Combustível alternativo nas alturas
Diminuir quantidade de querosene é a aposta de setor aéreo para poluir menos .
JOÃO RICARDO GONÇALVES .
Rio - Só no ano passado, 2,4 bilhões de pessoas viajaram de avião no mundo, 6,3% a mais que em 2010, crescimento explicado por fatores como a atuação de empresas aéreas de baixo custo e o crescimento econômico de países emergentes. A facilidade de se deslocar mais perto das nuvens, porém, é ao mesmo tempo um sonho para os viajantes e um pesadelo para o Meio Ambiente, já que 2% do total de emissões de gases do efeito estufa vêm do setor de aviação. Algumas empresas, então, já começam a se movimentar para mudar esse panorama.
Há três anos, companhias de várias partes do planeta, incluindo as brasileiras Embraer, Gol e TAM, criaram um grupo de estudo para incentivar o uso de biocombustíveis nas aeronaves. O esforço já mostra resultados e, em novembro, a TAM conseguiu fazer decolar o primeiro voo experimental da América Latina movido a biocombustível, com a utilização de óleo de pinhão manso.
A aeronave, um Airbus A320 da frota da empresa, partiu com 18 passageiros e a tripulação, do Aeroporto Internacional Tom Jobim, sobrevoou o Oceano Atlântico durante 45 minutos, e regressou ao ponto de origem. Os resultados foram animadores: durante o voo, o motor trabalhou com temperatura cerca de 10 graus mais baixa, consumindo menos combustível e emitindo menos gases poluidores.
Durante o voo, o chamado bioquerosene de pinhão manso foi misturado ao querosene convencional utilizado na aviação, numa proporção de 50% a 50%. Apesar de ainda ser cedo para afirmar que as empresas vão conseguir mudar todo o seu combustível (um estudo de viabilidade encomendado pela TAM, por exemplo, só vai ficar pronto em dois anos), já se sabe que o biocombustível pode reduzir as emissões de carbono em até 80%, segundo estudo da Michigan Technological University.
Pesquisa com a cana-de-açúcar
No Brasil, há ainda a tentativa de usar o álcool de cana-de-açúcar na aviação. A vantagem do óleo de pinhão manso, utilizado no voo da TAM, é que não concorre com a cadeia alimentar e pode ser melhorado geneticamente.
Já existem outras tentativas de usar energia menos poluente no setor aéreo. Entre as empresas que buscam utilizar biocombustíveis estão a americana Continental Airlines, a neozelandesa Air New Zealand e a chinesa Air China. Entre os biocombustíveis testados com relativo sucesso está a camelina, uma planta oleaginosa. Resta saber se o uso destas novas formas de energia vão levantar voo e ajudar o setor a reduzir 50% de suas emissões de monóxido de carbono até 2050.
Fonte: / NOTIMP
Foto: Mario Ortiz