Caças destroem vidraças na Praça dos Três Poderes
Dois caças da FAB (Força Aérea Brasileira), que realizavam sobrevoo na Praça do Três Poderes, em Brasília, causaram danos às vidraças de alguns órgãos públicos na manhã de ontem .
De acordo com nota divulgada pela FAB, o incidente ocorreu durante a troca da bandeira nacional, que acontece em todo primeiro final de semana do mês.
"Duas aeronaves Mirage 2000 executaram sobrevoo do local. No momento da passagem, uma onda de choque causou danos às vidraças de alguns órgãos públicos. O Comando da Aeronáutica já iniciou a apuração das circunstâncias do fato e irá ressarcir os prejuízos decorrentes", diz.
Parte da fachada do Supremo Tribunal Federal foi danificada, mas ninguém ficou ferido.
Fonte: / Notimp
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Técnicos divergem sobre as causas
Especialistas não entram em consenso sobre a conduta do piloto do caça, mas concordam que ele foi imprudente ao usar velocidade excessiva em uma área urbana
Ana Pompeu e Rosana Hessel
O avião que provocou a quebra das vidraças da fachada do Supremo Tribunal Federal (STF) e assustou as pessoas que assistiam à cerimônia de troca da bandeira nacional é um caça Mirage F 2000 da Força Aérea Brasileira (FAB). Ele já participou de outras solenidades do tipo na Praça dos Três Poderes, mas essa foi a primeira vez que causou tamanho estrago. A Aeronáutica ainda não apresentou uma explicação para o que aconteceu e afirmou que deve apurar os detalhes a partir de hoje. A sensação dos presentes era de que a aeronave teria passado baixo demais e que isso teria ocasionado o problema.
Entre os especialistas ouvidos pelo Correio, não há consenso se o caça teria ultrapassado a barreira do som. Mas tanto físicos quanto aviadores concordam que, se o piloto o tiver feito, houve imprudência. A influência da altitude em que a aeronave estava ao sobrevoar a Praça dos Três Poderes no acidente também é um ponto de discordância. Ninguém sabe precisar a velocidade atingida pelo piloto, mas não há dúvidas, entre os técnicos, de que ele alcançou uma velocidade arriscada, já que estava entre edificações e em um local de aglomeração de pessoas.
Coordenador de física de um colégio de Brasília, Marcus Vinícius Almeida explica que uma onda de choque é criada a partir de qualquer movimento, como uma corrida. O problema teria sido a altura com que o caça passou, não dando espaço suficiente para que a energia gerada perdesse força e chegasse ao STF sem causar estragos. "Quanto mais rápido o corpo estiver, mais forte essa onda fica. Em função da distância que estava do prédio, ele criou uma força capaz de quebrar os vidros. Provavelmente, o piloto sabia do risco de ultrapassar a barreira do som e devia estar em uma velocidade menor, mas não o suficiente para a energia se dissipar", detalhou o professor. Segundo ele, um fenômeno desses pode afetar o tímpano das pessoas ou provocar uma taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos), dependendo da força que tiver.
Os pilotos dos Mirage 2000 que destruíram os vidros do STF deverão sofrer uma reprimenda daquelas. Essa é a aposta do especialista em aviação Ernesto Klotzel. Na avaliação do engenheiro aeronáutico, pelo estrago feito na Praça dos Três Poderes, é bem provável que as aeronaves tenham atingido a velocidade do som (que é medida em Mach). Como ela varia de acordo com a temperatura ambiente e a altitude (podendo ser atingida entre 1.171 mil km/h e 2.245 km/h), quanto mais baixo o avião voar, maior será a velocidade necessária para que a barreira do som seja rompida.
"Um avião supersônico (que tem velocidade superior à do som), seja comercial ou militar, não pode atingir a barreira do som sobre o continente, em qualquer altitude, devido ao distúrbio que provoca com o deslocamento do ar, além do barulho. Ele pode destelhar uma casa com facilidade. Isso é proibido em qualquer lugar do mundo. Essas aeronaves só podem romper a velocidade do som acima do nível do mar", comentou Klotzel, lembrando que essa regra é válida há décadas, antes mesmo de o jato Concorde — único supersônico comercial existente até hoje — deixar de operar em 2003. Para o especialista, faltou prudência dos pilotos dos jatos que romperam o silêncio de uma manhã tranquila em Brasília. "O medidor de Mach está bem em frente aos pilotos, no painel, e, portanto, eles deveriam ter sido mais prudentes no caso de realmente ter extrapolado a velocidade permitida", comentou.
Já o comandante Adair Geraldo Ribeiro, diretor do curso de aviação civil das Faculdades Icesp, afirma que o que aconteceu ontem se deu pela própria característica do avião. "O Mirage pode voar até 2,2 vezes a velocidade do som. Ali, ele não ultrapassou essa barreira, mas, por ter passado baixo, a onda de choque provocou os estouros", ponderou. "Ele estava em uma altura segura e não colocou ninguém em risco. Isso eu digo com segurança. Esses pilotos são bem treinados. Mas como passou um pouco mais baixo, teve o deslocamento da passagem de ar."
