|

A Copa passa e os aeroportos ficam



Maurício Girardello .

Sem temor do exagero, podemos chamar de hercúlea a tarefa de garantir que os aeroportos das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 atendam plenamente à demanda de mobilidade de atletas, jornalistas e público durante os jogos. No entanto, assim como o semideus grego concluiu seus 12 trabalhos praticamente impossíveis e ganhou a imortalidade, o Brasil também pode melhorar a condição dos seus 12 aeroportos em tempo hábil e ser lembrado eternamente pelo sucesso na organização do evento esportivo no qual foi tantas vezes campeão.

É verdade que as dimensões continentais do Brasil, a descentralização dos jogos da Copa e a magnitude das carências dos aeroportos brasileiros configuram um cenário de desafios de gigantes para os organizadores desse megaevento. É importante um planejamento embasado em análises profundas das necessidades de infraestrutura e na articulação entre todos os agentes envolvidos, de forma a viabilizar um conjunto de soluções exequíveis e urgentes.

Um estudo da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) destaca que, diferentemente dos países anfitriões de Copas nos últimos anos, o Brasil é o único em que a maioria das partidas ocorrerá a mais de 500 km da principal porta de entrada de turistas, o que torna o transporte aéreo imprescindível.

Mas não são apenas os 30 dias de campeonato que justificam investimentos em um sistema de aeroportos de qualidade e, sim, a demanda dos próprios brasileiros, aquecida pela melhoria das condições sociais nacionais na última década. Um estudo da PwC constata que a demanda por serviços aéreos no Brasil aumentou 10% ao ano de 2003 a 2010 e projeta um crescimento médio anual de 5% até 2030.

Outro fato alarmante detectado no mesmo estudo é que a situação da maioria dos aeroportos do país já é caótica e marcada pela sobrecarga, mesmo sem considerar o pico de demanda de 2014. Há capitais em que os serviços de check in e de recuperação de bagagem chegam a atender até três vezes e meia o número de pessoas para o qual foram planejados.

O lançamento dos editais de privatização da gestão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília criou um ambiente legal adequado para incentivar os investimentos ao longo dos próximos anos. Entretanto, essa não é a única ação que precisamos empreender com vistas a 2014. Ante a premência da Copa, é fundamental a realização de um diagnóstico profundo das necessidades imediatas e factíveis em curto prazo, com a detecção das prioridades específicas, e definir as estratégias para a realização das obras que possam ser concluídas a tempo e, finalmente, sua execução. Tudo isso estabelecido em harmonia e consistência com o planejamento estratégico de longo prazo.

A Copa do Mundo é, sem dúvida, uma oportunidade para transformar a situação crítica dos aeroportos nacionais em um legado positivo para o Brasil e para os brasileiros durante muitos anos. A questão, porém, é fazer agora o que for possível para que isso aconteça no futuro.

(Maurício Girardello é Sócio da PwC-Brasil e líder da área de megaprojetos de infraestrutura)

Fonte: Brasil Econômico / NOTIMP









Receba as Últimas Notícias por e-mail, RSS,
Twitter ou Facebook


Entre aqui o seu endereço de e-mail:

___

Assine o RSS feed

Siga-nos no e

Dúvidas? Clique aqui




◄ Compartilhe esta notícia!

Bookmark and Share






Publicidade






Recently Added

Recently Commented