Especial AF447: Governo nega investigação sobre voo 447 e diz que vai dar apoio a famílias

Associação de parentes disse que Dilma determinou nova investigação. Governo negou e disse que fará observações sobre apuração da França .

A Secretaria de Comunicação da Presidência negou nesta sexta-feira (26) que o governo brasileiro tenha determinado uma nova investigação sobre a queda do voo 447, da Airfrance, mas disse que o país se compromete a "dar todo o apoio necessário" para que as famílias das vítimas tenham amplo acesso às investigações realizadas na França sobre as circunstâncias do acidente.

A presidente Dilma Rousseff se reuniu no início da tarde desta sexta com integrantes da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447.

Mais cedo, o presidente da associação, Nelson Faria Marinho, havia dito que o Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes (Cenipa), por determinação de Dilma, participaria de uma investigação paralela a realizada na França sobre as circunstâncias que levaram à tragédia.

A assessoria da Presidência, no entanto, negou a informação e disse que o Cenipa participa das investigações feitas pelo Escritório de Investigação e Análise (BEA) da França.

O G1 entrou em contato com o presidente da associação, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

A assessoria da Presidência disse ainda que o Brasil fará observações ao relatório final que será apresentado pelo BEA e que eventuais discordâncias com as conclusões do órgão francês serão incorporadas ao documento.A Presidência também afirmou que o Cenipa e o Ministério de Ciência e Tecnologia farão uma reunião para avaliar estudos de especialistas independentes sobre a queda do voo 447. Ainda não há data programada para o encontro.

Fonte: / NOTIMP

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Cenipa só investiga AF 447 após pedido da PGR, diz governo

Luciana Cobucci

Após Nelson Marinho, presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447, afirmar que obteve a garantia de Dilma Rousseff de que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) participaria das investigações sobre a queda da aeronave, a Secretaria de Comunicação da Presidência negou, nesta quinta-feira, o teor da conversa. De acordo com a Secom, os parentes das vítimas pediram que o Cenipa participe das investigações, o que não é possível sem um pedido formal do procurador-geral da República para a presidente.

Ainda de acordo com a comunicação do Palácio do Planalto, os parentes pediram o apoio brasileiro para que o governo francês dê acesso a todas as informações devidas. O avião da Air France saiu do Rio de Janeiro no dia 31 de maio de 2009 e caiu no mar, perto de Fernando de Noronha, matando todas 228 pessoas a bordo.

Mais de dois anos após o acidente, dois inquéritos estão parados no Brasil - um em Brasília e outro em Pernambuco - por falta de corpo técnico para analisar os relatórios preliminares franceses e alemães sobre o acidente. Segundo Nelson Marinho, que perdeu o filho no acidente, as investigações brasileiras correrão paralelamente às francesas.

O presidente da associação repudia o relatório francês, que contém 750 páginas e aponta falha humana como a principal causa da queda do Airbus A330. "Depois do acidente, outros seis aviões do mesmo modelo caíram mundo afora. Inclusive, alertei a presidente, que voa num Airbus A319. Isso é preocupante porque é um avião muito automático. Quando há problemas, o piloto fica refém da máquina", disse.

Para Nelson Marinho, o governo francês não tem interesse em se aprofundar nas investigações sobre as causas do acidente. "O governo francês, que é dono tanto da Airbus como da Air France, quer proteger os empregos dos franceses. Com a entrada do Cenipa (nas investigações), esperamos a verdade. O governo francês está apenas preservando empregos", disse.

O acidente do AF 447

O voo AF 447 da Air France saiu do Rio de Janeiro com 228 pessoas a bordo no dia 31 de maio de 2009, às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília). Às 22h33 (horário de Brasília) o voo fez o último contato via rádio. A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). Depois disso, não houve mais qualquer tipo de contato e o avião desapareceu em meio ao oceano.

Os primeiros fragmentos dos destroços foram encontrados cerca de uma semana depois pelas equipes de busca do País. Naquela ocasião, foram resgatados apenas 50 corpos, sendo 20 deles de brasileiros. As caixas-pretas da aeronave só foram achadas em maio de 2011, em uma nova fase de buscas coordenada pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA) da França, que localizou a 3,9 mil m no fundo do mar a maior parte da fuselagem do Airbus e corpos de passageiros em quantidade não informada.

