentar a pressão de ser obrigado a mudar para outras cidades à revelia, o salário baixo era uma realidade que afugenta. Sem falar que a chance de se chegar a general é praticamente nula para um engenheiro", salientou.

A reclamação por conta dos baixos salários está longe de ser um fenômeno recente. Em 1986, o então capitão de artilharia Jair Bolsonaro publicou um artigo na revista Veja citando o soldo como principal razão para os desligamentos de cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Por ter se manifestado publicamente, Bolsonaro foi condenado a prisão disciplinar, mas colhe os frutos dessa bandeira até hoje, já no seu sexto mandato de deputado federal. Uma foto sua atrás das grades, durante a punição no quartel, está no mural de fotos que decora seu gabinete parlamentar no Congresso. "De lá para cá, a situação só piorou. Não tem nem como criticar o oficial que deixa as Forças, ele está agindo por instinto de sobrevivência", diz Bolsonaro (PP-RJ).

Funcionalismo público

Também formado pelo IME em engenharia da computação, Victor Dalton deixou o Exército, mas preferiu a estabilidade do serviço público à iniciativa privada. Passou 10 anos na Força, serviu em Manaus, no Rio de Janeiro e em Brasília, mas não resistiu à oportunidade de prestar concurso para a Câmara dos Deputados. "Quando eu passei, meu tio, que é general aposentado, fechou a cara. Ficou chateado mesmo, mas depois se conformou", lembra Dalton. "Tenho muito orgulho de ter pertencido ao Exército, mas o serviço público me garantiu um salto remuneratório que eu nunca teria lá. É difícil resistir", diz. "Para você ter uma ideia, são sete especialidades em que os oficiais se formam na Aman. Dos sete melhores de cada turma, na minha geração, apenas dois continuam no Exército. E um está pensando seriamente em sair", conta Dalton. As mudanças constantes e a dificuldade de sua mulher, Anna Meirelles, migrar de emprego em emprego a cada cidade nova pesaram na decisão do servidor.

"Antigamente, esse era um movimento dos oficiais da reserva. Hoje, os jovens estão saindo das Forças cada vez mais cedo. É uma perda grande para a Defesa", diz o consultor legislativo Fernando Rocha. Ele mesmo concluiu o círculo de oficiais superiores do Exército, chegou ao posto de coronel mas, quando entrou para a reserva, preferiu ingressar nos quadros da Câmara a ter que viver apenas com a pensão de militar. "Não foi exatamente uma escolha esperar entrar na reserva. Eu bem que tentei sair antes, mas não encontrei chance", diz Rocha. "Deixei o coração no Exército, mas a pátria não começa no quartel, ela começa na família. E quando a família sofre, já sabe. Não tem vocação militar que aguente", afirma o coronel da reserva. (KC)

"Deixei o coração no Exército, mas a pátria não começa no quartel, ela começa na família. E quando a família sofre, já sabe. Não tem vocação militar que aguente"
Fernando Rocha, consultor legislativo e coronel da reserva

"A Força não valoriza o engenheiro militar, mesmo que tenha investido em sua formação. Qualquer um da minha turma teria mais chances de conquistar boas posições fora do Exército"
André de Albuquerque, engenheiro de sistemas

30%
Aumento concedido aos militares no ano passado. O reajuste será escalonado até 2015
Os centros de excelência
Instituto Militar de Engenharia
Sempre citado no topo do ranking das melhores escolas de engenharia do país, o Instituto Militar de Engenharia (IME) pertence ao Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército. É resultado da fusão da Escola Técnica do Exército com o Instituto Militar de Tecnologia, que aconteceu em 1959, e hoje concentra cursos de graduação e pós-graduação em sete áreas de engenharia.

Instituto Tecnológico de Aeronáutica
Com um dos vestibulares mais disputados do país, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) ajudou a fazer de São José dos Campos (SP), onde fica sua sede, uma Meca da tecnologia em aviação do país. Grandes empresas brasileiras do setor, como a Embraer, caçam seus talentos nas turmas de formandos do instituto, que oferece cursos em seis áreas de engenharia, incluindo eletrônica e aeroespacial.

