Brasília: 400 queixas contra companhias aéreas
Número de reclamações no Juizado Especial do aeroporto de Brasília na primeira quinzena antecipa o caos do fim de ano .
ROSANA HESSEL .
O Juizado Especial do Aeroporto Internacional de Brasília registrou, até a tarde de sexta, dia 16, 400 reclamações contra as companhias aéreas em dezembro. Esse volume, verificado na quinzena mais tranquila do mês, representa 71% do total de novembro. O maior número de viajantes vem na segunda metade do mês, quando a maioria aproveita os feriados de Natal e de ano-novo para visitar a família ou conhecer cidades. Neste fim de ano, os aeroportos brasileiros deverão bater novos recordes de movimentação.
De acordo com estimativas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), mais de 16 milhões de passageiros circularão nos aeroportos brasileiros neste mês. Essa estimativa é 12% superior à média deste ano e 13,6% maior que o volume do mesmo período de 2010. Ontem, o Aeroporto Juscelino Kubitschek ainda operava dentro de condições regulares. Mas, em horários que costumam ser tranquilos, como no meio da tarde, o movimento começa a crescer nos saguões. Às 16h, os terminais de check-in eletrônico, que antes viviam às moscas, também apresentavam filas já longas.
Os protagonistas dos atrasos e contratempos de ontem foram a chuva e o trânsito, que fizeram várias pessoas perderem seus voos. Foi o caso de um grupo de 79 mulheres que vinha de Luziânia (GO) para embarcar com destino a São Paulo. Elas participaram da 3ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, encerrada na quinta-feira em Brasília. Saíram da cidade goiana às 6h, mas só chegaram ao aeroporto às 10h30, perdendo os voos das 9h07 da Webjet e das 9h28 da Gol. "Levamos mais de quatro horas para percorrer um trajeto que não gastaríamos uma hora devido a um acidente na estrada", contou a coordenadora do Sindicato das Servidoras Municipais de Ribeirão Preto, Vilma Helena Cruvinel. O grupo embarcou em um voo da TAM somente às 18h24.
Pneu furado
Na tarde de ontem, o Juizado Especial registrou 14 queixas, sendo nove pela manhã e cinco à tarde. Esse volume não supera o registro feito na noite da véspera. Foram 19 queixas, das quais cinco contra a Webjet, cujo voo das 20h30 para Salvador não decolou porque um pneu do avião furou. "Algumas pessoas chegam aqui, para fazer reclamações, transtornadas e se queixam do descaso das empresas aéreas", contou a atendente do juizado Ianne Linhares.
A assistente social Eutalia Barbosa, 40 anos, perdeu o voo para Palmas, onde mora a família, porque chegou 15 minutos atrasada. A TAM cancelou o bilhete da volta. Para remarcar a passagem, ela teria que desembolsar R$ 700, quase o dobro do que pagou. "Essas cláusulas contratuais são abusivas. Eu chequei o preço se eu comprasse os trechos separados, mas era o mesmo. Não entendo por que cancelaram a volta e são tão irredutíveis para negociar", afirmou. Ela desistiu de viajar e acompanhar a cirurgia do filho de 12 anos, marcada para este fim de semana. "Essas companhias são desumanas. Tratam a gente como um número de poltrona", reclamou.
Desvio de bagagem
Uma das principais reclamações no Juizado Especial no Aeroporto de Brasília, além dos atrasos das empresas aéreas, é o desvio de bagagem. "Nos voos internacionais, eles são mais frequentes, principalmente os que vêm do Galeão (RJ)", contou o servidor do juizado Cleuber Castro, acostumado a receber esse tipo de reclamação. Mas há também várias ocorrências nos voos nacionais. Uma das vítimas foi o comerciário Saulo Rogério dos Santos Dias. Em setembro, ele viajou com a esposa pela Gol para Cuiabá (MT) para assistir a um show da cantora Ivete Sangalo. Ao chegar lá, a mala nova do casal, com abadás, telefone celular, óculos e documentos de ambos, havia sumido. "A cabine do avião estava cheia e tivemos que entregar a mala para a comissária. Perdemos R$ 2 mil e o show", lamentou. Até agora, empresa só ofereceu R$ 200. Ontem, ele entrou na Justiça, pedindo indenização de R$ 8,5 mil.
Fonte: / NOTIMP
Foto: Agencia Brasil