Aeronáutica investe em inovação com apoio do MIT
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos, em São Paulo, está fazendo um acordo com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, para estabelecer um novo modelo de educação em engenharia para cursos de engenharia no Brasil e criar um centro de inovação, com a participação de várias empresas brasileiras e o envolvimento do MIT. A informação é do o reitor do ITA, Carlos Américo Pacheco, que estima investimento de US$ 100 milhões para atender a essas iniciativas.
"Os centros de inovação do MIT possuem uma taxa de "spin-off" [criação de uma empresa a partir de outra] de cerca de 12%, ou seja, para cada cem projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, 12 se tornam negócios e empresas. Esse deve ser o modelo de referência para o ITA", afirmou Pacheco.
O reitor disse que o ITA tem interesse em colaborar com o MIT em áreas de eficiência energética, uso de biocombustível na aviação, engenharia aeronáutica, engenharia de sistemas, computação e sistemas críticos embarcados, sistemas de controle para veículos aéreos não tripulados, veículos subaquáticos e sistemas inerciais.
O MIT, por sua vez, segundo Pacheco, teria interesse nos temas de sustentabilidade, engenharia de sistemas e energias renováveis, e automação de plataformas de petróleo em águas profundas, que serão muito usadas no processo de exploração do pré-sal.
A parceria entre as duas instituições se estende também para outras iniciativas. O Brasil sediará, pela primeira vez, o Encontro Internacional de Design para Desenvolvimento Social (IDDS, na sigla em inglês), promovido por alunos do MIT. O foco do evento é no desenvolvimento de tecnologias que atendam às necessidades da população de baixa renda.
Com duração de 30 dias, o encontro reunirá 60 estudantes de engenharia no Brasil, dos quais 40 da Universidade de São Paulo (USP) e 20 do ITA, além de 20 colaboradores estrangeiros. Durante esse período, os alunos vão trabalhar no desenvolvimento de tecnologias que melhorem a vida de comunidades carentes previamente selecionadas por eles, em São Paulo e em São José dos Campos, explica um dos coordenadores do IDDS Brasil, professor da disciplina de Humanidades do ITA.
O evento acontece em um momento em que o ITA e o MIT trabalham em um processo de intensificação da cooperação internacional existente desde a década de 50.
Segundo o professor Kleba, em abril do ano passado 15 alunos do ITA e dois da USP já haviam realizado um projeto social em conjunto com alunos do MIT. Eles desenvolveram um filtrador de óleo vegetal para catadores de lixo reciclável em vários municípios de São Paulo. Denominado WVO (Waste Vegetable Oil), o projeto foi elaborado em um dos laboratórios do ITA e deu origem a um protótipo, que reduziu o custo de uma minifábrica de R$ 470 mil para R$ 1,3 mil, mantendo a mesma capacidade de produção.
Para Denis Costa Herrmann, aluno do terceiro ano de engenharia mecânica-aeronáutica do ITA e um dos organizadores do evento, a parceria com o IDDS gerou uma expectativa positiva entre os alunos da escola, pois oferece uma oportunidade real de colocar em prática o conhecimento da engenharia aprendido em sala de aula, desenvolvendo soluções inovadoras para comunidades carentes.
"Temos poucas oportunidades dentro da universidade para praticar aquilo que aprendemos durante o curso. A proposta do IDDS cria uma motivação diferente para os alunos, que aprendem a utilizar o conhecimento da engenharia no desenvolvimento de soluções de caráter social", destaca o estudante Marcus Ganter, do ITA e também um dos organizadores do IDDS 2012.
Duração prevista de acordo é de 5 anos
O reitor do ITA, Carlos Américo Pacheco, viajou para os Estados Unidos para negociar um acordo de cooperação com o MIT e estabelecer as áreas de interesse comum entre as duas instituições. O reitor também deverá acompanhar a visita prevista da presidente Dilma Rousseff ao MIT com o objetivo de reforçar essa cooperação com o Brasil e o ITA. A presidente estará nos EUA nos dias 9 e 10 e, além do MIT, em Boston, reservou um horário para visitar a Universidade de Harvard.
Além dos acordos com o Brasil, o MIT tem feito alguns parcerias semelhantes com instituições da Rússia, Portugal, Cingapura e Inglaterra, sempre com o objetivo de renovar ou criar instituições na área de inovação e de engenharia, disse o reitor.