Academia Militar das Agulhas Negras
Localizada em Resende (RJ), a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) é responsável pela formação de oficiais do Exército. Estudantes a partir do terceiro ano do ensino médio entre 16 e 21 anos podem se candidatar em concurso público para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), onde cursam um ano de ensino superior. Só depois, poderão ingressar na Aman, onde passarão pelo ciclo básico de ensino militar antes de se integrar a uma Arma, Quadro de Material Bélico ou Serviço de Intendência.

Academia da Força Aérea
Subordinada ao departamento de Ensino da Aeronáutica, a Academia da Força Aérea (AFA) tem como objetivo a formação de oficiais da ativa para os quadros de aviadores, intendentes e de infantaria da Força Aérea Brasileira (FAB). Localizada em Pirassununga (SP), é a sucessora da antiga Escola de Aeronáutica. Abrange os cursos de Formação de Oficiais de Infantaria da Aeronáutica (CFOINF), o Curso de Formação de Oficiais Aviadores (CFOAV) e o Curso de Formação de Oficiais Intendentes (CFOINT).

Escola Naval
É responsável pela formação dos militares que ocuparão os postos iniciais das carreiras dos Oficiais dos Corpos da Armada, dos Fuzileiros Navais e dos Intendentes da Marinha. Trata-se da mais antiga instituição de ensino de nível superior do Brasil. Tem origem na Academia Real de Guardas-Marinha, criada em 1782, em Lisboa, e migrou para o Brasil em 1808, com o desembarque da família real portuguesa no Rio de Janeiro.

Reajuste salarial

Na tentativa de conter a sangria de talentos, o governo tem realizado estudos para melhorar o plano de carreira das três Forças Armadas, segundo fontes ouvidas pelo Correio. O reajuste de 30% concedido pela presidente Dilma Rousseff em 2012, dividido em três parcelas até 2015, já seria uma amostra da investida do Palácio do Planalto em evitar uma debandada maior de recursos humanos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Mas a principal estratégia do governo em segurar cérebros formados pelas escolas militares está no investimento em centros de excelência. No ano passado, a empresa Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul) foi criada como a 126ª estatal brasileira. Vinculada à Marinha, a estatal será responsável pelo Programa Nuclear da Marinha Brasileira, o que inclui, entre outros projetos, a construção do primeiro submarino movido a propulsão atômica do país.

A preocupação em evitar a fuga de recursos humanos está expressa na exposição de motivos do projeto de lei que criou a nova estatal. "Temos vivenciado, nos últimos anos, a redução da força de trabalho por demissão voluntária (na busca de melhores condições salariais), às vezes para o próprio governo (carreira de ciência e tecnologia). Vale acrescentar que as mesmas dificuldades encontradas para a manutenção de especialistas é sentida também para o recrutamento de novos profissionais", diz o documento. "A criação de uma empresa que possa proporcionar aos seus empregados condições semelhantes àquelas existentes no mercado de trabalho foi a alternativa encontrada para a manutenção do pessoal existente e a contratação de novos especialistas, o que nos permitirá preservar o conhecimento já alcançado", acrescenta o documento. (KC)

