Estrangeiras abrem mais rotas e aumentam o número de voos
O mercado brasileiro virou um novo eldorado para as companhias aéreas estrangeiras, que abrem novas rotas e aumentam o número de voos das ligações já existentes com seus países de origem. Para empresas que têm proximidade geográfica ou cultural com o Brasil, o impacto é ainda maior. "Vocês são o novo motor da América do Sul. O país e o consumo são tão grandes que arrastam todos os vizinhos", define Matías Campiani, sócio e principal executivo da Pluna, a companhia de bandeira do Uruguai.
No primeiro semestre, a aérea faturou US$ 75 milhões e transportou 53% mais passageiros do que em igual período do ano passado.
Nas rotas ao Brasil, o crescimento está muito acima da média: foi de 114% na ligação Montevidéu-Rio e de 75% nos voos Montevidéu-São Paulo. Também foram inauguradas neste ano rotas entre a capital uruguaia e Belo Horizonte, Campinas e Brasília. Isso faz com que quase 50% dos passageiros da empresa seja de brasileiros. "O real está tão valorizado que tudo lhes parece barato. Gente que antes só viajava de ônibus, agora viaja de avião e até se anima a passar um fim de semana em Montevidéu ou em Buenos Aires", nota Campiani.
A portuguesa TAP tem apostado no país há mais de uma década. Desde 2001, saiu de 23 voos semanais entre o Brasil e Lisboa para os atuais 77. Nas próximas semanas, reforça com mais uma frequência suas operações a Porto Alegre, aberta no primeiro semestre, com quatro voos semanais. Além disso, há rotas diretas para São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Brasília, Recife, Salvador, Fortaleza, Natal e Campinas.
A estratégia foi usar Portugal como porta de entrada para a Europa, permitindo aos passageiros fora do eixo Rio-São Paulo fazer suas conexões já em solo europeu, e não nos aeroportos do Sudeste.
"Hoje está todo mundo querendo reforçar suas malhas para cá. A nossa vantagem foi ter saído muito na frente", diz Mário Carvalho, diretor-geral da TAP para a América Latina. Cerca de 10% dos passageiros que passaram pelo aeroporto de Lisboa são provenientes do Brasil. Só a região Norte ainda não tem voos diretos a Portugal, mas Carvalho acredita que existe potencial para isso.
Para as empresas americanas, o mercado brasileiro também ganhou relevância. Na aviação, segundo Luiz Teixeira, diretor regional da Delta Airlines, "o Brasil é o mais emergente dos emergentes". Nas operações internacionais da companhia, o país é o quarto maior mercado em venda de passagens só perde para Japão, Alemanha e Reino Unido.
Até a renegociação do acordo bilateral, em 2008, a Delta voava apenas São Paulo-Atlanta e Rio-Atlanta, com sete frequências semanais cada. Desde então, abriu três novas rotas: São Paulo-Nova York (sete vezes por semana), São Paulo-Detroit (cinco vezes) e Brasília-Atlanta (seis vezes).
Teixeira diz que, em dezembro, as operações ganharão um importante reforço. Todos as rotas passarão a ter sete frequências semanais. O voo para Nova York será operado com aeronaves Boeing 767-400, o que permitirá acrescentar 40 passageiros por voo à capacidade atual, além de oferecer assentos que reclinam até 180º na classe executiva.
Em respostas por escrito a perguntas enviadas pela reportagem, o presidente da TAM, Líbano Barroso, diz que "a consolidação no transporte aéreo mundial é inevitável" e considera a fusão com a chilena LAN como "única maneira de concorrer em um cenário de céus abertos". Quanto à política de liberalização das tarifas internacionais, afirma que "é, e sempre foi, favorável, desde que sejam garantidas às companhias aéreas brasileiras condições que lhes permitam competir em situação de igualdade com as congêneres estrangeiras".
Barroso assegura que todos os destinos operados pela TAM são rentáveis e diz que os voos para o exterior não são menos lucrativos do que os domésticos. "Expandimos as nossas rotas internacionais com cautela, considerando três fatores principais para garantir rentabilidade: demanda de passageiros brasileiros, interesse de público com perfil de negócios e transporte de cargas".
Fonte: / NOTIMP