Cenipa vai investigar causas do acidente com monomotor
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado à Força Aérea Brasileira (FAB), irá investigar o acidente que envolveu um monomotor, encontrado nesta sexta-feira no Morro do Manduba, nas proximidades do Forte de Guarujá.
A queda do monomotor ocorreu na tarde de quinta-feira. O avião estava no alto do morro, em uma área de mata fechada, pertencente ao Exército. Estavam a bordo da aeronave o jovem Matheus de Souza Fonseca, de 19 anos, e a instrutora de voo, Vitória Carrer. Esse era o primeiro voo longo do piloto. A instrutora tinha mais de 500 horas de voo. Para exercer a função são necessárias mais de 150 horas.
Os corpos do jovem, que era de Santos, e da instrutora, que morava em São Paulo, passaram por perícia e foram removidos para o Instituto Médico Legal (IML) de Guarujá, por volta das 17h30.
Segundo informações do Grupamento de Bombeiros Marítimos, que acompanhou o resgate das vítimas, apenas uma das asas da aeronave chegou a cair no mar. O restante dos destroços foi encontrado no Morro do Manduba, nas proximidades do Forte dos Andradas.
De acordo com o comandante do helicóptero Águia da Polícia Militar, o capitão PM Adriani José de Souza, a aeronave prefixo PT-NUH se chocou contra o Morro do Manduba.
”Estava no alto do morro, perto do canhão do Forte dos Andradas, do lado externo da península, de frente para a Ilha da Moela”, relatou o comandante do Águia. “O avião entrou de lado e ficou no meio das árvores”.
Conforme Souza, a aeronave não explodiu, porque está tudo intacto. “Uma asa saiu, mas o charuto da aeronave está intacto, de lado”.
Acredita-se que, em função do mau tempo, o condutor não tenha visto o morro e, sem ter como desviar, o monomotor acabou sendo arrastado. Conforme os bombeiros, a cabine está inteira e as vítimas foram encontradas presas nas ferragens.
Sobre o avião, o Aeroclube de Itanhaém informou que a manutenção estava em dia e no último contato com a Base Aérea de Santos, o piloto não informou sobre problemas na aeronave, apenas falou do mau tempo.
Viagem
Inicialmente, a informação era de que a aeronave havia saído do Aeroporto Estadual Betram Luiz Leupolz, em Sorocaba, no interior de São Paulo. Mas o monomotor partiu de Itanhaém, parou no Campo de Marte, em São Paulo, e só depois seguiu para Sorocaba.
Por volta das 14 horas, o rapaz e a instrutora levantaram voo com destino a Itanhaém, mas o último contato feito pelos tripulantes foi quando eles estavam em Guarujá.
A mãe do piloto, Elizabeth de Souza, teria feito o último contato com Matheus por volta das 13 horas de quinta-feira. "Eu falei com meu filho era 13h15 e ele estava saindo do Campo de Marte (SP). Foi a última vez que ouvi a voz do meu filho”.
Matheus pilotou de Itanhaém até o Campo de Marte, e de lá até Sorocaba. Depois, em Sorocaba, a instrutora teria pego a aeronave.
Buscas
Os destroços foram localizados pelo helicóptero Águia 10, por volta das 11h30, no Morro do Manduba, nas imediações do Forte dos Andradas.
De acordo com o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, a aeronave modelo P-28 Alfa, fabricada pela Neiva Embraer, pertencia ao Aeroclube de Itanhaém.
Ainda segundo o Centro de Comunicação Social, a aeronave tem autonomia de voo de 4 horas e meia de combustível e que, provavelmente, não decolou com tanque cheio. O modelo foi fabricado no final da década de 80 e começo da década de 90 e é considerado seguro.
Aeronáutica investiga o desastre
Alessio Venturelli
Resgatados os corpos das vítimas, tiveram início neste sábado os trabalhos de investigação sobre as circunstâncias em que ocorreu a queda do monomotor PT-NUH, na quinta-feira, no Morro do Monduba, em Guarujá.
Dois agentes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) passaram o dia analisando os destroços da aeronave, em uma encosta de mata fechada, a cerca de 300 metros do nível do mar. No acidente, morreram a instrutora de voo Vitória Carrer Barata, de 29 anos, e o aluno Matheus de Souza Fonseca, de 19.
“Inicialmente, estamos coletando dados e fazendo um levantamento da área”, explicaram os agentes, que devem dar continuidade a esse trabalho nos próximos dias. Mas ainda não há previsão de quando o laudo deve ser concluído.
Segundo o Centro de Comunicação Social da Aeronaútica, isso vai depender não só da análise dos destroços, como também dos contatos que foram feitos durante o voo e demais elementos que eventualmente surgirem ao longo da investigação.
O acesso da Imprensa ao local foi limitado, pois havia combustível e baterias de energia ligadas dentro do avião, o que poderia representar riscos, na avaliação dos peritos.
Tal constatação, porém, serviu para confirmar a tese de que realmente não houve explosão no momento do choque – a exemplo do que já vinha sendo dito por pessoas que estavam próximas do local na hora do acidente.
“Não vimos nada e também não ouvimos nada. Tanto é que só tomamos conhecimento do fato por meio da Aeronáutica”, disse o tenente-coronel Dênis Ernesto do Carmo, do Forte dos Andradas – base do Exército que abrange toda a extensão do Morro do Monduba e tem dado apoio aos serviços feitos no local.
Assim sendo, a hipótese considerada mais provável para a morte dos dois ocupantes seria a colisão com o morro. Esse entendimento é reforçado pelo fato de que ambos protegiam o rosto com os braços, quando encontrados dentro da cabine, o que indicaria a iminência de um choque.
Oficialmente, porém, não há qualquer conclusão a respeito. Também não se sabe se os destroços serão retirados do local ou se permanecerão por lá. Caberá ao Aeroclube de Itanhaém (proprietário do avião) avaliar se há possibilidade de recuperação da aeronave, o que deve ocorrer durante esta semana.
“Vamos aguardar a liberação da área, pelo Cenipa, pra depois ter uma noção disso”, disse o presidente da agremiação, Hernique Alvarez.
Fonte: JORNAL A TRIBUNA (SANTOS-SP) / NOTIMP
Leia também: