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Especial FX-2: Brasil e Índia avançam juntos; Índia informa Brasil sobre compra de caças; Índia propõe parceria tecnológica do caça Rafale



Nova Délhi — Índia e Brasil assinaram sexta-feira meia dúzia de convênios para promover a cooperação entre os dois países. Os acordos, acertados por ministros e técnicos do governo de ambos os países, facilitarão a cooperação no campo da ciência, da tecnologia, da biotecnologia e da educação.

Vão abrir também espaço para o intercâmbio cultural e a promoção da igualdade de gênero e dos direitos da mulher e da infância. Após depositar uma coroa de flores no memorial de Mahatma Ghandhi, a presidente Dilma Rousseff, em visita a Nova Délhi, realizou uma reunião de trabalho com o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, para acertar detalhes das relações bilaterais.

Em particular, as parcerias entre Brasil e Índia terão foco no comércio, nos investimentos e no meio ambiente. Como um exemplo do que os dos países devem "seguir e perseguir", Dilma apontou a associação da fabricante aeronáutica Embraer com a Defense Research and Development Organization (DRDO), uma parceria voltada para equipar uma aeronave com sistemas de radar desenvolvidos no país asiático. A presidente disse ainda que a experiência brasileira também pode ser muito útil à Índia no campo do agronegócio, em particular na cadeia de processamento de alimentos, como a conservação.

Encontros


Já a Índia tem grande potencial para ajudar o Brasil na área farmacêutica, ramo de atividade no qual os indianos poderiam participar da construção de um sistema de saúde universal de qualidade para os brasileiros. Dilma, que pediu aos empresários brasileiros que encontros entre os dois países se "institucionalizem", também defendeu a criação de empresas conjuntas, tanto no Brasil como na Índia.

O ministro do Comércio e da Indústria da Índia, Anand Sharma, mostrou entusiasmo com aproximação. "Temos sido o motor da economia mundial e hoje sinto que chegou a hora: este é o nosso século", afirmou. A economia indiana traz, de acordo com os especialistas, características muito semelhantes ao Brasil. Com uma população seis vezes maior — são 1,2 bilhão de habitantes — e taxas de crescimento elevadas, o país asiático representa boas oportunidades de negócios para as empresas brasileiras. A meta, contudo, é diversificar a pauta comercial, ainda focada em commodities (produtos básicos com cotação internacional).

Parceria no Rafale

O governo indiano quer transferir tecnologia para o Brasil se o país optar pela compra dos caças Rafale, da França, de quem é parceiro. A proposta foi apresentada ontem à presidente Dilma Rousseff, que não se manifestou sobre o tema. "Não se falou do Rafale", assegurou um interlocutor da equipe presidencial, que também disse não haver pressa sobre uma definição. "A decisão brasileira não será tomada antes de maio", ou seja, só ocorrerá após o segundo turno das eleições presidenciais francesas. O Brasil deve definir neste ano uma licitação para a compra de 36 aviões caças no valor de US$ 5 bilhões.

Fonte: / NOTIMP

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Governo indiano relatou à delegação do país o programa de aquisição de Rafales, que disputam concorrência da FAB .

Decisão brasileira não deve ser anunciada até maio, quando acontece o 2º turno na França, que produz os aviões

CLÓVIS ROSSI .

O governo indiano relatou à delegação brasileira, que encerrou sexta-feira uma visita oficial ao país, como está o seu programa de compra dos caças franceses Rafale.

Mas nenhum dos integrantes da delegação quis entrar em detalhes sobre a exposição indiana e menos ainda sobre as observações brasileiras. Limitaram-se a admitir que o tema fora levantado, por parte dos indianos.

O ministro Fernando Pimentel (Indústria, Comércio e Desenvolvimento) contou apenas que os brasileiros disseram aos indianos que ficariam observando, até porque a decisão sobre a compra de aviões para a FAB (força aérea Brasileira) ainda não foi tomada.

