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Aeroporto 2014

Mais uma vez, a Infraero falha ao deixar de utilizar recursos destinados à melhoria da infraestrutura aeroportuária do país

Depois de anos de perda de tempo e acúmulo de problemas, o governo federal deu início, em 2011, ao processo de concessão de aeroportos à iniciativa privada.

A proposta, recorde-se, já havia sido aventada publicamente pela então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, depois do trágico acidente em Congonhas em 2007.

Àquela altura, já eram mais do que evidentes as carências da infraestrutura aeroportuária do país e as dificuldades de superá-las por intermédio da estatal Infraero.

O governo Lula, no entanto, atendendo a pressões, preferiu transferir a decisão para depois da campanha presidencial de 2010.

Como o discurso eleitoral petista pretendia, de modo enviesado e oportunista, atacar as privatizações realizadas pelo governo anterior, temia-se que o anúncio da transferência de aeroportos para a iniciativa privada soasse, na ocasião, contraditória e "neoliberal".

Azar dos usuários do transporte aéreo, cujo número vem aumentando vertiginosamente com o acesso de mais brasileiros ao mercado de consumo -um dos êxitos inegáveis da gestão de Lula, que adotou, aliás, para obtê-lo, parte essencial do receituário econômico de seu antecessor. Para se ter ideia, o tráfego doméstico registrou expansão de 23,5% em 2010 e, até outubro de 2011, já havia crescido 17% em relação ao ano anterior.

Encerrada a encenação eleitoreira, a presidente sentiu-se, enfim, autorizada a dar o pontapé inicial nas privatizações, que por si não resolverão o problema, mas certamente irão auxiliar o governo a recuperar parte do tempo desperdiçado e ampliar a capacidade de alguns dos principais aeroportos do país.

O investimento, como se sabe, é imprescindível não apenas para receber os turistas estrangeiros que desembarcarão no país na Copa de 2014 e na Olimpíada de 2016, mas, sobretudo, para atender às necessidades dos milhões de brasileiros que continuam a padecer com atrasos, cancelamentos de voos e desinformação a cada período de férias.

É nesse quadro que vem a público, em reportagem publicada ontem por esta Folha, mais um despautério: a Infraero deixou de utilizar, no ano passado, R$ 881 milhões previstos para construção e reforma em 23 aeroportos, entre os quais 11 localizados em cidades-sede da Copa. Além disso, foram "cancelados" R$ 88 milhões destinados ao programa de segurança de voo e controle do espaço aéreo. De acordo com técnicos do Tribunal de Contas da União, os investimentos não foram efetivados em decorrência de atrasos no cronograma das obras.

Ou seja, mais uma vez o gestor federal mostra-se ineficiente nesta área vital para o futuro do país.

Fonte: / NOTIMP









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