26 milhões na mira da Receita

Quem ainda não prestou contas ao Leão tem menos de um mês para fazê-lo. O prazo para en-eclaração do Imposto de Renda Pessoas Física (IRPF) à Receita Federal acaba à meia-noite de 30 de abril. O atraso sujeita o contribuinte a penalidades. A multa mínima estabelecida pelo Fisco é de R$ 165,74. A máxima é definida pelo tempo de demora. Quem atrasar 20 meses ou mais poderá ser multado em até 20% do imposto total devido, seja qual for o valor do tributo a pagar, R$ 1 ou R$ 1 milhão.
Neste ano, estão obrigados a declarar 26 milhões de brasileiros, um número recorde. Há dez anos, o contingente era de 3 milhões de pessoas. O advogado tri-butarista Edemir Marques de Oliveira explica que a elevação da renda média e o aumento da formalização dos trabalhadores concorreram para ampliar o número de declarantes. "Mas, certamente, contribuiu bastante o fato de que, por muitos anos, a tabela de rendimentos e deduções ficou congelada ou teve seus valores corrigidos abaixo do que deveriam", acrescenta.
O reajuste da tabela de 2013 foi de 4,5%, contra uma inflação, em 2012, de 5,84%. Sem a atualização integral dos valores, o Estado transfere para a sociedade o custo do baixo crescimento econômico e de uma carestia elevada. No ano que vem, a tabela também será corrigida em 4,5%, um índice que dificilmente acomodará as perdas causadas pela inflação de 2013, em torno de 6%.
Mesmo com as facilidades da internet, o que não falta é contribuinte que perde o prazo. Em 2012, enquanto 25 milhões de pessoas declararam o IR dentro do prazo, outros 406 mil entregaram a as informações com atraso. Um ano antes, os retardatários somaram 372 mil. Os especialistas alertam que não se deve deixar o acerto com o Fisco para a última hora. Na pressa, os erros podem prevalecer, e o caminho certo será a malha fina. "A maioria das pessoas que fica retida — mais de 80% — faz uma declaração retificadora e resolve a pendência. Isso nos leva a concluir que muitos contribuintes ainda caem na malha por prestar informações erradas", ressalta o supervisor Nacional do IR da Receita Federal, Joaquim Adir.
Sem escapatória
O sargento da Aeronáutica Rafael Lopes, 27 anos, no entanto, sempre entrega a declaração na última semana do prazo. Neste ano, ele identificou uma vantagem nesse procedimento. Como terá direito à devolução do IR pago a mais na fonte, e a restituição é corrigida pela taxa básica de juros (Selic), que está em 7,25% ao ano, o ganho acabará sendo maior do que o de qualquer aplicação tradicional, como o da caderneta de poupança e dos fundos de renda fixa, que têm pagado pouco mais de 5% anuais.
Além disso, o valor restituído, que vem nos últimos lotes, acaba chegando na hora certa. "Se recebo a restituição mais tarde, ela serve como um adicional, aliado ao 13° salário, para o período do ano em que há mais gastos: férias, Natal e ano novo", explica Lopes. Já o bancário Célio Costa de Queiroz, 49 anos, prefere se adiantar. "Sou assalariado, tenho apenas uma fonte de renda e, por isso, (creio que minha declaração seja bem simples, mas prefiro evitar contratempos" pondera.


Ditador reforça retórica

Coreia do Norte acelera produção de peças de artilharia e cita a possibilidade de realizar um %u2018ataque preventivo%u2019. Analistas acreditam que regime busca apenas um meio de diálogo

Rodrigo Craveiro

Brasília – Em uma de suas muitas ameaças – consideradas vazias por especialistas e por ocidentais –, o regime da Coreia do Norte ordenou o aumento da produção de peças de artilharia e sinalizou a suposta disposição de disparar o primeiro tiro. "Quando a guerra romper, teremos de varrer as bases militares e as instituições governamentais de nossos inimigos com um único golpe", declarou o ditador Kim Jong-un em um vídeo divulgado ontem pela rede de TV estatal KCTV. "Devemos, absolutamente, garantir a qualidade de nossa artilharia e de nossos morteiros para assegurar um ataque preventivo contra nossos inimigos", acrescentou o líder norte-coreano durante reunião com funcionários da indústria bélica, em 17 de março.

Nos últimos 13 dias, Kim anunciou ter apontado seus mísseis para o território norte-americano, fechou o acesso de sul-coreanos ao complexo industrial de Kaesong, reativou a central nuclear de Yongbyon, declarou guerra à Coreia do Sul, autorizou um ataque nuclear aos EUA, transportou dois mísseis Musudan de médio alcance para a costa leste e recomendou a diplomatas que abandonem Pyongyang. Poucos parecem levar a sério o líder comunista. O embaixador do Brasil na Coreia do Norte, Roberto Colin, descartou uma saída urgente da capital norte-coreana. "Não há planos imediatos de retirada, a exemplo das outras embaixadas", afirmou por e-mail (Leia entrevista na página 23).

Rússia, Alemanha, Reino Unido, China, Irã, Cuba, Suécia, Polônia, República Tcheca, Bulgária e Romênia anunciaram que manterão suas representações em Pyongyang. "A maior parte dos governos vê a mensagem da Coreia do Norte como um modo de elevar as tensões na Península Coreana", afirmou uma fonte oficial de Seul, citada pela agência sul-coreana Yonhap. No entanto, a agência France-Presse divulgou imagens de um grupo de diplomatas estrangeiros e de turistas embarcando num avião da companhia Air Koryo rumo a Pequim. Segundo o jornal The New York Times, a Casa Branca analisou o apoio da China à Coreia do Norte e detectou a primeira mudança em décadas. O governo de Barack Obama teria colocado duas opções sobre a mesa para o presidente chinês, Xi Jinping: ou Pequim endurece o tom com o regime de Pyongyang ou enfrentará a intensificação da presença militar norte-americana no Leste da Ásia.

