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Gol abre programa de demissão de pilotos



Iniciativa é consequência da baixa adesão ao programa de licenças não remuneradas .

MARINA GAZZONI .

Sem conseguir adesão para um programa de licenças não remuneradas para 220 pilotos e comissários, a Gol partirá para demissões. A companhia aérea solicitou na sexta-feira que os funcionários interessados em deixar a empresa indiquem o próprio nome para serem desligados da equipe.

"Para garantir a manutenção de um quadro de colaboradores condizente com suas necessidades operacionais em um período de baixa demanda, a Gol abriu inscrições para que tripulantes manifestem, até o dia 29, a eventual intenção de serem desligados da empresa", afirmou a Gol, em nota.

A companhia não informou quantos trabalhadores pretende demitir, mas o programa é destinado a pilotos e comissários. A Gol possui cerca de 18 mil funcionários, entre eles 1,8 mil pilotos e copilotos e 3,6 mil comissários.

A Gol esclareceu que não se trata de um Programa de Demissão Voluntária (PDV). Há regras específicas nesses casos e, em geral, as empresas oferecem benefícios aos funcionários para eles saírem da empresa. No caso da Gol, a empresa quer montar uma lista de pessoas que desejam ser demitidas. Segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), a única vantagem oferecida pela empresa foi a manutenção do plano de saúde em período superior ao exigido pela lei, proporcional ao tempo de serviço do funcionário que se ofereceu parar ser demitido.

Corte de mão de obra. A abertura de "inscrições" para demissões voluntárias é uma sequência de medidas adotadas pela Gol para cortar pilotos e comissários. A demissão de pilotos é incomum, já que se trata de mão de obra que requer treinamento. Segundo estimativas do SNA, o investimento de uma empresa aérea para preparar um piloto ao cargo de comandante, o mais alto da categoria, pode chegar a US$ 50 mil por profissional.

Em momentos de expansão, as empresas aéreas mantém mais pilotos do que necessitam em seus quadros. A intenção delas é ter mão de obra preparada para operar as novas aeronaves assim que elas chegarem. Com a expansão da demanda por voos no Brasil nos últimos anos, as companhias brasileiras compraram novos aviões e contrataram pilotos. Elas chegaram a reclamar de escassez de profissionais no Brasil e a defender mudanças na legislação para permitir a entrada de pilotos estrangeiros.

Neste ano, porém, as duas principais empresas brasileiras, Gol e TAM, assumiram uma postura de expansão de frota mais conservadora. A previsão da Gol é ampliar sua oferta de assentos em no máximo 2% em 2012.

Sem precisar de novas aeronaves - e de tripulação pronta para operá-las -, a Gol começou a anunciar medidas para reduzir o quadro de pilotos em março.

No dia 6, abriu um programa de licenças não remuneradas para pilotos e comissários por um ano. Como a adesão foi baixa, a empresa solicitou voluntários para demissão. "O próximo passo será demitir de vez", disse o consultor Cláudio Toledo, ligado ao sindicato dos aeronautas.

Mas dois pilotos da Gol disseram ao Estado, sob condição de anonimato, que as demissões já começaram. "Disseram que eu estava voando com tempo acima de uma tabela de voos e me demitiram. Mas nunca mostraram tabela nenhuma ou questionaram o meu desempenho", disse um ex-comandante da empresa, demitido na semana passada. A Gol não se pronunciou sobre esse assunto.

Companhia perdeu mercado

A Gol foi a única das cinco maiores empresas aéreas brasileiras a registrar queda na demanda por voos domésticos em janeiro. Seu resultado foi 1,78% menor do que em janeiro de 2011, segundo a Agência Nacional de aviação Civil (Anac). No mesmo período, o setor cresceu 7,77%.

"Percebe-se uma situação diferenciada da Gol neste início de ano. Ela não está acompanhando o crescimento do mercado doméstico", disse o consultor em aviação Cláudio Toledo.

Os dados da Anac também mostraram que a empresa começou o ano com uma participação de mercado de 34% e uma taxa de ocupação de 70%, ambos abaixo dos índices registrados em janeiro de 2011.

A Gol ainda não divulgou o seu balanço financeiro do ano passado. Depois de adiar a data duas vezes, a previsão é que o resultado seja anunciado na segunda-feira. Até setembro, a empresa acumula prejuízo líquido de R$ 765 milhões.

Fonte: / NOTIMP

Foto: Luis Argerich









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