Após o acidente, dados preliminares das investigações indicaram um congelamento das sondas Pitot, responsáveis pela medição da velocidade da aeronave, como principal hipótese para a causa do acidente. No final de maio de 2011, um relatório do BEA confirmou que os pilotos tiveram de lidar com indicações de velocidades incoerentes no painel da aeronave. Especialistas acreditam que a pane pode ter sido mal interpretada pelo sistema do Airbus e pela tripulação. O avião despencou a uma velocidade de 200 km/h, em uma queda que durou três minutos e meio. Em julho de 2009, a fabricante anunciou que recomendou às companhias aéreas que trocassem pelo menos dois dos três sensores - até então feitos pela francesa Thales - por equipamentos fabricados pela americana Goodrich. Na época da troca, a Thales não quis se manifestar.

Fonte: / NOTIMP

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Dilma fica na assistência

Igor Silveira
Brasília

Dois anos e três meses. Esse foi o tempo que levou para que representantes da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447 (AFVV447) fossem recebidos pelo governo brasileiro. Mesmo depois de toda a espera, parentes de pessoas que estavam a bordo do avião que saiu do Rio de Janeiro com destino a Paris e caiu no Oceano Atlântico deixaram o Palácio do Planalto sem que as demandas fossem atendidas.

A presidente Dilma Rousseff garantiu que o Brasil dará a assistência necessária para que eles tenham acesso total às investigações lideradas pelo Escritório de Investigação e Análise (BEA), da França. O pedido para que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) – órgão nacional ligado às Forcas Armadas – fizesse uma análise paralela usando documentos levantados pela própria associação, no entanto, foi negado.

O presidente da AFVV447, Nelson Faria Marinho, que perdeu um filho no acidente, chegou a comemorar a "entrada" da aeronáutica no caso. De acordo com ele, a presidente disse que o Cenipa faria uma leitura dos laudos técnicos para que esses documentos pudessem ser utilizados judicialmente. "São dois inquéritos na esfera criminal tramitando na Polícia Federal: um em Pernambuco e outro em Brasília. Ambos estão parados por falta de conhecimento técnico do procurador responsável. O Cenipa vai entrar no caso e faremos uma investigação paralela à da França", afirmou, ao fim da audiência.

Menos de uma hora depois, a Assessoria de Comunicação da Presidência avisou que houve um mal-entendido. Segundo o governo, o Cenipa continuaria, sim, acompanhando as investigações, como ocorre desde o início, mas não poderia começar qualquer análise paralela. Na prática, portanto, não houve qualquer nova orientação ao órgão por parte da presidente. O relatório do BEA deve ser concluído no primeiro trimestre do próximo ano. Depois disso, o Cenipa terá até 60 dias para se pronunciar. A reportagem tentou falar novamente com Marinho, mas não conseguiu resposta.

Estatísticas macabras

O Airbus da Air France que fazia o voo 447 partiu do Rio no dia 31 de maio de 2009 em direção a Paris e caiu sobre o Oceano Atlântico com 228 pessoas. Após esse acidente, outros seis aviões da fabricante francesa caíram, segundo dados da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447. A associação não concorda com o resultado da investigação francesa, que identificou falha humana na condução da aeronave.

"Estamos contestando e repudiando o relatório ", disse o presidente da entidade, Nelson Faria Marinho, que perdeu um filho no acidente. "O problema é mecânico e não humano. Queremos a verdade. A França é dona da Air France e da Airbus e está apenas interessada em preservar os empregos dos franceses", afirmou. Marinho disse que alertou a presidente Dilma Rousseff sobre os problemas do avião, já que a Presidência da República tem um Airbus - A319 CJ.

Fonte: / NOTIMP

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Dilma se reúne com associação

VOO 447

Presidente recebeu em Brasília parentes de vítimas e prometeu apoio. Familiares querem entrada do cenipa nas investigações

A presidente Dilma Rousseff recebeu ontem no Palácio do Planalto representantes da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447 (AFVV447) e prometeu apoio legal do governo para que os brasileiros tenham maior acompanhamento das investigações conduzidas pelos franceses. Dilma colocou a Advocacia Geral da União (AGU) à disposição das famílias para acompanhar os aspectos legais da apuração e levantar os direitos dos brasileiros.

Ela também autorizou representantes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (cenipa) e do Ministério de Ciência e Tecnologia a realizarem reunião com a Coppe da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para discutir as circunstâncias do acidente.O Airbus A330 da Air France partiu do Rio no dia 31 de maio de 2009 em direção a Paris e caiu no Oceano Atlântico. As 228 pessoas a bordo morreram. A previsão é que as autoridades francesas concluam o relatório sobre o acidente no primeiro trimestre de 2012. O cenipa terá 60 dias para se manifestar sobre o relatório.

No encontro, do qual participaram também o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, e a ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, a AFVV447 pediu que o cenipa entre nas investigações conduzidas pela Procuradoria da República em Pernambuco e pela Polícia Federal em Brasília.