LIBERAL


Em Seul, brasileiros e sul-coreanos afirmaram não se assustar com o tom vociferante de Kim Jong-un. "Não me sinto ameaçada. Para se impor no controle do país, ele recorre a esse tipo de retórica", afirmou Lena Hye Hyung Park, uma tradutora de 26 anos, cujo avô morava em Pyongyang, em entrevista pela internet. Ela aposta que ainda testemunhará a reunificação das Coreias e cita a formação mais "liberal" de Kim. "Ele tem uma cabeça diferente de seus antepassados. Estudou em escolas no exterior, o que deve ter aberto sua mente", comentou. A coisa mais importante para Lena não são as ameaças dos norte-coreanos, mas o futuro de seus compatriotas, divididos por cercas e soldados da Zona Desmilitarizada. Ela admite que o passado, marcado pela Guerra das Coreias, já é doloroso demais. "Naquela época, a avó de um amigo tinha quatro filhos e atravessava um rio, à noite, fugindo da Coreia do Norte. O caçula era recém-nascido e começou a chorar. Para salvar o restante da família, ela afogou o bebê, enquanto metralhavam a água", contou.

Mineiro de Campo Belo, Henrique Teixeira – professor da Universidade Hankuk de Estudos Estrangeiros (em Yongin, região metropolitana de Seul) – adota a cautela ao falar sobre a crise. "Não acho que os norte-coreanos atacarão, mas também não duvido que tomem uma atitude, caso algo fuja do controle deles", opinou. Ele relata que alguns brasileiros pensam num possível plano de retirada. "Entre os sul-coreanos não tem ninguém em pânico ou fugindo da capital. Pelo contrário: vivem como se não houvesse a possibilidade de um súbito ataque vindo do Norte", acrescentou.

Oficiais do Pentágono receberão este mês, em Washington, líderes militares sul-coreanos para debater a cooperação na área da defesa. "Nos últimos 25 ou 30 anos tem havido um padrão de provocação, acomodação e provocação novamente", explicou o general Martin E. Dempsey, chefe do Estado-Maior dos EUA. "Estamos preocupados porque isso poderia ser diferente por causa da presença de um novo líder mais jovem e de sua inabilidade em compreender quem o influencia."

À mercê de São Pedro

Entre as diversas deficiências dos aeroportos brasileiros, destaca-se a falta ou a obsolescência de instrumentos para permitir pousos e decolagens sob condições meteorológicas adversas. Levantamento obtido pelo Estado mostra que, em razão disso, os aeroportos brasileiros foram fechados 1.804 vezes em 2012, uma média de 5 vezes por dia, números inadmissíveis para um país que se pretende moderno. Os prejuízos econômicos são óbvios, assim como o risco à segurança de voo, mas o aperfeiçoamento dos equipamentos obedece ao mesmo ritmo moroso que tem ditado as reformas dos aeroportos com vista à Copa de 2014 e à Olimpíada de 2016, consideradas urgentes.

O caso mais significativo é o de Joinville, maior cidade e principal polo exportador de Santa Catarina, cujo aeroporto fechou nada menos que 163 vezes no ano passado. Os dados constam de relatório parcial do Núcleo de Acompanhamento e Gestão Operacional, ligado à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).

Apesar da importância da cidade, somente neste ano seu aeroporto recebeu um dos equipamentos que permitem a operação com mau tempo, o ILS (Instrument Landing Sysem, sistema para pouso com instrumentos). Nesse caso, trata-se do ILS de categoria 1, com o qual a aeronave é conduzida até uma altura de 60 metros sobre a cabeceira da pista, com visibilidade de ao menos 800 metros, quando então o piloto, se estiver enxergando a pista, decide se tem ou não condições de pousar. É a versão mais simples dessa tecnologia, a mesma que funciona em Congonhas, o segundo aeroporto mais movimentado do Brasil e que fechou 34 vezes em 2012.