O acordo com o Brasil está previsto para ter duração de cinco anos. A negociação envolve direitos de propriedade industrial, investimentos e uso de imagem. As primeiras reuniões foram programadas para esta semana junto ao departamento de aeronáutica e astronáutica, o programa de liderança em engenharia e o centro para inovação tecnológica, todos do MIT.
"Não queremos apenas duplicar o ITA, vamos também criar áreas novas e renovar os currículos. Empresas como a Embraer e a Petrobras têm muito interesse nesse movimento que estamos fazendo, que é o de atrair novos parceiros para a instituição", disse Pacheco.
Desde 2004, segundo Pacheco, cerca de 20 alunos de graduação e professores do ITA realizaram estágios e projetos no MIT. Nos últimos três anos, o programa MIT-Brazil, que recruta alunos da escola americana interessados em fazer estágios no Brasil, também tem incentivado o relacionamento entre o ITA e o MIT.
Dilma quer 'Olimpíada do Conhecimento'
Fernando Exman
O governo Dilma Rousseff quer aproveitar a realização da Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro para lançar uma nova ideia: criar uma olimpíada do conhecimento entre estudantes de diversos países, para ser realizada à margem dos jogos, assim como ocorre com a Paraolimpíada.
A execução do plano, que está em discussão entre os ministérios da Educação e do Esporte, poderá começar a tomar forma a partir do ano que vem. Nessa primeira etapa, o governo federal quer unificar os calendários e procedimentos das olimpíadas de português, matemática, ciências e esportes, além de criar uma olimpíada de tecnologia da informação.
"A ideia é para o ano que vem tentarmos fazer uma olimpíada integrada para a gente ir avançando e, em 2016, nós convocarmos alguns países para fazer a primeira olimpíada do conhecimento internacional aqui no Brasil", comentou ontem, em entrevista a jornalistas, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. "É para tentar introduzir na agenda da Olimpíada uma olimpíada do conhecimento dos estudantes. O melhor da herança olímpica que nós poderíamos deixar é exatamente esse espírito olímpico ligado ao conhecimento e aos esportes no âmbito da educação."
Para ele, a adesão à Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas e seu impacto no desempenho dos alunos mostra o potencial que o projeto tem. A Olimpíada de Matemática deste ano chegará a 5.524 municípios brasileiros, ou 99,3% do total, e contará com a participação de 19,2 milhões alunos de 46 mil escolas. "Estamos batendo um recorde espetacular", disse.
O ministro da Educação também revelou que 14.676 das 75 mil bolsas a serem concedidas pelo governo a estudantes brasileiros no exterior, por meio o programa Ciência Sem Fronteiras, já foram preenchidas. Desse total, 3.697 alunos já estão em universidades de Estados Unidos, Alemanha, França, Itália e Reino Unido. O restante deve começar os cursos a partir de agosto.
O ministro citou o crescente interesse dos estudantes pelo próximo edital do programa, que aceitará inscrições até o fim do mês. Destacou, no entanto, que o principal desafio do governo é garantir que os alunos interessados tenham proficiência em inglês ou nos idiomas em que os cursos serão ministrados. O governo tem procurado mobilizar o sistema público de educação para solucionar essa pendência. Parcerias com embaixadas e institutos de ensino de línguas também estão sendo articuladas.
"Queremos que os melhores pontuados no Enem é que estejam habilitados a fazer o curso, respeitando a meritocracia. Mas eles precisam se empenhar no estudo da língua que têm interesse. Todos que querem pleitear devem começar a estudar inglês agora ou a língua respectiva", alertou.
O programa também será um dos principais focos da presidente Dilma Rousseff em sua viagem aos Estados Unidos, que ocorrerá na semana que vem. Dilma participará, por exemplo, da cerimônia de assinatura de convênios entre o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Massachusetts Institute of Technology (MIT). Além disso, serão anunciadas parcerias entre a Universidade de Harvard, o CNPq e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Mercadante afirmou ainda que tem crescido a procura de pesquisadores e jovens acadêmicos estrangeiros por vagas nas instituições de ensino brasileiras, e contou que o Ministério da Educação deverá em breve reajustar o valor das bolsas concedidas aos estudantes de pós-graduação brasileiros. O aumento para repor a inflação acumulada desde 2008 deve ocorrer em duas etapas - uma parte neste ano e outra no início de 2013.
Fonte: / NOTIMP
Leia também: