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Aeroporto de Brasília pede socorro



Faltam guichês de atendimento e vagas no estacionamento, mas sobram filas no check in .

Carolina Tulim .

A pouco mais de dois anos para a Copa do Mundo de Futebol, o Aeroporto Internacional de Brasília já opera acima de sua capacidade. No ano passado, o terminal recebeu mais de 15,4 milhões de passageiros, quando sua capacidade é de 14 milhões. O resultado é muito desconforto e dor de cabeça para usuários, funcionários e empresas. E a situação só tende a se agravar, já que até 2014 a estimativa é que a demanda do aeroporto atinja 21,3 milhões de passageiros ao ano. Longas filas no check in e banheiros, falta de bancos nas salas de embarque, insuficiência de vagas no estacionamento, desorganização e carência de balcões de informação são alguns dos problemas. O terminal tem 23 portões de embarque, seis de desembarque, 71 guichês de check in e um balcão de informações, número considerado baixo.

O estacionamento tem 1.034 vagas no Terminal 1 e outras 314 no Terminal 2, concluído em 2011, de acordo com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Mas é comum ver motoristas rodando por longos períodos atrás de uma vaga. O nutricionista Marcelo Barboza, 28 anos, por exemplo, levou 25 minutos para encontrar uma. Não foi o único problema a dificultar o embarque. “Os carrinhos de bagagem são precários. O estacionamento é caro e insuficiente. Além disso, existem poucos balcões, o que acarreta demora no atendimento. Já cheguei a ficar uma hora na fila para poder embarcar. Se não tivesse chegado bem adiantado, teria perdido meu voo”, revolta-se.

Para a servidora Ester Melo Viana, 46 anos, a estrutura do Aeroporto de Brasília deixa a desejar. “Sempre enfrento filas no terminal de Brasília. É notável como aqui a demora é maior do que em aeroportos de outros centros. Existem poucos postos de atendimento. Já que nós vamos sediar a Copa e a demanda vai aumentar ainda mais, Brasília precisa urgentemente ampliar a estrutura de seu terminal”, destaca.

Pistas


A opinião é compartilhada por João Elias Mokdissi, dono de uma grande rede hoteleira. Para ele, o que o Aeroporto de Brasília precisa para melhorar o fluxo de passageiros é fazer o complemento das pistas de pouso e decolagem. “Com investimento relativamente baixo dá para dobrar a capacidade do terminal. Se isso for feito, acho que não teremos problemas na Copa”, acredita. Maria de Fátima dos Santos trabalha na limpeza do Aeroporto de Brasília há mais de 20 anos. Segundo ela, é comum ver longas filas nos sanitários. “A demanda aumentou muito nos últimos anos. Apesar de banheiros terem sido construídos, as filas já fazem parte da rotina dos passageiros ”, conta. Hoje, o terminal aéreo tem 17 banheiros femininos, 17 masculinos e 16 acessíveis. Além disso, cada banheiro convencional conta com uma cabine adaptada.

Procurada pelo Jornal de Brasília, a Infraero apenas enviou os dados técnicos, mas não quis pronunciar- se a respeito. A Anac também não quis tecer comentários.

Histórico

Brasília era apenas um esboço quando o presidente Juscelino Kubitschek pousou pela primeira vez no Planalto Central, no ano de 1956. O aeroporto já existia e se chamava Vera Cruz. Construído em 1955 pelo então vice-governador de Goiás, Bernardo Sayão, a pedido do presidente da Comissão de Localização da Nova Capital Federal, Marechal José Pessoa, o aeroporto recebeu no dia 2 de outubro daquele ano a primeira comitiva para construção da nova capital. O Aeroporto de Vera Cruz localizava-se onde está situada, hoje, a extinta Estação Rodoferroviária de Brasília. Era uma pista de terra batida com 2,7 mil metros
de comprimento e uma estação de passageiros improvisada em um barracão de pau-a-pique coberto com folhas de buriti. O nome Vera Cruz foi sugestão de José Pessoa, cuja expectativa era batizar com este mesmo nome a cidade de Brasília.

As instalações do Aeroporto Vera Cruz eram provisórias. A mudança para um aeroporto definitivo era prioridade, juntamente com as obras de construção do Núcleo Residencial Pioneiro da Fazenda do Gama, onde foram erguidos o Catetinho, as instalações para o Batalhão de Guarda, e o segundo aeroporto provisório, que atendeu ao presidente e aos pioneiros na construção da nova capital.

Em novembro de 1956, quando o Catetinho ficou pronto, já havia sido iniciado o desmatamento para a construção do aeroporto permanente, que possuiria uma pista de 3,3 mil metros de comprimento. Em 2 de abril de 1957, o aeroporto recebeu o primeiro pouso da aeronave presidencial, um Viscount turbo-hélice de fabricação inglesa.

A inauguração oficial do aeroporto comercial foi em 3 de maio de 1957, ano em que foram inauguradas as instalações do destacamento Base Aérea. Atualmente, o terminal recebe e distribui mais de 400 voos por dia, movimentando mais de 15 milhões de passageiros por ano para 44 destinos em todas as regiões do País, segundo informações da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).

Estrutura em frangalhos

Mesmo com o investimento recorde de R$ 1,145 bilhão feito em 2011 pela Infraero nos terminais aéreos do País, a estrutura aeroportuária brasileira pede socorro. Além de Brasília, outros cinco dos 16 aeroportos prioritários para a Copa do Mundo de 2014 já operam em defasagem nas cidades de Cuiabá, Rio de Janeiro (Santos Dumont), São Paulo (Guarulhos e Congonhas) e Campinas (Viracopos). As melhorias para otimizar as operações de três dos maiores aeroportos do País – Brasília, Congonhas e Viracopos – ficarão com as empresas que vencerem os leilões dos terminais, no dia 6 de fevereiro. O edital para a concessão prevê montante mínimo de investimentos para cada aeroporto. Em Brasília, o valor mínimo a ser empregado em melhorias é de R$ 2,8 bilhões.

Entre os investimentos iniciais que a concessionária estará obrigada a fazer está a ampliação do terminal brasiliense para que absorva mil novos passageiros internacionais em desembarque, além de outros 1.200 embarcando em horário de pico. A vencedora do leilão deverá construir um pátio para 24 aeronaves, sendo pelo menos 15 com ponte de embarque. O aeroporto terá prazo de concessão de 25 anos e a licitação terá lance mínimo de R$ 582 milhões.

Com as obras de ampliação, o JK passará a ter estrutura para até 26,5 milhões de embarques e desembarques anuais. O pátio de aeronaves, hoje com 181 mil metros quadrados, será ampliado para 403 mil metros quadrados, segundo a Infraero. Juntos, os aeroportos de Brasília, Viracopos e Guarulhos operam 30% dos passageiros, 57% das cargas e 19% das aeronaves do sistema brasileiro de aviação, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

As obras iniciais terão que ficar prontas até o final de 2013. As concessionárias que não cumprirem os prazos para a entrega das obras de ampliação terão de pagar multa de R$ 150 milhões e podem até perder o direito de concessão. Além do investimento, os consórcios vencedores terão de aplicar R$ 11,6 bilhões na manutenção dos três terminais. O País deverá receber oito milhões de visitantes em 2014, sendo 600 mil na Copa, entre junho e julho. “O Brasil sempre vai dar um jeitinho, mas dificilmente irá alcançar um nível bom para nossos aeroportos”, diz Cláudio Jorge Pinto Alves, engenheiro de Infraestrutura e especialista em Transporte Aéreo. “Acabada a Copa, os brasileiros com a intenção de viajar para fora do País não terão os melhores aeroportos, mas poderão usufruir de todo o trabalho que está sendo feito”, diz.

Fonte: / NOTIMP









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