Em Guarulhos e no Galeão, operam instrumentos de categoria 2, que permitem pousos com teto de 30 metros e visibilidade de 400 metros. A categoria 3, a mais sofisticada e que permite pousos até com visibilidade zero, ainda não existe em nenhum aeroporto brasileiro.

A necessidade de instrumentos mais complexos é relativa. Na maioria dos aeroportos do mundo, os sistemas intermediários resolvem os problemas habituais, e é por essa razão que somente um punhado deles dispõe de ILS de categoria 3, pois padecem de condições meteorológicas extremas, como tempestades de neve. No Brasil, porém, o que se observa é que, em muitos casos, não existe nem o equipamento básico, como radares.

Os dados mostram que, dos dez aeroportos que mais fecharam no ano passado, cinco não têm sistemas para auxiliar pousos e decolagens com pouca visibilidade. Além de Joinville, são eles Foz do Iguaçu (fechou 94 vezes), Londrina (95 vezes), Navegantes (117 vezes) e Uberlândia (129 vezes).

O relatório resume a situação de 58 aeroportos, dos quais, segundo a Infraero, somente 28 dispõem de algum instrumento. A empresa argumenta que a existência dos equipamentos não garante o pouso e a decolagem, pois o que interfere nos procedimentos são as condições meteorológicas - e a maior parte das ocorrências registradas em 2012 se deu no começo do ano, durante a temporada de chuvas fortes. Trata-se de uma desculpa inaceitável, pois o sistema aéreo brasileiro não pode simplesmente ficar à mercê dos humores de São Pedro.

O ideal, destacam os especialistas, seria que ao menos os principais aeroportos do País pudessem dispor de instrumentos mais avançados. Contudo, isso implicaria em custo não apenas do equipamento em si, mas de treinamento dos pilotos e de adaptação das aeronaves, algo que teria de ser bancado pelas já deficitárias companhias aéreas nacionais. Desse modo, os investimentos, quando acontecem, são pontuais e esparsos, respondendo a demandas imediatas. Como as empresas têm autonomia para decidir em que nível tecnológico vão operar, desde que respeitados os padrões mínimos de segurança, não se espera que haja avanços nessa área.

A Infraero alega que está fazendo os investimentos necessários em diversos aeroportos, o que é uma boa notícia. A má notícia é a de sempre: o processo tem sido lento, confuso e tardio.




Brasil lança avião não tripulado sem asas que promete revolucionar mercado

Um disco voador no céu brasileiro. Essa é a impressão que se tem ao ver o ORBIS no ar. A aeronave redonda e não tripulada possui um sofisticado sistema ótimo, com câmeras capazes de transmitir imagens ao vivo para uma central de controle, garante a Santos Lab, desenvolvedora do projeto. O ORBIS será lançadod urante a LAAD Defence & Security – Feira Internacional de Defesa e Segurança –, que ocorre entre os dias 9 e 12 de abril no Rio Centro (RJ).

O ORBIS, como é chamado, é o primeiro vant (Veículo Aéreo Não Tripulado) no mundo a decolar na vertical e transicionar sem sofrer queda. Ele é feito de fibra de carbono e pesa cerca de 1,5 kg, foi totalmente desenvolvido pelos brasileiros Gilberto Buffara e Gabriel Klabin e será uma das principais inovações apresentadas durante a LAAD.

imagemA Santos Lab é um tradicional fornecedor de aviões não tripulados, sendo a única empresa nacional a equipar a Marinha brasileira com este tipo de equipamentos. Os Fuzileiros Navais utilizam a Geração II do Carcará, um outro tipo de avião, com asas, mas feito com polipropileno expandido. Ele pode ser utilizado para o monitoramento de segurança de áreas urbanas, com muita utilidade em grandes eventos, como Copa do Mundo e Olimpíadas, além de poder servir de apoio para operações policiais e militares em áreas de conflito. Além disso, o ORBIS também pode ser utilizado em monitoramentos noturnos, já que tem a possibilidade de vir equipado com câmera infravermelha.

“É uma tecnologia pioneira e brasileira. Nós pesquisamos muito, antes do desenvolvimento, e percebemos que nenhuma das empresas globais que atuam no nosso segmento conseguiu até hoje fazer um vant deste tipo”, contou um dos sócios-diretores da Santos Lab, Gilberto Buffara.
De acordo com o outro sócio-diretor da empresa, Gabriel Klabin, que também é responsável pelo desenvolvimento dos vants da Santos Lab, a aeronave tem baixo custo de manutenção, além de utilizar baterias de lítio especiais como fonte de energia. As baterias são produzidas pela própria companhia. É um avião que não faz barulho e é quase imperceptível quando está em operação.

"Disco voador" - o ORBIS pesa apenas 1,5kg e é capaz de transmitir imagens ao vivo para uma central

Após 30 anos de desenvolvimento, Brasil quer lançar satélite em 2015

Objetivo da independência espacial não é apenas econômico ou científico

Construir um veículo lançador de satélites (VLS) nacional não é uma idéia nova. Desde 1985, o Brasil busca sua independência espacial. O desenvolvimento de um foguete de longo alcance permitiria ao País colocar satélites em órbita com seus próprios meios, o que significa não apenas economia, mas também o ingresso em um mercado restrito que movimenta cerca de US$ 170 bilhões por ano. Por isso, embora o histórico não recomende otimismo, o plano do governo é promissor: lançar o VLS-1 (V04) em 2015.

Caso a data proposta pelo Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) seja confirmada, terão se passado 30 anos desde os primeiros passos em direção à independência espacial. Nessa longa jornada, houve três fracassos até o momento. Nas duas primeiras tentativas, em 1997 e 1999, falhas nos componentes levaram à destruição dos foguetes. O terceiro lançamento, em 2003, nem ocorreu. Três dias antes da data programada, o VLS-1 V03 teve uma ignição prematura. A trágica explosão não apenas adiou o sonho da autonomia espacial, como também matou 21 técnicos que trabalhavam na base de Alcântara, no Maranhão.

Autonomia

Em Alcântara, o Brasil já possui um Centro de Lançamento funcional, com posição privilegiada, devido a sua proximidade com a Linha do Equador. O País também domina a construção e montagem de satélites, alguns em parceria com outros países. Mas, a fim de obter avanços e resultados como os dos outros países do Bric (grupo de emergentes que inclui também Rússia, Índia e China), ainda falta desenvolver seus próprios lançadores.

O objetivo não é apenas econômico ou científico. O acesso independente ao espaço facilitaria a obtenção de imagens de grandes territórios do País, auxiliando em proteção ambiental, agronegócios, comércio exterior e defesa. "Países do porte do Brasil não podem prescindir de uma capacidade própria de geração de imagens do seu território, ocupado por cidades que crescem continuamente, florestas a serem protegidas e preservadas ou plantações para o agronegócio", afirma José Raimundo Coelho, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB).

Economia

Além disso, com o VLS concluído, o Brasil poderá economizar. Hoje, para lançar um satélite em órbita, é necessária a contratação do serviço de outros países. "A dependência externa representa uma vulnerabilidade indesejável, pois sempre dependeremos da vontade ou decisão de uma nação estrangeira para atingir este objetivo. A capacidade autônoma de lançamento é, portanto, fator de soberania para o Brasil", argumenta Coelho.

Conforme Alberto Walter da Silva Mello Junior, gerente do projeto VLS-1 e chefe da Coordenadoria de Projetos Espaciais do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), o País encontra-se, por enquanto, sujeito à disponibilidade, à conveniência e aos custos de fornecedores. O preço de um lançamento depende de vários fatores, incluindo a massa e a órbita que se pretende alcançar. Satélites geoestacionários, que prestam serviços de comunicação no Brasil e podem pesar até sete toneladas, custam entre US$ 15 mil a US$ 30 mil por quilograma. Assim, os valores do lançamento vão de US$ 100 milhões a US$ 220 milhões.

Coelho destaca, no entanto, que alguns serviços são compartilhados com países parceiros na área espacial. Portanto os satélites desenvolvidos em parceria com a China, da série CBERS, têm o custo igualmente dividido entre as duas nações (entre US$ 15 milhões e US$ 20 milhões por lançamento, para cada parte).

O professor da Universidade Federal de Santa Catarina e doutor em astrofísica pela Universidade do Texas, Antonio Kanaan, também defende o acesso independente ao espaço. "Acho que foguetes são como carros. Devemos, sim, ter nossa própria indústria. É a velha questão da dependência tecnológica: a gente vende matéria-prima e depois pega o dinheiro dessa venda para pagar por serviços complexos e caros", ressalta.

