Revista UFO: Relembrando o Caso João Prestes Filho, 65 anos depois
Na época, a cidade não dispunha de luz elétrica, telefone ou rede sanitária. Havia apenas um aparelho de rádio entre os habitantes e as pessoas se amontoavam em volta dele para acompanhar os jogos do campeonato paulista de futebol e ouvir as notícias do dia a dia. No campo não se usava arado, só enxada e enxadão. No incipiente comércio local havia apenas poucas mercadorias à venda, todos produtos vindos de fora, tais como roupas, latas de sardinha, mortadela, sal e querosene. Os produtos do lugar eram bem poucos, em geral gêneros como feijão, arroz e batata. Todos se conheciam nas ruas e nos caminhos da tranqüila Araçariguama.
Qualquer coisa - desde a compra de uma garrafa de leite à entrega de uma carta - era um fato importante e inesquecível na vida dos pacatos habitantes. O que dizer então de um acontecimento como o do humilde agricultor João Prestes? Tanto que, mais de meio século depois, ainda encontramos testemunhas vivas que se recordam perfeitamente do caso. Assim, com o propósito de resgatar um dos maiores clássicos da Ufologia Mundial, dirigimo-nos à cidade em 1998 para pesquisar os fatos. Antes fizemos uma parada em São Roque, onde nos hospedamos no Hotel Minas Gerais, um dos piores das redondezas.
O desconforto, porém, foi compensador, pois na manhã seguinte encontramos em meio a uma pilha de jornais velhos um exemplar de O Democrata, de 12 de abril de 1997, que trazia em sua seção de falecimentos uma notícia que, apesar de triste, forneceu fortes e decisivas pistas que nos levariam às testemunhas do caso. Dizia a notícia: "Faleceu no dia 06 de abril passado, em sua residência nesta cidade, o senhor Roque Prestes, membro de tradicional família da comunidade, como também soldado constitucionalista da Revolução de 1932. O saudoso extinto contava 91 anos de idade, era viúvo de Inilde Veronezzi Prestes e deixa os filhos João Sérgio, Therezinha, Maria Aparecida, Luiz Prestes, José Carlos, Roque Prestes Filho, Benedito Santana e Ana Maria Prestes. Era irmão de Lázaro João Prestes (falecido), João Prestes (falecido) e dona Benedita Maria Prestes e Laudelina Prestes (falecida). Deixa netos, bisnetos e tataranetos, sobrinhos e parentes..." Era de fato uma família numerosa e conhecida na região.
Localizando familiares
A notícia nos mostrou que Roque Prestes, o falecido, era sem dúvida o irmão do 'homem queimado pela estranha luz', conforme João Prestes ficou conhecido na cidade. Lamentamos ter chegado um pouco tarde e perdido a chance de consultar tão valiosa fonte histórica. Sem desanimar, no entanto, concentramo-nos nos nomes acima e conseguimos obter o telefone de Luiz Carlos, filho de Roque. Este, por sua vez, indicou-nos o nome de Vergílio Francisco Alves, irmão de leite de Roque e primo de João, que se revelaria uma fonte tão boa quanto o falecido. O próprio Luiz Carlos, a quem entrevistamos por último, concedeu-nos um proveitoso depoimento. Ambos residiam em São Roque.
Ao chegarmos à casa de Vergílio, sua filha nos informou que naquele momento ele se encontrava capinando o terreno do outro lado da rua, onde, sozinho, cultivava cana-de-açúcar, laranja, mexerica e banana...
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