Jatos executivos crescem para atender novo perfil de empresas e milionários
Na feira de aviação executiva que foi realizada no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o maior jato era o Airbus ACJ318, de tamanho equivalente a um avião de 100 lugares; frota brasileira nesse segmento mais que dobrou em cinco anos .
Glauber Gonçalves .
O vigor da economia nacional, o aumento do faturamento das empresas e o consequente crescimento do número de milionários e bilionários no País está turbinando o mercado de aviação executiva no Brasil. Com os preços das aeronaves ainda deprimidos por conta dos efeitos da crise mundial de 2008 e do dólar em patamares baixos, empresários e executivos vão às compras e querem aviões cada vez maiores.
De acordo com dados da Embraer, a frota brasileira de jatos executivos mais do que dobrou nos últimos cinco anos, atingindo cerca de 630 aviões no ano passado. Pelas contas da Associação Brasileira de Aviação Geral, que incluem também helicópteros, turboélices e outros tipos de equipamentos, o País fechou 2010 com 12.310 aeronaves. Desse total, mais de 75% são destinadas a serviços aéreos privado e táxi aéreo.
Para este ano, a previsão das empresas é de forte crescimento no País. Nos hangares do Aeroporto de Congonhas, onde termina ontem a Labace, maior feira de aviação executiva da América Latina, clientes que se aglomeravam nos estandes disputavam um espaço na agenda dos executivos das fabricantes de jatos.
"Antes, vinham muitos curiosos. Mas, neste ano, a maior parte vem para fechar negócios", diz o presidente da TAM Aviação Executiva, Fernando Pinho. A companhia, que representa a americana Cessna no Brasil, espera fechar o ano com vendas de US$ 350 milhões, 16% acima do registrado em 2010.
Se o movimento chama a atenção de quem circula entre as 65 aeronaves expostos, especialmente num momento de turbulência dos mercados internacionais, também impressiona o tamanho dos jatos exibidos pelas empresas.
O maior era o ACJ318, avião da Airbus trazido pela primeira vez à Labace. De dimensão equivalente à de um jato comercial de mais de 100 lugares, o avião de US$ 65 milhões é configurado para transportar confortavelmente 19 ocupantes, com direito a sala de reuniões privativa, camas e banheiro espaçoso.
Já a francesa Dassault deve entregar este ano no País 12 unidades do Falcon 7X, avião executivo de grande porte, que custa US$ 50 milhões e tem capacidade para até 16 passageiros.
"Há uma mudança de perfil. As empresas brasileiras estão fazendo mais negócios lá fora", diz José Eduardo Brandão, diretor de Vendas da Synerjet, empresa que representa a Bombardier no Brasil, ao explicar que os empresários precisam de aeronaves capazes de percorrer maiores distâncias e ofereçam conforto para viagens longas.
"Para ir a Paris, o empresário pode pegar um voo comercial em primeira classe, mas há empresas com negócios no Zimbábue. Como se faz para chegar lá?", questiona. Excluindo o segmento de jatos de menor porte, a Bombardier detém uma participação de 26% do mercado brasileiro e quer chegar a 30%, mesma fatia que detém do mercado mundial. A empresa vai abrir em São Paulo seu primeiro escritório de suporte no País até o fim do ano.
Para enfrentar as fabricantes estrangeiras que veem o Brasil como mercado promissor, enquanto as economias da Europa e dos Estados Unidos cambaleiam, a Embraer confia na sua estrutura de assistência ao cliente no Brasil como diferencial no mercado.
"Sempre que há fábricas próximas, o consumidor se sente mais seguro para comprar", diz o diretor de Vendas, Breno Corrêa. Ele não esconde, porém, a apreensão com a crise na Europa e Estados Unidos, mercados importantes para a Embraer.
Fonte: / NOTIMP