Mercado

Só que esse desenvolvimento custa caro. De 1985 até 2010, estima-se que o Brasil tenha gasto cerca de R$ 2 bilhões com a missão de obter sua independência espacial, somando todos os custos. Mas a recompensa pode ser bem maior. De acordo com relatórios da Associação da Indústria de Satélites, de 2011, o mercado do lançamento de satélites movimenta cerca de US$ 170 bilhões por ano.

Segundo estimativas, quase 1,2 mil satélites devem ser construídos e lançados ao espaço até 2018. Por enquanto, os lançamentos são dominados por EUA, Rússia e França. Bem atrás, estão três países emergentes: China, Japão e Índia, entre os quais o Brasil procura se imiscuir. "De compradores do serviço de lançamento, nos tornaremos fornecedores", reforça Kanaan.

Falhas

A importância de um foguete lançador para o futuro do Brasil, no cenário espacial, é inquestionável. Tanto que o País já está há 23 anos desenvolvendo um. Até agora, contudo, diversas falhas impediram o sucesso da empreitada. "Em desenvolvimento tecnológico, quando se faz algo pela primeira vez, erro é uma das fontes de aprendizado", afirma o gerente do VLS-1. "Buscamos sempre atingir nossos objetivos da forma mais cautelosa possível. No entanto, não podemos deixar que os percalços nos impeçam de avançar."

Para que o acidente de 2003 não se repita, diversas medidas foram tomadas. Segundo Coelho, o projeto do VLS e da Torre Móvel de Integração (TMI) foram revistos, com base em uma nova filosofia de testes e certificação e revisão de todos os procedimentos. O centro de controle de lançamentos está sendo modernizado, os produtos estão sendo checados e testados com mais rigor, a torre destruída no acidente foi reconstruída e a nova plataforma, além das inovações, conta com itens de segurança e sistemas elétricos.

Planejamento

Com o objetivo de obter autonomia em lançadores de satélites, a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) estão trabalhando em conjunto para lançar o VLS-1 já com uma carga útil real, a ser colocada em órbita ainda em 2015. Embora nenhuma outra tentativa de lançamento com o VLS-1 tenha sido festa desde 2003, os dois centros de lançamento nacionais (de Alcântara/MA, e da Barreira do Inferno, em Natal/RN) foram constantemente exercitados com o lançamento de missões suborbitais e foguetes de treinamento.

Em 2012, a Operação Salina marcou o reinício das atividades relacionadas ao VLS-1. "O objetivo da operação foi realizar o transporte, a preparação e integração mecânica de um mock-up estrutural inerte do VLS-1 – estrutura real do veículo sem combustível a bordo – e ensaios e simulações para verificação da integração física, elétrica e lógica da Torre e dos meios de solo do CLA, servindo para validar uma série de aspectos técnicos e de segurança da nova TMI”, explica Coelho.

Missões semelhantes estão programadas antes do lançamento do veículo completo. Conforme o presidente da AEB, a próxima missão será denominada MIR, e fará a verificação elétrica completa do veículo. De acordo o PNAE, está programado para o final de 2013 e o início de 2014 o vôo tecnológico do VSISNAV, que está em fase de montagem e vai ser constituído por parte do VLS-1, o primeiro e o segundo estágios ativos. "Servirá para validar o sistema de navegação desenvolvido no Brasil", explica Coelho.

Orçamento

Se tudo der certo, o lançamento subseqüente deve ser um voo de teste com o veículo completo, denominado XVT-02, em 2015, e por fim, a satelitização em 2016, com o protótipo V04. "A partir daí, o VLS-1 estará qualificado como lançador de satélites de pequeno porte. No entanto, os vôos do XVT-02 e V04 dependem de complementação de recursos. O orçamento atualmente previsto no Plano Plurianual do governo federal é suficiente apenas para se cumprir os ensaios do MIR e o vôo do VSISNAV", reforça Junior.

Mesmo assim, a AEB e o IAE parecem confiantes nos resultados. "Os sonhos desses homens (que morreram no acidente de 2003) que dedicaram suas vidas ao projeto era o de cumprir a missão de lançar o terceiro protótipo e colocar um satélite em órbita terrestre. Se mantivermos vivos esses sonhos, com certeza daremos ao Brasil a tão almejada autonomia em lançadores de satélites", garante Junior.








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