Laser ameaça pousos no aeroporto Leite Lopes
Na semana passada, uma aeronave teve de arremeter devido a dificuldade do piloto em enxergar a pista .
Uma brincadeira de mau gosto coloca em risco a vida de quem utiliza o aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto. O uso de luzes de laser direcionado contra as aeronaves dificulta o trabalho dos pilotos.
Na semana passada, uma aeronave teve de arremeter após o comando ter dificuldades para enxergar a pista. Isso porque pessoas próximas da cabeceira da pista emitiam raio laser em direção à cabine, o que teria ofuscado a visão dos pilotos.
Na tentativa de inibir a brincadeira perigosa, a Infraero, a 1ª Companhia da Polícia Militar e a equipe que comanda o helicóptero Águia iniciaram uma discussão para traçar estratégias. Outras reuniões estão previstas para os próximos dias.
O comandante do Águia da PM em Ribeirão, capitão Oscar Pereira do Carmo, afirma que as primeiras ocorrências foram registradas há seis meses e que os casos ficaram mais frequentes nas últimas semanas. "A brincadeira oferece risco muito grande para os pilotos, tripulação e passageiros, além das moradias no entorno do aeroporto".
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) emitiu nota pedindo as pilotos que redobrem a atenção ao detectar a interferência de laser. Todos foram orientados a registrar uma ficha de notificação.
Ainda não há dados fechados do número de ocorrências no aeroporto de Ribeirão. Em 2011, foram 252 em todo o Brasil. Pilotos, que não quiseram se identificar, afirmam que pessoas ficam à noite em terrenos próximos da avenida Thomaz Alberto Whateley, na rota usada para os pousos.
"A brincadeira é de muito mau gosto e oferece risco para a segurança no procedimento de pouso. O laser tira a concentração e até faz com que possamos perder a visão momentaneamente", disse um piloto, com 31 anos de profissão ouvidos pelo A Cidade.
Embora não opere voos regularmente no Leite Lopes, ele afirma que em outros aeroportos, quando torna-se alvo de laser a estratégia é fixar os olhares na pista ou nos equipamentos.
Crime
Quem for flagrado apontando um laser contra um avião pode ser preso e enquadrado por atentado contra a segurança de transporte aéreo. O crime prevê pena de dois a cinco anos de prisão.
Em caso de acidente aéreo, a pena sobe para 12 anos de reclusão.
Águia sofre durante futebol
O helicóptero Águia da Polícia Militar também foi alvo de raio laser. A última ocorrência foi registrada em 9 de fevereiro, durante a partida entre Botafogo e Santos, pelo Paulistão, no estádio Santa Cruz.
O capitão da PM, Oscar Pereira do Carmo, conta que pilotava o helicóptero, quando pessoas ainda não identificadas emitiam raio em direção à aeronave.
"Não conseguimos localizar a pessoa que estava fazendo isso", diz. Apesar da suspeita da participação de adultos, a polícia orienta os pais a vigiar as crianças. "Essa brincadeira pode oferecer acidente muito sério", diz.
As canetas com raio laser podem ser adquiridas em lojas de produtos de informática ou papelaria ou com ambulantes. O valor varia de R$ 15 a R$ 50.
Aves e pipas são outros obstáculos
Não é apenas a brincadeira de laser que oferece risco à segurança dos aviões, mas também as revoadas de urubus, pipas no período de férias escolares e a pista pequena, com os atuais 1,8 mil metros operacionais. A Polícia Militar tem reforçado o patrulhamento no entorno do Leite Lopes para coibir que crianças soltem pipas próximo à cabeceira da pista.
Já o Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp) faz um estudo sobre as aves, com o objetivo de debater como transferi-las para outra região - o manejo é debatido pelo Ministério Público. O Estado também anunciou a ampliação da pista, o que vai permitir que tenha 2,1 mil metros operacionais, viabilizando a internacionalização do Leite Lopes.
Fonte: A Cidade / NOTIMP