FX-2: Rafale e Saab avançam em transferência de tecnologia
Leone Farias .
Na disputa para vender aviões caça para a Força Aérea Brasileira, o consórcio francês Rafale e o grupo sueco Saab deram mais alguns passos de aproximação com indústrias e universidades do Grande ABC, principalmente de São Bernardo, reforçando compromissos de transferência de tecnologia na área.
Foi o caso do acordo firmado ontem pelo consórcio francês Rafale, formada pelos grupos Dassault, Snecma e Thales, com a FEI, de São Bernardo, para o compartilhamento de tecnologia.
Segundo o diretor da Omnisys (empresa são-bernardense controlada pela Thales), Luciano Lampi, o convênio permitirá o desenvolvimento de mão de obra de alto nível, com competência local. "O compartilhamento é importante, pois complementa a busca de conhecimento para o desenvolvimento de projetos de alta tecnologia", diz.
Um dos focos iniciais do acordo será na área de radiofrequência, mas, no longo prazo, outros segmentos também devem ser contemplados.
A Omnisys fabrica radares e, se o caça Rafale for escolhido pelo governo brasileiro para equipar a FAB, o grupo francês vai investir de 4 bilhões a 6 bilhões de euros (pelo câmbio atual, de R$ 9 bilhões a R$ 14 bilhões) no País.
No entanto, a Thales já faz aporte de R$ 5 milhões de euros (R$ 12,2 milhões) para o treinamento de profissionais, transferência de tecnologia e produção de radares de defesa aérea pela empresa da região.
Para o reitor da FEI, Fábio do Prado, a aproximação não se dá por acaso, mas ocorre pelo trabalho de qualidade desenvolvido pela escola, que se destaca em diversas áreas de engenharia. Ele cita que o compartilhamento permitirá o envolvimento tanto da graduação (por meio de trabalhos de iniciação científica) quanto dos cursos de pós-graduação. Como demanda imediata, Prado cita as pós em automação e controle.
CISB - Inaugurado em maio em São Bernardo, o Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro, em uma parceria com Prefeitura e com a empresa sueca Saab, já colhe os primeiros frutos.
A instituição conta com 30 projetos em análise. Entre os que estão em avaliação 13 são com indústrias, 14 com universidades e três com prefeituras como São Bernardo, Belo Horizonte e Gothenburg, na Suécia.
O empreendimento tem como foco as áreas de aeronáutica, defesa e inovação urbana. Além disso, uma das propostas é desenvolver na unidade o setor de radares. Tecnologias como ciências de materiais, tecnologia da informação e da comunicação e nanotecnologia também desempenharão papel importante nos projetos.
A entidade, que receberá aporte de US$ 50 milhões feito pela Saab para serem alocados nos próximos cinco anos, atua em cooperação com universidades locais, como a Universidade Federal do ABC e a FEI.
Nos dias 23, 24 e 25 de novembro, o Cisb irá promover em São Paulo o seu 1º Encontro Anual, em que serão apresentados os projetos de inovação que receberão o apoio da instituição.
Fonte: DIÁRIO DO GRANDE ABC / NOTIMP
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Suecos querem parceria
Fabricante de aviões Saab investirá US$ 50 milhões em centro de pesquisa tecnológica no Brasil, mesmo sem contrato com a FAB
Manuel Martínez
A Suécia quer provar que suas promessas de parcerias empresariais e de transferência de tecnologia com o Brasil vão além de mera retórica diplomática e comercial. Ações concretas foram iniciadas para mostrar que há mais do que intenções. Um dos principais incentivadores dessa nova "ofensiva" — iniciada no século passado com a instalação de várias companhias suecas no Brasil — é a fabricante de aeronaves Saab. A empresa decidiu apostar em projetos com companhias nacionais e liderar, com um investimento de US$ 50 milhões nos próximos cinco anos, a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento tecnológico aberto a universidades e empresas de ambos os países.
"No Brasil, buscamos mais do que clientes, queremos parceiros", disse ao Correio o diretor executivo da divisão de aviões da Saab, Håkan Buskhe. Ele está à frente de uma das propostas para a bilionária venda de 36 aviões caças-bombardeiros à Força Aérea Brasileira (FAB). Os seus Gripen NG disputam com os franceses Rafale, da Dassault, e com os Super Hornet F/A-18, da Boeing, dos Estados Unidos. Buskhe ressaltou que é muito importante vencer essa concorrência, mas que, tão relevante quanto isso, é firmar no país uma base adequada aos interesses da empresa. Segundo ele, o território brasileiro é uma excelente porta de entrada para a ampliação dos negócios na América Latina e em outros países emergentes.
Assim, mesmo sem contrato com a FAB, a Saab não só começou a buscar sócios para futuros trabalhos em alguma das áreas em que atua — segurança e defesa, radares e integração de sistemas para transferência de dados, por exemplo — como iniciou alguns projetos. "Fomos encarregados de desenvolver partes da fuselagem e das asas do Gripen NG, e participaremos na preparação do Sea Gripen (versão do jato para porta-aviões)", revelou o diretor executivo da desenvolvedora brasileira de aeroestruturas Akaer, César Silva. Nos últimos três anos, as duas empresas investiram US$ 10 milhões em operações associadas, dos quais US$ 7,5 milhões dos suecos. Os recursos foram destinados à preparação da infraestrutura para a atividade conjunta na empresa localizada em São José dos Campos.
Fonte: / NOTIMP