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AF 447 - Associação aponta novo rumo no processo contra a Air France



Falha mecânica traz reviravolta ao caso, diz parente de vítima .

GRACILIANO ROCHA .

A revelação de que um instrumento induziu pilotos do avião da Air France ao erro e contribuiu para a queda do Airbus em 2009 deverá ter repercussão imediata na investigação da Justiça francesa.

Essa é a opinião de Bernd Gans, pai de uma passageira e representante de uma associação de familiares de vítimas alemãs.

"Essa revelação gera uma reviravolta no caso. O BEA (agência francesa que investigou o desastre) agiu para proteger a Airbus", disse.

O avião fazia a rota Rio de Janeiro-Paris e caiu no Atlântico em 31 de maio de 2009, matando 228 pessoas.

O relatório final do BEA revelou que o instrumento que aponta a trajetória a ser seguida para manter a aeronave estável ordenou que eles empinassem o bico do avião, quando eles deveriam ter feito exatamente o contrário.

Ao ser direcionado para cima, o avião perdeu velocidade e sua sustentação.

O BEA atribuiu a tragédia a um conjunto de falhas técnicas e erros humanos.

A informação do relatório deverá ser um dos principais pontos da audiência entre a juíza francesa Sylvia Zimmermann e familiares das vítimas, em Paris, na semana que vem.

A Justiça francesa já indiciou a Airbus e a Air France sob suspeita de homicídio culposo (não intencional).

Segundo o principal sindicato de pilotos da França, a investigação apontou falhas de concepção do avião.

A Folha não conseguiu contatar a Air France nem a Airbus ontem à noite.

Anteontem, a Air France disse que o avião e os pilotos seguiam parâmetros legais. A Airbus disse que adotará as recomendações do BEA.


Fonte: / Notimp

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Em queda livre sem perceber

O relatório final sobre o acidente do AF-447 mostra que os pilotos em nenhum momento tiveram consciência de que o avião não voava, caía. Faltou destreza? Ou faltaram os dois?

Quando um avião cai em meio a uma tempestade tentando pousar à noite numa pista mal sinalizada e sem apoio de instrumentos, tem-se uma tragédia, mas raramente um mistério. O que ocorreu com o Air-bus A330 da Air France que fazia o voo AF-447 do Rio de Janeiro a Paris na madrugada de 1º de junho de 2009 foi uma tragédia que matou todas as 228 pessoas a bordo — e um mistério que desafiou os especialistas nos últimos três anos. Na semana passada, a agência francesa de investigação de acidentes aeronáuticos, a BEA, divulgou o relatório final sobre um dos mais improváveis e evitáveis acidentes da aviação comercial. Improvável porque o Airbus voava em altitude e velocidade de cruzeiro — a mais de 11000 metros e 900 quilômetros por hora —, situação em que ocorre menos de 0,5% dos acidentes. Evitável porque os jatos comerciais, mesmo sofrendo as piores panes simultâneas, oferecem aos pilotos a possibilidade de contornar os problemas manualmente. O relatório final da BEA mostra que os dois copilotos que estavam na cabine de comando do Airbus — por falta de destreza, treinamento, ou as duas coisas — cometeram erros fatais quando, paralisado por panes, o piloto automático lhes devolveu o comando do avião. "A ocorrência das panes na fase de cruzeiro do voo surpreendeu completamente a tripulação do AF-447", diz o relatório. O comandante dormia em seu beliche (não há nada de anormal no fato de o comandante descansar durante voos longos e ser acordado para fazer o pouso) e chegou à cabine quando nada mais podia fazer.

“A tripulação em nenhum momento entendeu a situação", disse Jean-Paul Troadec, diretor da BEA. Qual era a situação? O AF-447 meteu-se no núcleo de uma tempestade tropical sobre o Oceano Atlântico, da qual todos os voos daquela rota na mesma noite se desviaram. Os cristais de gelo da tempestade entupiram as sondas que medem a velocidade do avião e elas deixaram de funcionar. Sem a medição de velocidade, o piloto automático se desliga e entrega o comando manual aos pilotos com a aceleração das turbinas no máximo. O procedimento clássico nesses casos é diminuir a potência das turbinas pela metade e empinar ligeiramente o bico do avião em um ângulo de cerca de 3 a 5 graus. Os pilotos do AF-447 deixaram a potência no máximo e empinaram o nariz da aeronave em 18 graus. Nesse ângulo, as turbinas não conseguiram mais manter o avião voando, e ele começou a cair como uma pedra. Mais uma vez, a manobra clássica para salvar a situação é baixar o nariz do avião, ganhar velocidade e, assim, recuperar a sustentação aerodinâmica. O primeiro copiloto, no comando naquele momento crucial, para a estupefação dos especialistas, insistiu em manter o avião empinado em um ângulo insustentável. O comandante não teve tempo de reassumir seu posto. Quando chegou à cabine, o AF-447 estava a quinze segundos de se chocar a 335 quilômetros por hora contra a superfície do mar. Pelas gravações da caixa-preta, os pilotos voaram às cegas nos quatro minutos que se passaram desde a perda do piloto automático até o choque final. Eles pensavam estar voando. Estavam caindo.

Fonte: / Notimp



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