Segundo o presidente da associação, Nelson Faria Marinho, Dilma determinou que o cenipa auxilie nas investigações do acidente, fazendo a análise técnica dos documentos. "Achamos que agora vão tomar rumo os dois inquéritos que foram abertos em Brasília e em Pernambuco, que estavam parados. A presidente colocou o cenipa para fazer a leitura dos documentos da França", disse Marinho, que perdeu um filho no acidente.

Marinho disse que os inquéritos estavam parados por falta de apoio técnico. Ele afirmou que é possível fazer a investigação no Brasil graças ao Tratado de Chicago, que trata de regras internacionais da aviação civil. "A presidente entendeu e vai designar o cenipa. Vamos vencer esse problema", garantiu. A Secretaria de Imprensa da Presidência, no entanto, negou que o cenipa vá entrar na investigação.

Acho estranha a passividade do Brasil

ENTREVISTA - ANDERSON GOIS

"Acho estranha a passividade do Brasil"

Wagner Sarmento Alheio à polêmica, o procurador da República em Pernambuco Anderson Vágner Gois dos Santos, que investiga o acidente, reputa a entrada do Cenipa como imprescindível e diz que isso causaria uma "reviravolta" nas investigações. Ele criticou a "passividade" do governo brasileiro.

JC Qual a importância da entrada do Cenipa nas investigações?

ANDERSON GOIS Na verdade, esta demanda já vinha sendo provocada por nós há muito tempo. Eu mesmo havia encaminhado ofício ao procurador-geral da República, o primeiro em 15 de abril deste ano, solicitando apoio técnico do Cenipa. O órgão alegou, na época, que pela Convenção de Chicago não poderia participar porque o acidente foi em águas internacionais. A gente não aceitou a argumentação, porque o acidente matou brasileiros e o avião saiu do território nacional. A justificativa do Cenipa é muito fraca. O acidente tem tudo a ver com o Brasil.

JC O que foi apurado até agora?

GOIS Diversos problemas que existem com o airbus A330 da air france, relatados sobretudo por um engenheiro aeronáutico alemão. Existem problemas graves no sistema de controle de voo e que não estão sendo levados em conta pela investigação francesa, que caminha para culpar os pilotos.

JC Como o senhor avalia a demora do Cenipa em entrar no caso?

GOIS O que acho estranho é a passividade do governo brasileiro. Não podemos descartar qualquer linha de investigação. Se tem uma linha que aponta para um possível problema no sistema de automação da aeronave, ela tem que ser apurada. Pode ter acontecido erro humano, mas temos uma forte suspeita de que houve problema no sistema de controle de voo e isso foi relegado desde o começo pelos franceses.

JC Por quê?

GOIS ? Talvez não existe interesse do governo francês de investigar isso. As estruturas de Estado da França podem estar sofrendo pressão por investigar uma companhia aérea francesa e do porte da air france. Mas o Brasil não tem nada a ver com isso, tem tudo na mão para dar esse outro lado e só quem poderia fazer isso é o Cenipa e seu corpo técnico. Se Dilma fez essa determinação, isso muda tudo. Mostra que o Brasil está tomando uma atitude que deveria ter tomado há muito tempo. O Brasil tem isenção para investigar.

JC Qual o objetivo do inquérito tocado em Pernambuco?

GOIS É preciso deixar claro que não fazemos uma investigação paralela. Nossa investigação é oficial. Instauramos um procedimento investigatório criminal desde o começo, mesmo antes de sermos procurados pela associação brasileira. Já realizamos dois atos de cooperação internacional com a Justiça da França. E existem responsabilidades que devem ser apuradas aqui e lá. A partir da conclusão do nosso inquérito, será possível mover ações nas esferas cível e penal.

JC Há quantas investigações ao todo?

GOIS Na França, existem duas. Uma administrativa, feita pelo BEA, e uma judicial, que visa apurar as responsabilidades criminais. No Brasil, são outras duas. Uma da Polícia Federal de Brasília, que é muito restrita ao que aconteceu em território nacional, e a nossa, que é mais abrangente. Mas precisamos do Cenipa. Sem a ajuda deles, é impossível.

JC Qual o próximo passo?

GOIS Vamos entrar em contato de novo com o Cenipa, para trabalhar em conjunto. A investigação ganhará novo impulso com a ajuda deles. Pode ficar ciente de que teremos reviravoltas no processo. As famílias não podem ficar com sentimento de impunidade e é preciso ficar claro que, se houver um acidente como este, o Estado brasileiro vai tomar atitude. Esta é a mensagem principal. Não vamos deixar que a morte de cidadãos brasileiros fique sem esclarecimento.

Fonte: / NOTIMP

Foto: Pawel Kierzkowski

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