Salgado Filho: No limite da pista
Anunciada há 10 anos, durante a cerimônia de inauguração do novo Salgado Filho, como a próxima prioridade na expansão do aeroporto, a ampliação da pista permanece como apenas um desenho na prancheta. Após uma década de novas promessas e cronogramas adiados, a obra agora tem a conclusão prometida para o início de 2014.
Com 2,28 mil metros, a pista deve ganhar mais 920 metros, permitindo que aviões de maior porte consigam decolar com carga completa e tanque cheio rumo a outros continentes. Para a obra ter início, entretanto, falta avançar a remoção de famílias das vilas que circundam a cabeceira da pista. O obstáculo é o mesmo que existia em 19 de outubro de 2001, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Olívio Dutra cortaram a fita do terminal 1 do Salgado Filho.
Apesar de a área da Vila Dique necessária à ampliação já ter sido liberada e repassada à Infraero, resta resolver ponto essencial para o início do projeto, aponta Jorge Herdina, superintendente do Salgado Filho. A primeira etapa da obra, explica, é realocar o sistema de drenagem que contorna a pista e, para isso, seria imprescindível a desocupação do bairro Jardim Floresta, hoje um imbróglio pela necessidade de remover 42 famílias que vivem em casas alugadas.
– A ampliação da pista está no plano diretor de 1979, antes do projeto do novo terminal. A questão da indisponibilidade da área (pela ocupação das famílias) é que inverteu os fatores – sustenta Herdina.
Responsável pelas desapropriações com recursos federais no Jardim Floresta, a Secretaria de Habitação do Estado diz que o processo voltou à estaca zero após a Infraero informar que não poderia repartir os custos de uma espécie de aluguel social para as famílias por cerca de um ano e meio até que fossem recolocadas em um projeto habitacional do governo. O valor seria cerca de R$ 100 mil dividido entre Estado, prefeitura e estatal.
– Não podemos parar este projeto por tão pouco – diz o secretário de Habitação, Marcel Frison.
Enquanto aguarda a etapa da realocação ser superada, a Infraero espera que até dezembro – a data anterior era setembro – o Exército entregue o projeto executivo. Assim, a licitação poderia ser publicada em janeiro, a empresa vencedora definida até maio, e as obras, ao custo de R$ 230 milhões, iniciadas em junho e concluídas em 18 meses.
Fluxo de passageiros triplicou em 10 anos
Com a explosão da demanda no transporte aéreo, a movimentação de passageiros no Salgado Filho nestes 10 anos foi multiplicada por três. A estimativa é que 8 milhões de usuários passem pelo aeroporto em 2011, no limite da capacidade somada do terminal 1 e do terminal 2 (o antigo aeroporto, reativado em dezembro passado). Como paliativo à saturação, a Infraero inaugura, até o fim do ano, uma extensão no segundo piso para abrir novos balcões de check-in, raio X e sala de embarque.
– Em 2001, o aeroporto encerrou um ciclo. Dez anos depois, estamos em uma nova virada de ciclo – entende Herdina, referindo-se a obras em andamento ou programadas.
Fonte: / NOTIMP