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Defesa em tempo real: Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas completa um ano de atuação

Na Operação Ágata 1, que se encerrou no último dia 19, pistas de pouso clandestinas foram localizadas na região em torno de Tabatinga (AM) a partir de imagens realizadas por satélite do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam). Aviões de alerta antecipado e de inteligência eletrônica monitoraram a movimentação de aeronaves de pequeno porte e de embarcações ao longo dos rios. Veículos aéreos não-tripulados (Vants) acompanharam atividades suspeitas. As informações obtidas foram compartilhadas com as autoridades colombianas, dentro dos mecanismos previstos no acordo que criou a Comissão Binacional Fronteiriça (Combifron), firmado no início do mês.

Em 1986, em um dos primeiros exercícios conjuntos entre o Exército e a Força Aérea Brasileira (FAB), no Rio Grande do Sul, viaturas equipadas com rádio das duas forças trabalharam lado a lado. Os equipamentos não conversavam entre si e os pedidos de apoio aéreo eram encaminhados por mensageiros, para serem retransmitidos aos pilotos. O mesmo mecanismo foi empregado para transmitir as informações recolhidas pelos aviões de reconhecimento e de observação aos oficiais da força terrestre. O avanço obtido é um bom exemplo do impacto da criação do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), que hoje comemora seu primeiro aniversário.

Para o ministro da Defesa, Celso Amorim, o EMCFA exerce papel fundamental na execução da Estratégia Nacional de Defesa. “É dele que parte o aprimoramento da capacidade de operação conjunta entre Marinha, Exército e Aeronáutica, a racionalização de processos e programas e o robustecimento da supervisão do Ministério da Defesa sobre as políticas setoriais das forças”, declarou.

Segundo o General-de-Exército José Carlos De Nardi , chefe do órgão, “o grande desafio do EMCFA é a interoperabilidade.” Ele ressalta a velocidade do processo. “Verificamos ganhos a cada nova operação, como agora, na Ágata 1, conduzida diretamente por nós. O comandante militar da Amazônia (CMA), general-de-exército Luís Carlos Gomes Mattos, foi nomeado pelo ministro da Defesa para coordenar as Forças que em seu Estado-Maior contava com apoio de oficiais da Marinha e da FAB. As Forças pararam de pensar de maneira individual e passaram a pensar de maneira global.”

Em sua experiência nos comandos de área do Oeste e do Sul, o general De Nardi aplicou conceitos que hoje usa em sua função. “Uma vez”, lembra, “passei o comando de uma brigada para um almirante.”

Realizações

Nesse primeiro ano de existência, o EMCFA participou de operações humanitárias em território nacional e a pedido de organismos internacionais. Coordenou a discussão doutrinária sobre as necessidades futuras de defesa do país e elaborou os requisitos operacionais conjuntos que guiam os processos de aquisição de equipamentos de uso militar para as três forças.

Atuou na vigilância de fronteiras e ofereceu apoio logístico a operações de segurança pública em situações díspares, como a ocupação do Complexo de Comunidades do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, e nas operações Defesa da Vida — nos estados do Amazonas, Maranhão, Pará e Rondônia — e Sinop, em Mato Grosso. Ao mesmo tempo, planejou e coordenou a segurança da visita ao Brasil do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e dos V Jogos Mundiais Militares, realizados em julho no Rio de Janeiro.

O EMCFA coordenou o apoio aos estados atingidos pelas enchentes e enxurradas ocorridas em janeiro deste ano, apoiando a retirada de populações isoladas, participando do resgate de vítimas, coordenando a instalação de pontes móveis e de hospitais de campanha. Participou, também, do transporte de urnas eleitorais e na proteção das provas para os exames nacionais do ensino médio, Enem, e de desempenho de estudantes, Enade.

Durante o emprego de tropas federais na Operação Arcanjo, no Complexo do Alemão, coube ao EMCFA firmar convênio com o Governo do Estado do Rio de Janeiro e estabelecer as normas de conduta e as regras de engajamento. Hoje, a operação segue seu curso, empregando militares com experiência em ações internacionais de manutenção de paz. O órgão também ofereceu apoio logístico nas operações realizadas nos morros de São Carlos e da Mangueira.

Na área de operações internacionais de manutenção de paz, houve o rodízio do 12º ao 15º contingentes brasileiros no Haiti, com o incremento de mais um batalhão de infantaria, a partir do terremoto ocorrido naquele país em janeiro de 2010. Destacam-se, neste período, os trabalhos de ajuda humanitária ao povo haitiano e a realização da 2ª Assembleia Geral da Associação Latino-americana de Centros de Operações de Paz (Alcopaz), no Rio de Janeiro. Sob a presidência do Brasil, o evento contou com a participação de oficiais do Ministério da Defesa, como assessores militares dos diplomatas da Missão Permanente do Brasil junto à ONU em diversos grupos de trabalho.

Integração

Hoje, as operações militares precisam de controle em tempo real, como demonstraram as ações realizadas pela Otan sobre o Kosovo e na Líbia. Aviões, soldados, blindados e navios trabalham interligados em rede de computadores. O EMCFA encaminha a defesa brasileira para essa tendência. Devido ao incentivo às parcerias com a indústria nacional de defesa, realizaram-se testes de interoperabilidade no nível tático entre o avião de ataque A-29 Super Tucano da FAB e o software de comando e controle do Exército.

A Embraer esteve diretamente envolvida na atividade, viabilizando o teste que validou o conceito e permitiu grandes ganhos operacionais pela redução do tempo de cumprimento de missão de apoio aéreo aproximado.

Finalizou-se, também, o projeto Interoperabilidade do Sistema Militar de Comando e Controle (SISMC²), realizado pela Stefanini, sediada em Belo Horizonte (MG). A empresa desenvolveu soluções de infraestrutura de intercâmbio de serviços entre sistemas de comando e controle por meio de softwares. O projeto foi financiado por meio do programa de Subvenção Econômica à Inovação Finep-MCT e culminou com um teste real entre o Sistema de Planejamento Operacional Militar (Siplom) do MD e o Sistema C² (comunicação e controle) em Combate do Exército, ocorrido durante a Operação Conjunta Atlântico II. Por último, em janeiro de 2011, foram adquiridos 29 terminais transportáveis em banda X, aumentando consideravelmente a capacidade de comando e controle da Defesa.

Fonte: Ministério da Defesa







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