Os Rafale concorrem com o norte-americano Boeing F-18 e o sueco Gripen, o preferido da FAB.

O ministro desconhecia completamente denúncia inicialmente veiculada pelo canal de notícias "Times Now" faz dois dias: a emissora anunciou ter documentos em que "oficiais superiores" não especificados questionam as condições da compra.

As objeções são de duas naturezas: o valor a ser pago pelos caças, calculado em cerca de US$ 15,7 bilhões (R$ 28,7 bi) pelas 126 unidades; e a falta de clareza quanto à transferência de tecnologia.

Os indianos têm requisitos de transferência tecnológica que implicam a construção do avião no país, como eles já fazem com o caça pesado russo Sukhoi-30.

Os dois itens aplicam-se exatamente à concorrência aberta pela força Aerea Brasileira para comprar 36 caças, um pacote no valor de aproximadamente R$ 10 bilhões.

O Rafale, o favorito no momento, é mais caro do que seus concorrentes.

Transferência de tecnologia é considerado ponto essencial para a definição por um modelo, mesmo que seja seu preço seja mais alto.

Se há dúvidas sobre a real transferência de tecnologia, a compra dos caças pode emperrar de novo (a concorrência arrasta-se desde 2001 e já houve outros momentos em que o avião francês foi dado como seguro vencedor, até pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva).

Pimentel soube pela Folha da denúncia, mas ele não fez comentário, como é óbvio, em se tratando de assunto interno indiano.

Pimentel tampouco comentou a informação de que haveria a possibilidade de o Brasil virar parceiro de Nova Déli caso também venha a escolher o Rafale.

O ministro usou exatamente o argumento de que não há decisão sobre qual avião será comprado, o que tornaria pura especulação discutir cooperação com quem já comprou um dado modelo.

A Folha apurou que o cálculo que se faz no governo é o de que a decisão não será anunciada antes da eleição francesa de 6 de maio (segundo turno) para não ajudar o presidente Nicolas Sarkozy, se o Rafale for escolhido, ou prejudicá-lo, se for um dos concorrentes.

Dilma pede aumento de comércio e mais parcerias com os indianos

Presidente encerrou fórum empresarial em Nova Déli, capital do país

CLÓVIS ROSSI

A presidente Dilma Rousseff voltou mais de 500 anos no tempo para apoiar sua ideia de que o século 21 será o século de Brasil e Índia.

Ao encerrar o fórum empresarial dos dois países, a presidente citou a "Carreira da Índia" para manifestar sua esperança de que ela seja retomada agora, no bojo da parceria estratégica Brasil-Índia.

Carreira da Índia era a ligação marítima anual entre Lisboa e Goa (possessão portuguesa no subcontinente indiano), iniciada em 1497, após a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama, e seguiu até o século 19.

Era essa rota que Pedro Álvares Cabral deveria seguir, em 1500, mas acabou afastando-se da África o suficiente para descobrir o Brasil.

Dilma propõe agora que Índia e Brasil se redescubram pela via do aumento do comércio, dos investimentos e da cooperação - proposta que expôs aos empresários e ao premiê Manmohan Singh, com quem se reuniu.

No comércio, o empenho de ambos será elevar as trocas dos atuais US$ 9,2 bilhões para US$ 15 bilhões em 2015.

Em investimentos, o propósito é o de que firmas indianas aumentem sua presença no Brasil além das 33 que já atuam no país diretamente ou na forma de joint ventures. É óbvio que a rota inversa deve ser percorrida pelas firmas brasileiras.

Mas a presidente deu ênfase à área de ciência e tecnologia - dos seis acordos assinados ontem, a maioria refere-se a esse ramo, em que a Índia tem prestígio.

O principal é no âmbito do programa Ciência sem Fronteiras, que pretende colocar 100 mil estudantes e pesquisadores brasileiros em instituições no exterior até 2014.

Na fabricação de fármacos, Dilma propõe "uma grande parceria, com o uso da tecnologia mais avançada".