Físico
O professor de física da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Brito também aposta no conhecimento do piloto para fazer a sua avaliação. "Acredito que seria muito complicado um piloto ser imprudente a esse ponto de romper a barreira do som perto de prédios. Isso não se faz. Passar em alta velocidade é só em grandes altitudes ou locais desabitados", disse. Inicialmente, Brito imaginou que uma diferença de pressão entre o ar em torno do avião e a área interna do prédio teria ocasionado o estilhaçamento das vidraças do Supremo. "É difícil dizer sem saber detalhes da situação, mas é preciso ultrapassar a barreira do som para que a onda de choque provoque esse acúmulo de energia a ponto de quebrar vidraças dessa forma", completou.
"Ali, ele não ultrapassou essa barreira, mas, por ter passado baixo, a onda de choque provocou os estouros"
Adair Ribeiro, diretor de um curso de aviação civil
"é preciso ultrapassar a barreira do som para que a onda de choque provoque esse acúmulo de energia a ponto de quebrar vidraças dessa forma"
Paulo Brito, professor de física da UnB
Fonte: / Notimp
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Caça da FAB em voo rasante destrói fachada de vidro do STF
Prédio do Supremo foi isolado para retirada dos vidros; não houve feridos. Acidente ocorreu durante troca da bandeira na Praça dos Três Poderes.
Um caça da Força Aérea Brasileira que fazia um voo rasante durante a cerimônia da troca da bandeira na Praça dos Três Poderes, em Brasília, destruiu na manhã deste domingo (1) a fachada de vidro do Supremo Tribunal Federal (STF). O prédio foi isolado. Ninguém ficou ferido.
Procurada pelo G1, a Força Aérea não havia se manifestado sobre o assunto até a publicação desta reportagem.
A cerimônia contou com dois caças da FAB e uma apresentação da Esquadrilha da Fumaça. O evento teve início por volta das 10h. A troca da bandeira ocorre mensalmente. A apresentação dos aviões da FAB estava sob responsabilidade do Comando da Aeronáutica e da coordenação do Sexta Comando Aéreo Regional.
Os caças da FAB que participavam do evento eram modelos Mirage F-2000. “Um jato passou muito baixo, levantou poeira, tremeu o chão e o vidro quebrou, Não estava esperando”, disse o estudante Lucas da Silva, que acompanhava a cerimônia.
Chegou a abrir [a copa] das árvores. Assustou”, afirmou Ismail da Silva, que viu o momento em que os vidros foram estilhaçados. A baixa altitude do caça também foi notada pelo vendedor de água Matheus Carvalho. “Eu estava distraído e do nada ele apareceu. Ele estava muito baixo”, disse.
"Eu fiquei assustada, porque eles vêm do nada", disse Delmary Vasconcelos, que mora em Brasília há um mês e também acompanhava a cerimônia da troca da bandeira. Ela disse que só reparou que os vidros haviam sido quebrados após a passagem dos caças. "O barulho não dá para ouvir nada. Eu estranhei que ele estava muito baixo", disse.
Fonte: / Notimp
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Apresentação de caças da FAB estilhaça vidros da fachada do STF
A tradicional cerimônia de substituição da bandeira nacional, que ocorre no primeiro domingo de cada mês na Praça dos Três Poderes, em Brasília, provocou sustos nesta manhã.
O sobrevoo de caças da Força Aérea Brasileira (FAB), que se apresentaram durante o evento, provocou muito barulho e a quebra de boa parte dos vidros da sede do Supremo Tribunal Federal. "Foi bem desagradável, eles (os aviões) passavam muito baixo e por diversas vezes. As pessoas estavam muito assustadas, e as crianças, chorando. O desconforto foi tanto que fomos embora mais cedo", relatou a servidora pública Silvia Rheinheiner, que levou o filho de 1 ano e meio para assistir à cerimônia.
Segundo a assessoria de imprensa da FAB, duas aeronaves Mirage F-2000 executaram o sobrevoo durante a solenidade, e uma onda de choque causou os danos às vidraças de "alguns órgãos públicos". Há relatos, conforme a FAB, de estragos no Senado e na Câmara dos Deputados.
O Comando da Aeronáutica já iniciou a apuração das circunstâncias do fato e irá ressarcir os prejuízos decorrentes, informou o órgão.
O evento mensal, durante o qual a enorme bandeira do Brasil é substituída por uma nova, costuma atrair público à Praça dos Três Poderes para assistir a apresentações de aviões da FAB, da Esquadrilha da Fumaça e da banda da Marinha.60 anos da FAB
A apresentação fez parte das comemorações de 60 anos da Esquadrilha da Fumaça. Sete jatos T-27, fabricados pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), executaram 55 manobras acrobáticas, de forma isolada e em conjunto, fazendo desenhos de fumaça no céu de Brasília.
Muitas das manobras bateram recordes mundiais. Em 2006, os T-27 quebraram recorde ao executar manobras conjuntas com 12 aeronaves - limite superior ao de 2002, quando houve a participação de 11 aviões. Segundo capitão João Pivovar, piloto da esquadrilha, a FAB recebe cerca de 1,2 mil pedidos de demonstrações por ano, mas só consegue cumprir 10% desse total, pois os aviões são usados também na defesa aérea (sic), quando não estão em manutenção na Academia da Força Aérea, em Pirassununga, São Paulo.
Fonte: / Notimp
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