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Alta do dólar leva custo de dívida da GOL a recorde sobre a TAM


A dependência da GOL de receita em reais proveniente do mercado doméstico torna a empresa mais vulnerável à alta do dólar, que já chega a 15% este mês .

Boris Korby e Katia Porzecanski .

O custo de financiamento da GOL Linhas Aéreas Inteligentes SA está em nível recorde na comparação com o da TAM SA, em meio a especulações que a alta do dólar vá exacerbar o que deve ser o pior resultado trimestral da companhia aérea da família Constantino desde 2008.

O rendimento dos papéis da GOL em dólar com juros de 9,25 por cento e vencimento em 2020 disparou 1,23 ponto percentual na última semana, para 12,08 por cento, ou 2,80 pontos percentuais em relação aos títulos com prazo semelhante da TAM, segundo dados compilados pela Bloomberg. O salto dos juros pedidos pelo mercado para papéis da GOL se comparam a 0,36 ponto percentual durante o mesmo período para companhias aéreas internacionais acompanhadas pelo Bank of America Corp.

A dependência da GOL de receita em reais proveniente do mercado doméstico torna a empresa mais vulnerável à alta do dólar, que já chega a 15 por cento este mês, do que a TAM, que teve 31 por cento das suas vendas em 2010 com origem em voos internacionais.

A receita atrelada ao dólar que a TAM obtém com voos com destinos fora do Brasil serve como uma melhor proteção contra a elevação dos custos com combustível e com a dívida em moeda estrangeira, disse Jose Vertiz, analista da Fitch Ratings Ltd.

“Como a GOL é basicamente orientada pelo mercado doméstico e as receitas são mais dependentes da moeda local, ela vai ser mais afetada enquanto essa tendência piorar” para o real, disse Vertiz em uma entrevista por telefone. “Ambas companhias tem um alto percentual de receitas em moeda local, mas, no caso da TAM, existe mais diversificação.”

Crescimento global

O real teve a segunda maior queda em relação ao dólar este mês entre as moedas de mercados emergentes, só atrás do rand sul-africano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Investidores estão rejeitando ativos de maior rendimento em meio ao desaquecimento da economia global e à piora da crise de dívida na Europa. Na semana passada, o Banco Central tomou iniciativas para sustentar o real pela primeira vez desde 2009, por meio do leilão de contratos de swap cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro.

A GOL gerou 94 por cento da receita no Brasil no ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. A empresa informou em 11 de agosto que o prejuízo se ampliou para R$ 359 milhões no trimestre encerrado em 30 de junho, comparado a uma perda de R$ 51,9 milhões um ano antes. O presidente da GOL, Constantino de Oliveira Jr., afirmou em comunicado em 11 de agosto que o prejuízo foi causado por um aumento excessivo na concorrência, que levou à diminuição dos preços das passagens.

A GOL não quis fazer comentários sobre o desempenho dos títulos da empresa, segundo a assessoria de imprensa que representa a companhia.

O preço médio das passagens aéreas no Brasil caiu para o menor nível desde que os dados começaram a ser levantados em 2002 pela Agência Nacional de Aviação Civil. Os brasileiros estão pagando em média R$ 260 nos voos domésticos em 2011, comparado a R$ 418 em 2008. Em agosto, o movimento de viagens domésticas aumentou 13,5 por cento em relação a um ano antes, segundo a Anac.

A capacidade da GOL de cortar preços para concorrer no mercado doméstico será limitada pela desvalorização do real, que eleva os custos com financiamento e combustíveis, disse Roger King, analista da CreditSights Inc. em Nova York.

“Posso dizer que um real mais fraco vai dificultar o corte de tarifas e todo esse enorme aumento no tráfego veio de tráfego muito sensível a preço”, King disse em entrevista por telefone. “Isso vai ser um problema.”

Queda do petróleo

A GOL pode se beneficiar do declínio do preço do petróleo, provocado pela desaceleração do crescimento global, disse Michael Roche, um estrategista de mercados emergentes da MF Global em Nova York.

O barril caiu 9,2 por cento na semana passada, para US$ 79,85.

“Acima de tudo, uma diminuição do preço do petróleo seria bem-vinda se os preços das commodities cederem”, disse Roche em entrevista por telefone.

A GOL tem classificação de risco BB- pela Standard & Poor’s e pela Fitch, três níveis abaixo do grau de investimento, e um nível acima da nota da TAM.

A assessoria de imprensa da TAM não quise fazer comentários.

A melhor classificação de risco da TAM e sua fusão com a Lan colaboram para que seus bônus tenham desempenho melhor que os da GOL, disse Vertiz, da Fitch. O tribunal antitruste do Chile aprovou na semana passada a aquisição da TAM pela Lan para formação da segunda maior companhia aérea do mundo por valor de mercado.

Os mercados “enxergam esta companhia como melhor que a GOL”, disse Vertiz. “Para o detentor de título, ser parte de uma empresa maior e parte de uma companhia aérea que tem muito boa diversificação entre passageiros e carga, uma forte posição de mercado na América Latina e está tomando medidas para melhorar a geração de fluxo de caixa é visto de forma muito positiva.”

Fonte:

Foto: Luis Argerich









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