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Estação Antártica Comandante Ferraz: Medalhas e promoção no adeus aos militares

Brasileiros que morreram em incêndio na base do Polo Sul são alçados ao posto de segundo-tenente e admitidos na Ordem do Mérito da Defesa. Governo envia peritos para investigar as causas do acidente .

Um hangar da Força Aérea Brasileira (FAB) na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, foi palco das homenagens prestadas aos dois oficiais mortos na Estação Antártica Comandante Ferraz, base militar brasileira na Antártida. A cerimônia ocorreu na manhã de ontem, logo após a chegada dos corpos no país. Os militares Carlos Alberto Vieira Figueiredo, 47 anos, e Roberto Lopes dos Santos, 45, morreram na madrugada de sábado, no incêndio que destruiu 70% das instalações da base brasileira.

A cerimônia foi marcada pela emoção dos familiares e oficiais presentes e pela homenagem póstuma aos militares. Na ocasião, eles receberam honrarias concedidas pela presidente Dilma Rousseff: a promoção ao posto de segundo-tenente, o primeiro nível de oficiais da Marinha, e a admissão na Ordem do Mérito da Defesa, a principal honra concedida pelo Ministério da Defesa.

Os corpos dos dois foram encontrados próximos aos geradores, onde o fogo teria começado. Eles tentavam impedir que o fogo se espalhasse, em procedimento que envolvia fechar a válvula do reservatório de etanol. Por isso, Dilma Rousseff classificou de heróica a atuação dos militares. "Os sargentos foram dois heróis brasileiros. Isso explica o fato de que tanto a medalha da Defesa quanto a da Marinha foram atribuídas a eles post mortem. É um reconhecimento do país", disse a presidente, que cumpria agenda no Recife ontem.

As vítimas do incêndio também foram agraciadas com a Medalha Naval de Serviços Distintos, dada pelo comandante da Marinha, almirante de esquadra Julio Soares de Moura Neto. "Por mais que tentemos externar nossos sentimentos, nunca será o suficiente. Nossos dois heróis realizaram esse último sacrifício e ofereceram suas vidas no cumprimento do dever", afirmou Neto, durante a cerimônia. Também participaram do evento o vice-presidente da República, Michel Temer, o ministro da Defesa, Celso Amorim, e os comandantes da Aeronáutica, Juniti Saito, e do Exército, Enzo Martins Peri.

Inquérito


O inquérito policial militar aberto pela Marinha para investigar as causas do incêndio tem um prazo de pelo menos 40 dias para ser apresentado. No entanto, os peritos que deverão investigar o acidente já foram enviados para a Antártida. Estão no local o embaixador brasileiro no Chile, integrantes da diplomacia e militares. O governo também já anunciou a intenção de reconstruir a base incendiada, o que foi reforçado ontem pela presidente Dilma Rousseff: "Tem técnicos analisando as condições e vão nos dizer qual é a melhor". O navio polar Almirante Maximiano vai servir de apoio até a reconstrução da estação incendiada — 12 militares continuarão na base brasileira.

Uma audiência pública onde serão discutidas não apenas as causas do acidente, como também a tecnologia utilizada na reconstrução da base, foi aprovada ontem no Senado. A audiência está marcada para a próxima terça-feira, e deve ser realizada em conjunto pelas comissões de Meio Ambiente; Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática; e Relações Exteriores e Defesa Nacional.

Revitalização


Segundo a assessoria de imprensa do Comando da Marinha, em 2006, a Força iniciou um esforço de revitalização da Estação Antártica Comandante Ferraz, seguindo recomendações de um relatório elaborado por inspetores da Asutrália, do Peru e do Reino Unido. As obras incluiram a ampliação do sistema de combate a incêndios e a aquisição de equipamentos como extintores e mangueiras, além de reforma em instalações como habitações, cozinha e laboratórios. Também houve a aquisição de quadriciclos, e equipamentos científicos, entre outros.
Ainda de acordo com a Marinha, o incidente na base no último sábado não teve relação direta com os investimentos realizados por meio do Programa Antártico Brasileiro (Proantar).

As vítimas


O ex-suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo nasceu em Vitória da Conquista (BA), em 1964. Ele ingressou na Marinha há exatos 30 anos e, desde então, serviu em diversas unidades militares, como supervisor eletricista. Era casado havia 26 anos e tinha um filho. Figueire do pretendia se aposentar em 2013.

Roberto Lopes dos Santos nasceu em Salvador (BA), em 1966, e desde 1985, quando entrou na escola de aprendizes em Santa Catarina, servia na Marinha. O ex-sargento estava no Polo Sul pela terceira vez — ele já havia trabalhado na Estação Antártica Comandante Ferraz em duas outras ocasiões, em 2001 e 2007. Ele também era supervisor eletricista na estação.

Fonte: / NOTIMP

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Militares mortos são homenageados no Rio

FELIPE WERNECK, ANTONIO PITA .

"Meu filho era tudo para mim. Sempre foi o meu herói. Eu só quero ver o corpo dele", disse Nair Santos, a mãe do primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos, que morreu junto com o suboficial Carlos Alberto Figueiredo tentando combater o incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz, no sábado. Cerca de 40 parentes e amigos dos militares participaram ontem da cerimônia de homenagens póstumas na Base Aérea do Galeão, no Rio, que teve a presença do vice-presidente Michel Temer e do ministro da Defesa, Celso Amorim, entre outros.

Os dois corpos foram trazidos ao Rio em um Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB), que pousou às 8h55. Entre as homenagens post-mortem, os dois foram promovidos ao posto de segundo-tenente, admitidos na Ordem do Mérito da Defesa, e as famílias receberam a Medalha Naval de Serviços Distintos.

Os dois caixões foram cobertos por bandeiras do Brasil. Houve execução do Hino Nacional por uma banda da Marinha e disparos de fuzil na homenagem. "A perda é sempre irreparável, mas não será esquecida", discursou Amorim. Temer destacou o "gesto de heroísmo" dos militares. A cerimônia durou uma hora.

De Vitória da Conquista (BA), Figueiredo tinha 47 anos e estava na Marinha desde 1982. Santos, de 45, de Salvador (BA), trabalhava na Marinha desde 1985.

Segundo a Marinha, o estado de saúde do sargento Luciano Gomes Medeiros, ferido no incêndio, é estável, mas não há previsão de alta. O pesquisador Márcio Tenório, que também estava na estação, participou da cerimônia. "Não corremos risco. Tudo foi feito com muita tranquilidade e profissionalismo", disse ele.

O governo discute a concessão de auxílio especial para as famílias dos militares mortos, a exemplo do que foi concedido após o terremoto no Haiti, em 2010. O processo é bastante demorado e necessita da elaboração de um projeto de lei, a ser aprovado pelo Congresso. No caso dos militares do Haiti, a indenização de R$ 500 mil concedida a cada uma das famílias só começou a ser recebida em 31 de dezembro de 2010, às vésperas da tragédia completar um ano.

"Heróis brasileiros". Ontem, no Recife, a presidente Dilma Rousseff destacou a "atuação extremamente heroica" de Santos e Figueiredo. Os dois foram tratados por ela como "dois heróis brasileiros". "Eles não titubearam em arriscar suas vidas para salvar as pessoas que estavam ali na estação." A presidente garantiu que a estação será reerguida. "Nós vamos reconstruir", afirmou. / COLABORARAM ANGELA LACERDA E TÂNIA MONTEIRO

Fonte: / NOTIMP









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