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Especial AF447: França tira de relatório alerta para a Airbus



Investigação cortou trecho sobre defeito em alarme de perda de sustentação do voo 447 .

ANDREI NETTO e NATALY COSTA, COM REUTERS e AFP .

Uma denúncia feita pelos jornais franceses La Tribune e Les Echos levantou suspeitas sobre o último relatório do BEA, órgão responsável pela investigação da queda do voo 447 da Air France no Oceano Atlântico, em maio de 2009, que deixou 228 mortos. Horas antes da divulgação, a entidade cortou do documento parágrafos inteiros que apontavam um "funcionamento anormal" do alarme de estol (perda de sustentação) dos aviões da Airbus, além de uma recomendação para aperfeiçoá-lo.

O mau funcionamento do alarme pode ter confundido os pilotos, já que soava de maneira intermitente, mesmo quando as manobras eram corretas. Segundo a imprensa francesa, as "consequências econômicas" do problema - que seria igual em todos os Airbus A330 - são desastrosas para a fabricante e para a Air France.

No terceiro relatório - o mais recente, divulgado na sexta-feira -, o BEA faz várias recomendações às autoridades de aviação. Entre elas, que "revejam o conteúdo do programa de treinamento para pilotos" e que obrigue a instalação de câmeras nas cabines. Nada sobre a falha no alarme de estol. O BEA também aponta que ações dos pilotos contribuíram definitivamente para o acidente. "A situação era salvável", disse o diretor do órgão, Jean-Paul Troadec.

"Esse triste episódio joga definitivamente o descrédito sobre a investigação técnica", disse Robert Soulas, presidente da Associação de Ajuda Mútua e Solidariedade, que representa as famílias das vítimas na França. "A precipitação com a qual esses responsáveis acusaram os pilotos, sem reflexão anterior, havia suscitado nossa suspeita."

Falha técnica. O congelamento dos pitots (sensores de velocidade), que deixou os pilotos sem parâmetros de voo, quase não foi mencionado no terceiro relatório. Meses antes, era apontado pelo próprio BEA como a principal causa da queda.

"No começo da investigação eles admitiam o defeito técnico. Depois, caem em contradição e começam a culpar quem não está mais aqui para se defender", diz Nelson Faria Marinho, presidente da Associação de Familiares das Vítimas do Voo 447, que representa os brasileiros.

Sem colaboração. O sindicato francês dos pilotos de voos comerciais (SNPL, na sigla francesa) vai suspender a colaboração com as investigações do acidente. Em comunicado, pediu ao BEA para explicar por que "ignorou no relatório oficial a recomendação sobre o alarme de perda de sustentação". "Que outras alterações significativas foram feitas no relatório?", questiona Jean-Louis Barbier, um dos presidentes do sindicato.

A Air France afirma ter pedido à Agência Europeia de Segurança aérea (AESA) que a questão seja "rapidamente reexaminada". A companhia já havia ressaltado que os pilotos foram "fortemente prejudicados" pelas "múltiplas ativações e paradas intempestivas e enganosas do alarme de estol".

Fonte: / NOTIMP

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Corte de trecho de relatório revolta famílias

VOO 447 O BEA suprimiu parte que prejudicaria a Airbus

PARIS – As famílias das vítimas do acidente com o voo 447 da Air France e o poderoso sindicato francês dos pilotos de voos comerciais (SNPL) manifestaram revolta ontem após a revelação de que uma recomendação desfavorável à Airbus havia sido retirada por autoridades do país do relatório da investigação sobre o acidente divulgado na última sexta-feira. A denúncia foi feita pelos jornais franceses La Tribune e Les Echos, levantando dúvidas sobre a idoneidade da investigação encabeçada pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA) sobre o acidente ocorrido em 31 de maio de 2009, que matou 228 pessoas.

O SNPL, em nota, anunciou o cancelamento de sua participação nas investigações do acidente e exigiu explicações do BEA, que acabou admitindo mudança no texto.

Segundo os jornais, horas antes da divulgação do relatório o órgão cortou do documento parágrafos inteiros que apontavam um “funcionamento anormal” do alarme de estol (de perda de sustentação) dos aviões da Airbus, além de uma recomendação para aperfeiçoá-lo. O mau funcionamento do alarme teria contribuído para confundir os pilotos, porque soava de maneira intermitente, mesmo quando as manobras eram corretas. Além disso, o sinal de estol é programado para desativar automaticamente quando o ângulo do avião está inclinado demais, ainda que a aeronave esteja caindo. Segundo a imprensa francesa, as “consequências econômicas” do problema – que seria igual em todos os Airbus A330 – são desastrosas para a fabricante e para a Air France.

Para a associação Ajuda Múta e Solidariedade AF447, que representa na França as famílias das vítimas, a investigação técnica realizada pelo BEA está “definitivamente desacreditada”. “Esse triste episódio joga definitivamente o descrédito sobre a investigação técnica” e “gera uma crise de confiança sem precedentes em relação às autoridades de investigação”, declarou Robert Soulas, presidente da associação.

“A precipitação com a qual essas autoridades e esses responsáveis acusaram os pilotos havia suscitado nossa suspeita”, acrescentou. “Temos agora a confirmação de que as afirmações provenientes do BEA foram prematuras, desprovidas de objetividade, parciais e orientadas para a defesa da Airbus.”

O SNPL exigiu explicações sobre essas “graves revelações” que “comprometeram seriamente” sua confiança no BEA. Num comunicado, o sindicato pede ao BEA para explicar o motivo de a recomendação sobre o alarme de perda de sustentação ter sido “ignorada” no último relatório oficial do órgão.

O documento divulgado na sexta expôs uma série de falhas dos pilotos do Airbus. “O diretor de investigações do BEA retirou a recomendação do relatório da etapa porque deve ser completada pelos trabalhos realizados pelo grupo de trabalho”, justificou uma porta-voz do BEA. O relatório final do órgão deve ser apresentado em 2012.

Fonte: / NOTIMP

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Sindicato barra ajuda na apuração do voo 447

Pilotos da Air France criticam último relatório

ANA CAROLINA DANI

Cresce a polêmica sobre o último relatório divulgado pelo BEA, o escritório francês que investiga as causas do acidente com o voo 447, da rota Rio-Paris, que caiu no oceano Atlântico em 31 de maio de 2009 e causou a morte de 228 pessoas.

Ontem, o SNPL, principal sindicato de pilotos da Air France, anunciou que suspenderá a colaboração com os investigadores do órgão.

O anúncio foi feito um dia após a imprensa francesa revelar que o BEA teria retirado do relatório, apresentado na sexta-feira passada, uma recomendação pedindo que o sistema de alarme estol (perda de sustentação) do avião Airbus seja revisto para não ser afetado por indicações incoerentes de velocidade.

Os pilotos da Air France consideram que o defeito do alarme, que teria respondido às velocidades incoerentes enviadas pelas sondas pitot, foi fundamental no acidente.

O BEA diz que retirou a recomendação pois eram necessárias mais análises. O relatório se focou nos supostos erros dos pilotos do avião.

Fonte: / NOTIMP

Foto: Pawel Kierzkowski









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