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Fabricantes buscam apoio de banco público



Francisco Góes .

As dificuldades da American Airlines, empresa que tem na frota modelos dos principais fabricantes de aeronaves, coincidem com as incertezas no cenário econômico internacional. O cenário de crise econômica deve levar as agências oficiais de crédito à exportação da Europa, Estados Unidos, Canadá e Brasil a darem um maior apoio às vendas de aeronaves comerciais da Airbus, Boeing, Bombardier e Embraer em 2012 como ocorreu depois da crise de 2008.

A maior participação dessas agências no financiamento à exportação de aeronaves costuma ocorrer em momentos de falta de liquidez, quando os bancos privados restringem o acesso às linhas comerciais de financiamento. Em 2009 e 2010, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) participou com 27% e 50%, respectivamente, nas vendas de aeronaves comerciais da Embraer. Em 2008, a participação do banco no apoio às exportações da empresa havia sido de 15%. E em 2011 ficou em 36%.

No caso da Airbus, Boeing e Bombardier o apoio do Estado também cresceu após a crise de 2008. Em 2011, o BNDES-Exim, braço de exportações do BNDES, financiou as vendas de aeronaves comerciais da Embraer com um pouco mais de US$ 1 bilhão. O BNDES financia diretamente os compradores das aeronaves da Embraer.

Paulo César de Souza e Silva, vice-presidente executivo da Embraer para o mercado de aviação comercial, disse que entre 2004 e 2007 a empresa não precisou se financiar com o BNDES e utilizou como fontes linhas de bancos comerciais, investidores e companhias de leasing. O executivo disse que a atratividade da aeronave também ajuda a explicar uma maior ou menor dependência das empresas aéreas dos financiamentos dos bancos oficiais.

Silva reconheceu que a crise tende a aumentar a participação das agências de crédito à exportação nas vendas de aeronaves, caso do BNDES no apoio à Embraer, das agências europeias - Hermes, ECGD e Coface - à Airbus, do U.S. Exim à Boeing e da EDC à Bombardier. "No começo de 2011, a situação não era essa, mas o cenário na Europa se complicou. Bancos alemães, ingleses e franceses que financiavam aeronaves se retiraram do mercado, que está mais seco [em termos de linhas de crédito]", disse o executivo da Embraer.

Ele afirmou que a empresa está sempre olhando a diversificação das linhas de financiamento e, nesse contexto, tem prestado mais atenção à Ásia, em geral, e à China, em particular. "Com o crescimento dos países emergentes, a Embraer analisa também contar com fontes de recursos que podem vir dos países asiáticos."

Marc Meloche, vice-presidente de operações estruturadas da Bombardier, concorda que a crise tende a colocar mais estresse para os bancos comerciais financiarem aeronaves. "Como consequência, a expectativa é de que as agências de crédito à exportação preencham essa lacuna [deixada pelos bancos comerciais]", disse Meloche. Ele afirmou que os dados do apoio da EDC à Bombardier são confidenciais e disse desconhecer as estimativas de mercado que apontam para percentuais de participação da agência de crédito canadense nas vendas da Bombarider acima de 80% desde 2009.

Meloche vê um efeito dominó em relação aos custos dos financiamentos uma vez que as agências oficiais de crédito à exportação usam os bancos comerciais como referência para os seus termos e condições de financiamento. À medida em que as linhas comerciais se tornam mais caras, o crédito dado pelas agências também tende a subir.

Ele afirmou que o acordo setorial aeronáutico, no âmbito da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), passou por revisão em 2011. O acordo fixa termos e condições para operações de crédito. E fixa compromissos segundo os quais as agências têm que cobrar um juro mínimo representativo de uma média dos custos de mercado praticados na ocasião do financiamento.

A Boeing informou, por e-mail, que o apoio do U.S. Exim à empresa em 2011 deve ter ficado em cerca de US$ 12 bilhões. Em 2010, esse valor foi de US$ 7,9 bilhões. A empresa ainda não divulgou previsões sobre 2012, mas disse que com os crescimentos nas taxas de produção de aeronaves (da Boeing e da Airbus) o apoio das agências de crédito à exportação deve ser maior este ano do que foi em 2011.

A Boeing continua a ver forte demanda para as aeronaves comerciais da empresa e informou que mantém carteira recorde de pedidos, com 3.771 unidades. Já a Airbus mostrou-se confiante que o mercado de aviação comercial vai sustentar o crescimento da empresa nos próximos anos apesar do enfraquecimento do ambiente macroeconômico, em especial das economias europeias. O financiamento de curto prazo, segundo a Airbus, está plenamente assegurado. A empresa disse que as agências de crédito à exportação têm permitido à aviação comercial ter aeronaves mais modernas e eficientes do ponto de vista ambiental.

Fonte: / NOTIMP









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