Airbus cresce na América Latina
Virgínia Silveira .
A Airbus anunciou ontem que a Volaris, companhia mexicana de baixo custo, assinou um memorando de entendimento para a compra de 44 aeronaves A320, das quais 30 são do modelo A320neo e 14 da família A320. A Volaris é a primeira operadora do México a encomendar o A320neo, nova versão de médio alcance da Airbus, que consome 15% menos combustível e transporta cerca de 150 passageiros.
O modelo neo, que proporciona uma economia de até US$ 1,5 milhão por ano para as operadoras, segundo o vice-presidente executivo da Airbus para a América Latina, Rafael Alonso, já conta com 75 encomendas firmes na região.
Deste total, 20 são da LAN, 22 da TAM e 33 da Avianca / Taca. A nova versão do A320 entrará em operação em 2015. A carteira de pedidos global da aeronave totaliza 1400 jatos, número considerado recorde na aviação comercial mundial, segundo Alonso. O preço de lista é estimado em US$ 85 milhões.
Em 2011, segundo o executivo, a Airbus encerrará com mais de 100 aviões vendidos na América Latina, sendo 32 no Brasil, para a TAM. Em 2010 a companhia vendeu 75 aeronaves na região, sendo 25 no Brasil, também para a TAM.
A Airbus prevê uma demanda de mais de 2000 aeronaves novas de passageiros na América Latina, nos próximos 20 anos, com valor total estimado em US$ 200 bilhões. Atualmente, a fabricante europeia detém uma participação de 46% na região, com um total de 405 aviões em operação. "Até 2013 devemos atingir um market share de 50% com 515 aeronaves entregues", disse Alonso.
O mercado brasileiro vai absorver mais de 700 aeronaves novas com mais de 100 assentos nos próximos 20 anos, segundo previsão feita pela Airbus em seu último Global Market Forecast (GMF), divulgado ontem para a imprensa. Deste total, 501 aeronaves serão de corredor único, 174 de dois corredores e 26 de grande porte, que juntas devem gerar negócios da ordem de US$ 82 bilhões.
O Brasil, de acordo com Alonso, caminha para se tornar, até 2030, o quarto maior mercado de voos domésticos do mundo, com crescimento de 7,4%, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia. O país já ocupa a quarta posição mundial em termos de oferta de assentos e número de decolagens.
Nos últimos 10 anos, o mercado de voos domésticos e internacionais mais que duplicou no Brasil e, desde 2010, São Paulo tornou-se o principal ponto de partida para voos internacionais da América Latina. "Em 2010 o tráfego aéreo nos países de economias emergentes cresceu uma média de 6% a 7%, enquanto que nos países desenvolvidos houve uma retomada da demanda, mas num nível bem mais baixo, de 2% a 2,5%", afirmou.
Alonso comenta que na década de 70, os países desenvolvidos respondiam por 76% do tráfego aéreo mundial. Em 2010, por sua vez, de acordo com o executivo, as economias emergentes foram responsáveis por 57% do movimento no tráfego aéreo e a previsão é que em 2030 este percentual seja da ordem de 70%.
A estimativa da Airbus para o mercado de venda de aeronaves na América Latina também inclui 40 aviões de grande porte, do modelo A380, sendo 26 para o Brasil. Segundo Alonso, a Airbus já iniciou discussões para a venda desse tipo de aeronave no país e a fusão da LAN com a TAM (que pode acontecer até o fim do primeiro trimestre de 2012) abre um mercado interessante para o A380. Fontes do setor aéreo informam que a Emirates já estaria negociando com o governo brasileiro a operação de um A380 para a rota São Paulo-Dubai.
Entre as companhias latino-americanas, Alonso acredita que o Brasil será pioneiro na operação do A380 e que isso deve acontecer nos próximos dois anos. "Na última década o tráfego aéreo internacional partindo do Brasil registrou um crescimento de 62%. Isso prova que existe um grande potencial para a operação de aeronaves do porte do A-380", afirmou.
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