American Airlines vira alvo de compra de rivais
GINA CHON, SUSAN CAREY e MIKE SPECTOR .
Potenciais compradores começaram a cobiçar a American Airlines e estudar ofertas por sua matriz, num processo que pode colocar a deficitária companhia aérea nas mãos de um concorrente ou de uma firma de investimento em participações.
Pessoas a par da situação disseram que a Delta Air Lines Inc., a US Airways Group Inc. e a TPG Capital estudam fazer ofertas separadas pela AMR Corp., que, há dois meses, se tornou a última das grandes companhias aéreas americanas tradicionais a entrar em concordata depois de uma década de consolidação no setor dos Estados Unidos.
A American Airlines, fundada há mais de oito décadas, dá prejuízo desde 2008. Mas livre de seus custos onerosos, a terceira maior companhia aérea dos EUA em tráfego pode ser um troféu atraente para a Delta ou a US Airways, já que contam com centrais em aeroportos como os de Chicago e Dallas e forte presença internacional.
Uma aquisição da American seria talvez a última grande mudança numa onda de consolidação das companhias aéreas que reduziu o número de grandes empresas americanas do setor, de quase 15 há duas décadas, para as atuais cinco.
Mas qualquer acordo teria complicações consideráveis e provavelmente passaria por uma avaliação rigorosa das autoridades antitruste.
A TPG Capital prefere cooperar com um sócio estratégico para um possível investimento na AMR, disseram algumas das pessoas a par da questão. A empresa, que tem ampla experiência com a indústria de aviação civil, já entrou em contato com a AMR para expressar seu interesse, disseram elas.
A Delta contratou a Blackstone Group como consultora financeira para estudar uma possível oferta pela AMR, disseram pessoas familiarizadas com a situação. A Blackstone ajudou a Delta a se reestruturar após a concordata dela, em 2005. A US Airways também contratou consultores para ajudá-la a estudar uma possível oferta pela AMR, disseram pessoas a par da movimentação.
Qualquer oferta pela AMR provavelmente ainda demorará muitos meses para ser oficializada, disseram as pessoas a par da questão, e dependerá da capacidade de usar o processo de reestruturação judicial pela lei americana de concordatas para diminuir os custos trabalhistas, eliminar aviões indesejados e baixar o custo de seus contratos com fornecedores.
A venda da AMR exigiria a aprovação de um juiz do tribunal de concordatas e a participação de envolvidos, como os credores da companhia aérea, entre eles a Pension Benefit Guaranty Corp., a autoridade que fiscaliza os planos de aposentadoria dos EUA, a Boeing Capital Corp. e os sindicatos de pilotos. A reestruturação da AMR pode demorar de 12 a 18 meses, e talvez até mais, segundo pessoas familiarizadas com a situação.
O novo diretor-presidente da AMR, Tom Horton, afirmou num comunicado aos funcionários na quinta-feira que a empresa está preparando seu plano de reestruturação empresarial e propostas para novos contratos trabalhistas e espera apresentá-los "nas próximas semanas". Ele voltou a alertar que as mudanças seriam "difíceis", como fez no último memorando aos funcionários. Horton não comentou o possível interesse de outras empresas numa fusão e um porta-voz também não quis falar sobre isso.
A indústria americana de aviação civil começou a se consolidar quase no mesmo momento em que decolaram os primeiros aviões de passageiros, mas o processo se acelerou fortemente nos últimos anos, motivado por uma série de pedidos de falência. As companhias aéreas combinadas que surgiram desse processo se tornaram mais disciplinadas nos seus custos e no número de assentos que oferecem, e conseguiram aumentar suas passagens para cobrir a alta histórica no preço do combustível. Essas mudanças tornaram o setor mais lucrativo em 2010 e 2011, o que aumentou a pressão para que a AMR adote medidas semelhantes.
Fonte: The Wall Street Journal