Concessão de aeroportos no Brasil prevê reajustes anuais
LUCIA HELENA SALGADO .
O edital e os contratos de concessão dos aeroportos nos dão pistas importantes para saber se haverá pressão por reajuste das tarifas.
Tanto o edital como os comunicados públicos do governo deram destaque à não ocorrência de reajuste para passageiros, assim como das demais tarifas aeroportuárias, permanecendo a principal, de embarque, em R$ 20,66.
Os contratos introduzem a tarifa de conexão de, no máximo, R$ 7 por passageiro, que passará a ser paga pelas companhias aéreas (vale dizer, pelos usuários, já que as tarifas são incorporadas ao valor da passagem aérea).
É claro que essa manutenção do valor fixo é algo temporário. O desenho do contrato de concessão prevê reajustes anuais para repor a inflação, contados já a partir da data de publicação do edital.
Sobre esse reajuste anual deve ser aplicado o fator X, que corresponde aos ganhos de produtividade impostos pela Anac, repassando ao consumidor os benefícios do aumento da eficiência.
Cabe destacar que, durante os dois primeiros anos da concessão, o fator X será nulo, de modo que as tarifas serão indexadas à inflação, garantindo que as concessionárias absorvam todo o ganhos de produtividade que venham a ter nesse período.
Nos contratos está presente ainda a cláusula a garantir as condições de revisão extraordinária de tarifas, aquelas que garantem que, caso alteradas negativamente as condições de demanda -após os eventos esportivos ou diante de uma reversão do cenário de crescimento, por exemplo-, as concessionárias possam pedir a revisão das tarifas em vigor para garantir o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos.
O desenho dos contratos de concessão dos aeroportos prevê que bastará demonstrar ocorrências que afetaram seus custos ou receitas para comprovar a necessidade de recompor o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Seria ingênuo não esperar que em mercados tão sujeitos a oscilações de demanda, como a aviação civil, essas questões não venham a aflorar. A judicialização do tema é também algo a esperar.
LUCIA HELENA SALGADO é professora do FCE-Uerj (Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e coordenadora de regulação e mercados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Metade da receita provém de lojas e estacionamentos
Para fazer frente aos investimentos e às obrigações de outorga (R$ 16,2 bilhões, a serem pagos ao governo ao longo de 20 anos), a Acsa e sua parceira brasileira Invepar planejam incrementar as receitas não aeronáuticas de Guarulhos.
Enquanto hoje em Cumbica só 30% da receita vêm do lado "shopping", nos aeroportos da Acsa 48% são de origem comercial. O estacionamento, que por lei a Infraero não pode explorar diretamente, é uma mina de ouro para a Acsa.
Criticada por cobrar demais pelo estacionamento, a Acsa vem adotando uma política de preços diferenciados, barateando alguns setores e cobrando mais em áreas mais nobres.
Os preços variam de R$ 2 a R$ 6,6 a primeira hora ante R$ 9 em Guarulhos.
Ao contrário de Guarulhos, em Johannesburgo as redes de restaurante cobram exatamente o mesmo que em outros pontos da cidade.
"É uma exigência que fazemos para os restaurantes", afirma Chris Hlekane, diretor-geral do aeroporto O.R. Tambo.
Fonte: / NOTIMP