Radares militares para a Copa são investigados no MT
A compra de radares com tecnologia de guerra pela Agência da Copa de Mato Grosso (Agecopa) virou motivo de investigação do Ministério Público (MP-MT) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Isso porque foram adquiridos pelo governo estadual, sem licitação, dez equipamentos de uma empresa da Rússia, no total de R$ 14 milhões.
Os radares, acoplados em carros Land Rover, custam R$ 1,4 milhão cada. Serão usados, conforme o governo, para patrulhar 180 quilômetros de fronteira com a Bolívia, região apontada como principal problema de segurança pública do Mato Grosso. Mas o promotor Clóvis de Almeida Junior, do grupo especial do MP-MT que fiscaliza as obras da Copa, abriu inquérito para investigar a compra.
– Chamou a atenção o valor dos equipamentos. Queremos saber se o preço é compatível com o serviço oferecido – observou.
Outro questionamento é em relação à falta de licitação para a compra. A lei desobriga a concorrência neste valor somente em caso de não existir modelos similares no mercado.O TCE também abriu procedimentos e encontrou indícios de irregularidade na aquisição. O órgão solicitou respostas da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), criada recentemente para substituir a Agecopa.
Por meio de sua assessoria, o secretário da Secopa, Éder Moraes, afirmou que a dispensa de licitação se deu pela “inexistência de fábricas no Brasil que produzam equipamentos similares.” E ressaltou ainda que houve dificuldades para encontrar empresas que aceitassem transferência da tecnologia. No plano de segurança entregue às cidades-sede, a Fifa não obriga a compra de equipamentos para vigilância das zonas fronteiriças. Porém, exige melhorias nos índices de criminalidade.
Dos dez veículos, oito serão montados no Mato Grosso, em fábrica a ser construída. Os investimentos chegarão a US$ 75 milhões (R$ 131,6 milhões), segundo o governo estadual. Os outros dois já estão praticamente prontos e deverão chegar da Rússia nos próximos meses.
Cada veículo é equipado com radar capaz de detectar e reconhecer objetos fixos e móveis. O modelo pode captar, identificar e monitorar até 300 alvos simultaneamente. A tecnologia é utilizada nas fronteiras em diversos países, como China, Grécia, Ucrânia, Índia e Vietnã, incluindo zonas de conflito.
Fonte: O Povo / NOTIMP