Decolagem vitoriosa: Dilma colhe múltiplas vitórias com a privatização dos aeroportos, e põe quase 1% do PIB no caixa
A venda das concessões dos aeroportos de Viracopos, Cumbica e o de Brasília gerou para o governo a arrecadação de R$ 24,5 bilhões, 4,5 vezes mais que os preços mínimos estabelecidos para a licitação de cada um, mas os ganhos transcendem a receita que vai para o caixa do Tesouro. O governo Dilma Rousseff amealhou mais de uma vitória.
Para começar, além do dinheiro em caixa para outros investimentos, o governo contabiliza o que deixará de gastar para ampliar três dos mais congestionados aeroportos do país, tirando da frente a ameaça nem um pouco hipotética do colapso do transporte aéreo no país.
Ao todo, os concessionários se obrigam a investir R$ 16 bilhões ao longo do período de concessão, fixado em 20 anos para Cumbica (ou aeroporto de Guarulhos, como é mais conhecido), 25 para Brasília e 30 para Viracopos, situado em Campinas, a uma hora meia de carro de São Paulo. Desse total, pouco mais de 20% terão de estar aplicados em obras de ampliação e melhorias antes da Copa do Mundo, em 2014.
Em termos de fluxo de caixa, entre o que entrará como receita – o primeiro pagamento em parcelas anuais ao longo da concessão será um ano depois da assinatura dos contratos – e o que deixará de sair em até 30 anos, haverá um impacto positivo para o Tesouro de R$ 40,5 bilhões, equivalentes a US$ 23 bilhões. Ou a 1% do PIB projetado para este ano, trazendo o fluxo de pagamentos a valores presentes.
Não é pouca coisa, considerando-se que não há uma venda final, mas uma concessão e que, dos três aeroportos licitados, Guarulhos é uma operação próxima do esgotamento, já que a terceira pista prevista no projeto original foi invadida há anos, com a omissão cumplice da estatal Infraero, que o administrava, da prefeitura da cidade e até do Ministério da Aeronáutica, que mantém uma base aérea contígua.
O que ocorreu com Guarulhos diz muito sobre as expectativas com as privatizações. Se há mais tempo o bem público fosse posto à guarda de empresas privadas, como agora se fez, dificilmente o patrimônio teria sido lapidado. Nem se permitiria a construção de casas em seu entorno, consequência inevitável das benfeitorias de aeroportos.
Fonte: / NOTIMP