|

Aéreas voam contra a matemática



SUSAN CAREY .

Companhias aéreas podem estar indo bem em mercados emergentes, como o Brasil, mas para as americanas está cada vez mais difícil sobreviver.

Na verdade, em termos de simples matemática econômica é um milagre que as companhias aéreas dos Estados Unidos ainda estejam voando.

O valor médio das passagens aéreas nos EUA, reajustado pela inflação, caiu 16% desde 1995, segundo o Departamento de Transportes. Uma passagem de ida e volta que custaria US$ 410,30 em 1994 (em dólares de 2010), sai atualmente por US$ 337,97, incluindo taxa de bagagem e de reserva em ambos os casos.

Sem contar essas taxas, a passagem média reajustada para a inflação agora é 21% mais barata que em 1995.

As passagens também caíram no Brasil nesse período, mas no mercado brasileiro houve uma pequena revolução com a alta da demanda à medida que mais pessoas e empresas ganharam poder aquisitivo para viajar de avião. Companhias como a TAM SA e a Gol Linhas Aéreas Inteligentes SA tiveram prejuízo em 2008 mas deram lucro em 2009 e 2010, enquanto a AMR Corp. dona da American Airlines, está no vermelho desde 2008.

A American é a mais fraca das três maiores companhias aéreas americanas, em parte porque escapou de pedir concordata no início da década passada, diferentemente de seus grandes concorrentes, que conseguiram cortar custos durante suas passagens pelo tribunal de falências. Ela também perdeu uma grande onda de consolidação do setor.

A ação da AMR desabou 33% segunda-feira devido a novos temores de que a terceira maior companhia aérea americana em tráfego possa ser forçada a pedir concordata. Desde então as ações se recuperaram, principalmente graças aos investidores em busca de pechinchas. Ontem ela fechou em alta de 2,51%.

A AMR informou segunda-feira que não havia nenhuma notícia da empresa que pudesse explicar a volatilidade na ação. Ela reiterou que não pretende se reestruturar numa concordata e está trabalhando para melhorar o desempenho da empresa.

Mas o que assola a American ainda aflige o resto da indústria aérea americana, cujo prejuízo total nos últimos dez anos soma US$ 55 bilhões.

A estrutura do negócio é de capital intensivo, muita mão de obra e competição ferrenha. O setor também é vulnerável a choques externos, como terrorismo, alta do petróleo, declínio na confiança do consumidor e impostos altos.

Embora o setor gere bilhões de dólares em faturamento todos os anos, raramente é capaz de cobrir suas despesas enormes e muito menos de oferecer um retorno apropriado para o capital investido.

Passageiros adoram acusar as companhias aéreas de extorsão e a variedade enlouquecedora de preços das passagens aumenta ainda mais a irritação. Uma nova série de taxas por assentos melhores, por menos filas e por refeições de bordo só os enfurece ainda mais.

Mas as companhias, no fogo cruzado entre o declínio contínuo dos preços e a alta das custos, não têm escolha se não buscar cada centavo que puderem faturar.

As passagens respondem agora por apenas 71% do faturamento total das companhias aéreas com passageiros, ante 88% em 1990, segundo o Departamento dos Transportes. O resto vem das taxas que cobram para mudar e guardar reservas, levar bagagens, oferecer refeição de bordo e transportar bichos de estimação, entre outras coisas.

A American, como a concorrência, está tentando aumentar essas fontes alternativas de receita.

A companhia faturou US$ 659 milhões com "outras receitas" no segundo trimestre, soma que é 5,5% maior que a de um ano antes. Mas US$ 659 milhões são só 11% dos US$ 6,1 bilhões faturados no trimestre. A empresa divulgou prejuízo líquido de US$ 286 milhões no trimestre e analistas dizem que ela está a caminho de continuar no vermelho para o resto do ano e em 2012 inteiro.

Apesar de muitas fusões no decorrer dos anos, a concorrência continua feroz na aviação doméstica dos EUA. As companhias aéreas baratas, que tendem a agir como fiscais do preço, cobrem agora cerca de três quartos do mercado doméstico.

Já surgiram companhias aéreas "ultrabaratas", encabeçadas pela Spirit Airlines Inc., que vende passagens até por US$ 9 e ganha cobrando dos passageiros por coisas como assentos melhor localizados e bagagem de mão.

Os voos internacionais tendem a ser mais caros mas respondem por menos de metade da capacidade das grandes aéreas americanas.

O preço do combustível é um grande problema. O querosene de aviação custava US$ 2,84 o galão (3,8 litros) nos primeiros cinco meses do ano, 243% a mais que em 1995 quando reajustado pela inflação.

Embora a maioria das companhias aéreas faça hedge para atender à demanda de combustível, é um seguro caro. Então elas estão adotando outras medidas para ficarem mais resistentes.

Fonte: The Wall Street Journal









Receba as Últimas Notícias por e-mail, RSS,
Twitter ou Facebook


Entre aqui o seu endereço de e-mail:

___

Assine o RSS feed

Siga-nos no e

Dúvidas? Clique aqui




◄ Compartilhe esta notícia!

Bookmark and Share






Publicidade






Recently Added

Recently Commented