Outra proposta de cooperação seria entre a Embraer e a DRDO (Organização de Pesquisa e Desenvolvimento em Defesa) para fabricar aeronaves com sistemas de radar desenvolvidos pela Índia.

A DRDO, vinculada à força aérea indiana, é responsável pelo desenvolvimento de tecnologia para uso militar.

Se houver cooperação com a Índia no caso da compra dos caças franceses Rafale pela força aérea Brasileira, ela se dará por meio da DRDO.

Fonte: / NOTIMP

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Governo indiano, que anunciou a compra de 126 unidades, mostrou disposição de transferir informações ao Brasil, caso País opte pelo modelo francês

TÂNIA MONTEIRO

Na reunião bilateral entre Brasil e Índia, sexta-feira, na Hyderabad House, o governo indiano informou à presidente Dilma Rousseff que, caso ela opte pela compra dos caças Rafale (da empresa francesa Dassault), os indianos estão interessados em estabelecer uma parceria tecnológica com os brasileiros para montagem de um projeto conjunto de transferência de tecnologia. A Índia anunciou que vai comprar 126 caças franceses.

A disposição do governo indiano é de transferir informações que eles recebam em relação ao Rafale. Assim, os três países - Brasil, Índia e França - poderiam trabalhar juntos em um projeto de parceria tecnológica. O governo indiano já havia feito oferta semelhante ao ministro da Defesa, Celso Amorim, durante sua visita à Índia em fevereiro.

A presidente Dilma, no entanto, não deu nenhuma resposta aos indianos, ou teceu qualquer comentário mais detalhado sobre o tema. "Nem cabia ela comentar. A oferta foi feita no momento em que a Índia apresentava proposta de parceria em várias áreas e esta seria apenas mais uma delas", contou um integrante da delegação brasileira presente à reunião. "Eles ofereceram cooperação e o Brasil ainda vai analisar isso", confirmou outro interlocutor da presidente.

O governo brasileiro não quer discutir a compra dos caças para força aérea Brasileira (FAB) antes do mês de maio. O processo de compra dos aviões, o projeto FX-2, está suspenso desde o início do governo Dilma. Na transição, o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim entregou um relatório para a presidente com a avaliação completa dos três concorrentes: o Rafale, o sueco Gripen, da Saab, e o americano F-18 Super Hornet, da Boeing.

Em 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante visita do presidente francês Nicolas Sarkozy anunciou a opção pelo Rafale. O fato gerou polêmica, pois o processo de escolha ainda estava em andamento. A preferência de Lula pelo modelo francês estava ligada à promessa de "transferência irrestrita" de tecnologia ao Brasil. O maior impedimento, no entanto, era o preço do caça francês, o maior dos três. Esse custo era maior porque, até então, nenhuma outra força aérea havia optado por comprar o Rafale.

Com o anúncio da Índia de comprar os aviões franceses, o projeto está salvo e há uma sensível redução no preço do Rafale. O total do pacote indiano é de US$ 12 bilhões. O brasileiro, com 36 unidades, está estimado em cerca de US$ 6 bilhões.

Polêmica. Um escândalo tomou conta da imprensa indiana, nos últimos dias, envolvendo a compra dos caças. O comandante do Exército indiano, general V.K. Singh, encaminhou uma carta ao ministro da Defesa da Índia, A.K. Antony, denunciando irregularidades na compra de diversos equipamentos de defesa. A Índia sofre com graves problemas de corrupção.

A carta vazou para a imprensa, o que irritou o ministro que prometeu "punição máxima" para quem deixou vazar o documento.

Reportagem do jornal The Times of India informa que o ministro "falou grosso" e disse que vai cancelar acordos "sombrios", acrescentando que, se quaisquer irregularidades forem encontradas em qualquer acordo, mesmo que estejam em fase final, o negócio "será cancelado".

Fonte: / NOTIMP


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