Voos com escalas custam mais no Brasil
Estudo mostra que empresas aéreas cobram 30%, em média, a mais de passageiro que viaja com escalas/conexões .
Empresas alegam que há mais gastos com serviços, tripulação e taxas à Infraero; nos EUA, escala reduz preço .
MAELI PRADO .
No Brasil, as companhias aéreas cobram em média 30% a mais do passageiro em voos com escalas e conexões, mais desagradáveis e demorados.
Para as empresas aéreas, há serviços, gastos com tripulação e tarifas que pagam para a Infraero, que administra os principais aeroportos.
Extenso levantamento do Nectar (Núcleo de Economia dos Transportes), do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), mostra que esses custos, no Brasil, são repassados para o passageiro.
"A passagem pode ficar até 75% mais cara do que um voo sem parada. Nossa avaliação é que isso acontece porque, no Brasil, há menos concorrência", diz Alessandro Oliveira, pesquisador do Nectar.
Nos EUA, por exemplo, um voo da Delta entre Nova York e Los Angeles com somente uma escala custa US$ 1.668. Um voo com múltiplas paradas entre as mesmas cidades sai por US$ 988.
Como comparação, um voo de Porto Alegre (RS) a Recife (PE) custa R$ 1.684 se tiver uma escala (não há voo direto), ou R$ 1.815, com mais de duas escalas ou conexões.
Os pesquisadores analisaram mais de 2 milhões de tarifas cobradas na internet por voos entre 2008 e 2010, todas com partida dos aeroportos de Congonhas e Guarulhos.
ANTECEDÊNCIA
O estudo mostra também que, nas compras com antecedência, o preço das passagens aéreas no Brasil pode ser até 55% menor, no caso do aeroporto de Guarulhos. Mas o desconto "se esgota" se a antecedência superar 45 dias.
Comprar com cinco dias de antecedência, por exemplo, resulta em tarifas em média 21,4% mais baratas do que aquisições no dia da viagem. Com dez dias de antecedência, as passagens ficam 27,8% mais baratas, em média. Com 30 dias, o desconto é de 36,5%. E, se o passageiro comprar com antecedência a partir de 45 dias, o desconto chega a 38%, em média.
Os pesquisadores afirmam que, nesse caso, o consumidor está assumindo o risco de que uma eventualidade exija mudanças de passagens. "Se houver remarcação de voo, isso pode custar mais do que comprar uma nova passagem", diz Oliveira.
Segundo o estudo, voar em feriados é 3,8% mais caro. Entre as 13h e as 14h e entre as 17h e as 18h, os bilhetes custam até 18% mais.
DEMANDA CRESCE 9%
Em setembro, a demanda por voos domésticos aumentou 9,06% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil. No acumulado do ano, o crescimento na procura chegou a 18,52%.
A Gol manteve a liderança do mercado doméstico em setembro, com 38,87% de participação. A TAM ficou com 38,22%. As demais empresas, com 22,91%. Nos voos internacionais, a TAM teve 88,55% do mercado, ante 10% da Gol e 1,45% da Avianca.
Fonte: / NOTIMP