Revolta de militares e da base aliada contamina Planalto
Além dos problemas no Banco do Brasil, Dilma terá de atuar para conter focos de insatisfação na caserna e no Congresso .
Além da crise originada pela disputa de grupos do PT pelo controle do Banco do Brasil e do fundo de pensão Previ, a presidente Dilma Rousseff tem de administrar, nos próximos dias, problemas por todos os lados.
Alguns deles muito graves, como a insubordinação por parte de oficiais da reserva, que não reconhecem autoridade no ministro Celso Amorim (Defesa).
O problema com os militares da reserva começou com a divulgação de um manifesto pelo Clube Militar com críticas às ministras Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Proteção à Mulher) por declarações das duas sobre a Lei da Anistia. Dilma determinou a retirada do manifesto dos militares da página do Clube Militar na internet e a punição dos autores do documento. Mas eles não se intimidaram.
O general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva concedeu entrevista publicada na sexta-feira pelo jornal O Globo na qual sugere que a presidente Dilma Rousseff seja convocada a prestar depoimento à Comissão da Verdade. Segundo ele, porque ela pertenceu ao grupo guerrilheiro VAR-Palmares, que seria o responsável pelo carro-bomba que matou o soldado Mario Kozel Filho. Até 2007 o general ocupou postos importantes no Exército, como a Escola de Comando do Estado-Maior da Força, Dilma sancionou o projeto que criou a Comissão da Verdade no dia 18 de novembro.
Ela terá sete integrantes e trabalhará durante dois anos depois de instalada. Poderá tomar depoimentos e fazer investigações, mas não poderá propor a punição a ninguém. Dilma ainda não conseguiu nomear os integrantes da comissão.
Dilma Rousseff enfrenta também problemas na sua base de apoio no Congresso. O PMDB deverá entregar na segunda-feira ao vice-presidente da República, Michel Temer, e ao presidente da legenda, senador Valdir Raupp (RO), um documento com quase 50 assinaturas de deputados que acusam o PT de tentar destruir o partido. O PMDB do Senado já fez chegar a Dilma Rousseff o recado de que está descontente pelo fato de o governo não fazer as nomeações de integrantes do partido para cargos em estatais. O partido se recusou a votar a recondução de Bernardo Figueiredo para a presidência da Agência Nacional de Transportes Terrestres.
Na votação do Fundo de Previdência do Servidor Público (Funpresp) a infidelidade foi geral. Nem o PT escapou. Dos 76 deputados do partido que estavam na sessão que aprovou o Funpresp, na quarta-feira, 8 votaram contra a criação do fundo. No PDT o governo levou uma goleada de 22 votos a 2 e no PSB, outro aliado, o placar também foi elástico: 17 a 9. / J.D.
Fonte: / NOTIMP
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Punição a militares amplia crise entre Dilma e caserna
Presidente determina advertência aos que fizeram críticas a ministras
Não será fácil para os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica resolverem o imbróglio gerado a partir da decisão da presidente Dilma Rousseff de punir com advertência militares que assinaram um manifesto contrário ao governo. O texto, denominado “Alerta à nação – eles que venham, por aqui não passarão”, endossa críticas a ela por não ter censurado suas ministras que pediram a revogação da Lei da Anistia.
A presidente já havia se irritado com o manifesto do Clube Militar e lançado às vésperas do Carnaval, e depois retirado do site, e ficou mais irritada ainda com o novo documento, no qual eles reiteram as críticas e ainda dizem não reconhecer a autoridade do ministro da Defesa, Celso Amorim, para intervir no Clube Militar.
Inicialmente, o manifesto tinha 98 assinaturas. Na manhã de quinta-feira, após vir a público a decisão de punição, o número de seguidores subiu para 235 e, no início da tarde de sexta-feira, chegou a 386 adesões, entre elas a de 42 oficiais-generais, sendo dois deles ex-ministros do Superior Tribunal Militar (STM).
A presença de ex-ministros do STM adiciona um ingrediente político à lista, não só pelo posto que ocuparam, mas também porque, como ex-integrantes da Corte Militar, eles têm pleno conhecimento de como seus pares julgam neste caso.
O Ministério da Defesa e os comandos militares ainda estão discutindo internamente com que base legal os militares podem ser punidos. Várias reuniões foram convocadas por Amorim nos últimos dias para discutir o assunto. Mas há divergências de como aplicar as punições. A Defesa entende que houve “ofensa à autoridade da cadeia de comando”, incluindo aí a presidente Dilma e o próprio ministro.
Fonte: / NOTIMP