Eads procura aquisições; Brasil está entre os alvos
Depois de gastar cerca de US$ 2 bilhões com aquisições no ano passado, a European Aeronautic Defence & Space (Eads) continua à caça de boas compras, diante de suas tentativas de reduzir a exposição ao dólar e a dependência na Airbus, sua subsidiária de aviões comerciais em forte expansão.
"É certo que estamos em modo de aquisição", disse Marwan Lahoud, diretor de marketing e estratégia da gigante aeroespacial, numa entrevista ao The Wall Street Journal.
Antes, a Eads estava à caça de aquisições de até US$ 2 bilhões. Mas agora está de olho num alvo maior.
"Nosso balanço melhorou e a capacidade de aquisição da empresa aumentou", disse Lahoud. "Não tenho um limite determinado para informar, porque analiso cada caso individualmente. Não posso dizer se é de dois, três, quatro ou cinco bilhões."
"A [aquisição] perfeita para nós seria uma fabricante de aviões não comerciais, mas não ligamos se for em serviços para aviões comerciais", disse Lahoud.
A Eads está com o caixa recheado graças ao crescimento dos pedidos da Airbus nos últimos anos, que geraram bilhões em depósitos sem reembolso pagos pelas companhias aéreas quando encomendam aviões. A Eads tinha quase 12 bilhões de euros em caixa (US$ 15,62 bilhões) no fim de 2010, mas o saldo provavelmente aumentou por causa do recorde de pedidos recebidos pela Eads no ano passado.
A pressão para a EADS encontrar um destino lucrativo para o dinheiro está aumentando, diante dos juros europeus baixíssimos e que provavelmente se manterão nesse nível enquanto ainda existir alguma ameaça de recessão.
Como a produção da Airbus está crescendo rapidamente — a consultoria Bernstein Research calcula que a receita subiu 6,9% em 2011 e vai crescer mais 12% este ano —, a filial está ultrapassando o resto do grupo e responde atualmente por dois terços da receita da EADS, que pode chegar a 48 bilhões de euros este ano.
A diretoria da Eads, num reconhecimento do perigo de depender demais da aviação civil — mesmo com a fila de espera da Airbus chegando a oito anos de produção à capacidade atual — estabeleceu a meta de reduzir a fatia da Airbus no conglomerado para 50% até 2020. Com as filiais de defesa, segurança, espaço e helicópteros da Eads crescendo mais lentamente, qualquer reequilíbrio dependerá principalmente de crescimento externo.
O outro dilema da Eads é que a maior parte da receita da Airbus é em dólar, o que a torna vulnerável às oscilações na cotação do euro. A Eads tem um programa de hedge cambial, mas a diretoria quer obter um hedge natural com produção, compra ou operações fora dos países em que a empresa se baseia — França, Alemanha, Espanha e Reino Unido.
O grupo quer comprar empresas que ajudem a expandir a receita e os lucros com defesa, segurança ou serviços, disse Lahoud. Entre os países na mira estão Estados Unidos, Brasil, Índia e Coreia do Sul. "A China é difícil, mas também está na lista", disse Lahoud.
Lahoud reconhece que ficou mais complicado realizar aquisições nos EUA, o maior mercado aéreo e de defesa do mundo, devido à tendência protecionista do governo americano para empresas em áreas sensíveis como segurança e defesa. "É mais [difícil] que antes — há mais perguntas, mais exigências — mas isso não coíbe nossa capacidade de fazer negócio nos EUA", disse ele.
Para expandir sua oferta de serviços, a Eads comprou quatro empresas de médio porte e outras duas menores no ano passado, por um valor total de 2 bilhões de euros. O maior acordo, por 673 milhões de euros em dinheiro, foi a aquisição da Vizada, uma empresa de serviços para satélites de comunicação, que foi englobada pela Astrium, a divisão de tecnologia espacial da Eads.
Fonte: The Wall Street Journal